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CAPÍTULO 3-REVISÃO BIBLIOGRÁFICA DAS PESQUISAS SOBRE O PIBID

3.1 Outros programas de formação

Apresentamos, neste subcapítulo, outros programas de formação continuada referentes à formação de professores da educação básica que foram executados no Brasil nas últimas décadas, em especial no Estado de São Paulo. Esclarecemos que não foi feita revisão bibliográfica detalhada por não se tratar do foco desta pesquisa; no entanto, consideramos necessário abordá-los devido à relevância na trajetória de políticas de formação no contexto educacional brasileiro, segundo a tese de Arantes (2014) e a pesquisa de estado da arte de Gatti, Barretto e André, 2011

Em 1996, a UNICAMP e outras instituições de SP, em parceria com a Secretaria de Estado da Educação de São Paulo (SEESP), desenvolveram o Projeto de Educação Continuada (PEC). Foi estruturado um curso com carga de 96 horas presenciais, que tratava de processos relacionados ao ensino-aprendizagem de conceitos de diferentes disciplinas e também tinha intenção de levar os professores a refletirem sobre suas ações em sala de aula. Neste programa, os professores da

universidade algumas vezes iam até a escola para interagir com a realidade dos seus cursistas, no entanto, a formação do professor em sua maior parte ocorria nos pólos em parceria com as Diretorias de Ensino, na época, as Delegacias de Ensino. Em 1997 e 1998, o PEC atendeu em torno de 6000 professores, foi encerrado em 1998 inesperadamente e se transformou no PEC-Formação Universitária em 2001, passando a atender apenas os anos iniciais do ensino fundamental, mas foi encerrado nesse mesmo ano (ARANTES, 2014).

Em 2003, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (SEE-SP) em parceria com a então Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas (CENP) lançou o programa Teia do Saber, tendo ações semelhantes ao PEC, com o diferencial de que, neste programa, as ações deveriam ocorrer em ambiente universitário para despertar no professor o desejo de retornar à universidade. O Teia do Saber era voltado para professores do ensino fundamental e médio, com objetivo de lhes assegurar atualização permanente em relação a metodologias direcionadas para práticas inovadoras e uso de materiais didáticos. O programa Teia do Saber, de participação compulsória, estendeu-se até 2007 e atingiu quase 1900 docentes. (ARANTES, 2014; GATTI, BARRETO e ANDRÉ, 2011).

Uma das ações centralizadas do Teia do Saber foi o programa Letra e Vida (2003-2007), com objetivo de formar alfabetizadores e professores, que por sua vez viessem a atuar como formadores para outros professores a nível local. O programa atingiu mais de 50000 docentes e transformou-se no programa Ler e Escrever em 2007, com o foco mais direcionado para a formação nas Diretorias de Ensino (GATTI, BARRETO e ANDRÉ, 2011).

Segundo Arantes (2014), a UNICAMP, espaço de sua pesquisa, atuou na execução destes programas de formação que proporcionaram atualização do conhecimento dos professores, retomada de seus estudos através do contato com o ambiente acadêmico e espaço para troca de experiências.

Em 2004, foi constituída a Rede Nacional de Formação Continuada de Professores, sob responsabilidade de algumas secretarias do MEC. Esta rede teve o objetivo de institucionalizar o atendimento à demanda de formação continuada e partiu do princípio de que ela é componente essencial da profissionalização docente (GATTI, BARRETTO E ANDRÉ, 2011).

Em 2009, foi formulado o Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (PARFOR). O objetivo do plano era oferecer cursos de ensino superior a professores em exercício ainda não graduados, para os licenciados que atuavam fora da área de formação e para os bacharéis sem licenciatura. Com o PARFOR, a então instituída Rede Nacional de Formação Continuada de Professores passou a se chamar Rede Nacional de Formação Continuada de Profissionais da Educação Básica. Neste novo formato, a Rede passou a ter mais universidades vinculadas e, consequentemente, passou a receber maior número de projetos das instituições de ensino. (GATTI, BARRETTO E ANDRÉ, 2011; ARANTES, 2014)

Uma das ofertas da Rede foi o Programa Pró-Letramento, instituído em 2005, a nível federal, e ainda em andamento. Trata-se de um programa com curso voltado para professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental, com o objetivo de assegurar a melhoria em escrita e matemática dos estudantes deste nivel escolar. É um curso de aperfeiçoamento de 120 horas, dividido em 84 horas presenciais e 36 horas a distância, para auxiliar os professores em conteúdos específicos de português e matemática, além de tratar de conteúdos de cunho pedagógico para trabalhos com os conteúdos específicos (GATTI, BARRETTO E ANDRÉ, 2011).

Segundo Gatti, Barretto e André em revisão bibliográfica realizada em 2011, as pesquisas relatam que o programa trouxe mudanças nas práticas de diversos professores, no entanto, não se efetivou como instrumento para levar o professor a refletir sobre sua prática; e mesmo sendo um programa de aperfeiçoamento, haveria necessidade de repensá-lo no modo como teoria e prática no ensino-aprendizagem são relacionados no curso. O site do MEC, consultado em maio de 2019, indica que o Pró-Letramento, em 2019, está em andamento.

Em 2010, a universidade de São Paulo em parceria com a SEESP através da Rede São Paulo de Formação Docente (REDEFOR) ofereceu cursos de pós-graduação para professores da rede pública, com duração de 360 horas durante 12 meses. O curso possuía quatro módulos com duração de dez semanas cada. Durante este período, mensalmente havia um encontro de 3 horas na escola, organizado pelo professor coordenador, em que todos deveriam realizar as atividades do curso referentes a sua disciplina e, ao final, postá-las na plataforma on line AVA referente ao curso. A cada dois meses, ou seja, durante seis vezes ao ano,

um encontro acontecia na sede da Diretoria de Ensino, organizado pela então Oficina Pedagógica, que, atualmente, corresponde ao Núcleo Pedagógico (REDEFOR, 2010).

Para finalizar este capítulo, trazemos outro programa de formação, instituído em 2012: o PNAIC (Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa) que consistiu em um compromisso federal, estadual e municipal para alfabetizar todas as crianças até o 3º ano do ensino fundamental. Os professores foram capacitados principalmente em Português e Matemática, em cursos que variavam entre 100 e 160 horas. O PNAIC, ainda em andamento em 2019 procura alcançar a meta 2 do Plano Nacional da Educação, que consiste na alfabetização de todas as crianças até o 3º ano conforme já citado, além de tentar estar em consonância com as avaliações nacionais de alfabetização como por exemplo a ANA (Avaliação Nacional de Alfabetização) (BRASIL, 2017).

Reconhecemos aspectos importantes todos os programas citados, cada um de acordo com a época vigente. No entanto, é preciso enfatizar o caráter compulsório de alguns, o que pode trazer efeitos diferenciados em relação a um programa de adesão voluntária, como o PIBID. De qualquer forma não foi nem será nosso objetivo estabelecer comparações entre programas de formação nesta tese. Alguns programas tiveram duração curta e não obtiveram sucesso, tendo sido extintos. Outros ainda estão em vigência, como o Pró-Letramento e o PNAIC, ambos com objetivo de formação do professor alfabetizador, o que consideramos essencial, mas as políticas públicas de formação voltadas para o professor do ensino médio ainda são frágeis, escassas e transitórias. Essa questão merece reflexão já que parece importante investir para aprimorar e manter outros programas viegten s mais abrangentes, como, por exemplo, o PIBID.

CAPÍTULO 4- MOTIVAÇÃO, IDENTIDADE, SABERES E PRÁTICA DO