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Concepções das professoras sobre as possíveis causas dos problemas de leitura enfrentados por educandos brasileiros

III - APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

1. CONTEXTO SÓCIO-HISTÓRICO DOS GRUPOS

2.3. CONCEPÇÕES DAS PROFESSORAS CONCERNENTES AO ENSINO DA ATIVIDADE DE LEITURA

2.3.3 Concepções das professoras sobre as possíveis causas dos problemas de leitura enfrentados por educandos brasileiros

Conduzidas mais uma vez a pensar sobre os problemas de leitura no Brasil, as professoras foram solicitadas a atribuir valores de 1 a 10, por ordem de importância na concepção da respondente, às possíveis causas dessas situações, assinalando com 1 (correspondendo a primeiro lugar) a alternativa que julgar ser a principal causa, e assim sucessivamente. Os dados obtidos reforçam muitas das concepções dessas professoras, clarificando os horizontes contextuais que as situam, e servindo como referenciais para a significação quando realizam as leituras de suas realidades. Temos como resultado o quadro seguinte:

QUADRO 10: Pontuação e classificação atribuída pelas professoras para as possíveis causas dos problemas de leitura enfrentados pelos educandos brasileiros.

CAUSAS:

G1 G2 TOTAL GERAL

Pts % C Pts % C Pts % C

Falta de interesse político. 107 9,73 66 6,00 173 7,86

Formação inadequada do educador. 87 7,91 80 7,27 167 7,59

Mudanças sócio-comportamentais dos

educandos. 139 12,64 10º 140 12,73 279 12,68 10º

Problemas na elaboração da metodologia usada. 102 9,27 122 11,09 224 10,18

Falta de acesso ao material didático. 123 11,18 118 10,73 241 10,95

Falta de incentivo financeiro do governo para

projetos de leitura. 117 10,64 81 7,36 198 9,00

Falta de interesse por parte dos educadores. 137 12,45 138 12,55 275 12,50

Material didático inadequado para as diferenças

sócio-culturais. 106 9,64 106 9,64 212 9,64

Incompreensão do educando com relação a

importância da leitura. 99 9,00 141 12,82 10º 240 10,91

Problemas na orientação da metodologia que

deve ser usada pelo educador. 83 7,55 108 9,82 191 8,68

TOTAL 1100 100 - 1100 100 - 2200 100 -

O escore desses valores nos revelam proximidades e similitudes entre os grupos, e as suas principais divergências. Algumas dessas similitudes e diferenças já apareceram em outros dados. Para melhor analisarmos os dados, reorganizaremos de acordo com a classificação atribuída por cada grupo a cada possível causa.

QUADRO 11: Comparação entre os graus de significância que tem cada uma das possíveis causas dos problemas de leitura no Brasil, de acordo com a definição dos grupos.

Através do quadro acima, podemos visualizar melhor a classificação atribuídas pelas professoras.

As causas que ocupam os primeiros lugares no grupo 1 retratam e reforçam a concepção dessas professoras do Estado do Paraná, que mais uma vez deixa evidente a existência de lacunas na formação do professor. Nesse estado há uma maior cobrança por parte do governo estadual na formação continuada de professores da rede pública, o que também lhes garantem mais cursos. Contudo, esses parecem não estar sendo suficientes ou eficientes para a realidade dessas professoras.

KLEIMAN (2004a) relata que ao proferir cursos de leitura para professores, verificou a preocupação desses com o fato de os alunos não gostarem de ler, mas os mesmos não sabiam o que fazer e nem como fazer para mudar essa realidade.

A formação inadequada do professor para trabalhar a leitura aparece em 2º lugar também no grupo do Estado da Bahia. Porém, o grupo de professoras desse estado atribui maior evidência às causas relacionadas com as práticas políticas, uma vez que essas aparecem entre os primeiros lugares. Em seguida, são mencionadas as causas relacionadas com materiais didáticos.

Mais uma vez, as professoras do interior do Estado da Bahia relacionam os problemas na educação à falta de incentivo e às práticas governamentais. As professoras do interior do Estado do Paraná classificam as causas políticas próximas às causas relacionadas a material didático, ocupando posições que não representam motivos tão expressivos quanto às causas relacionadas com o preparo profissional do professorado.

Essa classificação explicita o fato de que as professoras do interior da Bahia, atribuindo como principais causas dos problemas àqueles relacionados a práticas políticas, as outras causas tornam-se consequências dessas práticas. O grupo de

GRUPO 1 GRUPO 2 Problemas na orientação da metodologia que deve ser

usada pelo educador. Falta de interesse político.

Formação inadequada do educador. Formação inadequada do educador.

Incompreensão do educando com relação à importância

da leitura. Falta de incentivo financeiro do governo para projetos de leitura.

Problemas na elaboração da metodologia usada. Material didático inadequado para as diferenças sócio-culturais.

Material didático inadequado para as diferenças

sócio-culturais. Problemas na orientação da metodologia que deve ser

usada pelo educador.

Falta de interesse político. Falta de acesso ao material didático.

Falta de incentivo financeiro do governo para projetos de

leitura. Problemas na elaboração da metodologia usada.

Falta de acesso ao material didático. Falta de interesse por parte dos educadores.

Falta de interesse por parte dos educadores. Mudanças sócio-comportamentais dos educandos.

10º Mudanças sócio-comportamentais dos educandos. Incompreensão do educando com relação a importância da leitura.

professoras do interior do Paraná atribuem as causas políticas em lugares pouco expressivos, o que nos possibilitam inferir que essas professoras não estabeleceram a relação entre as práticas governamentais com a formação de docentes. E que não basta decretar leis e exgir a formação continuada sem que haja um entendimento mais profundo das reais necessidades dos professores.

As causas relacionadas aos educandos e ao interesse dos educadores aparecem nas últimas colocações, de acordo com os dois grupos de professoras. Esses dados revelam que as causas dos problemas na educação, na visão dessas professoras, não estão relacionadas aos educandos e tampouco aos interesses dos professores. Mas, sim, a questões alheias ao campo de atuação e de resolução dos mesmos, uma vez que dependem substancialmente de políticas externas à realidade na qual estão submetidos.

O resultado desses dados nos fornece subsídios para comprovar muitos dos fatores que interferem negativamente no ensino da leitura, segundo a concepção dessas professoras, e que, de um modo ou de outro, já foram apresentados em questões anteriores. Na concepção dessas professoras, os problemas políticos exaustivamente presente nas concepções dessas professoras da Bahia, e os problemas relacionados principalmente com o preparo profissional dessas professoras do Paraná, são as principais causas que interferem negativamente na formação de leitores proficientes.

2.4. CONCEPÇÕES DAS PROFESSORAS CONCERNENTES ÀS SUAS

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