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CAPÍTULO 6-RESULTADOS E DISCUSSÃO: DESCRIÇÃO E

6.10 Categoria J: O professor supervisor na visão de professores da

Esta categoria surgiu a partir das respostas a algumas perguntas realizadas aos professores coordenadores de área e coordenadores institucionais do PIBID UNICAMP. Na denominação da categoria, optamos por não chamá-los dessa maneira uma vez que nossa intenção é deixar clara a presença de professores da instituição universidade em um programa de formação que busca a interação destes

profissionais com os docentes da educação básica. Na sequência, estão duas nuvens de palavras que representam as manifestações dos professores da universidade sobre o papel dos supervisores no PIBID.

Figura 11: Nuvem de palavra gerada com o texto das UA das respostas à pergunta: “Para você, qual o papel do professor supervisor no PIBID?” realizada para os professores coordenadores de área

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Fonte: Do autor. Nuvem produzida a partir do site: http://www.wordle.net/

Figura 12: Nuvem de palavra gerada com o texto das UA das respostas à pergunta: “Para você, qual o papel do professor supervisor no PIBID”, realizada para os professores coordenadores de gestão e professor coordenador institucional do PIBID.

Fonte: Do autor. Nuvem produzida a partir do site http://www.wordle.net/

Na nuvem da Figura 11, observamos que as palavras mais destacadas pelos coordenadores de área foram: mediação, integração, formação e central. Já na Figura 12, destacaram-se as palavras: formação, chão, conhecimentos e tempos.

Nessas duas nuvens, uma mesma palavra se destaca: formação. Isso inspirou a seleção das seguintes UA:

No meu subprojeto tudo absolutamente é construído de maneira compartilhada com supervisor. Também acho que no PIBID professor supervisor é protagonista. Já o professor da universidade é protagonista na universidade (CA1, Quadro 10, Apêndice C)

o supervisor é figura central ele que faz o elo entre o que é pensado e o que é desenvolvido efetivamente na escola fazem a mediação com a escola como um todo e com os demais da escola (CA4, Quadro 10, Apêndice C) ao aproximar universidade e escola o professor se problematiza também tanto na universidade quanto na escola.Ele é um formador.é função deste supervisor conduzir essas atividades e Fazer uma reflexão junto com os alunos das suas praticas docentes e curriculares. essa segunda perspectiva que é a construção da identidade docente na perspectiva da instituição porque é ele que vai colocar e vai trabalhar com nossos alunos quem é o professor no sistema quais são suas angustias (CA5, Quadro 10, Apêndice C)

O professor supervisor no pibid tem papel Central ele é esse sujeito que acolhe o aluno lá no lugar, no chão, na parede, em todos os espaços da escola, não só ó chão, o supervisor é aquele que está ali, cotidianamente, vive as dores, os prazeres e as dificuldades dessa profissão e ele é nossa âncora na escola para receber esse aluno em formação (CI2 Quadro 13, Apêndice C)

ele vai fazer uma supervisão que problematiza as ações do bolsista id no diálogo com a formação proposta pelo coordenador de área estimular o bolsista ID a se formar com melhores conhecimentos para atuar na escola Real e ao mesmo tempo propiciar para o próprio supervisor o acesso a um conjunto de conhecimentos que de tempos em tempos estão se transformando (CI3 Quadro 13, Apêndice C)

Na fala de CA5, o professor destacou que, enquanto formador, o supervisor tem o papel de levar os bolsistas ID a refletirem sobre as atividades desenvolvidas e contribuir na construção de suas identidades. Foi interessante notar que nesse processo, o supervisor pode ajudar o bolsista ID a entender como é ser professor e quais as dificuldades de seu cotidiano, como destacado pelo CA5.

Acreditamos que nesse diálogo de pessoas que vivem em espaços diferentes, o bolsista na universidade e o professor na escola, as identidades em formação inicial e em formação continuada, respectivamente, encontram-se e ambas passam a contribuir e completar mutuamente. Além da reflexão sobre a prática, que tanto destacamos no texto, o professor a problematiza, conforme destacou CA5. Para nós, isso contribuiu para aprofundar seus saberes experienciais, aperfeiçoou sua formação e ajudou na constituição de sua identidade.

Além do papel de formador, outros CA e CI destacaram papéis dos supervisores como mediadores, acolhedores, problematizadores e protagonistas da

formação do bolsista ID. Sobre o protagonismo, é importante destacar que no PIBID, o professor assume uma posição importante com o bolsista e consideramos, a partir da fala de CA1, que talvez essa seja a diferença principal entre o estágio supervisionado e PIBID. No estágio, o estudante da licenciatura é o único sujeito que pode ser o protagonista na escola, enqunto no PIBID, o protagonista pode ser o professor. Entendemos protagonismo como um processo em que o sujeito participa ativamente de todas as suas fases, por exemplo processo de ensino-aprendizagem, assumindo suas responsabilidades e preocupando-se com busca de soluções de problemas, por exemplo, relacionados à escola. Claro que no PIBID, bolsista e supervisor podem ser protagonismo, ratificamos aqui que o programa dá margem para que o professor seja protagonista também, o que geralmente não acontece em estágios. Nesse sentido, não podemos deixar de destacar o objetivo V do PIBID que consta na Portaria 96 de julho de 2013, apresentando a escola como protagonista na formação inicial do futuro professor. Entendemos a partir das vivências manifestadas e destacadas até aqui, ser possível resumir o protagonismo nas relações postas no PIBID: o professor como sujeito do espaço-escola é o protagonista formador do estudante.

Outro ponto importante destacado por CI2 foi o papel de âncora do supervisor. Ancoragem é ato de sustentação, de ser a base; a partir disso podemos refletir sobre quem o professor supervisor sustenta. A análise dos fatos vivenciados pelos docentes e as evidências que os professores da universidade forneceram permitem-nos afirmarmos que, a princípio, o professor supervisor sustenta a formação inicial do bolsista e é um dos pilares do tripé que movimenta e faz funcionar o programa de formação PIBID: o professor da escola, o professor da universidade e o bolsista ID. Zanon e Schnetzler (2001) chama essa interação de triádica.

Segue outra nuvem de palavras que contribuiu para nossa análise:

Figura 13: Nuvem de palavra gerada com o texto das UA das respostas à pergunta: “Se houver, quais são as contribuições para o professor supervisor com as atividades do PIBID?” ,realizada para os professores coordenadores de área do PIBID.

Fonte: Do autor. Nuvem produzida a partir do site http://www.wordle.net/

Na nuvem da Figura 13, destacaram-se as palavras: universidade, atualização, formação, conteúdo e problematizar, ilustradas nas seguintes UA:

Algum foco diferenciado em conceitos químicos que às vezes a escola está patinando em visões antiquada e de repente um pouco de atualização científica abre a mente. Às vezes o professor estava com dúvida de conceito ou tava inseguro para aplicar uma estratégia diferenciada. Com o projeto isso acaba sendo viabilizado. a gente tem no meu caso estrutura do laboratório que pode servir para preparação de alguma coisa que pode servir para sala de aula ( C.A 1 Quadro 11, Apêndice C)

a bolsa tem um papel importante ou seja você valoriza a questão da formação de professores como algo que tem premio pecuniário ou seja que você recebe por isso ( C.A 3 Quadro 11 Apêndice C)

eles incorporam um elemento a mais em sua pratica profissional participar no processo de formação dos novos professores.isso repercute na forma como eles refletem sobre sua própria pratica. eu sinto que se sentem mais motivados por participar do projeto. ( C.A 4 Quadro 11 Apêndice C)

nossos alunos eles são bem próximos ate na relação pessoal com os supervisores isso ajuda muito enriquece quando a escola está muito distante do acadêmico essa problematização em torno do saber escolar pode então ficar um pouco difusa e aí a presença dos nossos alunos enriquece porque ele problematiza ele leva as questões pra escola vai tensionar a escola. o professor ele se vê tencionado pela universidade na figura dos alunos e ao ser tencionado você potencializa possibilidades múltiplas e alguns casos muitos professores supervisores acabam voltando pra universidade pra fazer pos graduação um dos nossos professores supervisores já é doutor formado pela UNICAMP e o outro esta ingressando agora eles tem uma relação próxima com a universidade (C.A 5 Quadro 11 Apêndice C)

repensar seu próprio currículo.ele também tem a possibilidade de se desenvolver profissionalmente sobre a reflexão sobre a própria prática por

meio de atualização do conteúdo tanto pelo conteúdo específico como dos conteúdos pedagógicos ( C.A 7 Quadro 11 Apêndice C)

Ao indagarmos os professores da universidade sobre as contribuições do PIBID para o professor supervisor, apareceram evidências que já foram destacadas, mas que serviram para enriquecer nossa discussão, além de outras novas. Prezamos as impressões dos supervisores, nossas impressões como autores da pesquisa e também as impressões dos pesquisadores da universidade que acompanham e também orientam o trabalho dos supervisores.

CA3 apontou a bolsa como fator motivador para os professores, o que não é novidade já que Sup4 e Sup6 citaram-na como elemento importante. As manifestações de CA1, CA5 e CA7 trouxeram também a atualização de conhecimentos específicos e sua problematização que ocorre a partir da interação bolsista ID com o supervisor. CA1 e CA7 ainda comentaram sobre as estratégias de ensino discutidas nesse diálogo. Nesse processo, retomamos os saberes específicos de formação e os saberes pedagógicos que os professores aprofundam a partir do contato com os saberes de formação profissional. Estes saberes, já tratados em categorias anteriores, são representados pelas figuras do bolsista e do professor da universidade. Vale ressaltar que ao se aproximar do seu centro de formação inicial, a universidade. CA5 constatou que dois de seus supervisores voltaram à instituição para aprofundar seus conhecimentos.

As manifestações de CA4 e CA7 destacam um saber experiencial importante resultante da atuação no PIBID: o da reflexão sobre a prática, que favorece a autonomia dos docentes, que já tratamos em categorias anteriores e que para esses coordenadores contribuiu para sua formação e serviu como elemento de motivação. CA4 ainda apontou que ser formador neste programa motiva o professor. Podemos assumir que a partir do maior comprometimento com as tarefas que lhes cabem, sendo a principal ser formador de um futuro professor, os professores supervisores são mobilizados e motivados para continuar na carreira e no programa.

A nuvem da Figura 14 remete aos problemas e desafios apontados pelos coordenadores de área:

Figura 14: Nuvem de palavra gerada com o texto das UA das respostas à pergunta: “Se houver, quais são os problemas/dificuldades/desafios para o professor supervisor advindos das atividades do PIBID?”, realizada para o professor coordenador de área do PIBID.

Fonte: Do autor. Nuvem produzida a partir do site:http://www.wordle.net/

Nessa nuvem, destacaram-se palavras como escola, trabalho, problema, sobrecarga e autonomia, que podem ser esclarecidas a partir das próximas UA:

a falta de autonomia o peso acaba sendo mais intenso e vai demandar mais trabalho.( C.A 1 Quadro 12 Apêndice C)

Um fator que era limitante era a sobrecarga de trabalho (C.A 4 Quadro 12 Apêndice C)

existe uma dinâmica de trabalho na escola sobre a qual não temos controle então você tem que trabalhar com essa imprevisibilidade (C.A 4 Quadro 12 Apêndice C)

supervisor do PIBID precisaria compreender com mais profundidade a função que ele ta desempenhando o fato de que a escola se tornou um espaço de formação que que isso representa pra escola e pra ele? (C.A 7 Quadro 12 Apêndice C)

a infraestrutura da escola tivemos troca de diretora nesse processo essa diretora nova criou um ambiente na escola que era menos acessível. (C.A 8 Quadro 12 Apêndice C)

o grande problema resida nessa tentativa salvacionista dos alunos pidianos em resolver o problema da escola e se isso ocorrer imagina o professor já tem todo os seus problemas todas as suas dificuldades ainda ter que lidar com isso (CA 5, Quadro 12, Apêndice C).

Estas manifestações têm semelhanças com o que foi trazido pelos professores supervisores como desafios para o trabalho docente: sobrecarga de trabalho, infraestrutura inadequada, alta rotatividade de professores e diretores. Chamou-nos a atenção a falta de autonomia percebida por CA1, mas que foi sendo revertida à medida que as ações no PIBID foram sendo desenvolvidas.

A manifestação de CA7 trouxe uma reflexão importante: se o professor compreende o espaço formativo gerado na escola pelo PIBID. As falas de Sup11 em categorias anteriores mostraram sua preocupação com a formação do futuro docente. Neste contexto, o espaço formativo propiciado pela interação do coordenador e do bolsista com o supervisor, no contexto do PIBID pode ser fortalecido buscando consolidar a escola como lócus de formação. Nesse sentido, a autorreflexão do professor sobre seu processo formativo é crucial para que compreenda quais aspectos de seu desenvolvimento profissional podem ser aprimorados.

Além da declaração do CA7 levar à reflexão de que a escola precisa ser consolidada como lócus de formação, também podemos discutir a necessidade do espaço ATPC na escola começar a se estabelecer como espaço formativo. Muitas vezes não o é conforme relatamos na Categoria B (MARIANO, 2014) o que pode contribuir para a diminuição do processo de autorreflexão do professor sobre seu desenvolvimento profissional. Incluímos aqui a ideia de que este espaço na escola possa vir a ser um lócus potencial para atender necessidades psicológicas, de construir saberes e identidade, e motivando, caso o processo de formação seja estabelecido realmente.

A fala de CA5 sobre a tentativa salvacionista de alguns bolsistas ID ao chegar à escola remeteu ao que discutimos na categoria H acerca da distância universidade-escola. Este professor da universidade também visualiza isso e foi percebido na entrevista que seu grupo tenta mediar a resistência da escola à universidade bem como o rompimento da ideia de que a universidade ensina a escola.

Encerramos a categoria J, apresentando a nuvem da Figura 15, que representa as contribuições e desafios citados pelos CI no contexto do PIBID.

Figura 15: Nuvem de palavra gerada com o texto das UA das respostas à pergunta: Quais são as contribuições e dificuldades para o professor advindas das atividades do pibid? realizada para o professor coordenador institucional de área do PIBID.

Fonte: Do autor. Nuvem produzida a partir do site: http://www.wordle.net/

Na Figura 15, as palavras em destaque foram: escola, relacionamento, planejamento e sobrecarga, que apareceram em UA como algumas a seguir:

Um professor com uma jornada de mais de 40 horas teria muita dificuldade participar do programa porque é interessante que ele esteja na escola para discutir algum planejamento e conversar sobre o planejamento (C. I 1 Quadro 14 Apêndice C)

eu vejo que o supervisor do PIBID tem a sobrecarga de trabalho (C.I 2, Quadro 14, Apêndice C)

Muitas vezes, a gente vê esse profissional totalmente afinado com os bolsistas, com o professor da universidade, para poder pensar juntos as ações (C.I 2 Quadro 14 Apêndice C)

Ele já traz um desejo de transformação, então ele encontra um grupo de alunos com gás, com ânimo para auxiliar nesse processo, então vejo que tem muita motivação nesse encontro de mundos diferentes. (C.I 2 Quadro 14 Apêndice C)

muitos supervisores trabalham não só naquela escola em outras escolas muitos supervisores não tem um bom relacionamento com seus colegas na escola...(C I 3 Quadro 14 Apêndice C)

Assim, como os CA comentaram sobre a sobrecarga de trabalho que pode atrapalhar os professores em sua participação no programa; CI1, CI2 e CI3 também fizeram comentários análogos, tendo acrescentado que isso pode afetar o relacionamento e o planejamento do professor. No entanto, conforme destacamos em categorias anteriores, o pertencimento que foi sendo construído ao longo da supervisão dos professores no PIBID e o próprio auxílio no planejamento, citado por

alguns professores, sugerem que apesar de todos os desafios citados pelos entrevistados na pesquisa, o PIBID pode ter sido uma forma para superá-los.

Para finalizar esta categoria, destacamos que, de modo geral, as falas dos coordenadores de área e institucional indicaram que eles e grande parte dos bolsistas ID não consideram que a universidade vai à escola para ensinar. Apesar disso, CA 5 considera que a ideia ainda existe e seu rompimento ainda é um desafio, inclusive para o PIBID.