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Educação ambiental e formação de professores de uma escola rural do entorno do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro - MG

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Academic year: 2021

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GLÁUCIA SOARES BARBOSA

“EDUCAÇÃO AMBIENTAL E FORMAÇÃO DE

PROFESSORES DE UMA ESCOLA RURAL DO

ENTORNO DO PARQUE ESTADUAL DA SERRA DO

BRIGADEIRO - MG”

CAMPINAS

2015

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RESUMO

A questão central desse trabalho é a formação continuada de professores em educação ambiental. A emergência da crise ambiental fez-nos repensar nossa maneira de ser e agir no mundo e, diante do inconformismo com os processos de exclusão e desigualdades que a sociedade hegemônica produz, procura-se contribuir para transformá-la. Em relação à formação docente, tem-se valorizado os conhecimentos técnicos e metodológicos em detrimento aos de formação política e social do docente. Nesse cenário, a formação ambiental em cursos iniciais de professores tem se mostrado deficiente, havendo uma necessidade de formação continuada na área. Diversos autores propõem que nesses cursos se trabalhe com a educação ambiental numa perspectiva crítica, que aponta o cotidiano da escola como um meio de trazer significado ao processo ensino-aprendizagem. A partir desse quadro foi pensada uma formação continuada de professores em educação ambiental, trabalhando-se com uma Unidade de Conservação vizinha à instituição educativa selecionada para estudo, como possibilidade do resgate do cotidiano escolar. Assim, a pesquisa analisou o processo de formação continuada de professores em educação ambiental em uma escola de ensino fundamental do entorno do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, efetuado pela pesquisadora em dez encontros durante o ano de 2012. O curso contou com fundamentação teórica sobre educação ambiental e sobre o Parque, com visita ao Parque, elaboração e implementação de projetos de educação ambiental desenvolvidos pelos docentes participantes e com avaliação do processo. A investigação teve caráter interventivo e foi iluminada pela pesquisa ação, sendo coletados dados por meio dos relatórios sobre encontros formativos e projetos desenvolvidos pelos professores, entrevistas, documentos escolares institucionais e observações gerais. As análises foram realizadas a partir de três eixos estruturantes: apropriação pelos professores participantes da concepção crítica de educação ambiental proposta no processo formativo; apropriação pelos professores participantes do Parque do Brigadeiro como elemento do cotidiano no currículo escolar e coerência teórico-prática da pesquisadora na condução do processo formativo. A auto-avaliação da pesquisadora indicou que o processo formativo não foi essencialmente crítico-reflexivo, conforme almejado, predominando a perspectiva prático-reflexiva. Nos resultados foi apontado que a maioria dos professores assumiu elementos da educação ambiental crítica, da modalidade curricular de educação ambiental geradora e conseguiu assimilar o Parque como um possível elemento do cotidiano na prática escolar. Embora os resultados obtidos tenham sido predominantemente positivos, as condições de produção da prática pedagógica tanto da pesquisadora, quanto dos professores participantes, foram elementos determinantes para que o pleno alcance da formação idealizada não tenha sido alcançado.

Palavras-chave: formação continuada de professores, educação ambiental, ensino fundamental.

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ABSTRACT

This paper’s key question is the continuing teacher training in environmental education. The emergence of the environmental crisis made us rethink our way of being and acting in the world and, in front of the nonconformity with the excluding processes and inequality that the hegemonic society produces, seek ways to transform it. Regarding teacher training, technical and methodological knowledge are often most valued than the political and social teacher training. In this scenario, environmental programs in initial teacher training has proved deficient and there is a need for continuing education in the area. Several authors propose that these courses of environmental education should take a critical perspective, which points the school routine as a way to bring meaning to the teaching-learning process. Based on this backdrop, a continuous teacher training in environmental education was designed, using the Conservation Unit neighboring the educational institution selected for study, as a possibility of the school routine recovery. Thereby, the research analyzed the process of continuing teacher training in environmental education in an elementary school at the “Parque Estadual da Serra do Brigadeiro” surroundings, performed by the researcher in ten meetings during the year 2012. The course included theoretical framework about environmental education and upon the Park, including visits to it, development and implementation of environmental education projects developed by teachers participating and with the process evaluation. The investigation had an intervening nature and was illuminated by action research, data were collected through the reports about formative meetings and projects were developed by teachers, there were also interviews, institutional school documents and general remarks. Analyses were performed using three structural axes: critical conception of environmental education appropriate by the participating teachers as proposal in the training process, ownership of the “Parque Estadual da Serra do Brigadeiro” as everyday element in the school curriculum appropriate by the participating teachers and theoretical and practical coherence of the researcher in conducting the training process. The self-assessment of the researcher indicated that the training process was not critical and reflective essentially, as desired; it was predominantly a practical-reflexive perspective. The results pointed out that most teachers took elements of critical environmental education, of the curricular modality of generating environmental education and managed to assimilate the Park as a possible element in the everyday school practice. Although the results have been mostly positive, the pedagogical practice production conditions to both, researcher and participants teachers, were crucial factors so that the full scope of the idealized training has not been reached.

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ... 29

CAPÍTULO 1 – DELINEAMENTO DA PESQUISA ... 49

1.1 JUSTIFICATIVA E PROBLEMATIZAÇÃO ... 51 1.2 OBJETIVO ... 54 1.3 PROCESSOS METODOLÓGICOS ... 54 1.4 O CAMINHO DA PESQUISA ... 59 1.4.1 A escolha da escola ... 59 1.4.2 As etapas formativas ... 62

CAPÍTULO 2 – CONTEXTO DA REGIÃO DA PESQUISA ... 65

2.1 UM OLHAR CRÍTICO SOBRE A QUESTÃO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO... 67

2.2 CARACTERIZAÇÃO GERAL DO PARQUE ESTADUAL DA SERRA DO BRIGADEIRO ... 74

2.3 HISTÓRIA DA SERRA DO BRIGADEIRO E CRIAÇÃO DO PARQUE ... 77

2.4 ATUAIS IMPACTOS NA SERRA ... 87

CAPÍTULO 3 – CONTEXTUALIZAÇÃO ACADÊMICA ... 91

3.1 PESQUISAS QUE ABORDAM A FORMAÇÃO DE PROFESSORES COMO FOCO TEMÁTICO SECUNDÁRIO ... 96

3.2 PESQUISAS QUE ABORDAM A UNIDADE DE CONSERVAÇÃO COMO FOCO TEMÁTICO SECUNDÁRIO ... 98

3.3 PESQUISAS QUE ANALISAM O PROCESSO FORMATIVO DOCENTE NO CONTEXTO DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO ... 103

3.4 APROXIMAÇÕES E DISTANCIAMENTOS ENTRE A PRESENTE PESQUISA E AS TESES E DISSERTAÇÕES AFINS ENCONTRADAS ... 109

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CAPÍTULO 4 – FORMAÇÃO DE PROFESSORES CRÍTICO-REFLEXIVOS ... 117

4.1 O CONTEXTO POLÍTICO NA FORMAÇÃO DOCENTE ... 119

4.2 MODELOS TEÓRICOS DE FORMAÇÃO DOCENTE ... 129

4.3 FORMAÇÃO DE PROFESSORES EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL ... 139

CAPÍTULO 5 – EDUCAÇÃO AMBIENTAL: PRESSUPOSTOS, CONCEPÇÕES E SUAS RELAÇÕES COM ESCOLA E COTIDIANO ... 147

5.1 CRISE AMBIENTAL ... 149

5.2 PERSPECTIVAS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL ... 155

5.2.1 Educação Ambiental Conservadora ... 158

5.2.2 Educação Ambiental Crítica ... 160

5.3 PRINCÍPIOS E MODALIDADES DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA...164

5.4 CONTRIBUIÇÕES DOS ESTUDOS DO COTIDIANO ESCOLAR PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ... 170

CAPÍTULO 6 - APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ... 179

6.1 LOCAL E SUJEITOS DA PESQUISA ... 181

6.1.1 O local de realização da pesquisa ... 181

6.1.2 Os sujeitos pesquisados ... 183

6.2 DESENVOLVIMENTO DA EXPERIÊNCIA DE FORMAÇÃO... 189

6.2.1 Primeiro Encontro: apresentação dos docentes e do curso ... 189

6.2.2 Segundo Encontro: experiências de educação ambiental ... 192

6.2.3 Terceiro Encontro: crise ambiental e educação ambiental ... 196

6.2.4 Quarto encontro: Biodiversidade, Unidade de Conservação e Parque Estadual da Serra do Brigadeiro ... 200

6.2.5 Quinto Encontro: modalidades da educação ambiental na escola ... 206

6.2.6 Sexto Encontro: Elaboração de Projetos ... 212

6.2.7 Sétimo Encontro: Visita ao Parque Estadual da Serra do Brigadeiro ... 215

6.2.8 Oitavo Encontro: desenvolvimento de projetos... 220

6.2.9 Nono Encontro: desenvolvimento de projetos... 224

6.2.10 Décimo Encontro: avaliação do processo formativo ... 226

6.3 PROJETOS DESENVOLVIDOS PELOS PROFESSORES PARTICIPANTES...228

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CAPÍTULO 7 - ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ... 233

7.1 APROPRIAÇÃO, PELOS PROFESSORES PARTICIPANTES, DA CONCEPÇÃO CRÍTICA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PROPOSTA NO PROCESSO FORMATIVO NO PROCESSO FORMATIVO ... 235

7.1.1 Mudanças sobre o conceito de educação ambiental ... 235

7.1.2 Mudanças das práticas em educação ambiental... 240

7.1.3 O currículo escolar e as modalidades de educação ambiental ... 250

7.2 APROPRIAÇÃO, PELOS PROFESSORES PARTICIPANTES, DO PARQUE DO DO BRIGADEIRO COMO ELEMENTO DO COTIDIANO NO CURRÍCULO ESCOLAR ... 256

7.2.1 Conhecimentos sobre o Parque: o velho saber e o descortinado ... 256

7.2.2 O Parque como possível elemento do cotidiano escolar ... 267

7.2.3 Avaliação em relação aos conhecimentos apreendidos sobre o Parque no processo formativo ... 270

7.3 COERÊNCIA TEÓRICO-PRÁTICA DA PESQUISADORA NA CONDUÇÃO DO PROCESSO FORMATIVO... 275

7.3.1 Estrutura do curso ... 276

7.3.2 Seleção de conteúdos e forma de abordagem ... 280

7.3.3 Coerência teórico-prática da pesquisadora ... 284

CAPÍTULO 8 - CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 293

REFERÊNCIAS ... 303

APÊNDICE ... 309

APÊNDICE 1 – Roteiro de entrevista (inicial) semi-estruturada ... 309

APÊNDICE 2 – Roteiro de entrevista (final) semi-estruturada ... 311

APÊNDICE 3 – Entrevista inicial PROF-12 ... 312

APÊNDICE 4 – Entrevista final PROF-12 ... 323

APÊNDICE 5 – Relatório (na íntegra) do sétimo encontro: visita ao Parque Estadual da Serra do Brigadeiro ... 327

APÊNDICE 6 – Relatório (na íntegra) do projeto Serra do Brigadeiro ... 336

ANEXOS ... 339

ANEXO 1 – Primeiro parecer do comitê de ética da Unicamp ... 339

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Eu quero uma casa no campo

onde eu possa compor muitos rocks rurais E tenha somente a certeza

dos amigos do peito e nada mais (Zé Rodrix/Elis Regina).

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À minha mãe, Alice, que se tornou parte de mim ao me ensinar o valor da vida e o respeito à natureza.

Às minhas vovós, Mariquinha e Barbosa, mulheres batalhadoras que se tornaram meu porto seguro.

Ao meu pai, Maurício, aquele que esteve de braços abertos nos momentos em que mais precisei.

Aos meus queridos irmãos, Leonardo e Maurício, minhas fontes de orgulho e inspiração.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à minha família. Cada um, à sua maneira, contribuiu para que esse trabalho fosse realizado. Sou grata pelas conversas de apoio que tive com meus irmãos Leonardo e Mauricinho, nos momentos em que estávamos distantes, principalmente quando realizei meu estágio no exterior e quando finalizava minhas análises, já aqui no Brasil. Agradeço à minha irmã, Maria Julia, pelo carinho e companhia em meus dias de folga em Viçosa. Às minhas irmãzinhas do coração, Ju, Ka e também à sua mãe, pelos momentos de alegria em nossa convivência. Ao meu pai um agradecimento especial, pois sem ele nada disso teria sido possível. Sua generosidade e presteza se tornaram essenciais para meu trabalho na Serra do Brigadeiro e para minha sobrevivência em Campinas, já que estive sem a bolsa de pesquisa nos primeiros dois anos do doutorado. Às minhas avós, por todo amor recebido e pelas comidas mineiras maravilhosas feitas com carinho. A todas as reuniões com meus familiares que vivenciei nesses quatro anos, o que veio a fortalecer nossos laços de amor e me tornar mais feliz!

À minha mãe, por ter me dado importantes lições de vida antes de partir. Por me fazer sentir inteiramente amada e acolhida. Por ter sido a melhor amiga que alguém poderia ter. Por me fazer acreditar em meus sonhos. Por me orientar a ser uma pessoa indagadora. Por ter me iniciado nessa trilha de admiração pela natureza.

À minha companheira nesses quatro anos, minha cachorrinha Melissa, que com seu doce olhar me fazia lembrar de parar, respirar, brincar e espairecer. Pelos seus abraços nos momentos de tristeza, pela festa que sempre faz quando me vê e pelos bons dias mais gostosos logo cedo.

Ao meu namorado, por todo o seu amor e paciência nessa caminhada. Pela sua companhia, longas conversas, carinho, viagens, passeios e barzinhos. Por atravessar o oceano para ir me ver, quando estava fazendo meu estágio na Espanha. Por estar sempre ao meu lado, torcendo por mim. Agradeço também à toda sua família, pessoas que me acolheram quando estava tão longe de casa.

Ao meu orientador, Ivan, que com toda a sua sabedoria veio me ensinando valiosas lições e me enchendo de conhecimentos sobre educação. Por toda a sua compreensão em relação aos atrasos e ansiedade. Pela enorme paciência e atenção no vai e vem das correções da tese. Pelo carinho ao me olhar enquanto outro ser humano, com minhas concepções prévias, minhas necessidades e meus defeitos. Por acreditar em mim e em meu trabalho.

À minha co-orientadora, Thaís Augusto, que desde a seleção para a entrada no Programa de Pós-Graduação dessa Faculdade, esteve sempre ao meu lado, me defendendo e me apoiando. Por se tornar uma amiga, com quem troquei confidências e pude contar nos momentos de desespero. Em quem me inspiro quando vejo sua inteligência e destreza ao ser professora universitária e também ao saber curtir a vida.

Ao professor Jorge Megid, pelo acolhimento no Grupo FORMAR-Ciências, onde tenho aprendido aspectos sobre educação ambiental, ensino de ciências e formação de professores. Por me dar a oportunidade de estagiar ao seu lado e me auxiliar sempre que o solicito. Por me lembrar que posso acreditar que existem professores honestos e com espírito coletivo.

Ao professor Sandro Tonso, ao me auxiliar a compreender com maior profundidade saberes sobre a educação ambiental. Também por me aceitar como estagiária nas lendárias aulas da AM-016, que além de ensinar sobre conhecimentos específicos, nos faz lembrar de nossa essência humana e

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Aos professores que compuseram minha banca de doutorado, por todas as sugestões e críticas, que com certeza me ajudaram no aprendizado e crescimento enquanto pesquisadora, educanda e formadora em educação ambiental.

Aos professores do Grupo do EArte, pela oportunidade de participar dos calorosos debates das reuniões dessa equipe e com isso poder aprender um pouco mais sobre educação ambiental e classificação de teses e dissertações.

À professora Maria Lucía, da Universidade de Santiago de Compostela, que me aceitou para estagiar ao seu lado, me apoiou, foi extremamente humana e solícita tornando possível meu sonho de menina! Gracias por todo!

À minha amiga Renata, a companheira mais presente nesses anos de doutoramento. Por causa dela é que tentei o doutorado na Unicamp. Foi ela quem me deu a notícia que eu havia passado. Foi com ela que morei dois anos em Campinas. O seu jeito de ser me fez pensar que estava em família. Trocando segredos, ideias, certezas e incertezas, convivemos muito bem. E agora estamos terminando nossos estudos também juntas. Um viva a essa vitória e a essa amizade!

Às minhas amigas de sempre, Narah e Denise, minhas almas gêmeas, que me entendem, me suportam quando estou insuportável, me chamam atenção quando estou errada, mas que também se orgulham de mim e torcem por minhas realizações e felicidade. Obrigado meninas, por me fazerem feliz com diálogos filosóficos, papo sério e também conversa “fiada” nos bares da vida. Valeu pelas idas ao Parque do Brigadeiro, que trouxeram tanta paz!!

Aos amigos, Angela, Vivi, Thiago, Lelê, Lelezinha, Renato, Gabi, Marina, Flávia, que em alternados momentos dessa jornada estiveram comigo, me fazendo sorrir, me dando atenção, me fazendo lembrar o valor da amizade. Agradeço especialmente a Vivi, que se dispôs a contribuir com a pesquisa, me auxiliando num dos encontros formativos docentes. E também um muito obrigado à Adriana e a Thaís Ferreira, que me ajudaram com as transcrições das entrevistas realizadas nesse estudo.

As minhas primas, amigas de infância, Adriane e Fernanda, que me fazem mais feliz com nossos brindes a vida e ao rock’n roll! Às minhas primas que estiveram presentes em Campinas, Janaína e Andreza, cuja companhia foi fundamental para me adaptar à vida universitária nessa cidade. Às minhas primas Stephanie e Nara e às minhas tias Adélia e Ângela, por toda a ajuda prestada para que eu viajasse mais segura para meus estudos na Espanha e realizasse meu sonho. Ao meu tio Afonso, por me ajudar com tanta atenção a resolver diversas burocracias nesse período de estudos. Ao meu tio Lalado, por me ajudar com a mudança para Campinas.

Aos amigos que fiz na Unicamp, Karina, Elisa, Tatiana, Cecília, Fernando, Rita e Cláudio, com certeza a vida na pós-graduação ficou mais leve na companhia de vocês! Todo o nosso desabafo, ao passarmos por esse processo que não foi nada fácil, nos tornou mais próximos e companheiros. Aos amigos que fiz no grupo FORMAR-Ciências, que me acolheram e me ajudaram. A sala do FORMAR ficava mais agradável com vocês, assim como todos os almoços juntos! Às nossas viagens para os encontros do EArte e para a participação no EPEA, com certeza contribuíram para meu aprendizado e para nosso companheirismo. Faço um agradecimento especial à Jéssica, que em pouco tempo de convivência se mostrou uma grande amiga, com quem pude contar em diversos momentos. Viva as nossas quintas-feiras de coxinha e cerveja!

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Aos galegos que ao cruzarem meu caminho na Espanha se tornaram meus amigos, com os quais pude contar em diversos momentos, com trocas culturais e longas e boas conversas sobre a vida: Santi e María. Obrigado por me ensinarem tantas coisas boas! À todos aqueles que conheci, entre espanhóis, brasileiros, russa, colombiana, francesa, alemães e portugueses, que tornaram minha passagem nesse estranho, mas encantador país mais suave e divertida! Aos peregrinos que encontrei em Compostela, por me inspirarem a buscar meus sonhos e vencer meus medos.

Às meninas da República, Maiara, Luana, Natalia, Letícia, Erica e Fabiana, por me lembrarem da juventude, ao me arrastarem para as festas engraçadíssimas da Unicamp, me fazendo rir por dias dos “causos”. Pelas conversas, refeições, piscininha, filmes, enfim tudo o que vivemos juntas. Aos professores da Escola do Madeira, por me darem a oportunidade de ter desenvolvido esse processo formativo, por acreditarem em meu trabalho, por dividirem seu cotidiano comigo, por abrirem as portas da escola e de suas casas.

À Serra do Brigadeiro, por me proporcionar sentimentos agradáveis, por se tornar um lugar que faz parte da minha história, por me ensinar coisas sobre o homem do campo e os bichos da floresta. E por estar em sua presença, me deixa mais perto de Deus.

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LISTA DE FIGURAS

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 – Etapas do processo formativo...56

QUADRO 2 – Encontros...57

QUADRO 3 – Dados sobre os professores...177

QUADRO 4 – Relações dos professores com o local...179

QUADRO 5 – Modalidades de educação ambiental...211

QUADRO 6 – Tipos de Educação Ambiental...211

QUADRO 7 – Exemplo de Calendário...214

QUADRO 8 – Projeto Atividade Física e Meio Ambiente...218

QUADRO 9 – Projeto Meio ambiente e Cultura Local...219

QUADRO 10 – Projeto Mata Atlântica...219

QUADRO 11 – Subprojeto Mata Atlântica...219

QUADRO 12 – Projeto Serra do Brigadeiro...220

QUADRO 13 – Projeto Meio Ambiente...220

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APA - Área de Proteção Ambiental

CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CBA - Companhia Brasileira de Alumínio

EArte - Grupo de Pesquisa Educação Ambiental e Estado da Arte no Brasil EIA RIMA - Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental IEF - Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais

KFW - Banco Alemão Kreditanstalt für Wiederaufbau ONG - Organização Não Governamental

PESA - Programa de Educação Socioambiental PNEA - Política Nacional de Educação Ambiental PROETI - Projeto Escola de Tempo Integral

SEPA Grupo de Investigação de Pedagogia Social e Educação Ambiental UFV - Universidade Federal de Viçosa

UICN - União Internacional para a Conservação da Natureza UNESCO - Organização das Nações Unidas

Unicamp - Universidade Estadual de Campinas USC - Universidade de Santiago de Compostela

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APRESENTAÇÃO

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Com o objetivo de contextualizar a temática dessa pesquisa em minha história de vida e também em minha trajetória profissional, apresento aqui não apenas os capítulos que compõe esse trabalho, mas os caminhos percorridos que levaram a ele. São trilhas que foram definindo minhas escolhas e que hoje vejo que delinearam meu envolvimento com a educação ambiental e posteriormente com a formação de professores. Esta pesquisa de doutorado é um desdobramento de minha relação com a região do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro e de minha formação enquanto professora universitária. Após tecer essa teia reveladora de sentidos, que contribuíram para o meu amadurecimento pessoal e profissional, também faço um relato sobre o desenvolvimento desta pesquisa, que investigou a formação de professores em educação ambiental no contexto de uma Unidade de Conservação. Ao final, realizo uma apresentação da estruturação deste texto.

Inicio, então, o registro de minha trajetória pessoal, contando que nasci no interior de Minas Gerais, na cidade de Viçosa. Meu pai se formou em Química e minha mãe em Pedagogia. Ambos trabalharam na Universidade Federal de Viçosa (UFV), sendo meu pai professor e minha mãe técnica em assuntos educacionais. Minha mãe se preocupava muito com minha educação e me matriculou numa escola alternativa, o Centro Educacional Monteiro Lobato, que adotava linhas piagetianas na década de 1980. A educação ambiental e o ensino de artes estavam fortemente presentes nessa instituição.

Minha interação com o mundo natural sempre foi frequente desde a infância. Lembro de minhas brincadeiras na mata nativa da UFV, em pequenas capoeiras ainda não ocupadas na cidade (nos altos de morros e lotes) e em matas e pomares nos sítios da família. Essa relação com o ambiente natural era respeitosa e acho que aprendi muito disso com minha mãe.

Meus pais foram cursar doutorado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em 1990. Moramos em Barão Geraldo, distrito de Campinas, no bairro São Gonçalo, onde as ruas eram todas de terra e minha casa era simples, com um quintal e uma horta. Eu andava a pé para ir estudar numa escola, também considerada alternativa, a Escola do Sítio, em que o contato com a natureza foi mais uma vez reforçado, já que havia galinhas, gatos, um gramado grande, árvores e pés de frutas por toda a instituição.

Minha mãe faleceu em 1996 e me deixou um imenso vazio. Não vou aqui me estender sobre o triste ocorrido, mas com ela aprendi a ser uma pessoa boa e generosa. A

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ser honesta e trabalhadora. A dar valor à vida. E com sua perda aprendi a correr atrás do que quero, a ser mais independente.

Voltamos para Viçosa para ficarmos próximos de nossos familiares em 1997. Recordo-me que nessa época comecei a gostar de acampar! Acampei num lugar chamado Remanso, na Serra do Brigadeiro, onde havia uma cachoeira com um pequeno lago, vegetação rasteira e pedras. Nesse período fizemos uma longa trilha para subir o Pico do Boné. Eu não sabia, mas o Boné fica dentro do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro e, de lá do alto desse pico, tive uma visão de 360º de uma linda paisagem com florestas, lavouras e pastagens. À noite olhávamos para um céu entupido de estrelas. Era mágico! Acampei muitas outras vezes nesse lugar, sem saber que a Serra do Brigadeiro teria uma importância singular em minha vida.

Quando fui prestar vestibular não sabia muito bem o que queria. Fiquei em dúvida entre psicologia e jornalismo e optei por psicologia. Meu pai me pediu para prestar vestibular também na UFV, então escolhi pedagogia por ser, em meu entendimento, o que mais se parecia com psicologia. Acabei passando somente em pedagogia. No início do curso eu me sentia perdida, apesar de gostar das disciplinas, sentia que estava faltando alguma coisa. Mesmo assim ingressei na iniciação científica, como bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, com os seguintes projetos de pesquisa: (1) O Banco Mundial e a Reforma da Educação em Minas Gerais - outros matizes de uma parceria para a mudança educacional: os falares do Estado, do Banco Mundial e os Resultados e (2) O Legado da Política Educacional no Cotidiano da Escola - informações, avaliações, valorizações e atitudes sobre as reformas educacionais para o ensino fundamental. Tal ocasião permitiu adquirir conhecimentos sobre a pesquisa qualitativa, seus instrumentos de coleta de dados e a análise de conteúdo. Além disso, pude entender e analisar algumas das políticas educacionais mineiras e brasileiras. Mesmo assim não era algo que me motivava.

Realizei um estágio no Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata, uma Organização Não Governamental (ONG) de Viçosa, participando da Elaboração do Diagnóstico Participativo e Plano de Desenvolvimento Local do Município de Acaiaca - MG. Aprendi a praticar várias técnicas utilizadas em Diagnósticos Rurais Participativos além de ter conhecido e aprendido sobre o universo dos pequenos produtores rurais. Como

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gostei de fazer esse estágio, parecia que o pouco tempo que passei nele valeu muito mais que os três anos de iniciação científica, no sentido de me ver realmente apaixonada por aquilo que estava fazendo.

Sempre gostei de assistir palestras e participar de eventos acadêmicos. Participei de uma oficina de educação ambiental na UFV dada por uma professora da rede pública do Rio de Janeiro, que contou sua experiência na escola em que atuava. Ela disse que coletivamente movimentou a escola, o bairro e o poder público conseguindo transformar a realidade local, que passava por sérios problemas de saúde devido à falta de saneamento básico. Aquilo mexeu comigo. Senti-me extremamente tocada e pensei que era daquele tipo de educação que eu queria participar e entender, uma educação que pudesse transformar as pessoas e os espaços. A partir daí comecei a buscar conhecimentos sobre educação ambiental e me interessar cada vez mais pelo tema.

Integrei-me ao Grupo de Pesquisa Ecopedagogia, do Departamento de Educação da UFV, em que participei de estudos sobre o tema e ajudei na organização do II Fórum Regional de Educação Ambiental. O conceito de educação ambiental que aprendi com esse grupo me acompanhou durante uma boa jornada enquanto educadora ambiental, desde a graduação até a entrada no doutorado. Portanto considero relevante explicar sucintamente em que tipo de educação o referido grupo se calcava. A ecopedagogia visa a consciência de que cada um de nós pertencemos e co-habitamos um único planeta, buscando desenvolver a solidariedade e a cidadania ecologicamente corretas, evitando danos ao meio ambiente (GADOTTI, 2005). Esta perspectiva busca reeducar o olhar e o coração das pessoas, ou seja, despertar nos educandos a capacidade de observar e refletir sobre os problemas ambientais que os rodeiam e a compaixão com todas as formas de vida (BARBOSA, 2008). Realizei dois estágios obrigatórios do curso de Pedagogia com ênfase em educação ambiental. Um na área da educação infantil numa escola particular e outro nas séries iniciais do ensino fundamental, numa escola pública. Sobre o estágio na escola particular, destaco que foi teoricamente embasado na Pedagogia de Projetos. Assim, o projeto se voltava ao interesse dos alunos, ao estudo a partir de seu cotidiano, sendo que a maior curiosidade deles era sobre os animais. Além de explorar as características e habitat dos animais estudados, trabalhamos conteúdos sobre sua preservação, sempre partindo de seus conhecimentos prévios. O projeto foi desenvolvido em conjunto com a professora regente e

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em diálogo constante com a direção. Foi muito proveitosa essa experiência, sendo a perspectiva da Pedagogia de Projetos mantida pela professora da escola, mesmo após o término do estágio.

Já na realidade da escola pública encontrei dificuldades, tais como não ter diálogo e nem apoio de professores ou da direção. A impressão que tinha era de que a minha presença na escola era para dar folga aos professores. Em dupla com uma amiga, desenvolvi nesta escola um projeto sobre o cuidado com o ambiente (ambiente próximo – o próprio corpo; ambiente vizinho – o colega; e ambiente externo – a escola). Os alunos eram crianças muito simples de um bairro carente de Viçosa. Na escola não havia muitos recursos. Uma simples roda que fazíamos para discutir o projeto, uma pintura ou um cartaz de colagens, já eram práticas muito diferentes para os alunos, que nos pareciam ser acostumados com aulas bastante tradicionais. Eles se sentiam empolgados com as atividades e com o assunto. Mas foi um projeto passageiro, já que a professora nem se deu conta do que havia ocorrido e muito menos deu continuidade, por total falta de interesse. Ambos os estágios enriqueceram minha prática e meu olhar sobre a educação ambiental, além de me deixarem mais curiosa e interessada sobre o assunto.

A partir dessas vivências e de minha experiência com a pesquisa em política educacional, nasceu a vontade de investigar as políticas de educação ambiental em minha monografia de conclusão de curso, intitulada: Políticas de Educação Ambiental: programas, ações e a institucionalização da gestão.

O desejo de conhecer e me envolver com a educação ambiental só aumentou, fazendo com que me inscrevesse para a seleção de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Minas Gerais. Fui aprovada em 2005 e só em 2006 consegui uma bolsa de estudos financiada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. No ano de 2008, com muita alegria e satisfação defendi o meu trabalho intitulado: Educação Ambiental, uma Política Pública Educacional: como a escola a acolhe? No mestrado pude aprofundar meus conhecimentos sobre a pesquisa científica e conhecer uma nova realidade, a das pessoas das comunidades carentes urbanas, que vivem em situação de risco social. Hoje vejo que nessa época ainda tinha uma visão reducionista sobre educação ambiental, já que tratava o tema como sendo ações educativas

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adestradoras sobre o ambiente, responsabilizando principalmente o indivíduo pela crise ambiental, vista apenas do ponto de vista ecológico.

Foi nesse período de estudos na pós-graduação que participei do IV Encontro de Pesquisa em Educação Ambiental, apresentando parte de meu trabalho de mestrado, intitulado Educação Ambiental em Escolas Municipais de Belo Horizonte: uma análise de sua implementação. Penso que minha imersão no evento foi muito importante, pois contribuiu com conhecimentos sobre a área, tendo em vista a escrita da dissertação, já que pude discutir o tema com outros pesquisadores e assistir palestras e debates com acadêmicos da área.

Ao terminar o trabalho de mestrado, fui convidada a participar de um projeto denominado Serra do Brigadeiro: Montanhas dos Muriquis. Tal trabalho foi desenvolvido com o apoio do Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais (IEF) e da ONG Centro de Estudos Ecológicos e Educação Ambiental. O objetivo principal era a conservação dos Muriquis (Brachyteles hypoxanthus) por meio da educação ambiental. O muriqui é considerado o maior primata das Américas, está criticamente ameaçado de extinção e é endêmico do bioma Mata Atlântica. O Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, importante fragmento desse bioma, é o local onde possivelmente mais se encontra dessa espécie animal. Sendo assim, promover a conservação desse primata significava também conservar o Parque. Nesse projeto foram elaboradas quatro metas: diagnóstico com a comunidade do entorno do Parque (pequenos produtores rurais); educação ambiental com comunidades e escolas do entorno; educação ambiental com os guarda-parques e divulgação do Parque e da pesquisa por intermédio da produção de filmagens e exposição fotográfica.

Nossa equipe era formada por biólogos, engenheiro ambiental, engenheira florestal e eu, pedagoga. Conseguimos uma casa para morarmos durante o desenvolvimento das atividades, localizada na sede do Parque. Nossa casa era no meio da Mata Atlântica. Da varanda descortinávamos uma bela paisagem, com picos de montanhas, plantas e árvores dos mais diversos tipos. Nos primeiros meses passamos um bom tempo na sede do Parque, para fazer nossa formação e também o planejamento do diagnóstico socioambiental. Por intermédio de leituras coletivas e oficinas, vivenciei a experiência de buscar conteúdos e práticas de educação ambiental para formar a equipe interdisciplinar de pesquisa. Nesses meses a nossa casa foi o ponto do cafezinho, nos poucos minutos que os guarda-parques

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conseguiam para tirar um descanso. Como era bom tê-los com a gente em nosso lar! A maioria deles era agricultor do entorno do Parque, que vinham nos contar seus causos e suas experiências. Eles se tornaram nossos amigos. Também pude conhecer outros pesquisadores que ficavam hospedados numa outra casa da sede do Parque, sendo a maioria deles biólogos. Com eles aprendi um pouco sobre anfíbios, répteis, onça parda, orquídeas e flora de campos de altitude.

Morar e trabalhar numa Unidade de Conservação foi muito importante para minha práxis de educadora ambiental, pois pude conciliar meu trabalho com meu modo de vida, de uma maneira saudável e ecológica. Foi nesse momento que descobri os prazeres de viver sem televisão e sem internet. Percebi que o tempo fica grande e diferente. Conseguia parar para ouvir os meus colegas e ter muitas conversas longas (coisa rara na correria do dia a dia na cidade). Após o trabalho, quando ficávamos na casa da sede do Parque, a noite parecia enorme, dava tempo de cozinhar, ver filme, ler, escrever, conversar e até mesmo costurar. E também foi nesse momento de calmaria que consegui escrever um artigo sobre minha dissertação, intitulado Olhares sobre a educação ambiental na escola: as práticas e as estratégias educativas de implementação, publicado na Revista Educação em Foco, em 2010.

Além de aquele ser um tempo que nunca mais experimentei, uma outra questão me chamava atenção: não necessitava pegar em dinheiro no meu dia a dia. Ganhava uma bolsa que ficava guardada em minha conta. Não precisava pagar contas ou alimentação, já que o projeto financiava tudo. Então eram dias a fio sem nem me preocupar onde estava minha carteira. Quando ia para a cidade (Viçosa), uma ou duas vezes por mês, no final de semana, era para ver meu namorado e minha família, e, aí sim, lembrava-me do tal do dinheiro para poder passear. Foi muito bom ter essa experiência de distanciamento do dinheiro e de desenquadramento do sistema hegemônico, já que vivíamos num sistema bem diferente.

Também nessa época consideramos que a equipe deveria vivenciar o Parque do Brigadeiro, já que na Ecopedagogia acredita-se que, ao experienciar a natureza, pode-se aprender a entendê-la e a respeitá-la. Foi assim que nos primeiros meses fizemos o reconhecimento das trilhas próximas à sede do Parque. Como eram boas aquelas caminhadas na mata, ouvindo os biólogos a discorrerem sobre plantas e bichos! Às vezes também caminhava na presença de algum guarda-parque e eram ricas as histórias que eles

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contavam sobre a mata. Nesse período percebi como gostava de biologia, tinha mesmo prazer em ouvir sobre as relações ecológicas que ocorriam na floresta. E ficava comparando com a época do ensino médio, em que detestava essa disciplina. Pude notar como é bom aprender a partir da observação e da experiência.

Na fase de diagnóstico socioambiental, pude ter um contato ainda maior com o universo do pequeno produtor rural, entendendo as dificuldades e virtudes da vida no campo. Aprendi muito com o povo simples da Serra, que estende a mão ao próximo, valoriza as pessoas e a família. Pessoas que tiram o sustento da terra, que se alimentam de coisas saudáveis, que acordam às 5h da manhã para trabalhar, na maioria das vezes, nas lavouras de café. Pessoas que não adoecem fácil, pois tem uma alimentação saudável e usam as plantas medicinais de seus quintais. Gente que não tem pressa e olha você no olho ao conversar. Foi mesmo uma vivência muito agradável.

Durante o projeto, desenvolvemos os seguintes produtos: documentário - Entre Montanhas e Muriquis; livro infantil - As aventuras de Luna: em busca do paraíso natural; apostilas de formação em biodiversidade e educação ambiental; e uma exposição fotográfica - Montanhas dos Muriquis: um olhar fotográfico sobre a Serra do Brigadeiro. Esses produtos seriam utilizados na fase de ações educativas.

Na etapa das intervenções educativas, a equipe realizou atividades com os alunos, comunidade e duas escolas do entorno do Parque e também promoveu uma formação de professores em uma dessas escolas e com os guarda-parques. Essa etapa das intervenções pedagógicas foi muito rica no projeto, mas foi interrompida. O IEF alegou que a verba para projetos educativos havia sido cortada pelo governo de Minas Gerais, sendo assim, não conseguimos renovar o projeto e as ações tiveram que ser cessadas. Sentimos um mal estar nessa época por não conseguirmos promover a principal ação do projeto: a educação.

Minha primeira experiência docente foi lecionando no Programa de Pós-Graduação latu senso em Educação Ambiental, das Faculdades Vale do Carangola, associada à Universidade Estadual de Minas Gerais, em setembro e outubro de 2008, ministrando o módulo Práticas Pedagógicas, Pesquisa em Educação Ambiental. Essas aulas me proporcionaram uma proveitosa experiência de aprender e ensinar a alunos de diversas áreas de formação, além de ensinar sobre algo que gostava. Vinculada a essa faculdade e a esse curso, orientei a monografia intitulada Ecopedagogia: um instrumento na formação de

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guardas-parque 1 no Parque Estadual da Serra do Brigadeiro visando à conservação do muriqui-do-norte. A aluna orientada participou comigo do projeto Serra do Brigadeiro: Montanhas dos Muriquis, por isso o interesse em pesquisar sobre os funcionários do Parque.

Novamente, participei do V Encontro de Pesquisa em Educação Ambiental, realizado em 2009, apresentando o artigo intitulado Diagnóstico socioambiental das comunidades do entorno do Parque do Brigadeiro/MG Olhares iniciais sobre o Projeto Serra do Brigadeiro: Montanhas dos Muriquis, sobre o trabalho que desenvolvemos durante a participação no projeto Serra do Brigadeiro: Montanhas dos Muriquis.

Posteriormente prestei um concurso para professor designado temporário na Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), em Ubá, e fui aprovada. Trabalhei durante quatro anos nessa instituição, de 2009 a 2012, e aprendi muito sobre ser professora universitária. A unidade de Ubá era nova, foi criada em 2007, possuindo os cursos de Design de Produtos, Licenciaturas em Ciências Biológicas e Química. Ainda sem sede, funcionava provisoriamente numa escola. Em um segundo momento, fomos transferidos para um galpão emprestado pela prefeitura de Ubá. Acompanhei o desenvolvimento da unidade, com a montagem de laboratórios, biblioteca e outros aspectos de infra-estrutura. No corpo docente apenas 15% eram professores efetivados, enquanto a maioria era designado. A situação do professor designado era frágil e instável, pois o contrato era de apenas um ano. Sendo assim, todo final de ano era uma angústia, pois tínhamos que tentar o concurso novamente e competir com outros professores. Além disso, assumíamos posições e responsabilidades de um professor efetivo, pois tínhamos que produzir pesquisa, extensão e exercer cargos de coordenação.

Eu assumi a coordenação do Núcleo de Educação Socioambiental dessa universidade, que promovia a formação da equipe, articulação de pesquisas e projetos de educação ambiental da universidade e o desenvolvimento de atividades em parceria com escolas de Ubá. O núcleo assumiu a organização do Seminário de Educação Socioambiental, que ocorre anualmente, contando com a apresentação de trabalhos de projetos e pesquisas, palestras e cursos.

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Nesse documento será utilizado o plural guarda-parques embora existam documentos oficiais que também utilizam o termo num outro formato (guardas-parque), como ocorreu na monografia descrita.

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Nesse período, orientei duas pesquisas de iniciação científica, financiadas pela Fundação e Amparo a Pesquisa de Minas Gerais, com quatro bolsistas do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, com os títulos: a) Avaliação da Educação Ambiental do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro; b) Educação ambiental como uma estratégia do desenvolvimento sustentável nas escolas de ensino fundamental de Ubá. A primeira dessas pesquisas estava relacionada ao Parque do Brigadeiro, pois além de ser interessante para as futuras biólogas conhecer a realidade de uma Unidade de Conservação, para mim era uma questão pessoal tentar manter o vínculo com essa região que eu adorava. Também orientei sete Trabalhos de Conclusão do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, sendo dois na área de ensino de ciências e cinco na área de educação ambiental.

Participei das bancas de dez Trabalhos de Conclusão de Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas e de três comissões julgadoras da seleção de professor designado temporário da Universidade do Estado de Minas Gerais.

Ministrei diversas disciplinas, sendo elas: Estágio supervisionado - ensino fundamental; Estágio supervisionado - ensino médio; Estágio supervisionado - educação especial; Estágio supervisionado - educação de jovens e adultos; Estudo das metodologias do conhecimento escolar - ciências no ensino fundamental (séries finais); Estudo das metodologias do conhecimento escolar - biologia no ensino médio; Psicologia da educação; História das ciências naturais e exatas; Gestão dos processos educacionais; Educação de Jovens e Adultos.

Apesar da instabilidade do cargo, ser professora na UEMG me trouxe importantes contribuições para a prática docente universitária, tais como a prática em de sala de aula, a orientação de alunos, o trabalho formativo e o trabalho de extensão do núcleo do qual participei.

Ao trabalhar na orientação de alunos senti que precisava buscar maiores conhecimentos sobre a pesquisa qualitativa e também sobre educação ambiental. A fragilidade do cargo na UEMG me mostrou que precisava buscar outros espaços que me garantissem maior estabilidade e tranqüilidade para lecionar. Daí, então, tentei a seleção de doutorado, tanto para ampliar meus conhecimentos, quanto para obter um título que me habilitasse a concorrer a uma vaga efetiva para professor numa universidade pública.

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Meu projeto de pesquisa foi sobre formação de professores do entorno da Serra do Brigadeiro, pois era grande a minha vontade de voltar a esse local, pelo qual me apaixonei. Fui aprovada para cursar o Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação da Unicamp. Entrei para o Grupo de Pesquisa FORMAR-Ciências e tive o prazer de conhecer pesquisadores compromissados, responsáveis e que realmente trabalham de forma coletiva. Ainda não tinha experienciado isso na universidade enquanto aluna: ser ouvida pelos professores como um colega de trabalho, que tem uma percepção de vida e de mundo, que também podem ser considerados nas discussões acadêmicas. Foi também uma equipe acolhedora, que se preocupou comigo, que vinha de longe do interior de Minas; que perguntava se eu havia me adaptado, se havia encontrado uma boa moradia e se eu me sentia bem. Foi muito importante ter encontrado pessoas queridas assim. Não acho menos significativo contar sobre esses aspectos pessoais, já que nosso estado de espírito nos define em dados momentos e nesse momento eu estava feliz, fazendo o que eu queria. Desse grupo acolhedor, dois professores assumiram a função de meus orientadores, sendo o professor Ivan Amorosino do Amaral, orientador e a professora Thaís Gimenez, co-orientadora.

Ressalto que todas as disciplinas contribuíram para minha formação acadêmica, sendo que eu mais me identifiquei com: Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Formação de Professores para o Ensino de Ciências. Em relação à primeira, aprendi uma maneira diferente de ensinar sobre educação ambiental, por exemplo, realizando uma diferenciação entre educação ambiental conservadora e crítica, por meio de intensos debates, trabalhos em grupo e discussão sobre vídeos e fotografias. Destaco que foi a partir de contribuições dessa disciplina que consegui extrair conteúdos e métodos para planejar a formação docente que realizei nesta pesquisa. Já a segunda disciplina despertou uma visão crítica sobre formação de professores que ainda não conhecia, a corrente crítico-reflexiva, sendo que também transferi para a formação realizada nesta pesquisa a questão da reflexão sobre a prática pedagógica dos docentes. Também foi por meio dela que aprendi um pouco sobre ensino de ciências, uma área bastante desconhecida por mim, apesar de já haver assumido algumas responsabilidades profissionais neste campo anteriormente.

Fui parecerista do Memorial de Formação do Curso de Especialização de Gestores e do Trabalho de Conclusão do Curso de Especialização de Ciências e Matemática, ambos da

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Faculdade de Educação da Unicamp e sob a supervisão do professor Ivan Amorosino do Amaral, meu orientador do doutorado.

Foi mais uma experiência de orientação bem interessante e diferenciada, particularmente em se tratando do memorial, já que o mesmo tem uma série de propriedades diferentes da pesquisa convencional.

Participei do Programa de Estágio Docente da Unicamp, estagiando na disciplina Estágio Supervisionado III, oferecida aos alunos da licenciatura em Ciências Biológicas, pelo professor Jorge Megid Neto. Foi um oportuno momento de aprendizagem sobre organização e planejamento da disciplina e avaliação dos alunos. Nesse estágio pude ministrar algumas aulas e interagir com alunos muito interessados e questionadores.

Por intermédio de meu orientador e do Grupo FORMAR-Ciências participei do Grupo de Pesquisa Educação Ambiental e Estado da Arte no Brasil (Grupo do EArte), cujo projeto central de pesquisa, entre outros aspectos, buscou selecionar e classificar teses e dissertações de educação ambiental que estavam disponíveis no Banco de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, abrangendo o período de 1987 a 2009. Não me envolvi de forma sistemática e regular no projeto, embora tenha sido convidada, tendo participado de algumas reuniões e oferecido contribuições pontuais, em virtude dos compromissos assumidos junto ao doutorado e pela ausência da bolsa durante os dois primeiros anos de participação no programa.

No primeiro ano de curso, em 2011, tentei a bolsa de doutorado por meio da seleção do próprio Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação. Não fui contemplada. Solicitei bolsa de doutorado via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, não tendo obtido sucesso, porém o processo foi importante para amadurecer a escrita do projeto e as ideias sobre a pesquisa.

Sem a bolsa, continuei trabalhando na Universidade do Estado de Minas Gerais, sendo que, no ano de 2011, atuei à distância com orientações de Trabalho de Conclusão de Curso e de Iniciação Científica e com as disciplinas de Estágio Supervisionado, sendo estas disciplinas compartilhadas com outra professora que estava presente na unidade de ensino. Foi acordado com o diretor da unidade, que essa seria uma situação provisória.

Em virtude da ausência de bolsa e a decorrente dificuldade de me sustentar em Campinas e desenvolver o trabalho a distância na Universidade do Estado de Minas Gerais,

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em comum acordo com meus orientadores tive de alterar o plano inicial de destinar os meus dois primeiros anos no programa para aperfeiçoar minha formação e meu projeto de pesquisa. A saída que encontramos foi antecipar o trabalho de campo já para o segundo ano, enquanto aguardava a bolsa institucional a qual continuava pleiteando.

Sendo assim, no ano de 2012, retornei a Viçosa para realizar a pesquisa de campo, que teve início junto ao primeiro semestre letivo escolar, em fevereiro. Pensando na logística da pesquisa, no que se refere às viagens de Viçosa para o entorno do Parque do Brigadeiro, para abordar as possíveis escolas a serem investigadas, tive que recorrer à minha família, já que não dispunha de bolsa de doutorado para arcar com as despesas das viagens e do transporte. Portanto, foi negociado com meu pai, que felizmente está aposentado e se mostrou disposto, que me auxiliasse transportando-me até o Parque e me ajudando nas despesas. Apesar de nesse ano lecionar 20 horas semanais na UEMG como professora designada, o salário não daria para custear minhas despesas pessoais em Viçosa, minhas viagens para Ubá para dar aulas na universidade, minhas viagens para a Serra do Brigadeiro para coletar meus dados e uma viagem por mês até a Unicamp em Campinas, para encontrar meus orientadores. Em vista disso, foi fundamental esse custeio e auxílio que obtive de minha família. O ano de 2012 foi por demais cansativo, justamente por passar por todo esse ritmo de viagens e conciliar diferentes atividades. Pensando no prazo de qualificação e de defesa (encurtado em um ano após a obtenção da bolsa institucional, finalmente obtida a partir do início de 2013), foi um ano que atrasou minha pesquisa, pois apesar de ter conseguido coletar os dados, não consegui escrever nenhum capítulo e sequer organizar os dados coletados.

Minha volta ao Brigadeiro em momento algum foi parecida com o período em que morei na Serra. Era tudo conturbado e apressado; ficava pressionada pelos prazos do planejamento da formação dos professores e ansiosa para saber se iria dar tudo certo. Apesar de ter sonhado com essa volta e sonhado com essa pesquisa como uma contribuição pessoal para a Serra, não foi nada fácil. Hoje eu penso “que bom que eu tive peito para ir até lá e fazer tudo o que fiz, passar tudo o que passei”. Em vários momentos pensei em desistir. Minha rotina parecia uma loucura sem final. Realmente percebi o tamanho de minha vontade em realizar essa pesquisa maluca, que afetou minha saúde (eu vivia doente,

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não agüentava o ritmo) e meu humor (estava sempre nervosa, estressada e mal humorada)! Mas hoje vejo que só tive a ganhar; vejo que valeu a pena.

No final do ano de 2012, recebi a grata notícia que havia sido contemplada com a bolsa institucional do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, por meio da seleção do Programa de Pós-Graduação em Educação. Lembro que foi uma correria largar tudo o que estava fazendo e ir para Campinas para assinar a papelada. Ao voltar para Viçosa, no meu último dia de trabalho na Universidade do Estado de Minas Gerais, em carona com um colega, também professor dessa universidade, sofremos um terrível acidente automobilístico na estrada entre Viçosa e Ubá. Nós dois ficamos internados alguns dias no hospital e tivemos sérios ferimentos. Fiquei três meses em total repouso.

No final de fevereiro de 2013, sentindo-me um pouco melhor das seqüelas do acidente, mudei-me novamente para Campinas, para continuar as atividades do doutorado. Recomecei num ritmo lento, ainda em recuperação, mas muito feliz por ter voltado e poder me dedicar a apenas uma atividade. Agora finalmente poderia manter o foco no doutorado. Voltei a participar das reuniões do Grupo FORMAR-Ciências, que continuaram a contribuir em minha formação tanto em educação ambiental, quanto na formação de professores.

Participei novamente do Programa de Estágio Docente, estagiando na disciplina Educação Ambiental, com o professor Sandro Tonso. Foi uma proveitosa experiência em que pude conhecer outra perspectiva de organização da disciplina e de avaliação de alunos. Achei muito interessante o fato de todas as questões da disciplina serem decididas no coletivo (eu, o professor responsável e os alunos). Também gostei de presenciar uma sala de aula com aproximadamente 60 alunos, sentados em círculo, concentrados, debatendo um assunto. Os alunos se sentiam realmente à vontade em expressar livremente suas opiniões sobre os temas das aulas. Foi criado um ambiente prazeroso, em que se percebia a motivação e o interesse de cada um em estar ali. Aprendi muito com esse novo jeito de organizar e tratar a sala de aula, em que foram construídos espaços coletivos e de autonomia.

Participei do VII Encontro de Pesquisa em Educação Ambiental, em 2013, apresentando um trabalho realizado em conjunto com uma ex-aluna da Universidade do

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Estado de Minas Gerais, minha orientanda de Trabalho de Conclusão de Curso, com o título: O cenário da educação ambiental nas escolas de ensino fundamental de Ubá-MG.

Orientei uma ex-aluna da UEMG em seu Trabalho de Conclusão de Curso da Pós-Graduação Lato Senso MBA Gestão e Análise Ambiental, da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde de Viçosa. A mesma havia sido minha orientanda de iniciação científica e queria realizar um aprofundamento desse estudo em sua especialização, sendo o título do trabalho: As práticas educacionais no Parque Estadual da Serra do Brigadeiro: como interpretá-las?.

Ressalto, também, que trabalhei arduamente na sistematização das informações coletadas, realizando organização das entrevistas, transcrição e produção de relatórios sobre os encontros de formação, produção de relatórios sobre os projetos desenvolvidos pelos professores. Tais tarefas ocuparam praticamente todo o primeiro semestre de 2013. Foi um trabalho que exigiu fôlego e persistência, pois era a grande a extensão desses registros, que pareciam não acabar. No segundo semestre de 2013 foi elaborado meu texto de qualificação, sendo esta realizada em dezembro do mesmo ano.

Em 2014, foi feito um intenso trabalho de aprimoramento do texto de qualificação, análise dos dados coletados e elaboração do texto final da tese. Além disso, participei de uma relevante experiência para minha formação acadêmica: um estágio de três meses numa universidade no exterior. Sempre sonhei em viver essa experiência e com a bolsa financiada pelo Programa Santander de Mobilidade Internacional de Pós-Graduação, por meio de um processo seletivo interno do setor de relações internacionais da Unicamp, consegui conquistar essa realização. Foram com as informações dadas pelos professores do Grupo do EArte, que já haviam realizado estudos no exterior, que consegui localizar uma professora que trabalhava com educação ambiental na Universidade de Santiago de Compostela (USC), na Espanha. A professora, Maria Lucía Iglesias da Cunha, integrante do Grupo de Investigação de Pedagogia Social e Educação Ambiental (SEPA) da USC, mostrou-se interessada em orientar o estudo por mim proposto, cujo objetivo principal foi analisar o universo das teses espanholas sobre formação de professores em educação ambiental. A busca por essas pesquisas foi realizada em sites eletrônicos dos bancos de dados de teses espanholas Dialnet, Teseo e CENEAM, além da busca na própria biblioteca da USC. Foram encontradas dez teses sobre processos formativos docentes em educação ambiental,

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analisadas a partir dos seguintes descritores: título, autor, ano de defesa, universidade, programa de pós-graduação, contexto escolar ou não escolar, nível educacional privilegiado, processos metodológicos. Posteriormente foi realizada uma breve descrição de cada trabalho com seus objetivos e principais resultados. Os resultados e discussão do estudo realizado estão ainda em fase de análise, visto que encontrei uma realidade inesperada nessas pesquisas: a longa extensão dos trabalhos de pós-graduação da Espanha, sendo que entre as dez teses investigadas, a de menor tamanho possui 363 páginas e a de maior, 1234 páginas. Assim dificilmente conseguiria terminar a investigação proposta em apenas três meses. Foi negociado com a orientadora que a retomada desse estudo será realizada após a defesa desta tese e assumido o compromisso da elaboração de um artigo a ser submetido a uma revista da USC. Apesar de não ter concluído esse trabalho, considero essa experiência ímpar na vida de qualquer pesquisador. O contato com pesquisadores de outro país com certeza enriqueceu minha formação acadêmica, embora não tenha se consumado minha pretensão original de incorporar os resultados desse estudo às discussões de meu doutorado.

No decorrer de minha formação no doutorado e principalmente influenciada pelo Grupo FORMAR-Ciências, minha percepção sobre educação ambiental mudou radicalmente. De uma concepção ecológica de educação ambiental voltada para mudanças comportamentais dos indivíduos e do entendimento da crise ambiental restrita apenas aos aspectos naturais, passei a conhecer uma concepção crítica dessa educação, que busca formar um sujeito político que entenda a realidade e a crise ambiental em sua complexidade e busque a partir daí, seu posicionamento.

Já sobre a área de formação de professores, eu nunca havia me debruçado para estudá-la e entendê-la. Foi uma novidade que surgiu no doutorado a partir da demanda de minha pesquisa. Logo me interessei pela perspectiva da pesquisa ação trazida pelo autor Zeichnner, em suas preocupações em formar o professor crítico-reflexivo. Percebi que teria muito o que compreender e aprimorar sobre esse tema, particularmente em termos de caracterização da corrente crítico-reflexiva.

Foi com esse amadurecimento teórico sobre a educação ambiental e a formação de professores, e com minha experiência e paixão pela Serra do Brigadeiro, que trabalhei nessa pesquisa. Nesse processo de escrita, a pesquisa ganhou oito capítulos.

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O primeiro capítulo trata do delineamento da pesquisa, apresentando justificativa, problematização, objetivos, metodologia (apontando, entre outros aspectos, os filtros de análise a serem adotados no futuro tratamento dos dados), processo de escolha da escola a ser investigada e etapas do processo formativo. O segundo capítulo traz contribuições para o entendimento da questão das Unidades de Conservação, além de contextualizar a região onde a pesquisa foi realizada, trazendo informações detalhadas sobre as características físicas, biológicas, culturais, econômicas e históricas do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro e seu entorno. O terceiro capítulo busca situar a presente pesquisa no universo de produção científica sobre educação ambiental, formação de professores e Unidade de Conservação, sendo realizado um levantamento de teses e dissertações brasileiras que abordaram tais temáticas, buscando analisar suas aproximações e distanciamentos em relação à presente investigação. O quarto capítulo aborda a formação de professores, em que se discute o contexto político na formação docente, as compreensões sobre o professor crítico-reflexivo e a formação de professores em educação ambiental. O quinto capítulo trata das concepções da educação ambiental, apresentando a crise ambiental como um de seus pressupostos; as concepções conservadora e crítica dessa educação; as perspectivas e modalidades da educação ambiental na escola e a relação entre educação ambiental e o estudo do cotidiano. No sexto capítulo são descritos o local e os sujeitos da pesquisa. Além disso, são apresentados, de forma condensada e seletiva, os dados colhidos a partir de suas principais fontes, sendo elas: os relatórios dos processos formativos, os projetos desenvolvidos pelos docentes e as entrevistas realizadas com os professores participantes. No sétimo capítulo foi realizada a análise e discussão dos resultados da pesquisa a partir de seus três eixos estruturantes: apropriação pelos professores participantes da concepção crítica de educação ambiental proposta no processo formativo; apropriação pelos professores participantes do Parque do Brigadeiro como elemento do cotidiano no currículo escolar e coerência teórico-prática da pesquisadora na condução do processo formativo. No oitavo capítulo são tecidas conclusões e considerações finais, sendo discutidos os objetivos propostos na investigação, realizadas algumas recomendações e ressaltados alguns aspectos inovadores da pesquisa. Para finalizar, foram adicionados os seguintes Apêndices: Roteiro de Entrevista Inicial; Roteiro de Entrevista Final; Transcrição de uma entrevista final e outra inicial com um dos professores investigados; Relatório sobre um dos encontros de

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formação docente; Relatório sobre um dos projetos realizados pelos professores. Também foram adicionados os Anexos: Pareceres (Primeiro e Segundo) do Comitê de Ética da Unicamp sobre a presente pesquisa.

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CAPÍTULO 1

DELINEAMENTO DA PESQUISA

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1.1 - JUSTIFICATIVA E PROBLEMATIZAÇÃO

Esta pesquisa nasceu da experiência da autora, enquanto pesquisadora e educadora na área da educação ambiental. Como já declarado anteriormente na apresentação, a mesma participou do projeto Serra do Brigadeiro: Montanhas dos Muriquis, realizado de 2008 a 2009, no Parque Estadual da Serra do Brigadeiro. Nessa vivência, entre outros aspectos, visitou trinta escolas de ensino fundamental do entorno do Parque e pode conhecer e dialogar com alguns professores das mesmas. Nestas conversas informais, soube que muito dos professores são moradores do entorno do Parque e também sentem que existe uma necessidade de maior entendimento sobre o ambiente. Os mesmos afirmaram conhecer pouco sobre o Parque e mostraram interesse em saber mais. A partir dessa experiência surgiu a vontade pessoal de se realizar uma pesquisa para formar docentes de escolas próximas desse Parque. Coerentemente com esses antecedentes, a presente pesquisa tem como foco a compreensão do processo de formação continuada de professores em educação ambiental desenvolvido pela pesquisadora, em uma escola rural de ensino fundamental do entorno do Parque do Brigadeiro, em Minas Gerais.

A educação ambiental é um tema que surge com a emergência da crise ambiental, fazendo-nos repensar nossa maneira de ser e agir no mundo e, diante do inconformismo com os processos de exclusão e desigualdades que a sociedade hegemônica produz, procura-se transformá-la. Suscita uma discussão profunda sobre seu entendimento, já que é concebida por diferentes olhares que buscam definir educação e ambiente, podendo desembocar em tendências que possuem conotações mais críticas ou conservadoras. Em uma formulação sucinta, a primeira entende o ambiente em sua totalidade e complexidade e a educação como um processo formador do sujeito político, que almeja entender e transformar sua realidade. A segunda entende o ambiente de maneira reduzida e fragmentada e a educação como um processo que molda um comportamento ecologicamente correto, tendendo a manter a sociedade como está. No Capítulo 5 do presente texto, essas ideias serão desenvolvidas de maneira extensiva.

Por ser um tema polissêmico, é importante refletir sobre as definições e desdobramentos da educação ambiental, em específico no que se refere a sua inserção no ambiente escolar.

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Além da problemática relativa à educação ambiental, coloca-se para a discussão neste trabalho, a formação de professores. Tal processo formativo tem sido sucateado no contexto educacional mais amplo, em que se tem valorizado os conhecimentos técnicos e metodológicos (senso estrito) em detrimento aos de formação política e social do docente. Caminha-se aqui para a perspectiva formativa que valoriza o professor como um intelectual que produz saberes e reflete sobre sua prática pedagógica, sua profissão e sobre o contexto educacional mais amplo, buscando transformá-los. Essa temática será aprofundada no Capítulo 4 deste documento. Também, acredita-se numa investigação iluminada pela perspectiva da pesquisa ação, pautada na colaboração entre escola e universidade, como uma importante metodologia no processo formativo do docente, para auxiliá-lo na descoberta e caminhada para reflexão, análise crítica e construção de suas ações, conforme será melhor esclarecido no tópico 1.3 do presente Capítulo.

Nesse contexto, a formação do educador ambiental deve ser valorizada. Acredita-se que o professor que educa ambientalmente deve ser formado politicamente para atuar em seu cotidiano, refletir sobre suas ações, transformando suas práticas pedagógicas e sua realidade. Sendo assim, pensou-se na educação ambiental promovida numa formação continuada de professores de uma escola rural, de ensino fundamental, no âmbito de uma Unidade de Conservação.

Os professores da escola escolhida para a pesquisa possuem um importante elemento de seu cotidiano, que poderia ser considerado como um componente desencadeador de questões ambientais problematizadoras e transformador das práticas educativas: o Parque Estadual da Serra do Brigadeiro. O Parque faz divisa com o município onde se situa a escola, estando muito próximo da mesma, sendo possível avistá-lo da instituição educativa. Resguarda um importante fragmento da Mata Atlântica, bioma ameaçado de extinção (estima-se que existam apenas 7% de sua mata original). Somado a isso, a região da Serra abriga uma população de pequenos agricultores que, por seu modo particular de vida, faz um uso da terra não exclusivamente econômico, não predatório e solidário, contribuindo para a manutenção da biodiversidade e da cultura. Assim, é importante promover a conservação da Serra do Brigadeiro devido a sua relevância biológica e cultural. No Capítulo 2 do presente texto, esses aspectos serão detalhados.

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