6. VALIDAÇÃO DO MODELO PROPOSTO 130
6.1 CENÁRIOS DE SIMULAÇÃO 130
6.1.2 Cenário de referência do modelo proposto 132
O “cenário de referência” do modelo proposto considera as variáveis conforme Quadro 8.
Quadro 8: Variáveis que integram o modelo base no cenário de referência
VARIÁVEL SIMULAÇÃO
Calendário promoção Não Calendário racionamento Não Demanda ações Não Estoque mínimo Não
Lead Time Constante
Percentual volume promoção 0% Percentual racionamento 0%
Fonte: Elaboração própria
A demanda no elo mais a jusante não sofre influência de ações de Marketing. Os fornecedores não apresentam “calendário promoção” e nem “calendário racionamento” ao longo dos períodos. O lead time é admitido constante. Na composição do pedido de compra, a quantidade definida não conta com estoque mínimo. Os elos da cadeia de suprimentos não
avaliam o nível de seu estoque, no sentido de propor incrementos às quantidades solicitadas pelo canal a jusante, quando verificado excesso no estoque, e nem avaliam se os saldos de fornecimento são elevados, de maneira a aumentar a quantidade solicitada ao elo a montante. Os saldos de fornecimento são levantados e considerados na cálculo do pedido de compra. A Tabela 12 demonstra os resultados obtidos. A simulação considerou o produto enquadrado na classe A, cujos valores máximo e mínimo do estoque foram descritos na Tabela 3. Cada canal de distribuição do elo mais a jusante (lojas) responde com uma variabilidade média da demanda de 1,36. Para a demanda acumulada, o EC presente nas lojas é de 1,75. O centro de distribuição (CD) apresenta uma variabilidade de 1,55, enquanto os fornecedores de primeira e de segunda camadas (FORN 1 e FORN 2) 3,30 e 2,18, respectivamente. A cadeia de suprimentos acumula uma amplificação de 19,26, atestando uma redução de 19%, quando comparada à situação em que os saldos de fornecimento não foram considerados (Tabela 11).
Tabela 12: EC – Cenário de referência (Item Classe A)
ELOS DEMANDA DSVP MED Cin Cout EC
Loja 1 DDoutin 149,69 134,82 226,46 185,07 0,60 -‐ 0,81 -‐ 1,36 Loja 2 Din 103,39 189,38 0,55 -‐ 1,38 Dout 119,43 158,87 -‐ 0,75 Loja 3 Din 58,96 97,23 0,61 -‐ Dout 64,25 78,70 -‐ 0,82 1,35 Lojas DDoutin 173,38 250,63 513,08 422,64 0,34 -‐ 0,59 -‐ 1,75 CD Din 2298,49 1493,95 1,54 -‐ Dout 1035,54 439,37 -‐ 2,36 1,53 FORN 1 DDoutin 29031,53 6970,87 14657,43 1067,54 1,98 -‐ 6,53 -‐ 3,30 FORN 2 Din 43336,10 18932,59 2,29 Dout 12695,26 2545,86 -‐ 4,99 2,18 ECTOTAL 19,26
Fonte: Elaboração própria
Os resultados obtidos atestam que o resgate dos saldos de fornecimento, no momento da definição do pedido de compra, repercute com a mitigação do EC, confirmando a Hipótese Dinâmica 1 (HD 1).
Ao longo do tempo, os saldos de fornecimento tendem a promover um retorno de produtos na cadeia de suprimentos, já que se o elo a jusante não os consideram, poderá ser surpreendido com o recebimento de uma quantidade superior a que foi solicitada,
ocasionando uma devolução de produtos. Nesse direcionamento, Chatfield e Pritchard (2013) demonstraram que o fluxo reverso de materiais impacta no EC, o que pôde ser verificado na simulação executada.
Dando continuidade à análise acerca da variabilidade da demanda, ainda diante do “cenário de referência”, foi avaliada a influência dos canais de distribuição no EC. Assim, considerando os dados apresentados no Quadro 8, foi retirada a demanda proveniente da loja 2. Os resultados alcançados são exibidos na Tabela 13.
Tabela 13: EC – Cenário de referência (2 canais de distribuição)
ELOS SIMULAÇÃO
(CENÁRIO REFERÊNCIA)
SIMULAÇÃO (2 CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO)
DIFERENÇA Loja 1 1,36 1,36 -‐ Loja 2 1,38 0 -‐ Loja 3 1,35 1,35 -‐ Lojas 1,75 1,52 -‐13,1% CD 1,55 1,64 5,8% FORN 1 3,30 3,28 -‐0,06% FORN 2 2,18 2,10 -‐3,67% ECTOTAL 19,26 17,17 -‐10,85%
Fonte: Elaboração própria
Confrontando os valores obtidos nas simulações, verifica-se que a presença de dois canais de distribuição implica em uma redução de 13,1% no EC do elo mais a jusante, considerando a demanda acumulada. Na cadeia de suprimentos tem-se um decréscimo de 10,85% na variabilidade da demanda.
Logo, os resultados da simulação viabilizam a comprovação da Hipótese Dinâmica 2 (HD 2), ou seja, a existência de mais canais de distribuição repercute em maiores níveis de estoque, promovendo uma elevação do EC.
A presença de mais canais de distribuição implica em aumento da demanda, pois como cada canal realiza seu planejamento de reabastecimento, o lote total de compra tende a atingir maiores quantidades, acarretando na amplificação da demanda, conforme evidencia a literatura (LEE; PADMANABHAN; WHANG, 1997b; CACHON, 1999; KELLE; MILNE, 1999; RIDALLS; BENNETT, 2001; POTTER; DISNEY, 2006; TANWEER et al., 2014). Realizando nova simulação, mantendo as variáveis conforme Quadro 8, porém reduzindo o lead time praticado pelo fornecedor para 7 dias e contando novamente com os
três canais de distribuição, o EC da cadeia de suprimentos foi de 9,21 (Tabela 14), evidenciando uma redução de 52,18% na variabilidade da demanda.
Tabela 14: EC – Cenário de referência (redução do lead time)
ELOS DEMANDA DSVP MED Cin Cout EC
Loja 1 DDoutin 143,84 134,82 226,46 203,35 0,60 -‐ 0,71 -‐ 1,19 Loja 2 Din 103,39 189,38 0,55 -‐ 1,18 Dout 112,06 174,45 -‐ 0,64 Loja 3 Din 58,96 97,23 0,61 -‐ Dout 62,72 87,72 -‐ 0,72 1,18 Lojas DDoutin 173,38 218,96 513,08 465,52 0,34 -‐ 0,47 -‐ 1,39 CD DDoutin 1951,37 995,50 1089,79 482,25 1,79 -‐ 2,06 -‐ 1,15 FORN 1 DDoutin 21919,10 7573,43 7801,64 937,23 2,81 -‐ 8,08 -‐ 2,88 FORN 2 Din 35203,20 11354,32 3,10 Dout 14045,87 2268,45 -‐ 6,19 2,00 ECTOTAL 9,21
Fonte: Elaboração própria
Uma redução no lead time de ressuprimento contribui para mitigar o EC (LEE; PADMANABHAN; WHANG, 1997b; CACHON, 1999; CHOPRA; MEINDL, 2003; ZHANG, 2004). Os resultados alcançados na simulação do modelo proposto permitiram atestar essa ocorrência.
É oportuno destacar que reduzindo o lead time no fornecimento dos produtos, os canais de distribuição apresentaram um EC médio de 1,18, implicando em uma diminuição de 13,23%, quando efetuada uma comparação com o “cenário de referência” (Tabela 12). Para as lojas, dada a demanda acumulada, o centro de distribuição (CD) e os fornecedores de primeira e segunda camadas (FORN 1 e FORN 2), a redução foi de 20,57%, 24,83%, 12,72% e 8,25%, respectivamente.
Ainda considerado as variáveis conforme Quadro 8, porém admitindo que os produtos integram as classes B e C, foram realizadas novas simulações. O EC da cadeia de suprimentos foi de 28,74 e 35,02, nesta ordem. Logo, verifica-se um incremento de 49,2% e 81,8%, quando comparado com a variabilidade da demanda do produto classe A.
A Tabela 15 exibe o detalhamento dos resultados obtidos. É oportuno destacar que, como o EC é a relação entre a demanda de saída e a demanda de entrada, a alteração da variabilidade da demanda repercutirá no elo responsável por prover o abastecimento do elo
que sofreu a alteração da demanda, ou seja, o centro de distribuição (CD), em decorrência dos valores diferenciados para cada classe do produto. Para os demais elos da cadeia de suprimentos, a saída e a entrada aumentarão proporcionalmente, levando o seu quociente para um mesmo valor.
Tabela 15: EC – Cenário de referência (Comparativo classes)
Fonte: Elaboração própria
As simulações realizadas sugerem que o estabelecimento de pontos mínimos e máximos diferenciados para os produtos, segundo a sua classificação ABC e relacionados ao
lead time e a cobertura do estoque, repercutem em menor variabilidade da demanda para a
classe A, levando à otimização dos resultados organizacionais, já que é nesta classe que se tem a maior representatividade do capital investido em estoque. Isso comprova a Hipotése Dinâmica 3 (HD 3).
O giro de estoque evidencia a renovação do estoque, por unidade do tempo, face ao investimento realizado, implicando em ganhos financeiros (BERTAGLIA, 2003; BALLOU, 2006; BOWERSOX; CLOSS; COOPER, 2006; CORREA, 2010). O EC, por sua vez, compromete esse indicador, já que o nível do estoque atinge patamar mais elevado (LEE; BILLINGTON, 1992; POTTER; DISNEY, 2006). Como é complexo desenvolver um controle mais preciso abrangendo todos os itens, o fato de priorizar a gestão dos produtos que compõe a curva A, reduzindo sua amplificação da demanda, implica em gerenciar mais oportunamente cerca de 80% do capital investido.
ELOS CLASSE A CLASSE B CLASSE C CLASSE A-‐B CLASSE B-‐C CLASSE A-‐C
Loja 1 1,36 1,36 1,36 -‐ -‐ -‐ Loja 2 1,38 1,38 1,38 -‐ -‐ -‐ Loja 3 1,35 1,35 1,35 -‐ -‐ -‐ Lojas 1,75 1,75 1,75 -‐ -‐ -‐ CD 1,53 2,33 2,84 52,3% 21,9% 85,6% FORN 1 3,30 3,34 3,34 -‐ -‐ -‐ FORN 2 2,18 2,11 2,11 -‐ -‐ -‐ ECTOTAL 19,26 28,74 35,02 49,2% 21,9% 81,8%