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CAPÍTULO I – APRESENTAÇÃO

4.2 CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO E SUJEITOS

PARTICIPANTES DA PESQUISA

4.2.1 Relato Histórico da Instituição

A presente pesquisa foi conduzida na Escola Estadual Nossa Senhora Aparecida, situada na Rua Paulicéia – s/n – Oriente – Cariacica – Espírito Santo – Brasil.

Figura 2: Fachada externa da EEEFM 'Nossa Senhora Aparecida'

Fonte: Autor, 2017

O principiar desta escola surge no ano de 1964, através das aspirações de um homem Osenir Alvarenga Carvalho - que por amor a educação convencera seu pai que o cedesse uma casa para que funcionasse como escola. Com o crescimento do bairro e consequentemente o crescimento populacional surge a necessidade por um espaço maior que pudesse atender a essa nova demanda populacional, dessa necessidade, surge então um novo pedido feito pelo Senhor Osenir ao seu pai – Máximo Almeida, in memoriam – para a concessão de uma doação ainda maior, agora 06 lotes para que fosse construída a escola e que está atendesse as necessidades do bairro. O senhor Osenir entra em contato com a Secretaria de Educação, consultando-a da possibilidade dessa construção se ele recebesse os lotes do seu pai. Com a cessão dos lotes, e a afirmativa da Secretaria de Educação, inicia-se a construção. O nome da Escola surge de uma promessa feita por Osenir, caso seu pedido feito ao seu pai fosse atendido, a escola receberia o nome de uma santa. Dessa história cativante, marcada pelo ideal de um homem surge a EEEFM Nossa Senhora Aparecida (FONTE, PP37, 2013).

4.2.2 Níveis de Ensino Oferecidos

➢ Ensino Fundamental

Ato da Criação de 1ª à 4ª série

• Ato de Criação: Portaria. E 444 de 19/11/1970 • Ato de Aprovação: Resol. 41/75 de 28/11/1975

➢ Ensino Médio – Educação de Jovens e Adultos

Ato da Criação do Ensino Médio

• Ato de Transferência/EM: Portaria. Nº 030-R de 24/03/2009

Transforma escolas da rede estadual que oferecem ensino fundamental ou médio na modalidade de ensino da Educação de Jovens e Adultos.

Educação Especial

4.2.3 Plano de Funcionamento da Escola

Horário de Funcionamento, turnos, nº de alunos.

➢ 07:00 às 12:00 / 13:00 às 18:00 / 18:20 às 22:30 ➢ Matutino, Vespertino e Noturno.

➢ Capacidade Total de alunos na escola nos 03 turnos – 855

Os números referentes à quantidade de alunos por turno, está sujeito a mudanças ao longo dos semestres no turno noturno – EJA. A escola conseguiu manter nos últimos anos em média seis turmas para essa modalidade, sendo que no segundo semestre de 2015 e primeiro semestre de 2016 o número tivera aumentado para sete turmas.

4.2.4 Caracterização da Demanda Atendida pela Escola e pela Comunidade

4.2.4.1 O Público EJA

A premissa da EJA como uma modalidade de ensino como mencionado acima é de proporcionar uma nova oportunidade à alfabetização de jovens e adultos. Ao longo desses quatro anos que leciono para esse público pude perceber que são muitas as especificidades presentes na mesma sala de aula, o que torna complexo o papel do professor em tentar levar de forma mais clara e acessível esses sujeitos ao contato com a informação. Quando se cita o termo, especificidade, o professor da EJA deve estar aberto a um universo que contempla seres humanos com perfis e expectativas de vida diversas, onde, suas vivências poderão ser fator potencializador do processo ensino-aprendizagem (grifo nosso).

[...] São homens e mulheres, trabalhadores (as), empregados (as) e desempregados (as), ou em busca do primeiro emprego; filhos, pais e mães; moradores urbanos de periferias, favelas e vilas. São sujeitos sociais e culturais, marginalizados nas esferas socioeconômicas e educacionais, privados do acesso à cultura letrada e aos bens culturais e sociais, comprometendo uma participação mais efetiva no mundo do trabalho, da política e da cultura. Vivem no mundo urbano, industrializado, burocratizado e escolarizado, em geral trabalhando em ocupações não-qualificadas. Trazem a marca da exclusão social, mas são sujeitos do tempo presente e do tempo futuro, formados pelas memórias que os constituem enquanto seres temporais (CADERNO DE DIRETRIZES DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS-SEDU/ES, 2007, p. 17).

Não bastante eles carregam nas costas o peso da exclusão do sistema de ensino, motivados talvez em vencer os obstáculos que os afastavam do acesso às necessidades básicas para a sobrevivência com decência. De fato, segundo consta no (CDEJA, 2007, p. 17):

São sujeitos ainda excluídos dos sistemas de ensino. [...]. Muitos nunca foram à escola ou dela tiveram que se afastar, quando crianças, em função da entrada precoce no mercado de trabalho, ou mesmo por falta de escolas. São jovens e adultos que, quando retornam à escola, o fazem guiados pelo desejo manifesto de melhorar de vida, de viver um presente melhor. Retornam também por exigências ligadas ao mundo do trabalho. Para muitos, o certificado de conclusão do Ensino Médio é condição para permanecer no emprego.

Um dos problemas recorrentes enfrentados pela escola no trabalho diário com esse público é o que diz respeito à evasão que permeia essa modalidade ao longo do ano. Dentre os fatores que corroboram para a evasão escolar na EJA, estão: tempo do trabalho e tempo da escola. Esse embate é fator gerador de descontinuidade na permanência do aluno da EJA. Como destacado no CDEJA (2007), o tempo do trabalho firma-se como ordenador de outros tempos da vida desses sujeitos. A partir dele é que os sujeitos articulam os outros tempos, inclusive o tempo da escola. Nesse mesmo material ele nos proporciona uma reflexão quanto à condição de trabalhador do aluno da EJA:

A condição de trabalhador do educando da EJA é imprescindível para se configurar o tempo escolar. A flexibilidade dos processos educativos é o imperativo que se apresenta aos projetos pedagógicos das escolas. Assim, as temporalidades escolares na EJA, horários, duração das aulas, calendários, tratamento dado a frequência, e a organização do trabalho, não podem ser rígidas, não podem inviabilizar o direito à educação, têm que ser inclusivas de seus sujeitos (CDJEA, 2007, p.19).

Nesse mesmo material ele nos proporciona uma reflexão quanto à condição de

Pensar o tempo na EJA vai além de definir uma medida. Pressupõe pensar que os sujeitos jovens e adultos estão enredados em várias temporalidades circunscritas à vida e não à escola. São os tempos do trabalho, das relações familiares, do cuidado com a saúde do filho, do lazer, de ir à igreja, do pagode, da afetividade etc (CDJEA, 2007, p. 19).

Um aspecto importante que pode ser usado como ponderação para analisar os índices de evasão na EJA está relacionado com a importância da educação formal na vida desses trabalhadores já inseridos no mercado de trabalho, como bem argumenta Pinto (2007, p. 80)

A falta de educação formal não é sentida pelo trabalhador adulto como uma deficiência aniquiladora, quando a outra educação – a que é recebida por sua participação na realidade social, mediante o trabalho – proporciona os fundamentos para participação política, a atuação do indivíduo em seu meio. E a prova é que estes são indivíduos que exercem importante papel como representantes da consciência comum em sua sociedade, chegando até serem líderes de movimentos sociais.

4.2.4.2 O Perfil do Aluno Atendido pela Escola

Os alunos atendidos pela EEEFM Nossa Senhora Aparecida no Ensino Fundamental I e II e EJA, são na maioria provenientes do bairro onde a escola está localizada e de comunidades adjacentes como: Rio Branco, Itanguá, Nova Brasília, Itacibá entre outros. Os alunos têm idade a partir de 06 anos (iniciando as séries iniciais do ensino Fundamental), são provenientes de famílias de baixa renda. Muitos de nossos alunos da EJA já desenvolvem atividades remuneradas de trabalho ou estágios cumprindo carga horária diária regular. O organograma abaixo, expressa os perfis dos sujeitos que fazem parte da nossa pesquisa e que conferem alma às turmas de EJA nessa instituição.

Figura 3: Perspectiva dos alunos que frequentam o turno noturno

Fonte: Autor, 2016)

Nosso maior desafio com os alunos é trabalhar a autonomia, resgatar a autoestima e o interesse pelo aprender. Portanto nosso desejo é que os alunos da escola EEEFM Nossa Senhora Aparecida se percebam como sujeitos do/no mundo, compreendam seu papel ativo na construção e melhoria do meio em que vivem, assumindo uma postura responsável, ética e cidadã no cumprimento de seus direitos e deveres. (EEEFM NOSSA SENHORA APARECIDA, 2013, p. 19).