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Nessa pesquisa optamos por usar o questionário, um instrumento de coleta dirigida que promove a reunião de dados de acordo com os objetivos e problemas da pesquisa. Esse instrumento revelou-se adequado aos nossos objetivos por facilitar a análise e a construção de várias leituras possíveis, possibilitando a reflexão crítica a partir de respostas tanto fechadas quanto abertas. O questionário é o instrumento que melhor se adequa aos objetivos dessa pesquisa por possibilitar que as professoras respondam às questões sem interferência direta de uma outra pessoa.

Como o propósito de estabelecer uma relação coerente entre as questões e os objetivos da presente pesquisa, foi desenvolvido o primeiro questionário que serviu para analisar a eficácia do isntrumento, sendo respondido por duas professoras. O relato das professoras, e suas respostas, foram submetidos à análise e verificação de equívocos na formulação de algumas questões. Assim, houve uma reformulação do questionário, que, em seguida, foi novamente aplicado, dessa vez com três professores, diferentes do primeiro estudo. Depois do relato e das discussões sobre possíveis dúvidas, dessa vez menos expressivas que a primeira aplicação, (re)avaliamos o questionário. Procuramos estudar as questões minuciosamente, e, como conseqüência, fizemos alguns ajustes e

modificações, adequando-o às críticas e sugestões dos três participantes e ao resultado de nossas avaliações.

Esse estudo prévio possibilitou não somente a reelaboração e reestruturação das questões, como também verificar se as mesmas atendiam às expectativas da pesquisa e se eram adequadas para responder ao problema formulado. Essas etapas de testes durante a construção do instrumento foram fundamentais para evitar a aplicação de um questionário que não atendesse às expectativas da pesquisa.

Para a composição do questionário, os principais critérios norteadores na construção dos quesitos foram atentar para as especificidades de cada tipo de questão, para a clareza e objetividade tanto das perguntas quanto das alternativas de respostas, e para o tempo que possivelmente o participante usaria no preenchimento do questionário.

Não houve limite de tempo para a realização dessa tarefa.

Outro fato que se apresentou interessante quando estávamos tabulando os dados foi a escrita de comentários de algumas professoras nas questões fechadas. Esses comentários foram escritos logo abaixo das alternativas, outros na lateral da página ocupando a margem, outros no rodapé. Para a pesquisadora, isso indicou a necessidade de o professor falar mais, de justificar a sua escolha, de expressar melhor os seus pensamentos diante de um tema que instiga muito.

O motivo da escolha por um questionário com a maioria das questões fechadas ocorreu devido à abrangência do tema, e a relevância de cada bloco de questões que, ao ser elaborado, objetivou maior clareza das concepções que os professores têm sobre a leitura. Na elaboração do questionário buscamos encontrar um meio para que, em um mesmo instrumento, déssemos conta das dimensões que se relacionavam com o problema da pesquisa. Então pensamos na praticidade do próprio instrumento, já que as questões objetivas são mais rápidas e diretas, enquanto que as questões abertas levam mais tempo por envolver também a elaboração da escrita.

A decisão de elaborarmos a coleta de dados a partir de um único instrumento se deu também pela dificuldade que teríamos em reencontrar os mesmos professores para que a coleta ocorresse em várias sessões, o que seria o ideal.

Tais motivos impuseram a necessidade de elaborar um instrumento de fácil preenchimento, que não se tornasse exaustivo para o participante, e que ao mesmo tempo atendesse às perguntas da nossa pesquisa.

Na elaboração do questionário buscamos apresentar os assuntos através de uma ordem lógica e seqüencial para facilitar as reflexões dos participantes.

O questionário é composto por quinze questões, elaboradas e organizadas da seguinte forma: as sete primeiras questões são de múltipla escolha e visam identificar a opinião do professor sobre a leitura. A questão de número oito é mista, contendo um item

fechado e um item discursivo, abordando a opinião profissional do participante sobre a leitura proficiente e a relação dessa com a disciplina que a professora ministra. A questão nove é totalmente discursiva possibilitando uma reflexão sobre o reconhecimento que a professora faz da atividade de leitura, tanto na sua vida pessoal quanto na sua vida profissional. A questão dez é composta por seis quesitos fechados, de múltipla escolha, que objetivam verificar a opinião dos participantes sobre os assuntos político-sociais implicados no ensino e desenvolvimento da leitura. A questão onze é mista, tendo um quesito objetivo e outro subjetivo, e foi elaborada com a pretensão de complementar a questão anterior (dez), possibilitando ao participante emitir livremente sua opinião sobre a importância político-social da leitura na vida dos educandos. Na questão doze existem doze quesitos com respostas fechadas, de múltipla escolha, que abordam os conhecimentos dos participantes sobre o ensino e o desenvolvimento da leitura. A questão treze é mista, possuindo um quesito objetivo e outro subjetivo, que solicita a opinião do participante sobre a influência de contextos sociais e familiares na formação de leitores. A questão catorze é valorativa, e os participantes precisam emitir um valor de um a dez, por ordem de importância na visão do professor. A questão quinze foi adaptada de um questionário usado por FILHO (2002), em uma pesquisa sobre o uso que professores de Língua Portuguesa fazem de estratégias de leitura e do conhecimento metacognitivo.

FILHO (2002) traduziu e adaptou o questionário the role of student’s perceptions of study strategy and personal attributes in strategy use, da autoria de GOETZ e PALMER. Esse questionário é composto por três partes, contendo vinte estratégias de leitura, no total. A primeira parte tem quatro quesitos e se refere a comportamentos do sujeito antes da leitura, representando a fase de previsões que o leitor pode fazer sobre a leitura a ser realizada; a segunda parte tem dez quesitos que se referem a comportamentos do sujeito durante a leitura, são relacionados com a fase de monitoramento de habilidades específicas; e a terceira parte tem seis itens que implicam em comportamentos do sujeito após a leitura, é a fase de avaliação da leitura. Tanto no questionário original quanto na adaptação de FILHO (2002), são apresentadas para o respondente três alternativas de respostas: freqüentemente; às vezes; raramente. No questionário usado por FILHO (2002), a finalidade foi recolher elementos que esclarecessem o nível de consciência dos sujeitos sobre a contribuição que as estratégias, usadas com maior freqüência por eles, trazem à compreensão de textos.

Na pesquisa aqui apresentada, esse questionário sofreu pequenas adaptações porque a finalidade do seu uso foi coletar elementos que pudessem apontar a postura profissional do professor, enquanto mediador no uso de estratégias de leitura de seus educandos. Portanto, houve modificações na redação de cada item, sem que isso

causasse alterações no sentido de cada questão. Houve modificações também nas alternativas de resposta porque julgamos necessário ampliar o repertório de possibilidades. Assim, estabelecemos as seguintes categorias de respostas: nunca;

raramente; às vezes; quase sempre; sempre.

As professoras participantes concordaram espontanemante em responder ao questionário da pesquisa assinando um termo de ciência e autorização (anexo I), no qual a pesquisadora se compromete em tratar os dados coletados com todo o respeito e sem jamais expor os respondentes à identificação pública. Apesar do instrumento de pesquisa não ter sido submetido ao Conselho de Ética diante do curto espaço de tempo determinado para uma pesquisa de mestrado e do tempo necessário aos tramites burocráticos, a pesquisadora buscou seguir os delineamentos de ética na pesquisa científica.

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