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Dados Sobre os Níveis de Benzeno no Ambiente

Quanto ao monitoramento ambiental do ar da Unidade de Reforma Catalítica foram monitoradas a sala de controle e os principais

VII.4.4. Dados Sobre os Níveis de Benzeno no Ambiente

O monitoramento do ambiente e postos de trabalho consistiu na determinação das concentrações médias do benzeno ponderadas pelo tempo, experimentadas pôr cada um destes trabalhadores, durante todo o período de suas jornadas de trabalho. Utilizou-se como método de agregação dos dados a média geométrica, que de acordo com a literatura é o procedimento matemático mais adequado para exprimir concentrações de poluentes atmosféricos dispersos em um dado ambiente. Nestes casos, os dados podem variar bastante, possuindo até diferentes ordens de grandeza (Barbosa, 1997).

No cálculo da unidade de exposição, além da média geométrica, se utilizou também o limite superior de confiança dos dados. Isto porque na abordagem metodológica utilizada pela EPA, a avaliação da exposição pode ser feita de duas maneiras: primeira através da exposição média esperada na população estudada, calculada a partir da média ou mediana dos dados, dita de tendência central; a segunda através das exposições mais elevadas esperadas em certos indivíduos da população estudada, calculada a partir do limite superior de confiança dos dados, dita de tendência de extremo superior. Deve-se ressaltar que este último tipo de abordagem é bastante útil quando temos uma grande variação no grau de exposição entre grupos de uma população devido a variação das concentrações ambientais do poluente ou mesmo sub-grupos em uma população que pôr algum motivo são mais susceptíveis a desenvolver um determinado efeito. Esta abordagem não é, entretanto, a análise do pior caso possível, que seria a avaliação através das concentrações máximas observadas num dado ambiente (Barbosa, 1997).

Através do monitoramento ambiental (Quadro VII.11), verificou-se que todos os trabalhadores não expostos ocupacionalmente, da ADM e CONT, encontravam-se em ambientes com concentrações de benzeno, inferiores a 0,01 ppm. Assim considerou-se, conservadoramente, 0,01 ppm como a concentração ambiental do benzeno a qual este grupo de trabalhadores está exposto. Já os 48 trabalhadores da URC e QLD, expostos ocupacionalmente, estão submetidos a concentrações ambientais de benzeno em média de 0,07 ppm; portanto sete vezes maior que a média do grupo de trabalhadores não expostos ocupacionalmente (Barbosa, 1997).

Considerando-se os valores obtidos, entre os trabalhadores dos dois setores onde existe a exposição ocupacional ao benzeno - URC e QLD - observa-se uma significativa diferença, em relação ao grau de exposição ao benzeno. Esta diferença significativa (Kruskal- Wallis = 18,9 ; p < 0,0001) é evidente através da comparação das médias das concentrações ambientais do benzeno neste dois setores (Quadro VII.12). Enquanto que os trabalhadores do QLD estão expostos a concentrações em média de 0,15 ppm, os trabalhadores da URC encontram-se expostos a concentrações em media de 0,02 ppm (Quadro VII.11) (Barbosa, 1997)

O Quadro VII.13 apresenta a distribuição dos resultados das concentrações do benzeno, entre os trabalhadores desses dois Setores amostrados: URC e QLD. Cerca de 90% dos trabalhadores da URC estão expostos a concentrações ambientais do benzeno inferiores a 0,1 ppm, contra aproximadamente 26% dos trabalhadores da QLD. Em relação as concentrações ambientais de benzeno superiores a 0,5 ppm, nenhum dos trabalhadores da URC estão sujeitos a tais níveis de exposição, enquanto 15% dos trabalhadores da QLD encontram-se expostos a valores superiores a estes (Barbosa, 1997).

Com base nestes resultados, conclui-se que os trabalhadores do Setor de Qualidade estão expostos, durante as suas jornadas de trabalho, a concentrações ambientais de benzeno superiores às observadas entre os trabalhadores da Unidade de Reforma Catalítica (Barbosa, 1997).

Considerou-se também as diferenças de exposição dentro de cada um dos setores com exposição ocupacional ao benzeno (URC e QLD). Os resultados obtidos através do monitoramento ambiental dos quatro grupos de trabalhadores, já descritos, quanto à exposição ocupacional ao benzeno, são apresentados no Quadro VII.14 (Barbosa, 1997).

Unidade de Reforma Catalítica

A partir destes resultados do monitoramento ambiental do benzeno, pode-se observar uma nítida diferença, em relação ao grau de exposição, dos trabalhadores da Planta de

Processo em relação aos trabalhadores de Sala de Controle, ambos os grupos da Unidade de Reforma Catalítica (Barbosa, 1997).

A média das concentrações do benzeno entre os operadores de Planta (0,04 ppm) foi quatro vezes maior que a média de exposição de 0,01 ppm, observada nos operadores de Sala de Controle (p < 0,001). As concentrações do benzeno entre os operadores de Planta variaram de 0,01 a 0,15 ppm, enquanto a variação encontrada entre os operadores de Sala de Controle foi de 0,01 a 0,06 ppm (Barbosa, 1997).

Na Unidade de Reforma Catalítica, foram também avaliados alguns pontos do fluxograma de processo, considerados como prováveis fontes de emissão e de exposição ao benzeno, incluídos na rotina diária de trabalho dos operadores desta unidade. As atividades operacionais, principalmente a de coleta de amostras de nafta, executadas nesses respectivos pontos, foram acompanhadas e monitoradas, separadamente, durante a jornada de trabalho dos operadores (Barbosa, 1997).

Os dois principais Postos de Trabalho desta unidade, Planta de Processo e Sala de Controle, foram monitorados durante, aproximadamente, seis das oito horas de turno de trabalho. Os resultados obtidos, através do monitoramento dessas atividades, são apresentados no Quadro VII.15 (Barbosa, 1997).

Durante a amostragem ambiental de 360 minutos, realizada próxima a coleta de nafta reformada (Planta de Processo), a concentração média do benzeno foi de 0,11 ppm, sendo dez vezes maior do que a concentração média obtida, para o mesmo período de coleta (360 minutos), na Sala de Controle (0,01 ppm). Pode-se ainda notar que durante algumas atividades do processo produtivo, realizadas na Planta de Processo, detectou-se, em pequenos períodos de amostragem, altos níveis de benzeno no ar (0,89 - 1,36). Portanto, nestas atividades os trabalhadores estão sujeitos a níveis de exposição mais altos (Barbosa, 1997).

Setor de Qualidade

A partir dos dados do Quadro VII.14, pode-se observar que a média dos níveis de benzeno aos quais os trabalhadores de turno do QLD estão expostos (0,24 ppm), é seis vezes superior a média observada entre os técnicos da rotina (0,04 ppm). Assim pode-se concluir que o nível de exposição ao benzeno é significativamente (p < 0,004) maior para os trabalhadores de turno, que para os trabalhadores de rotina (Barbosa, 1997).

A avaliação de algumas atividades e postos da rotina diária de trabalho, dos trabalhadores do Setor de Qualidade, considerados como prováveis fontes de emissão e de exposição em relação ao benzeno, é apresentada no Quadro VII.16. Os ensaios e testes de laboratório, especialmente aqueles realizados nas naftas tratada e reformada provenientes da

URC, foram acompanhados e monitorados durante a jornada de trabalho desses trabalhadores (Barbosa, 1997).

Os resultados do monitoramento dessas atividades e postos de trabalho são apresentados de acordo com as atividades específicas desenvolvidas nas principais salas do setor: sala de turno, sala de octanagem e sala de fulgor, para as atividades do turno; e, sala de cromatografia e sala de descarte para aquelas da rotina (Barbosa, 1997).

Na amostragem ambiental, de aproximadamente seis horas, realizada durante as atividades e postos do Turno, a concentração média do benzeno foi de 0,22 ppm. Esta concentração foi vinte vezes maior que a concentração média obtida entre os postos de trabalho da Rotina, de 0,01 ppm. As concentrações variaram de 0,03 ppm a 1,08 ppm para o Turno e foram inferiores a 0,01 ppm para todos os postos amostrados dos trabalhadores de Rotina (Barbosa, 1997).

Para alguns testes e ensaios específicos desenvolvidos pelos técnicos de Turno, como: destilação, pressão de vapor e dosagem de enxofre, de duração média aproximada de sessenta minutos; a concentração média do benzeno foi de 0,40 ppm. Dentre eles, a destilação da nafta reformada, proveniente da Unidade de Reforma Catalítica é a atividade na qual ocorre maior emissão de vapores de benzeno. A concentração medida de benzeno durante este teste foi de 1,24 ppm (Barbosa, 1997).

Pôr fim, os dados deste estudo (Barbosa, 1997), não são conclusivos sobre os efeitos da exposição concomitante ao benzeno através de atividades laborais e do hábito de fumar. Isto é devido principalmente a dois fatores: primeiro ao pequeno número de fumantes nos grupos de trabalhadores estudados expostos ocupacionalmente ao benzeno e segundo a dificuldade na quantificação precisa da influência do benzeno proveniente apenas da fumaça do cigarro (Barbosa, 1997).