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CAPÍTULO I – APRESENTAÇÃO

2.5 ENFOQUE DOS CONTEÚDOS: CONCEITUAL, PROCEDIMENTAL E

Questionamentos importantes, naturais dentro de uma nova visão metodológica associada a pratica educativa podem surgir na busca por respostas que delineiam sobre quais decisões serão tomadas, para que possamos deslumbrar o sucesso na forma de abordagem desses novos conteúdos. Naturalmente, ao se propor novas dimensões dentro do processo de ensino/aprendizagem para turmas de EJA, criam- se expectativas diversas quanto à relevância destas junto ao ato pedagógico, e do grau de contribuição inerentes aos novos conteúdos que são entregues a pratica, a fim de que possamos fugir das amarras da concepção tradicional de ensino, existentes ainda dentro da educação de jovens e adultos.

O método tradicional de ensino é de eficiência extraordinária para desenvolver o professor, porque ele é quem executa os atos que conduzem aos objetivos formativos, enquanto os alunos são submetidos a aulas de exposição que não lhes dão oportunidade de desenvolvimento. Por isso um colega nosso, de índole irônica, costumava dizer que, numa aula, só quem aprende é o professor (FROTA-PESSOA, 1975, p.39 -40).

Não obstante deste propósito, pode-se refletir e indagar sobre essas dimensões e conteúdos trazidos e incorporados à prática. O processo de ensino/aprendizagem, aos olhos de Zabala (1998), passa por uma sequência de conteúdos importantes que complementarão o conteúdo especifico a ser trabalhado dentro da DCN daquela disciplina em harmonia com as dimensões aspiradas no currículo. A reformulação da prática educativa, proposta neste trabalho ocorre a partir da integração desses novos conteúdos como elementos de uma sequência didática32, focada na educação

científica de jovens e adultos, deslumbrando assim na sua essência a abrangência em equilíbrio das dimensões: conceitual, procedimental e atitudinais, ostentadas dentro do currículo da educação básica. Assim sendo, em Zabala (1998), têm-se os seguintes apontamentos:

32Zabala (1998, p. 18), “[...] um conjunto de atividades ordenadas, estruturadas e articuladas para a realização de certos objetivos educacionais, que têm um princípio e um fim conhecidos tanto pelos professores como pelos alunos”.

✓ O processo ensino aprendizagem passa por uma abordagem construtivista, onde as concepções prévias dos alunos são base para que se alcance a aprendizagem significativa33.

✓ O professor precisa conhecer a realidade da sala de aula, enxergando as necessidades e diversidades dos alunos. De forma, a criar mecanismos que consigam suprir as necessidades e atender as diversidades.

✓ Foca-se no resultado final do processo, se o aluno após isso consegue aplicar aquele aprendizado.

Transpondo para a EJA esses elementos da prática, já dizia Freire (2011, p.134):

Como seres no mundo, os sujeitos da EJA apresentam conhecimentos prévios gerados por interações com esse mundo, sendo que a educação problematizadora, deve propor aos indivíduos dimensões significativas da sua realidade, cuja análise crítica lhe possibilite conhecer a interação de suas partes.

Nem mesmo a dimensão conceitual ficara imune às influências causadas pelas mudanças relevantes por qual passa a sociedade, e, portanto, necessita ser repensada quanto a sua abrangência, [...] não se pode conceber hoje o ensino de ciências sem que este esteja vinculado às discussões sobre os aspetos tecnológicos e sociais que essa ciência traz na modificação de nossas sociedades” (CARVALHO, 2004, p. 03).

Ao suscitarmos a presença destes novos conteúdos, principalmente os procedimentos e atitudes, como elementos da prática, uma reflexão que surgirá importante, é a de como caracterizá-los. Esta caracterização do ponto de vista de (COLL et. al., 2000) é julgada importante para ampliar e diversificar as propostas de conteúdos habituais, centradas quase que exclusivamente em torno dos conhecimentos de tipo conceitual. Dessa forma, conforme Carvalho (2004, p. 09):

33 Para Ausubel (1963, p. 58), a aprendizagem significativa é o mecanismo humano, por excelência, para adquirir e armazenar a vasta quantidade de ideias e informações representadas em

É preciso que os professores saibam construir atividades inovadoras que levem os alunos a evoluírem, em seus conceitos, habilidades e atitudes, mas é preciso também que eles saibam dirigir os trabalhos dos alunos para que estes realmente alcancem os objetivos propostos. O saber fazer nesses casos é, muitas vezes, bem mais difícil do que o fazer (planejar a atividade) e merece todo um trabalho de assistência e de análise crítica das aulas.

A concepção desse processo de alfabetização científica para jovens e adultos, passa por uma prática que não se limite apenas à aprendizagem de conceitos, conhecimento de fatos ou princípios que caracterizam a ciência, mas também o desenvolvimento de habilidades experimentais e de resolução de problemas, somadas ao desenvolvimento de atitudes e valores.

E conforme Pozo e Crespo (2009, 28):

O estimulo ao desenvolvimento de habilidades experimentais e de resolução de problemas, vai requerer que os conteúdos procedimentais ocupem um lugar relevante no ensino de ciências, não se limitando apenas na transmissão dos saberes científicos, e sim tornar os alunos participes do próprio processo de construção e apropriação do conhecimento científico. O desenvolvimento de atitudes e valores, vai exigir que os conteúdos atitudinais sejam reconhecidos explicitamente como uma parte construtiva do ensino das ciências, promovendo valores mais gerais que permitam sustentar e interiorizar nos alunos essas formas de comportamento e de aproximação ao conhecimento, não se limitando a atitude sou condutas especificas.

A construção do que Zabala (1998) definiu como unidade de intervenção pedagógica para nossos fins passara por contemplar uma pratica educativa que terá como elementos da sua sequência didática o desenvolvimento de atividades que se equilibrem em conceitos, procedimentos e atitudes, a fim de que, jovens e adultos, por meio de destrezas e estratégias de pensamento, consigam alcançar o aprendizado cientifico.

Numa perspectiva construtivista, a finalidade última da intervenção pedagógica é contribuir para que o aluno desenvolva a capacidade de realizar aprendizagens significativas por si mesmo numa ampla gama de situações e circunstâncias, que o aluno aprenda a aprender (COLL, 1994, p. 137).

Fica evidente que o sucesso no desenvolvimento desses novos conteúdos passa por uma transposição da concepção tradicional da educação para uma visão mais

moderna – progressista34 - moldada em concepções construtivistas. Estas

mudanças na concepção psicológica da aprendizagem dos conteúdos comportam igualmente inovações no ensino, e adquirirão seu verdadeiro sentido se planejadas no âmbito de uma concepção sociointerativa de aprendizagem escolar, em que professores e alunos interagem, colaboram e ajustam os ritmos e atuações, que negociam e recriam conjuntamente os significados referidos aos conteúdos escolares (COLL, 2000).