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III. Estágio em Contexto do 1.º Ciclo do Ensino Básico

3. Caraterização da Instituição

A Escola Básica do 1.º Ciclo com Pré-Escolar da Nazaré ocupa as suas instalações principais na Avenida Colégio Militar, situado no Bairro Social da Nazaré, desde do ano de 1985. A escola conta ainda com um Anexo, onde atualmente existem salas de Educação Pré- Escolar, chamado de “Anexo da Azinhaga” e localizado na mesma freguesia.

A escola está integrada no regime de escolas a tempo inteiro, ou seja, as turmas de 1.º Ciclos que têm as Atividades Curriculares de manhã frequentam as Atividades de Complemento Curricular no turno da tarde, e vice-versa. As Atividades Curriculares caraterizam-se por serem as áreas de conteúdo: Língua Portuguesa, Matemática e Estudo do Meio, habitualmente lecionadas pela professora titular de turma, e outras como Educação Física, Expressão Plástica, Música e Expressão Dramática. A escola garante que os alunos mantêm-se pedagogicamente ocupados em grande parte do seu dia, frequentando atividades como Inglês, Informática e Clubes de Leitura e Escrita. O Estudo Acompanhado, a Área de Projeto e a Formação Cívica são Áreas Curriculares Não Disciplinares desenvolvidas na escola e têm como principal propósito desenvolver estratégias de estudo e método de trabalho, trabalhar sobre temas generalizados na escola como as festividades letivas e envolver os alunos na construção da sua própria identidade como cidadãos responsáveis.

Na sua generalidade, a escola é frequentada por aproximadamente 480 alunos, sendo que 360 são crianças que contemplam 15 turmas, do 1.º ao 4.º ano e os restantes, são crianças que frequentam a Educação Pré-Escolar. Ao serviço desta escola encontram-se cerca de 85 funcionários distribuídos por Pessoal Docente, onde se incluem professores titulares de turma, o diretor pedagógico e os professores das áreas de enriquecimento curricular; e Pessoal Não-Docente como administrativos, funcionários de ação educativa e técnicos superiores de biblioteca. A escola integra uma psicóloga que colabora num projeto de apoio aos casos comportamentais mais problemáticos. Os serviços de educação especial da Direção Regional de Educação (DRE) prestam apoio à escola com quatro professores especializados que apoiam os alunos com Necessidades Educativas Especiais.

Relativamente às estruturas físicas existentes na instituição (Figura 3), o edifício principal é constituído por dois pisos interiores, apresenta um aspeto agradável e limpo, que tem vindo a ser modificado ao longo dos anos, evidenciando o melhoramento das condições da escola.

Figura 3. Esquema dos recursos físicos da instituição

O recinto exterior comporta um campo de futebol grande e espaços de recreio amplos, que ao longo do período de estágio, revelaram-se como os espaços prediletos dos alunos durante os intervalos das aulas. O Salão Polivalente também se revelou um espaço multifacetado, bem aproveitado, uma vez que serve de local de convívio em datas festivas,

como espaço de recreio quando as condições atmosféricas não permitem a saída dos alunos para a rua e de ginásio de Educação Física. É, também, o lugar onde muitas vezes os funcionários recebem os alunos na escola ou onde estes ficam a aguardar o início de uma aula.

3.1. Síntese do Projeto Educativo de Escola

Devido à reforma da administração escolar em Portugal, a organização da escola passou a ter maior relevância, pelo que a partir do Decreto-Lei 172/91 (art.8.º e art.32.º), a escola passou a criar um documento próprio onde expressa os seus objetivos. A operacionalização da autonomia das escolas passa, assim, “(…) pelo exercício, em cada estabelecimento de ensino, de competências específicas nos domínios cultural, pedagógico, administrativo e financeiro, tendo em conta a elaboração de um projeto educativo próprio” (Costa, 2003, p. 46).

O Projeto Educativo de Escola (PEE) da instituição onde se realizou o estágio exprime uma identidade e expressa as intenções educativas de todos os agentes educativos, foi construído em 2011 e prolonga-se até 2015, com o tema “Educar para os Valores”. Este tema deveu-se ao facto da comunidade educativa verificar que os jovens alunos, muitas vezes, estavam confusos acerca dos seus próprios valores, mostrando contradições na sua identidade e evidenciando dificuldades em identificar e seguir padrões de vida positivos. O PEE – Educar para os Valores (2011/2015) explicita que os professores, em consenso, acreditaram que estas eram as causas para, em grande parte das vezes, os alunos se tornarem indivíduos inconstantes, indiferentes, agressivos e até violentos. Deste modo, na tentativa de proporcionar maior segurança e confiança aos seus alunos, a escola desenvolveu um projeto para incutir os bons valores nos alunos e, assim, levá-los a fazer escolhas adequadas ao longo da sua vida.

3.1.1. Processo de Valorização

A escola, inspirada na obra “Values and Teaching” da autoria de Raths (1966), alicerçou o seu PEE na teoria da clarificação dos valores defendida pelo autor e, como tal, enfatiza o processo de aquisição de valores. Este processo de valorização estabelece sete

critérios aos quais se deve submeter algo, para que seja considerado um valor, conforme esquema da Figura 4.

Como explicitado pelo Diretor Pedagógico da escola nos contactos que se estabeleceu com o mesmo para partilha de informação, o processo de valorização de Raths preconiza que, para que algo atinja o nível de um valor deve resultar de uma escolha livre e, após ponderação de várias alternativas e respetivas consequências, deve ser apreciado e passar a estar presente no comportamento daquele que tem esse valor.

Figura 4. Esquematização do processo de valorização

Deste modo, a escola enfatiza a importância de incentivar o aluno a escolher livremente, partindo da premissa de que quando a escolha parte de si, o indivíduo torna-se mais confiante. Neste sentido, a transmissão direta de valores preestabelecidos pelo professor é preterida em prol do encorajamento do aluno a clarificar aquilo que valoriza. A escola pretende que o professor ajude o aluno a descobrir alternativas e a analisar as consequências de cada uma e, paralelamente, a considerar o que apreciam e a afirmarem-no. Neste âmbito, também é esperado que o professor incentive o aluno a atuar de acordo com as suas escolhas

Figura 5. Logótipo do projeto “Eco-Escola” e a comportar-se de acordo com as mesmas, de forma sistemática e consistente (PEE – Educar para os Valores, 2011/2015).

É importante que o aluno que adota frequentemente uma conduta disruptiva ou menos assertiva, seja incentivado a analisar todas as alternativas de conduta possíveis perante as diferentes situações, a refletir acerca das consequências de cada uma dessas alternativas, a apreciar a sua escolha e a sentir-se orgulhoso pelas consequências boas que dela advêm, para que deseja mostra-la aos outros. A afirmação da sua escolha significa a aquisição do valor e levará o aluno a atuar com esse valor, em diversas situações. Os valores persistem e o aluno gostará de manifesta-los diariamente.

No que concerne à experiência de estágio, a tomada de conhecimento do processo de valorização em que a escola alicerçou o seu PEE revelou-se imprescindível, tendo determinado a atitude que se adotou em situações pontuais em que alguns alunos manifestaram problemas de comportamento, com evidente ausência de valores.

Neste PEE - Educar para os Valores considera-se ter encontrado um instrumento de trabalho que se centraliza numa vontade coletiva real, verdadeiramente direcionado para os alunos da escola. Costa (1994) refere que a autonomia da escola está objetivamente na capacidade de elaborar e realizar um projeto educativo que vá ao encontro das necessidades dos alunos, permitindo a participação de todos os intervenientes na educação das crianças.

3.1.2. Projeto Eco-Escolas

Integrado no PEE - Educar para os Valores (2011/2015), a escola está a desenvolver um projeto denominado Eco- Escolas, desenvolvido pela Associação Bandeira Azul da Europa (ABAE), um programa internacional da Fundação para a Educação Ambiental. Este é um projeto desenvolvido no âmbito da Educação Ambiental, que tem como principal objetivo incentivar diferentes comunidades educativas a atuar em benefício do ambiente. Assim, o Projeto Eco-Escolas (Figura 5)

fornece estratégias de intervenção no contexto ambiental, através da oferta de “metodologia, formação, materiais pedagógicos, apoio e enquadramento ao trabalho desenvolvido pela escola” (ABAE, 2012, para.1).

A associação ABAE premeia as ações que visam melhorar o ambiente ao longo do ano letivo, desde a gestão do espaço propriamente dito às sensibilizações perante a comunidade, valorizando o esforço realizado para que todos os elementos da comunidade educativa adquiram hábitos ambientais saudáveis. Neste âmbito, no estágio, desenvolveu-se com a turma do 2.º B, um trabalho de projeto como forma de estudo de um conteúdo programático de Estudo do Meio, intitulado “A Maqueta”4

. Este projeto foi concretizado com o recurso a um leque alargado de materiais reciclados em prol do ambiente, pelo que será um trabalho a ser divulgado pela escola à ABAE, no final do ano letivo.

De acordo com Carvalho e Diogo (1994), os projetos desenvolvidos pelo PEE só podem ter uma verdadeira intencionalidade educativa se todos os agentes que participam na escola se envolverem nas práticas diárias, com atitudes e ações subordinadas ao projeto. Considera-se que a nossa prática contribuiu para fortalecer a intencionalidade educativa dos projetos do PEE, por se ter atendido às diretrizes dos projetos da escola e adotado, na prática pedagógica, as atitudes e ações preconizadas, contribuindo para a melhoria de todo o processo educativo.

4. Caraterização da Sala