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CAPÍTULO 2 – CONTEXTO DA REGIÃO DA PESQUISA

2.2 CARACTERIZAÇÃO GERAL DO PARQUE ESTADUAL DA

Em Minas Gerais existem aproximadamente 24 Parques Estaduais, com os biomas: Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga. Nesse estado, a cobertura vegetal rica e diversa, em conjunto com o relevo, clima e sistemas hídricos, favorece uma alta biodiversidade de fauna. A administração e a gestão dos Parques de Minas ficam sob responsabilidade do IEF.

A Mata Atlântica consiste em um bioma brasileiro de grande importância devido à sua ampla biodiversidade associada. Entretanto, este bioma tem sido historicamente degradado por ações antrópicas, restringindo-se atualmente a cerca de 7% da cobertura original (PANIAGO, 1983). Esse acelerado processo de fragmentação da Mata Atlântica tornou este bioma uma das áreas de maior prioridade para a conservação biológica em todo o mundo (DÁRIO; ALMEIDA, 2000).

O bioma do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro é Mata Atlântica com as classificações: Floresta Ombrófila Densa Montana, Floresta Estacional Semidecidual e Campos de Altitude. Este Parque possui aproximadamente 14.000 ha, apresenta relevo acidentado, com altitudes entre 1.000 e 2.000 metros aproximadamente, com a presença de escarpas e maciços rochosos. Possui um microclima específico de Serra, que junto com o Parque Estadual do Caparaó formam a única floresta Montana de Mata Atlântica do Brasil, ou seja, floresta com ocorrência acima de 1000m de altitude. Está localizado em um divisor de águas, contribuindo para o abastecimento das bacias do rio Doce e rio Paraíba do Sul (ROLIM; RIBEIRO, 2001).

O Parque possui uma incrível diversidade de espécies. Entre os representantes da fauna, pode-se citar espécies de anfíbios, como a phyllomedusa e sapo de chifre; espécies de répteis, como a jararaca e a cobra coral; espécies de aves, como pica-pau, araponga, beija-flor, carcará, jacu; espécies de mamíferos, como preguiça, muriqui, barbado, cuíca, catitu, jaguatirica, onça parda, entre outros. As espécies de flora também são abundantes, pode-se citar as orquídeas, bromélias, juçaras, palmitos, embaúbas, quaresmeiras, muricis,

canjeranas, candeias, entre outras. Várias são as espécies ameaçadas de extinção pesquisadas no Parque, destacando-se o muriqui-do-norte, considerado como um dos 25 primatas mais ameaçados do mundo, com o status de criticamente ameaçado, segundo a Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, emitida pelo Ministério do Meio Ambiente.

O Parque está localizado na região da Zona da Mata em Minas Gerais. Fica a aproximadamente 60 quilômetros a leste da cidade de Viçosa e aproximadamente a 60 quilômetros a oeste da cidade de Carangola. Seus limites fazem divisa com oito municípios, sendo eles Araponga, Divino, Pedra Bonita, Sericita, Ervália, Muriaé, Miradouro e Fervedouro. Destaca-se que os municípios que possuem maior área de abrangência sobre o Parque são Araponga, com 5,5 mil hectares, e Fervedouro com 3,5 mil hectares. Pode-se observar tais municípios no mapa abaixo:

Figura 1 – Parque Estadual da Serra do Brigadeiro e municípios próximos

Entre os pontos turísticos do Parque, de acordo com informações de sua administração, os mais procurados são os picos de montanhas. Foram disponibilizadas por essa administração informações sobre as altitudes de alguns deles: Pico do Boné com 1870 metros, Pico do Soares com 1985 metros, Pico do Itajuru com 1580 metros, Pico da Pedra do Pato com 1908 metros e Pico do Grama com 1561 metros. Outros pontos turísticos são as antigas fazendas que existem no local: a Fazenda da Neblina, restaurada e servindo como casa de hóspedes na sede do Parque; e a Fazenda do Brigadeiro, situada no norte do Parque, utilizada por muito tempo como abrigo para guarda-parques, pesquisadores e turistas, mas atualmente está desativada.

Conforme já dito, a administração e gerenciamento do Parque do Brigadeiro são feitas pelo IEF. As atividades desenvolvidas no Parque são: fiscalização, educação ambiental, acompanhamento de pesquisas, formação dos guarda-parques, formação de brigada de incêndio, prevenção de impactos ambientais, manutenção das estruturas do Parque e atividades administrativas. Na estrutura da sede do Parque existem três casas para funcionários, além de lavanderia, casa de pesquisador, casa de apoio junto da garagem (abriga ferramentas e instrumentos para manutenção do Parque), Ermida, fazenda da neblina e um prédio central que possui secretaria, sala da diretoria, banheiros, auditório, centro de visitantes e cozinha. Nessa região existem algumas trilhas, em que transitam turistas, guarda-parques e pesquisadores, como a trilha do muriqui, trilha do pico do grama, trilha do encontro e trilha da serraria.

Na Serra do Brigadeiro existem comunidades que possuem uma rica cultura, composta por povos de origem dos índios puris, de europeus e de africanos. Atualmente sua economia baseia-se nas lavouras de café, existindo também, em menor número, a criação de gado (TEIXEIRA, 2009). A subsistência desses pequenos agricultores se baseia nas culturas do milho, feijão e hortaliças (MOREIRA et al., 2009). Nas observações realizadas pela pesquisadora em sua vivência no entorno do Parque por cerca de um ano durante o trabalho no projeto Montanhas do Brigadeiro: Serra dos Muriquis, pode-se notar que muitas dessas comunidades criam porcos e galinhas, possuem gatos e cachorros. As casas na sua maioria são simples e pequenas, com fogão a lenha e terreiros para secar o café. Entre seus produtos de artesanato encontram-se as esteiras de taboa, os cruzeiros de flores, tapetes de retalhos, fio de algodão, balaios e chapéus de palha e etc.

A religião predominante é a católica, embora também existam diversos ramos evangélicos. A forte tradição católica da comunidade está expressa num dos pontos turístico do Parque: a Ermida Antônio Martins. A construção dessa Ermida decorreu de algumas lendas que envolvem um fato dramático ocorrido no local por volta de 1908. Várias são as versões acerca do mesmo. Uma delas é a de que um caixeiro viajante, Antônio Martins, engravidou e tentou fugir com uma das filhas de um grande fazendeiro, sendo espancado e morto. Dizem que Antônio Martins foi enterrado no local onde hoje é a Ermida. A partir disso as pessoas começaram a rezar no local e a alcançar graças. As manifestações religiosas permanecem frequentes e vigorosas na Ermida, no interior do