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Causas da Violência Conjugal 14 O que acha que pode levar alguns homens a serem violentos para com as suas mulheres?

CAPÍTULO III: ESTUDO EMPÍRICO

PROFISSÃO ADULTOS IDOSOS TOTAL

VI- Causas da Violência Conjugal 14 O que acha que pode levar alguns homens a serem violentos para com as suas mulheres?

VII– Retrospectiva da Conjugalidade 15. Aquilo que achava que devia ser aceite/desculpado num casamento quando tinha 30/35 anos, mudou ou não? Agora pensa a mesma coisa ou não? 16. No seu tempo, quando havia violência entre um casal, o que é que as pessoas pensavam disso? O que se achava desse/a homem/mulher? 16.1. O que se achava que o/a homem/mulher devia fazer?

17. Actualmente tem-se conhecimento que algumas mulheres agridem os homens no casamento. No seu tempo, ouvia-se falar de violência que as mulheres exerciam contra os homens?

Quadro 5

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2. 3. Instrumentos e Procedimentos de Análise dos dados

A recolha dos dados foi feita através da realização de entrevistas semi- estruturadas aos participantes constituintes da amostra, as quais foram gravadas e transcritas na íntegra. Para Haguette (1997, cit. Boni & Quaresma, 2005), a entrevista trata de uma interacção entre entrevistado e entrevistador cujo objectivo é a recolha de informação. A entrevista permite recolher dados mais subjectivos (valores, atitudes, opiniões), sendo a sua preparação uma das fases mais relevantes da investigação. As questões associadas à entrevista devem também ser formuladas cuidadosamente nunca perdendo de vista o(s) objectivo(s) central(ais). As mesmas não devem ser perguntas arbitrárias, ambíguas ou tendenciosas, devem por sua vez respeitar a sequência do pensamento, permitir a continuidade da conversação, conduzir a entrevista num sentido lógico (Bourdieu, 1999).

As entrevistas foram sempre realizadas em local escolhido pelo participante de modo a preservar um lugar onde o mesmo se sentisse confortável. Na maioria das vezes o local escolhido foi a própria casa do participante, havendo dois casos em que a Associação Cultural e Recreativa cedeu espaço particular. Logo de início foi dado aos participantes que aceitaram colaborar, a possibilidade de escolher o dia, o local e a hora da entrevista. Foram também informados da finalidade da entrevista, de que a mesma iria ser gravada e que seria sempre mantido o anonimato.

Em média as entrevistas tiveram uma duração de 30 minutos. As entrevistas realizadas aos idosos, regra geral demoraram mais tempo, pelo facto de terem questões relativas a uma retrospectiva sobre a violência conjugal quando os participantes agora idosos eram novos. Geralmente os sujeitos adultos divagavam menos nas respostas dadas, eram mais concretos e concisos, não alargando muito o diálogo. Houve então algumas diferenças resultantes das características associadas a cada faixa etária que interferiram no tempo de duração das mesmas.

Tendo em consideração as perguntas de partida e o tipo de estudo que se pretendeu desenvolver, com vista a atingir os objectivos propostos, os dados obtidos foram tratados através de metodologias de análise qualitativa e quantitativa.

Relativamente ao tipo de metodologia utilizada, foram tratados os dados em primeiro lugar sob o ponto de vista qualitativo e posteriormente recorreu-se a uma análise de cariz quantitativo. Esta ordem de utilização dos métodos de análise dos dados prende-se com o facto de que, para efectuar a análise quantitativa dos dados, os mesmos já deverão estar estruturados. Tal estruturação foi possível através da

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análise qualitativa (análise de conteúdo), que possibilitou categorizar as respostas dos participantes.

Na abordagem qualitativa importa acima de tudo compreender mais profundamente determinados problemas, investigar o que se encontra por trás de certos comportamentos, atitudes e convicções (Fernandes, 1991, cit. Vala, 2003). Não existe também, de um modo geral, neste tipo de análise uma grande preocupação com a dimensão da amostra nem com a generalização dos resultados. Pelo contrário, a análise quantitativa permite, por sua vez, generalizar os resultados obtidos. Este tipo de análise foi colocado em prática nesta investigação, do seguinte modo: por forma a conseguir-se quantificar o número de vezes que uma determinada categoria ou subcategoria era verbalizada, foram contadas o número de vezes que as mesmas eram referidas pelos sujeitos. É de referir contudo que, quando o sujeito verbalizava numa mesma questão a mesma ideia várias vezes, apenas se considerava uma verbalização. Foi também examinado o discurso integral dos participantes no âmbito de cada questão, motivo pelo qual determinadas categorias podem sugerir alguma repetição ao nível da análise de diferentes questões. Nesta investigação foram usados complementarmente os métodos qualitativo e quantitativa, sendo que os mesmos se podem combinar de diversos modos.

Visto que a recolha dos dados foi feita através da realização de entrevistas estas foram transcritas na íntegra e, os dados foram tratados através de análise de conteúdo. Esta técnica de investigação é actualmente uma das mais usadas na investigação empírica no âmbito das ciências sociais e humanas (Vala, 2003). Em termos de características gerais, opera no sentido de desconstruir e reconstruir de novo o discurso que nos foi relatado, resultando de um processo de atribuição de significados, permitindo a descrição objectiva, sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto da comunicação (Berelson, 1952, cit. Vala, 2003), bem como fazer inferências válidas e replicáveis, dos dados do contexto (Krippendorf, 1980, cit. Vala, 2003). Segundo Bardin (1977, p. 9, cit. Rodrigues, 2005), trata-se de uma ―tarefa paciente de desocultação‖ do que o relato que escutamos encerra em si, dos significados e atribuições que, de um outro modo, seria difícil de aceder. Esta técnica de investigação tem então por objectivo, segundo Vala (2003), realizar inferências, baseadas numa lógica explicitada, acerca de mensagens cujas características foram inventariadas e sistematizadas.

A análise de conteúdo surge como técnica de análise de dados no final do século XX, tendo-se assistido nos últimos anos a um desenvolvimento da mesma. A

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análise de conteúdo procura descrever e interpretar o conteúdo da informação, é feita uma análise sistemática, qualitativa e/ou quantitativa, que auxilia na reinterpretação das mensagens e a chegar a uma compreensão dos seus ―verdadeiros‖ significados, aqueles que ultrapassam o campo da leitura comum. Cada vez mais a análise de conteúdo é valorizada pela abordagem qualitativa, através do uso da inferência como forma de alcançar níveis de compreensão mais aprofundados de determinado fenómeno (Moraes, 1999).

A análise de conteúdo requer a definição de categorias, essa análise categorial refere-se ao desmembramento do discurso em categorias (Bardin, 1977). No nosso quotidiano, classificamos, categorizamos a informação que recebemos de modo a simplificá-la, a troná-la menos complexa, para tornar mais clara e identificável a realidade que se nos apresenta (Vala, 2003). Por trás daquilo que é expresso verbalmente existe uma componente simbólica e aspectos inconscientes e/ou irracionais. As categorias são pois a forma que permite aceder a tais aspectos. De acordo com Olabuenaga e Ispizúa (1989), a análise de conteúdo trata-se de uma técnica que permite ler e interpretar o conteúdo de vários tipos de informação, possibilitando o conhecimento de aspectos associados a determinados fenómenos da vida social, aspectos esses, de outro modo inacessíveis. O material da análise de conteúdo diz respeito a qualquer tipo de comunicação (verbal e não-verbal), chegando tal material ao investigador em bruto, havendo posteriormente a necessidade de processamento desses dados para que seja possível a compreensão, inferência e interpretação desses mesmos dados. Efectivamente, a análise de conteúdo diz respeito a uma interpretação do investigador relativamente à forma como percepciona os dados recolhidos.

Relativamente ao processo de categorização, Olabuenaga e Ispizúa (1989), referem que o mesmo se trata essencialmente de um processo de redução dos dados. As categorias resultam então da tentativa de sintetizar aquilo que foi dito e onde os aspectos mais importantes permanecem. É feito um processo de classificação dos elementos constituintes da mensagem de acordo com determinados critérios. Esta categorização vai permitir analisar a informação de um modo mais fácil e preciso. No entanto, para que essa leitura possa ser feita correctamente é imprescindível que o significado da informação, após a categorização permaneça.

A definição das categorias deve obedecer a um conjunto importante de critérios, as mesmas devem ser válidas, exaustivas, homogéneas e consistentes. Referir também que, regra geral, quanto mais subdivididos estiverem os dados,

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quantas mais categorias, maior a precisão da classificação, apesar de, um número demasiado grande de categorias poderá ser nocivo para a compreensão das mesmas. Na investigação em causa, após a transcrição das entrevistas foram criadas as diversas categorias e subcategorias, deste modo foi possível aceder aos significados intrínsecos a cada entrevista. A fidelidade dos dados foi procurada através da análise das categorias e seus critérios por dois codificadores (Vala, 2003). A grelha de análise teórica e categorial é apresentada no anexo número 1. Após a análise qualitativa das entrevistas é necessário recorrer a uma análise mais quantitativa. Assim sendo, foram contabilizadas as verbalizações que surgiram para determinada questão e respectivas categorias. Dentro de algumas categorias e cada vez que tal era pertinente, foram criadas subcategorias, em termos qualitativos e quantitativos o processo de análise e tratamentos dos dados seguiu os mesmos contornos.

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