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E. EVENTOS COMPETITIVOS

4. CERIMÔNIAS OFICIAIS DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF

A UFF foi criada na década de 1960, na cidade de Niterói, a partir da junção de algumas faculdades isoladas. Desde a sua fundação adotou-se uma política de interiorização, que só se intensificou a partir da década de 1990.

Nos primeiros anos da universidade, a UFF adotava uma política centralizadora, e a manteve durante toda a ditadura militar. Por conta desse fator e de decisões políticas, a estrutura administrativa das unidades de ensino da UFF reforçavam a política de centralização.

Com o fim da ditadura militar, o UFF passou a adotar uma política mais descentralizada, incentivando a interiorização da universidade, criando diversos cursos e campi em cidades do interior do estado do Rio de Janeiro. Na década passada, a UFF reafirma sua política descentralizadora com a extinção dos centros universitários, órgãos que coordenavam as áreas de ensino, um nível hierárquico que intermediava a relação das unidades com a reitoria.

Atualmente, a UFF conta com uma estrutura administrativa descentralizada, com maior flexibilidade. Assim ocorre, também, com as cerimônias oficiais da UFF. Apesar de existir um documento que regulamenta o cerimonial da UFF e determina que a organização das cerimônias da universidade é uma competência do Setor de Relações Públicas e Cerimonial, atual Divisão de Relações Públicas, muitas cerimônias são planejadas e realizadas sem o aval desse setor.

A UFF, apesar de ter elaborado um documento legal que normatizava a realização das cerimônias e esse documento ter sido divulgado na Sala dos Conselhos, para acesso a todos, sua difusão não atingiu toda a universidade, gerando distorções e falta de cumprimento das normas federais.

Embora seja competência do Setor de Relações Públicas e Cerimonial, atual Divisão de Relações Públicas, estabelecer as normas e exercer uma supervisão sobre a organização das cerimônias, o fato é que as unidades e setores administrativos realizam-nas de forma independente.

Levando em consideração o exposto, neste capítulo serão analisadas três cerimônias oficiais da UFF realizadas por uma empresa contratada e pela Divisão de Relações Públicas.

A metodologia de análise das cerimônias foi, em alguns casos, a observação sistemática, em outros, a observação participativa ou ambas. A análise das referidas cerimônias teve como base os documentos federais que regulamentam o cerimonial público e os símbolos nacionais, as normas do setor responsável pelo cerimonial da UFF e as regras protocolares de cada ocasião.

Como a UFF não possui um manual para as suas Cerimônias Acadêmicas, apenas um documento da Superintendência de Comunicação Social que regulamenta o cerimonial, mas não contém as regras protocolares para cada ocasião, por isso foram estudados vários manuais de cerimonial e de eventos de instituições de ensino superior com a finalidade de elaborar um roteiro de acordo com o protocolo de cada ocasião. Também levou-se em consideração a legislação vigente e não se esquecendo de que a UFF é uma instituição pública federal que deve seguir os preceitos instituídos pelo poder público e sua hierarquia.

Para analisar as regras protocolares foram selecionados roteiros de manuais referentes a cada cerimônia analisada em um quadro e a partir desse quadro foram criadas categorias com a finalidade de elaborar um mecanismo metodológico de análise das cerimônias acadêmicas da UFF.

4.1 UNIVERSIDADEFEDERALFLUMINENSE: UMPOUCODEHISTÓRIA

Em meados dos anos 1950, o Brasil se encontrava em um momento de desenvolvimento iniciado com a eleição de Juscelino Kubitschek, em 1956, quando foi instaurado o plano de metas. Esse plano tinha como lema “cinquenta anos em cinco”, e pretendia desenvolver o país economicamente cinquenta anos em apenas um mandado que na época era de cinco anos.

De acordo com Corte e Martins (2010, p.9):

A fundação da UFF obedece, portanto, no plano nacional, a um projeto desenvolvimentista que contém uma forte vocação tecnológica, ao priorizar a formação de cientistas para dar continuidade à extraordinária transformação vivida pelo país aquela conjuntura.

A Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UFERJ, que posteriormente veio a se chamar Universidade Federal Fluminense – UFF, tem sua data de fundação oficial em 18 de dezembro de 1960, a partir da reunião da

Faculdade de Farmácia e Odontologia, Faculdade Fluminense de Medicina, Faculdade de Direito Teixeira de Freitas, Escola Fluminense de Medicina Veterinária, Escola Fluminense de Enfermagem, Escola Fluminense de Serviço Social e Escola Fluminense de Engenharia.

A UFERJ nasceu da mobilização da sociedade fluminense, em especial, por meio do movimento estudantil, que foi decisivo para que a UFERJ fosse fundada. A União Fluminense de Estudantes (UFE), com o apoio dos deputados federais do Rio de Janeiro e dos governadores do Estado do Rio de Janeiro, da década de 1950, lutaram juntos para criar uma universidade federal na cidade de Niterói, na época, capital do estado do Rio de Janeiro.

Em 22 de dezembro de 1960 foi sancionada a lei n º 3.848, pelo Presidente da República Juscelino Kubitscheck, criando a UFERJ (que congregava as faculdades existentes na cidade de Niterói).

Em 1961, dia 11 de abril a UFERJ foi instalada e no dia 26 do mesmo mês a universidade tinha sua primeira posse de reitor, o professor Durval de Almeida Batista Pereira, diretor da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras.

A UFERJ passou então a se chamar Universidade Federal Fluminense – UFF em novembro de 1965 e a mudança de nome ocorreu por conta da conjuntura política da época, em um período de intervenção federal na universidade.

A universidade passou por um longo período conturbado durante a ditadura militar, quando ela tentava se estruturar. Por conta desse objetivo, na década de 1970, a UFF adotou uma política de centralização do poder, como relata Corte e Martins (2010, p.49).

Outra característica do período seria a crescente centralização do poder. Nova reforma da estrutura administrativa da universidade, além de ampliar a máquina burocrática, aumentaria o número de órgãos de assessoramento e assistência ao reitor, que passaria a contar com Assessoria Jurídica, Assessoria de Segurança e Informações, Coordenação Superior de Atividades de Extensão, e Coordenação Superior de Atividades de Pesquisa e Pós-Graduação.

A UFF desde seus primeiros anos, ainda como UFERJ, já adotava uma política de interiorização, levando cursos de ensino superior para o interior do Estado do Rio de Janeiro.

Apesar de no início dos anos 1960 a universidade já criar cursos em Campos dos Goytacazes e Volta Redonda, só a partir dos anos 1990 que o programa de interiorização da UFF se expandiu.

Como já citado, a partir dos anos 1990 a UFF teve uma expansão considerável, contando atualmente com três campi no município de Niterói, algumas unidades isoladas na mesma cidade, e diversas unidades no interior do estado. As de maior expressão são os polos universitários de Rio das Ostras, Nova Friburgo, Volta Redonda e Campos dos Goytacazes.

A partir de 2007, quando foi aprovado pelo Conselho Universitário, a UFF vem recebendo verbas do Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais - REUNI, do Governo Federal. Essa verba foi imprescindível para a expansão da Universidade em Niterói e no interior do estado.

Nos primeiros anos da UFF, a política adotada era a de centralização do poder. Porém, atualmente a universidade está voltada para a descentralização, dando autonomia às unidades. Isso não significa que essas unidades não estão subordinadas a Reitoria.

A estrutura básica da Universidade Federal Fluminense, segundo seu estatuto publicado no Diário Oficial da União em 05/05/1983, é composta por:

Art.4º.- A estrutura básica da Universidade Federal Fluminense é constituída pelos Centros Universitários, Unidades Universitárias, Departamentos e Órgãos Suplementares, que apresentarão a flexibilidade às exigências do ensino, da pesquisa e da extensão.(UFF, [s.d]. p. 3)

Em 2008, houve uma mudança na estrutura básica da UFF e foram extintos os Centros Universitários. Segundo Corte e Martins10 (2010, p.52):

[...] a extinção dos Centros acadêmicos pela Resolução do Conselho Universitário nº 285/2008, de 26 de novembro de 2008, na gestão do reitor Roberto Salles (2006-2010), e com a criação de unidades gestoras, que os últimos resquícios da centralização administrativa, características do tempo da ditadura e que ainda impregnavam a organização interna da universidade, caíram.

10

As autoras utilizaram centro acadêmico como sinônimo de centro universitário, o que realmente consta no Estatuto da UFF.

O principal objetivo do fim dos Centros foi diminuir a burocracia que a universidade enfrentava e fazer com que todo processo da UFF fosse mais ágil pela extinção de um nível hierárquico.

Com a extinção dos Centros Universitários e o programa de interiorização da UFF, fica evidente e política de descentralização que a UFF adota atualmente. Isto também se reflete com relação aos eventos, mais especificamente nas cerimônias.