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Anexo 11. Termo de Responsabilidade e Autorização de Veiculação de Imagens e

4. A INVESTIGAÇÃO EMPÍRICA – APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS E

4.5 A Casa Familiar Rural e a Formação por Alternâncias: Evidências de Desenvolvimento

No período em que se acompanhou a formação por alternância na Casa Familiar Rural e todos os sujeitos envolvidos no processo, como os jovens, monitores, a família, a comunidade, as instituições colaboradoras e as amplas relações existentes entre estes, pode- se perceber que a CFR é de fundamental importância na formação integral dos jovens que vivem no campo, para permitir que ali permaneçam em atividades empreendedoras. Que sejam capazes de participar na promoção da comunidade, desenvolvendo o espírito crítico e promovendo a habilidade de associativismo.

Um dos objetivos, além da qualificação do jovem e sua família é aumentar a autoestima dos envolvidos gerando um projeto de vida onde se acredita possibilitar a permanência do jovem no meio rural de forma empreendedora. O empreendedorismo é expresso como a possibilidade de o jovem criar seu próprio negócio, seu projeto de vida. Conforme expressa Dolabela (2008, p. 79), “é empreendedor, em qualquer área, alguém que sonha e busca transformar o seu sonho em realidade”.

O impacto na comunidade onde há uma Casa Familiar Rural é significante, e seus efeitos acontecem de maneira contínua e integrada considerando que cada jovem, envolve a sua família e outras famílias vizinhas, ou seja, a Casa Familiar Rural reagrupa outras pessoas.

Figura 64: Dia de Campo – Propriedade Família Amaral

A escolha das propriedades visitadas foram sugeridas pelos monitores que atuam na formação dos jovens. Nessas propriedades, segundo os monitores, os conhecimentos repassados na Casa Familiar foram incorporados a prática diária de produção.

Durante o período da pesquisa, foi possível constatar resultados favoráveis na Pedagogia da Alternância em relação às escolas tradicionais. Como exemplo, pode-se citar a formação de lideranças. A atual coordenadora dos Jovens Trabalhadores Rurais da Regional de Ijuí/RS junto à Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag RS) é aluna da CFR de Três Vendas – Catuípe, ela atribui o seu espírito de liderança à formação recebida.

Outro ponto a se destacar é a diversificação das propriedades, que antes da formação predominavam as monoculturas de milho e soja e hoje apresentam novas alternativas como: horticultura, fruticultura, apicultura, piscicultura e atividades de geração de trabalho e renda com a comercialização de produtos em programas como a compra direta do produtor e também através do Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar para a merenda escolar, onde os produtores fornecem alimentos de origem vegetal e animal para as prefeituras, que distribuem para as escolas enriquecerem a merenda escolar.

Ainda, a inclusão social, o resgate da cidadania e o projeto profissional de vida, podem ser destacados como positivos nesse tipo de proposta educativa oferecida na CFR, pois o jovem começa a perceber que é possível o desenvolvimento sustentável junto a comunidade onde mora, por conseguinte, minimizando o êxodo rural.Diante destes fatores, é essencial compreender as implicações da educação, em suas diferentes modalidades, no fomento do desenvolvimento local sustentável.

Dowbor (2003) reforça este entendimento, ao assegurar que a ideia de educação para o desenvolvimento local está diretamente vinculada à necessidade de se formar pessoas que amanhã possam participar de forma ativa das iniciativas capazes de transformar o seu entorno e de gerar dinâmicas construtivas.

Outras evidências do desenvolvimento local nos jovens da CFR, na opinião do Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais da região de Ijuí/RS, senhor Carlos Karlinski e também parceiro da Casa Familiar Rural, pode ser descrita nos relatos e ações desenvolvidas pelos jovens, no desempenho com as propriedades.

“Podemos afirmar que estes jovens fazem parte de um grupo muito especial de agricultores familiares, com verdadeiro compromisso com o desenvolvimento do local onde vive. Quando planejam o futuro, investindo na propriedade, com melhorias nas residências, com técnicas apuradas para a produção, quando buscam o crédito bancário em grupo, no momento em que se organizam em associações e cooperativas para transformar seus produtos, agregando-lhes valor, ou para vender a produção por um valor melhor, quando as atividades na propriedade são realizadas em mutirão e, mais ainda, quando realizam isso em comunhão com o meio onde vivem”.

Observou-se também, que a maioria das famílias dos agricultores de jovens formados pela Pedagogia da Alternância na Casa Familiar Rural tornaram-se agricultores que fornecem produtos agrícolas e pecuários com um diferencial - a produção ecológica - que evidencia o comprometimento com o seu meio social, ambiental e humano. Este fato ficou evidenciado na fala do jovem agricultor quando conta que as pessoas buscam adquirir produtos naturais e que procuram comprar na feira porque sabem que os produtos ali vendidos são naturais e de melhor qualidade.

Outro aspecto é o fator econômico, que considera a venda direta ao consumidor de produtos como carnes, ovos, verduras e frutas, evitando o transporte desses produtos por longas distâncias, permitindo assim, um preço mais acessível ao consumidor, pois desconsidera o valor do transporte. Além do mais, o trabalho sendo realizado pelos integrantes da família dispensa a contratação de mão de obra e com a realização da transformação dos produtos em embutidos, doces, sucos, queijos, pães, bolachas e bolos, entre outros, além de acrescentar maior valor aos produtos, ainda isenta-os de impostos e taxas, devidos às características artesanais, fator que repercute em economia para o consumidor final.

Das situações vivenciadas pela observação em todas as propriedades visitadas foi possível verificar sinais do desenvolvimento local sustentável e, sobretudo, de seres conscientes de sua existência e responsabilidade, com habilidades para resolver seus problemas, exercendo sua cidadania e principalmente, pessoas humanas mais felizes.

Porém, ao analisar historicamente a criação do conceito de educação escolar no meio rural, percebe-se que esteve vinculada à educação “no” campo, descontextualizada, elitista e oferecida para uma minoria da população brasileira. Todavia, na atual conjuntura, a educação “do” campo, estreita laços com inúmeros projetos democráticos que contribuem para o fortalecimento da educação popular. A superação da educação rural vista apenas como uma formação mercadológica e a recente concepção de educação do campo foram constituídas por uma longa trajetória de lutas e discussões no interior dos movimentos

sociais, das entidades, representações civis, sociais e dos sujeitos do campo. Pressionando as lideranças governamentais na criação e organização de políticas públicas para os trabalhadores e trabalhadoras do campo.

Nesse contexto, a necessidade pela educação do campo é identificadora da ausência de políticas públicas planejadas e efetivadas para o contexto rural em nosso país, como afirma Caldart (2000, p. 27) “a nossa luta é no campo das políticas públicas, porque esta éa única maneira de universalizarmos o acesso de todo o povo à educação” evidenciando que a maior parte da população do campo sofre com a ausência de políticas públicas adequadas para suprir suas demandas, assim, não basta ter escolas no campo; precisam-se construir escolas do campo, ou seja, escolas com um projeto político-pedagógico vinculadas às causas, aos desafios, aos sonhos, à história e à cultura do povo trabalhador do campo.Como assegura Caldart (2000, p. 62):

Não podemos cair na falácia de que o debate sobre a educação básica do campo substitui, ou é mais importante, do que o debate sobre Reforma Agrária, sobre política agrária e agrícola, sobre relações de produção no campo (...) Não há escolas do campo num campo sem perspectivas, com o povo sem horizontes e buscando sair dele. Por outro lado, também não há como implementar um projeto popular de desenvolvimento do campo sem um projeto de educação, e sem expandir radicalmente a escolarização para todos os povos do campo.

Portanto, no âmbito das políticas públicas para a educação do campo, mesmo diante de avanços consideráveis, ainda existem inúmeros problemas que precisam ser resolvidos com urgência, como por exemplo, a localização geográfica das escolas, gerando enormes distâncias entre estas e a residência do educando, a precariedade dos meios de transporte e das estradas, a baixa densidade populacional em alguns territórios rurais, o fechamento de escolas rurais, a formação dos educadores, organização curricular descontextualizada com a realidade do campo, a oferta de vagas para as séries finais do Ensino Fundamental e Médio, os poucos recursos utilizados na construção e manutenção das escolas do campo, o acesso à internet e aos meios de comunicação, lazer e conforto nas comunidades rurais, entre outros.

Para Estevam (2003), outras preocupações, no que se refere à educação do campo, são apontadas, como por exemplo, a relação de dependência das CFRs ao poder público aliado ao desconhecimento da proposta por parte dos agentes políticos, o que resulta muitas vezes em fracasso da experiência educativa por alternâncias ou em abandono dos cursos. Somado ainda ao fato de que muitas famílias agricultoras pobres têm dificuldade de pagar e

manter seus filhos durante o internato nas CFRs. Por outro lado, entidades que assumem a organização e manutenção das experiências julgam ter o direito de definir o perfil esperado dos educandos, porém o Estado não abre mão de sua função de controle ideológico da formação que é oferecida.

Contudo, percebe-se que há um esforço para se construir uma educação específica para o campo, sobretudo, a partir dos movimentos sociais, apesar dos avanços nos processos de construção política e pedagógica da educação do campo na realidade brasileira. Entretanto, isso não quer dizer que não existam problemas e retrocessos que precisam ser revistos. Pois ainda não se tem claro o que seria essa educação e no que ela deve se diferenciar da educação urbana.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Essa pesquisa buscou identificar e analisar as contribuições da Pedagogia da Alternância no processo de desenvolvimento local sustentável dos jovens da Casa Familiar Rural de Três Vendas/Catuípe, buscando uma compreensão da participação social e empreendedora dos sujeitos desta prática educativa.

Em relação ao objetivo geral de avaliar a Pedagogia da Alternância como prática educativa e empreendedora, analisando os resultados da formação em alternância na vida de jovens de uma Casa Familiar Rural e identificando suas principais contribuições para o processo de desenvolvimento local sustentável – mediante atitudes de trabalho cooperativo, associativo e dos Projetos Profissionais de Vida, o trabalho alcançou a finalidade proposta.

Com base nas visitas, depoimentos, entrevistas e respostas aos questionários, notou- se que na CFR as ações desenvolvidas e as concepções norteadoras relacionam-se ao método da Pedagogia da Alternância. As etapas e os principais instrumentos da Pedagogia da Alternância são pautados na participação efetiva do jovem, sua família e a comunidade, sob a coordenação dos monitores. A CFR não é uma escola que apenas educa o jovem, mas participa efetivamente no desenvolvimento econômico, social e cultural de toda a comunidade envolvida.

Observou-se que a Pedagogia da Alternância adotada na CFR de Três Vendas tem contribuído para o resgate cultural e a elevação da autoestima dos jovens rurais em relação à sua profissão de agricultores, colaborando com a possibilidade da permanência do jovem no campo, conciliando com a continuidade nos estudos, e contribuindo para a diminuição do êxodo e do índice de analfabetismo no meio rural. Outro fator preponderante para o sucesso da Pedagogia da Alternância é o envolvimento da sociedade no Projeto Educacional, tais como: os monitores, os jovens e suas famílias, a comunidade e suas lideranças onde a escola está inserida, a fim de buscar a melhoria da qualidade de vida do jovem no meio rural.

Por meio da reflexão teórica, pode-se constatar que a Pedagogia da Alternância é uma proposta de educação voltada ao desenvolvimento integral do jovem do meio rural, e que teve reflexos na melhoria da qualidade de vida das famílias e das comunidades.

Contudo, a formação na Casa Familiar Rural não garante a permanência do jovem no campo, mas o capacita para enfrentar as situações de vida em ambientes diferentes, pois a proposta não se sobrepõe aos demais conhecimentos, pelo contrário soma-se, possibilitando ter uma visão crítica da realidade e subsídios para se inserir nessa realidade.

Um dos instrumentos da Pedagogia da Alternância que integra o Plano de Formação da Casa Familiar Rural é o Projeto Profissional de Vida do Jovem. O PPVJ é o resultado de uma análise minuciosa da situação histórico-familiar da infraestrutura para a produção agropecuária, do planejamento produtivo, das condições ambientais e climáticas, das políticas públicas, da realidade do comércio e do mercado consumidor, dos aspectos cultural-artísticos, entre outros, que caracterizam a realidade do jovem no âmbito familiar, do seu município e de sua região que, aliados aos conhecimentos proporcionados pela proposta metodológica da CFR, a aptidão do jovem, a motivação e planejamento, constituem sua proposta de inserção profissional.

Com base nas análises dos Projetos Profissionais de Vida dos Jovens, construídos na CFR de Três Vendas, pode-se afirmar que estes contribuíram significativamente para a melhoria da qualidade de vida dos jovens, de suas famílias e de suas comunidades, uma vez que, por meio dos conhecimentos e das experiências obtidos durante a permanência na CFR, o jovem adquire o desenvolvimento do senso crítico e da atitude empreendedora, mantendo- se no campo e desenvolvendo o seu PPVJ.

A alternância promove a capacidade de empreender pondo em prática os projetos. Entretanto, a capacidade de inovar deve estar nos próprios jovens; por isso, há a necessidade de desenvolver habilidades e atitudes empreendedoras a partir dos recursos familiares, comunitários, locais, incluindo todos os atores sociais do desenvolvimento, principalmente sua família, lideranças, organizações, entre outras. Neste contexto, a educação é o instrumento principal para o desenvolvimento da cultura empreendedora na sociedade; e quanto mais cedo se começar a estimular nos jovens, os valores e o pensamento empreendedor tanto mais efetivos serão os resultados.

O sentido de desenvolvimento, nessa pesquisa, envolve as transformações que ultrapassam os limites do econômico para o enfoque integrado das dimensões econômicas, sociocultural, ambiental e tecnológica. Para fins desse estudo, o desenvolvimento local sustentável é um processo dinâmico que se manifesta nas famílias, nas relações

comunitárias, na expressão da cultura, no trabalho e em todas as formas de participação. A participação é um elemento importante no desenvolvimento. Ela está presente no projeto pedagógico, nas falas dos monitores e dos jovens da CFR.

A Casa Familiar Rural orienta aos jovens a permanecer no campo e continuar com a atividade agricultora. Para muitos, é uma forma de buscar maneiras inovadoras para diversificar a propriedade e facilitar a entrada de novos conhecimentos e técnicas disponíveis para trabalhar em grupo e viver em comunidade. Essa instituição é apontada como um importante aliado para o desenvolvimento do jovem enquanto pessoa e também do município. Ao obter êxito na execução de seus projetos, o jovem e sua família, passam a ser um ponto de referência na difusão de conhecimento, isto é essencial porque ele se sente motivado a permanecer em sua propriedade, gerenciando e trabalhando com entusiasmo.

Com base em estudos sobre a Casa Familiar Rural, pode-se afirmar também, que se trata de uma escola diferenciada que se insere na comunidade para fomentar o desenvolvimento global e formação de novas lideranças, envolvendo as famílias no aprendizado integral permanente e preparando estas para serem receptoras de inovações tecnológicas, além de proporcionar ao jovem agricultor permanecer no campo e continuar ajudando sua família nas atividades.

Para os municípios, esta experiência educativa agrega valor a todos os que participam de alguma forma na vida dessas pessoas, fazendo com que sejam disseminadas para a comunidade as ações empreendidas, ampliando a qualidade de vida desta população. Juntamente com entidades e parceiros, a Casa Familiar Rural de Três Vendas, têm como objetivo primordial, melhorar a vida daqueles que trabalham e vivem de suas atividades no campo.

O conhecimento adquirido retorna à propriedade como fonte de renda através da aplicação técnica fornecida pela Casa Familiar Rural. De acordo com as informações colhidas junto aos jovens, pode-se comprovar que a qualificação é um meio de permanecer no campo. Quanto às famílias, todas concordam que a formação do jovem na Casa Familiar Rural contribui para a diversificação nas propriedades e implantação de novas atividades.

Nessa perspectiva, e por empregar, na execução do processo ensino-aprendizagem, princípios educativos modernos, tais como o envolvimento e a participação dos pais na educação formal dos filhos e na gestão da escola, a Pedagogia da Alternância constitui-se numa proposta educacional inovadora e um procedimento pedagógico que poderá representar um diferencial positivo na formação profissional rural.

No entanto, constatou-se que apesar de vir sendo utilizada há quase 40 anos no Brasil, essa proposta pedagógica ainda é discutida com pouca ênfase no meio acadêmico, além de existir uma carência de estudos a respeito do tema e, sobretudo, de suas características pedagógicas. Por isso, entende-se que outras pesquisas sobre a temática da Pedagogia da Alternância e a Casa Familiar Rural se fazem necessários para um maior embasamento e divulgação dessa prática educativa, bem como de suas contribuições para o desenvolvimento local sustentável.

Na perspectiva de educação do campo, a CFR se coloca como uma nova possibilidade e um desafio para a educação rural, que está se construindo e se consolidando no Brasil. Isso quer dizer que está se avançando na busca de uma educação voltada aos sujeitos que vivem, produzem e se reproduzem no meio rural. Resta saber em que bases estão sendo elaboradas, pois não basta ter uma escola no campo. É necessária uma escola que compartilhe e construa com seus alunos novas possibilidades de produção e emancipação dos jovens rurais.

A necessidade de análise e reflexão da prática educativa desenvolvida pela Casa Familiar Rural exige a retomada de alguns conceitos relevantes para a compreensão do objeto da pesquisa e dos seus sujeitos nele inseridos, como por exemplo, o trabalho.

O trabalho realizado pelos alunos da Casa Familiar Rural, na escola ou nas propriedades, não é somente um trabalho capitalista do ponto de vista da remuneração, da obtenção de um salário, mas do ponto de vista cultural é um trabalho para a produção de vida, contudo, sem perder sua centralidade no processo educativo, tornando-se um elemento determinante no processo de ensino/aprendizagem.

Ao analisar a realidade de muitas famílias dos jovens da CFR, verificou-se que, ao mesmo tempo em que o trabalho está garantindo a subsistência da família e possibilitando um conforto maior e a busca pela liberdade econômica dos jovens, contraditoriamente, traz como consequência a eliminação do trabalho no campo, por meio de novas formas de produzir, do que produzir, nos quais o trabalho manual vai sendo substituído. Talvez, aproximando ainda mais a possibilidade de expulsão dessas famílias do espaço rural onde vivem para dar lugar à ocupação pelos grandes latifúndios. Isto nos leva a realizar algumas indagações: A formação que o jovem está recebendo na CFR está servindo para quê e para quem? Como esses jovens vão se motivar e permanecer no campo, se muitos não trabalham em suas propriedades, mas para os vizinhos latifundiários?

Nesse mesmo sentido, surge outra indagação. Se, de um lado o campo se coloca como o melhor lugar para permanecer, por outro obriga muitos jovens a buscar novos postos

de trabalho no espaço urbano. Então, porque muitas famílias trabalham fora, buscando emprego nas cidades, se no campo é “bom”de se viver?

Muitas famílias que sobrevivem da agricultura familiar não tem possibilidade de manter todos os filhos trabalhando no campo, nem conseguir tirar desse o sustento de todos. Qual alternativa, encontrada então, para muitos? Muitas vezes, estudar na CFR acaba sendo uma alternativa para muitos jovens, que veem uma nova possibilidade numa educação diferenciada e que os prepara para ser agricultor.

Outra dimensão na prática formativa da escola, diz respeito à cooperação. Ao estabelecer uma organização de todo esse processo de trabalho, por meio da divisão de tarefas, de auxílio no processo de ensino/aprendizagem, no auxílio de manutenção da CFR e na interação entre diversas entidades por meio de programas e projetos, está se colocando