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Estimativas Quantitativas de Risco a partir da Exposição Via Oral ou Via Inalação

TRABALHADORES EXPOSTOS AO BENZENO EM UMA REFINARIA DE PETRÓLEO

Proposta 3: Mesmo que exista uma teoria adequada e alguma evidência para concluir que os seres humanos estão sob risco finito em todos os níveis de exposição finitos, o

VII.3.2. Estimativas Quantitativas de Risco a partir da Exposição Via Oral ou Via Inalação

O risco quantitativo estimado do benzeno é apresentado de três formas: primeiro, o coeficiente de inclinação da reta, que exprime a relação entre dose-resposta, usando-se um modelo de extrapolação de altas para baixas doses; o coeficiente de inclinação é apresentado como o risco pôr mg/kg/dia; a segunda forma é a unidade de risco que é uma estimativa quantitativa em termos, tanto de risco pôr µg/L de água bebida quanto de risco pôr µg/m3 de ar respirado; a terceira forma na qual o risco é apresentado, são as concentrações no ar ou água que apresenta riscos de câncer na proporção 1 : 10.000; 1 : 100.000 e 1:1.000.000.

VII.3.2.1. Coeficiente de Inclinação, a partir de Modelos de Extrapolação de Altas para Baixas Doses

O coeficiente de inclinação foi derivado de dados provenientes de estudos em seres humanos para exposições ao benzeno via inalação. Foi considerada uma taxa respiratória humana igual a 20 m3/dia e o consumo de água como igual a 2 L/dia. As frações absorvidas das doses administradas via inalação e através da água de beber foram consideradas como sendo iguais (IRIS, 1994).

• Coeficiente de Inclinação: 2,9 x 10-2 pôr (mg/kg/dia)

obs1: isto significa, pôr exemplo, que uma população exposta pôr via inalatória a uma

dose de 1 mg de benzeno/kg de peso corpóreo/dia, durante toda a vida, apresenta uma probabilidade de ocorrência de câncer de 3 em 100.

VII.3.2.2. Unidade de Risco do Benzeno, a partir de Modelos de Extrapolação de Altas para Baixas Doses

A unidade de risco estimada é a média geométrica de quatro pontos de concentração média (CM), estimados usando os dados agrupados dos estudos de Rinsky et al. (1981) e Ott et al. (1978), sendo posteriormente ajustada para os resultados do estudo de Wong at al. (1983).

A unidade de risco não deve ser utilizada se a concentração de benzeno na água exceder 1 x 104 µg/L ou 100 µg/m3 no ar, uma vez que as extrapolações utilizadas para o cálculo da unidade de risco podem não ser apropriadas para concentrações maiores que estas.

• Unidade de risco: 8,3 x 10-6 pôr (µg/m3)

obs2: assim estima-se que, se um indivíduo respira ar contendo benzeno a 0,1 µg/m3

pôr todo o seu período de vida, esta pessoa não deveria ter, em teoria, uma chance maior que um em um milhão de desenvolver câncer como resultado desta exposição. De forma similar, estima-se que respirar ar contendo 1,0 µg/m3 pode resultar no aumento da chance de desenvolver câncer menor do que um em cem mil, e ar contendo 10,0 µg/m3, não deve resultar em um aumento na chance de desenvolver câncer maior que 1 em 10.000 pessoas.

VII.3.2.3. Concentrações de Benzeno na Água e no Ar, que Causam Riscos de Câncer nas Proporções - 1 : 10.000, 1 : 100.000 e 1:1.000.000

Uma outra forma de expressar a unidade de risco, talvez até mais clara, é através das concentrações de benzeno no ar e na água capazes de induzir determinados níveis de risco específicos (vide obs3).

Nível de Risco benzeno no ar (µg/m3) benzeno na água (µg/L)

1 : 10.000 10 100

1 : 1.000.000 0,1 1

obs3: deve-se notar que a unidade de risco está relacionada à concentrações ambientais do poluente, enquanto o coeficiente de inclinação está relacionado a dose que um indivíduo está exposto. Entretanto ambos os parâmetros consideram a exposição ao longo de toda a vida, quando utilizados para avaliar riscos de câncer.

obs4: pôr fim cabe ressaltar que este risco calculado, refere-se ao risco adicional

(expresso em termos de probabilidade), que um determinado indivíduo ou população adquire, devido a exposição a um poluente específico, não sendo considerado o risco que o indivíduo ou a população em geral já possui, devido a outros fatores aos quais também está exposta.

VII.3.2.4. Discussão da Confiança

Os estudos de coorte agrupados foram suficientemente grandes e seguidos pôr um período de tempo adequado. O aumento na incidência de leucemias foi estatisticamente significativo e dose-relacionado em um dos estudos. Wong et al. (1983) discordam que as exposições relatadas pôr Rinsky et al. (1981) estejam de acordo com os padrões recomendados. Considerando as cinco mortes pôr leucemia em pessoas expostas a cinco ou mais anos, o autor notou que os níveis médios de exposição (15-70 ppm) excediam o padrão recomendado de 25 ppm em 75 % dos locais de trabalho amostrados. Um total de 21 estimativas de unidades de risco foram calculadas usando 6 modelos e várias combinações de dados epidemiológicos. A faixa de variação foi de um pouco mais de uma ordem de magnitude. A média geométrica destas estimativas é 2,7 x 10-2. Modelos de regressão geraram estimativas similares a média geométrica.

O coeficiente de inclinação estimado acima, baseado na reconsideração dos dados de Rinsky et al. (1981) e Ott et al. (1978), é muito próximo do citado pela EPA (1980) de 2,4 x 10-2, baseado nos dados de Infante et al. (1977 a e b), Ott et al. (1978) e Aksoy et al. (1974). Na opinião dos autores de EPA (1985) a avaliação da exposição realizada pôr Aksoy et al. (1974) foi muito imprecisa para sua utilização na avaliação de dose-resposta.

Estimativas de risco utilizando os dados baseados nos estudos com animais expostos pôr entubação gástrica, geram riscos 5 vezes maiores que os obtidos através dos dados provenientes de estudos com seres humanos. Dados farmacocinéticos que podem contribuir para elucidar esta questão, estão sendo avaliados, podendo resultar na alteração da avaliação de risco do benzeno.

VII.3.2.5. Avaliação da Relação Dose-Resposta para Substâncias Carcinogênicas sem Extrapolação Formal

Outra abordagem já referida, baseia-se na premissa que os estudos de dose-resposta possuem uma imprecisão que não permite uma extrapolação formal de seus resultados para o cálculo do risco. Assim uma alternativa é relatar, a partir dos estudos existentes na literatura, as doses nas quais não se observou o surgimento de câncer ou não se observou o surgimento de câncer significativamente diferente do controle (o nível de dose que poderia ser o NOAEL, caso este exista). Esta não é a abordagem que é utilizada pela EPA para substâncias carcinogênicas. A EPA considera que para substâncias carcinogênicas não existe um nível seguro de exposição e portanto o risco zero somente ocorre quando da exposição zero, não havendo NOAEL (sem limiar).

VII.3.2.6. Considerações sobre a Avaliação de Dose-Resposta da Carcinogenicidade do Benzeno

1) Ao fazer os cálculos do coeficiente de inclinação: deveriam se usados somente os modelos atualmente preferidos pela EPA ou deveriam se apresentar também os resultados de outros modelos?

2) Que informação da literatura deve ser usada para calcular o coeficiente de inclinação?

3) Como pode-se descrever as incertezas associadas ao uso dos modelos?

4) São os NOAELs apresentados no Quadro VII.10 níveis reais de nenhum efeito ou estes NOAELs podem ser resultados de imperfeições dos desenhos experimentais utilizados? Como pode se descrever esta incerteza?

5) A EPA tem adotado a proposta 1, usando coeficiente de inclinação, para extrapolar os efeitos em doses baixas a partir de doses altas de exposição e/ou extrapolando resultados em animais para seres humanos. Como você poderia argumentar em favor desta abordagem em detrimento das outras (proposta 2 e

VII.3.2.7. Algumas Conclusões Possíveis sobre a Avaliação de Dose-Resposta da Carcinogenicidade do Benzeno

Qual das seguintes conclusões melhor caracteriza a informação que foi vista?

1) Os coeficientes de inclinação obtidos com os modelos alternativos são 10 a 100 vezes mais baixos que aqueles obtidos com o modelo atualmente utilizado pela EPA.

2) Deve-se oferecer informações sobre todos os coeficientes de inclinação para todos os modelos possíveis e todos os cálculos devem ser apresentados sem distorções. 3) Não é necessário calcular nem dar informações sobre o coeficiente de inclinação. A

importância que a exposição a baixos níveis tem para a saúde pública. O cálculo da MdE é feito com base nos valores de NOAEL para efeitos carcinogênicos.

4) Nem o coeficiente de inclinação nem o NOAEL são indicadores confiáveis do risco humano; nenhum dos dois devem ser considerados para o cálculo de risco. As relações de dose-resposta para o benzeno não são conhecidas em uma população humana e, desta forma; o risco deve ser descrito somente em termos qualitativos. 5) Outra (formule sua própria conclusão).

VII.4 - AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO HUMANA AO BENZENO