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Carreira como história

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.3 Metáforas de Carreira

2.3.9 Carreira como história

São várias as formas de o indivíduo descrever a sua carreira. Para a carreira de um mesmo profissional, pode existir mais de uma história, dependendo do ponto de vista do narrador. A utilização dessa metáfora diz respeito às histórias sobre as diversas carreiras que são contadas pelos protagonistas da carreira, pela família, pelas instituições sociais, pelos gestores, pelos educadores, etc (INKSON, 2004). Por isso, podem surgir interpretações diversas de um mesmo fato.

Todo indivíduo possui uma carreira, independente se ela é linear ou descontínua, sendo esta mais frequentemente encontrada no mundo hodierno. Ao falar sobre a carreira, o profissional conta uma história sobre si mesmo e normalmente se diverte em fazer isso. Costuma dizer que, ao contar a história sobre sua carreira, passa a se entender melhor. O indivíduo, ao ouvir histórias individuais ou coletivas, tende a interpretar os significados que elas possuem. As noções de conectividade e ordem dos acontecimentos são importantes, pois isso possibilita uma estruturação essencial para as histórias de carreira. As diversas narrativas possuem temporalidade e causalidade. A temporalidade diz respeito a como os fatos são contados no tempo, e a causalidade significa como determinado evento causa outros (INKSON, 2007).

As histórias dão sentido à vida da pessoa e significado ao que é contado. As histórias de carreira fazem parte da perspectiva pessoal da vida no trabalho e inclui fatos objetivos e também a subjetividade, como a emoção implícita na história, as atitudes, os objetivos de carreira. Essas histórias determinam e explicam eventos diários (INKSON, 2007).

A identidade de cada um está implícita nas narrações, sendo o início da personificação nas histórias que a pessoa conta sobre si. Se elas não são apenas objetivas, mas também estão carregadas de subjetividade, isso significa que o indivíduo pode utilizar as histórias para se autoinventar (INKSON, 2007). Ao narrar uma história, ele não reproduz fielmente os eventos, porque constrói a história da forma como quer que as outras pessoas saibam (YOUNG; VALACH; COLLIN, 2002 apud INKSON, 2007). O profissional, ao relatar sua história de carreira, pode narrá-la de forma a valorizar seu desempenho, seus feitos, suas ações. A sua real

situação pode ficar perdida nas narrações ou nem mesmo ser cogitada. As histórias de carreira são construídas pautadas na realidade e na imaginação do narrador.

Em uma narração, o indivíduo conta a sua interpretação dos fatos. As histórias possuem uma interpretação do passado, fatos do presente e uma visualização dos caminhos futuros. A maioria das pessoas, ao narrar as histórias de carreira, levam em consideração a sua individualidade e o ambiente onde se encontram, havendo uma interação entre esses dois fatores. A carreira não é vista somente como um projeto individual. Muitas histórias falam sobre os obstáculos impostos pela cultura e pela organização, muitas vezes, sobrepostos aos objetivos de carreira (INKSON, 2007). Isso porque o ser humano não sobrevive sozinho. Ele é um ser social e possui diversos grupos com os quais se relaciona constantemente, e muitos são os ambientes que frequenta. O indivíduo sofre influência dos lugares, da educação, dos amigos, da família e de muitos outros fatores no desenvolvimento da carreira e na forma de se portar no mundo.

As histórias podem ser contadas e construídas baseadas em outras histórias, na experiência vivenciada por outros (INKSON, 2007). As histórias de carreira são construídas com vestígios do contexto social. Nesse sentido, essa metáfora da carreira como história possui ligação com a carreira como papel. O indivíduo constrói a sua história com reflexos dos papéis que vivencia ou com base nos papéis que os outros esperam que ele realize. A forma de contar a história possui similaridades com histórias diversas ouvidas ao longo da vida, desde a infância. Inkson (2007, p. 237) afirma que “em muitas histórias de carreira o narrador é também o herói, e a história adquire uma forma épica”.

Existem também histórias que são largamente difundidas, histórias arquetípicas como as do executivo bem sucedido (INKSON, 2004). É como se a família, os amigos, a sociedade no geral apregoassem modelos que devem ser alcançados para se ter sucesso. Segundo Inkson (2004), esse tipo de história tem sido substituído por teorias como a da carreira proteana (HALL, 1996). Outras formas de sucesso na carreira têm sido levadas em consideração (BARUCH, 2004). O indivíduo precisa levar em conta suas preferências internas, para construir suas carreiras com base em suas inclinações profissionais (SCHEIN, 1996). Assim, fica mais fácil a construção de

uma carreira baseada na identidade do profissional, no que ele gosta, e o sucesso, certamente, é atingido de forma mais rápida.

Independente da forma e do tamanho, se dizem ou não respeito à realidade ou se são construídas baseadas principalmente na imaginação do indivíduo e no que ele deseja para si, o fato é que as histórias estão presentes em todas as sociedades e culturas. As histórias contadas durante uma vida possuem importância e significado, estão enraizadas no imaginário da pessoa. Ao contar sua própria história, o indivíduo, de forma consciente ou inconsciente, revive o que já ouviu nos mitos, nas lendas, nas diversas histórias reais ou imaginárias. Como afirma Inkson (2007), as histórias de carreira podem assumir formas diversas.

3 METODOLOGIA

A metodologia é fundamental em todo e qualquer trabalho científico. Ela implica organização e adequação para realizar com eficácia um estudo científico, para elaborar o material pesquisado, para coletar os dados e para proceder à análise da forma mais neutra possível.

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