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CAPÍTULO 6-RESULTADOS E DISCUSSÃO: DESCRIÇÃO E

6.3 Categoria C Estímulos para a escolha da função professor supervisor

Esta categoria foi denominada desta forma a partir da pergunta “Quais fatores levaram você a ser um supervisor do PIBID?” Assim como quisemos saber os estímulos que levaram os professores a optar pela carreira docente, também quisemos saber o que os levou a participarem e colaborarem em um programa de formação como o PIBID. A princípio deduzimos que o elemento financeiro apareceria, no entanto, ele surgirá em um momento posterior.

A nuvem de palavra da Figura 5 traz os destaques dos professores: “contato”, “universidade” e “ajudaram”, alunos, professoras, escola, o que nos orientou trazer para o texto as seguintes UA:

Além do convite que a [...] estendeu, fiquei meio receosa [...], eu fiquei sabendo como era o projeto e achei muito bom, vou ter um suporte a mais de alunos para o dia a dia de aula [...] (Sup7, Quadro 3, Apêndice C). No caso eu tinha contato com as pessoas na UNICAMP (Sup5, Quadro 3, Apêndice C)

Em relação ao contato, não podemos deixar de citar que o contato prévio ou o convite que os professores de educação básica receberam de professores da universidade foi um estímulo para a escolha do PIBID. Este contato prévio, destacado pelos Sup 5 e 7, sugerem que qualquer relação anterior com algum professor da universidade contribuiu para motivar a entrada do supervisor no PIBID.

Figura 5: Nuvem de palavra gerada com o texto das unidades de análise das respostas à pergunta 2 “Quais fatores levaram você a ser um supervisor do PIBID?”

Fonte: Do autor. Nuvem produzida a partir do site: http://www.wordle.net/

Ressaltamos agora a importância de outro elemento destacado na nuvem anterior: a universidade. A UA a seguir destaca isso:

eu estaria em contato com alunos da universidade, professores da universidade e dessa forma eu poderia estar mais atualizada e assim trazer para os alunos práticas mais diferentes” (Sup4, Quadro 3, Apêndice C). O Sup4 confirmou que a aproximação da universidade com a escola, através do PIBID rompeu com a distância citada pelo Sup2 na categoria anterior. A possibilidade de contato com a universidade e a eventual atualização de conteúdos

serviram como estímulos para o Sup4 que havia relatado, conforme destacado em categoria anterior, que o Estado não oferece muito, nem tempo para estudar. Para ele, PIBID veio romper essa distância do saber disciplinar sentida pelo professor. Este anseio do professor aproximar-se da universidade sugere que os saberes profissionais, oriundos de instituições de formação (TARDIF, 2008), neste caso a UNICAMP, foram valorizados.

A UA seguinte indica que o Sup6 escolheu o PIBID porque o programa poderia motivá-lo.

e vinha percebendo que a cada ano ia fazendo menos coisas, ia ficando cada vez mais desestimulada, então essa coisa do PIBID pra mim, porque sempre traz novidade (Sup6, Quadro 3, Apêndice C)

Já o Sup11 remete a lembranças de uma relação positiva estabelecida com outros sujeitos ao longo da sua trajetória:

um fator importante que me levou a estar na escola, continuar como professora é que também eu sempre tive outras professoras na escola [...] Eu sempre tive outras professoras que me ajudaram, então, e sempre pensava que eu podia ajudar os bolsistas (Sup11, Quadro 4, Apêndice C). Foi interessante que, nesta entrevista, o supervisor chorou, indicando o quanto se emociona ao se lembrar de suas relações interpessoais, o que significa que elas geraram emoções positivas de alegria e satisfação. Vale lembrar que, segundo Reeve (2009), a alegria pode gerar o apoio emocional para uma pessoa participar plena e voluntariamente em uma atividade (REEVE, 2009).

O “ajudar” que o supervisor apontou sugere que sua trajetória, sua alegria e seu interesse pela carreira docente influenciaram-no na maneira como ele lida com as relações no PIBID.

6.4 Categoria D: PIBID como oportunidade de motivação

A categoria foi denominada desta forma a partir da leitura flutuante das UA, dos objetivos específicos desta pesquisa e das perguntas “Comente se, em sua participação no PIBID, houve algum fator motivador e por quê”, “Por que você escolheu ser professor?” “Quais fatores levaram você a ser um supervisor do PBID?” Quais eram suas expectativas para participar do PIBID? Como elas foram atendidas?” Por dedução, o título desta categoria veio da primeira pergunta, no

entanto, ao analisar outras UA, aparecem outros elementos motivadores que nos levaram a denominar a categoria desta forma.

Os destaques na nuvem da Figura 6 podem estar relacionados a estes possíveis elementos motivadores para a participação dos professores supervisores no PIBID.

Figura 6: Nuvem de palavra gerada com o texto das unidades de análise das respostas às perguntas “Comente se, em sua participação no PIBID, houve algum fator motivador e por quê” e com o texto de algumas unidades de análise das seguintes perguntas “Por que você escolheu ser professor?” “Quais fatores levaram você a ser um supervisor do PIBID?” “Quais eram suas expectativas para participar do pibid? Como elas foram atendidas?”

Fonte: Do autor. Nuvem produzida a partir do site http://www.wordle.net/

Podemos perceber que algumas palavras em destaque da nuvem da Figura 6 foram: universidade, atividades, conversar, motivações, oficinas, bolsa, alunos e bolsistas. Produzimos uma nuvem somente com UA da primeira pergunta,

no entanto ela é semelhante a esta e assim optamos por trazer a nuvem anterior que traz UA das diferentes perguntas. A partir da análise das UA das perguntas que geraram esta nuvem e do grande destaque que foi dado às palavras alunos e bolsistas, percebemos que os professores se referiram não somente à sua motivação, mas também à motivação dos licenciandos, que aqui chamamos de bolsistas ID. Assim emergiram duas subcategorias: D.1: PIBID como oportunidade de motivação para os professores e D.2: PIBID como oportunidade de motivação para os bolsistas ID e estudantes de Ensino Médio.

Subcategoria D.1: PIBID como oportunidade de motivação para os professores

É interessante notar que ao perguntar se houve algum fator motivador decorrente da participação do supervisor no PIBID, o Sup11 apontou:

minhas motivações de ser professora, estão ligadas a coisas menos externas [...] mas eu tenho motivações internas muito fortes [...] (Sup11, Quadro 6, Apêndice C).

Esta fala do supervisor remete a categoria A: “Escolha da carreira docente” e apesar do supervisor não ter se referido especificamente ao PIBID, acreditamos que estas “motivações internas fortes” também podem ser resultado de sua participação no programa. Isso pode ser observado na UA a seguir:

o PIBID proporcionou debates com os bolsistas que puderam me motivar a defender e consolidar minhas posições como professora, atuante e em defesa de uma escola pública digna e de qualidade para todos (Sup11, Quadro 6, Apêndice C).

O Sup11 relatou que as atividades exercidas em seu dia-a-dia como professor supervisor a exemplo dos debates citados, motivou-o, mesmo diante das frustrações que às vezes o desmotiva, conforme citado na categoria B. Assim, consideramos que o PIBID motivou o Sup11 para a permanência na carreira docente.

A partir do continuum de autodeterminação (Quadro 1, p.45) (NIEMIEC, DECI e RYAN, 2010; WEINSTEN, 2014), destacado no Capítulo 2, podemos indagar de qual(is) estilo(s) regulatório(s) o Sup11 estaria mais próximo. Destacamos que como professor, na escolha da carreira, ao longo de sua trajetória, e na supervisão

do PIBID, o Sup11 pode ter estado próximo, em grande parte de suas atividades profissionais, do estilo regulatório extrínseco integrado, já que sua personalidade parece estar orientada para a autonomia, conforme destacado na categoria A e sua manifestação de ter motivações internas fortes diante do que foi destacado anteriormente.

A fala do Sup 11 “minhas motivações de ser professora estão ligadas a coisas menos externas” sugere que, como são muitas as atividades desenvolvidas pelos professores ao longo de sua carreira, nem sempre eles estão motivados intrinsecamente para realizá-las. Eventualmente, ele pode ter realizado alguma atividade sem tê-la considerado agradável e em busca de benefícios financeiros e/ou sociais, por causa dos inúmeros desafios citados na categoria B, o que o colocaria mais próximo do estilo regulatório extrínseco identificado.

A UA apresentada na categoria A pode contribuir para nossa discussão: uma coisa que eu não tinha na indústria, era autonomia para administrar minhas ideias, expandir minhas ideias (Sup11, Quadro 2, Apêndice C). A possibilidade do Sup11 estar orientado para o exercício da autonomia aliado às atividades do PIBID que contribuíram para motivá-lo indica que há uma forte motivação para a permanência deste supervisor na carreira docente (DECI e RYAN, 2004; WEINSTEN, 2014). Acreditamos que o estado de motivação intrínseca seja mais difícil de ser atingido, no entanto, como o foco de nossa pesquisa não é o estudo sobre motivação dos professores e portanto, não foram utilizados métodos psicométricos para avaliar estados motivacionais, preferimos apenas sugerir, a partir das entrevistas, de quais estilos regulatórios os professores estariam mais próximos naquela atividade.

Outros supervisores também relataram sobre sua motivação a partir de sua colaboração no PIBID, conforme UA abaixo:

e vinha percebendo que a cada ano ia fazendo menos coisas, ia ficando cada vez mais desestimulada, então essa coisa do PIBID pra mim porque sempre traz novidade (Sup6, Quadro 6, Apêndice C)

Eu acho que o principal aspecto motivador [...] conseguir construir um planejamento anual (Sup2, Quadro 6, Apêndice C).

os alunos pra te ajudar [...] conversar, isso me motivou bastante pra continuar sendo professor (Sup1,Quadro 6, Apêndice C)

e a gente tem oportunidade de participar de encontros e dessa forma melhorar profissionalmente (Sup4, Quadro 6, Apêndice C)

O Sup6 também indicou que não estava motivado, acreditamos que por conta das burocracias da escola, conforme citado pelo mesmo na categoria B. Sua fala nos indicou que o PIBID passou a motivá-lo possivelmente estimulando-o para enfrentar esse desafio. Já o Sup2 considerou que o PIBID motivou-o a conseguir desenvolver seu planejamento, o que não fazia antes em sua prática como professor. Sua fala remeteu à categoria A, quando este supervisor descreveu diversos desafios que encontrou no início da carreira, como seu planejamento de ensino, que o PIBID, a partir da fala acima, ajudou-o a enfrentá-lo. Como o planejamento é compulsório, certamente este professor já o fazia de alguma forma, mas a sua participação no PIBID, em parceria com os bolsistas ID, deve ter tornado essa atividade mais efetiva.

Possivelmente outros professores além de Sup2, algumas vezes, também não consigam planejar efetivamente suas aulas. Este supervisor sugere que o PIBID também pode auxiliar alguns trabalhos básicos do professor que infelizmente não são cumpridos, algumas vezes, pela sobrecarga de trabalho.

A interação entre supervisor e bolsista ID, além de contribuir para o desenvolvimento de tarefas básicas do professor, possibilita ao docente superar o isolamento e a estranheza que muitas vezes este profissional sente no ambiente escolar, conforme citado na categoria B. Essa superação favorecida pelo PIBID pode ser percebida na fala do Sup1. Provavelmente este supervisor sentia-se igual ao Sup11 conforme destacado na categoria B; o PIBID veio e rompeu isso.

Um ponto motivador importante citado pelos supervisores e bastante destacado na nuvem é a bolsa recebida por eles no PIBID conforme indicado nas UA a seguir:

ele ainda te oferece uma bolsa (Sup4, Quadro 6, Apêndice C)

Ah sim, o próprio fator financeiro a bolsa é muito legal [...] (Sup6, Quadro 6, Apêndice C).

A recompensa material representada pela bolsa é uma forte motivação extrínseca que estimula a permanência de alguns professores no programa. Não descartamos a possibilidade de que estes dois professores e eventualmente mais algum outro tenham escolhido participar do programa para auxiliá-los na renda. No entanto, supúnhamos que haveria mais indicações de participação no PIBID pela bolsa, o que não aconteceu.

Consideramos que estes supervisores podem estar mais próximos do estilo regulatório identificado, já que escolheram participar do programa pensando nos benefícios financeiros, mas certamente acreditando na validade do programa. Isso pode ser evidenciado analisando-se as UA a partir da forma como participaram do programa. Não acreditamos que professores que não se identificassem com a carreira docente escolhessem ser supervisor do PIBID, já que as atividades a serem desenvolvidas e a interação que se requer com o bolsista ID exigem disposição e compromisso com o programa e com a universidade.

A relação com a universidade também foi citada como fator motivador: a possibilidade dessa troca com a universidade e o contato com alunos da universidade, da minha área e a possibilidade que eu tive de trazer informações novas (Sup9, Quadro 6, Apêndice C)

Isto sugere que a integração professor-universidade gerada pela participação no PIBID colaborou para a organização do trabalho do Sup9 em relação ao seu planejamento curricular. Conforme apresentado anteriormente, quando o Sup2 relata sobre o plano anual, a presença do bolsista ID de certa forma representou um compromisso adicional que pode resultar em maior comprometimento e responsabilidade para realizar suas tarefas.

A seguir outros aspectos motivadores citados pelos supervisores:

Nós tivemos uma aula agora no final que foi com o tema de análise combinatória os bolsistas trouxeram atividades mais relacionadas com o dia a dia e foi muito motivador para nós os alunos participaram e absorveram o conteúdo proposto (Sup8, Quadro 6, Apêndice C)

[...]organização da feira de ciências [...] os alunos bolsistas fizeram oficinas [...] e isso vai motivando tanto nós como os bolsistas (Sup9, Quadro 6, Apêndice C)

Nas UA anteriores, os Sup 8 e 9 citaram atividades específicas de sua docência surgidas a partir da colaboração dos bolsistas ID e que os motivaram. Aspectos como: construir um planejamento, debates, feira de ciências, aulas diferenciadas e participação em encontros citados pelos supervisores nesta categoria também dizem respeito à sua prática profissional, discutidos com mais detalhes na categoria E.

Sucategoria D.2 : PIBID como oportunidade de motivação para os bolsistas ID e estudantes de Ensino Médio

Nesta subcategoria, trazemos os relatos de como supervisores vêem a motivação de bolsistas ID e estudantes a partir de sua colaboração no PIBID. As UA estão apresentadas a seguir:

Ao longo desses anos, sempre me perguntando, qual o meu papel como supervisor na formação dele, sempre tive muito preocupação com eles, será que eu tô ajudando, será que eu posso fazer algo para melhorar, como posso motivá-los (Sup11, Quadro 4, Apêndice C)

As expectativas que eu tinha era que chegasse coisas novas e motivasse tanto os professores das escolas estaduais quanto os alunos, também que levasse novidades (Sup5, Quadro 4, Apêndice C)

[...]organização da feira de ciências [...] os alunos bolsistas fizeram oficinas [...] e isso vai motivando tanto nós como os bolsistas (Sup9, Quadro 6, Apêndice C)

e que pudesse despertar o interesse dos alunos e proporcionar o debate cidadão (Sup11, Quadro 6, Apêndice C)

O Sup11 fez uma autorreflexão sobre sua formação, no entanto, ressaltamos que este supervisor refletiu sobre como pode contribuir para a formação dos bolsistas ID e como pode motivá-los. Isto pareceu concretizado por meio, por exemplo, de atividades como feira de ciências, como citado pelo Sup9. Percebemos a partir das frases do Sup11 e da do Sup5 uma preocupação para que as atividades desenvolvidas pelo supervisor e bolsista ID estimulem o estudante em sala de aula se interessar pelos conteúdos e adquirirem habilidades que contribuirão para debater e opinar como cidadãos.

Não aprofundaremos questões pertinentes à motivação de bolsistas ID ou estudantes do Ensino Médio, no entanto, foi necessário apontar esta subcategoria a partir da preocupação manifestada pelos supervisores em executar atividades que os motivassem.

6.5 Categoria E: Contribuições do PIBID para a prática profissional do