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4.2 A UFF E SEU CERIMONIAL

3. Saída dos Graduandos em (cortejo)

*Em vermelho quando houve divergência ou opções a mais nas fontes utilizadas. Figura 5: Roteiro para análise das Cerimônias Universitárias da UFF – Colação de Grau

Fonte: MEIRELES, 2011; Miranda, 2001, Unesp, 2008, Uerj, 2011, Unipampa,[s/d] , IFES,2010.

Roteiro da UFF para Cerimônias de Colação de Grau, de acordo com a PROGRAD:

 Composição da Mesa Diretora;

 Abertura da cerimônia;

 Entrada dos formandos;

 Hino Nacional;

 Culto Ecumênico (Opcional);

 Discurso do orador da turma;

 Juramento;

 Imposição do grau acadêmico;

 Discurso do Patrono (Optativo);

 Discurso do Paraninfo;

 Entrega simbólica dos diplomas e assinatura da Ata de presença pelos formandos;

 Homenagens;

 Considerações finais do REITOR ou seu representante legal;

 Encerramento da cerimônia;

O Roteiro da UFF faz algumas inversões de protocolo. Em algumas cerimônias, pode não ser evidente, porém no caso da Colação de Grau, qualquer inversão de etapas do protocolo, atrapalha o andamento da solenidade.

É importante evidenciar que as etapas que foram trocadas no roteiro da UFF, foram as de homenagens, discursos, Imposição do Grau e entrega dos diplomas. Apesar de estar no roteiro que a entrega é simbólica, a UFF sempre entrega os Diplomas oficiais.

Esse trabalho se preocupará com a aplicação modelo de roteiro de Cerimônia de Colação de Grau utilizado pela UFF na cerimônia analisada.

A solenidade de Colação de Grau assistida pelo autor foi a dos alunos do segundo semestre de 2012, do curso de Turismo, da Faculdade de Turismo e Hotelaria da Universidade Federal Fluminense.

Esta cerimônia foi realizada no dia 18 de julho de 2013 às 17h, em uma quinta-feira, no Salão Rubi do Tio Sam Esporte Clube Barreto, localizado na Rua Benjamin Constant, 562, Largo do Barradas, Niterói, Rio de Janeiro.

 Preparação do Espaço

Com relação à disposição do ambiente, a tribuna estava do lado direito da Mesa Diretora e as bandeiras estavam um pouco atrás, entre a tribuna e a mesa, ao lado do cadeiral, que se encontrava atrás da mesa.

Segundo o protocolo, as bandeiras devem estar localizadas do lado direito da Mesa Diretora, o que ocorreu, e/ou da tribuna, o que não ocorreu, porém elas não foram obstruídas, não comprometendo a solenidade.

Com relação à precedência das bandeiras, essas não estavam de acordo. A bandeira do Brasil estava no centro, como deveria. Todavia, a bandeira da UFF precedia à do estado do Rio de Janeiro, desrespeitando a ordem de precedência das bandeiras, uma vez que a UFF é uma instituição e, apesar de ser da esfera federal, não precede ao estado.

 Abertura Protocolar/Entrada do Cortejo

A Colação de Grau teve início às 18h, uma hora após o horário marcado, por meio do mestre de cerimônias que saudou a todos e deu início a solenidade. Essa cerimônia não contou com a presença de autoridades da UFF que não participaram da Mesa Diretora e com isso não existiu entrada do cortejo.

 Assentos

Após o início da solenidade, o Mestre de Cerimônias convidou os membros da Mesa Diretora, na seguinte precedência:

 Prof. Carlos Alberto Lidízia Soares, Chefe de Departamento de Turismo, representando o reitor Prof. Roberto de Souza Salles, e patrono da turma;

 Prof. Rodrigo Tadini, Coordenador do curso de Turismo da UFF;

 Prof. Erly Maria de Carvalho e Silva, professora Homenageada;

A composição da Mesa Diretora foi realizada de acordo com a ordem de precedência. Como a mesa foi composta por quatro autoridades, o representante do reitor sentou-se no centro à direita, e ao seu lado, também no centro, sentou-se a segunda maior autoridade, o coordenador do curso. À direita deles sentou-se o Paraninfo e à esquerda a professora homenageada.

De acordo com a norma de serviço da PROGRAD, a Mesa Diretora deve ser composta por: Reitor, Pró-Reitor de Graduação, Decano do Centro Universitário, Diretor da Escola, Paraninfo, Patrono e Presidente do conselho regional de profissionais, ou seus representantes.

Analisando a Norma de Serviço Nº 476/97 da UFF em seu Art.2, na ausência do Reitor, a solenidade será presidida pelo Diretor do Centro Universitário do respectivo curso. Caso este também esteja ausente, a precedência será a seguinte: Vice-Diretor do Centro Universitário, Diretor da Unidade, Coordenador de Curso.

De acordo com essa norma de serviço é o coordenador de curso que deveria representar o Reitor, porém é evidente que ela não está sendo respeitada.

Na referida cerimônia, o reitor estava ausente, contudo havia seu representante. O Pró-Reitor de Graduação também não estava presente, porém não mandou representante. A Faculdade de Turismo e Hotelaria é nova e por isso, no período em que se realizou a cerimônia a unidade ainda não tinha diretor. O Paraninfo e o Patrono estavam presentes à mesa e o presidente do conselho regional não compareceu e não se fez representar.

Após a composição da Mesa Diretora, o mestre de cerimônia anunciou a entrada dos formandos, que se sentaram no cadeiral, atrás da mesa.

Depois da Abertura da Cerimônia e durante os pronunciamentos, após os agradecimentos, a professora Isabella Chinelato Sacramento, membro da Mesa Diretora, que chegou atrasada, foi direcionada à mesa, pelo Mestre de Cerimônias. A professora sentou-se discretamente na extremidade da mesa como manda o protocolo.

 Abertura da Cerimônia

O professor Carlos Alberto Lidízia Soares, representante do reitor, abriu a cerimônia, como lhe é de direito. Em seguida, o Hino Nacional Brasileiro foi executado de acordo com o protocolo.

 Pronunciamentos

A cerimônia teve prosseguimento com o mestre de cerimônia convidando alguns alunos, sucessivamente, para fazer agradecimentos – a Deus, aos pais, aos ausentes e aos mestres.

Em seguida foram entregues placas as professoras homenageadas. Primeiramente à professora Isabella, que havia acabado de ser conduzida a mesa e, em seguida, à professora Erly.

Dando prosseguimento ao evento e às homenagens, foram entregues placas ao patrono, que em seguida discursou. Apesar de não ser muito comum nas colações de graus o patrono discursar, não há nenhuma regra que o impeça.

A homenagem ao paraninfo também foi realizada por meio de uma placa e em seguida, este proferiu seu discurso.

 Grau Acadêmico

Após todas as homenagens, o mestre de cerimônias convidou um aluno para proferir, da tribuna, o juramento, e todos os outros formandos repetiram conforme o protocolo da ocasião.

Em seguida, foi realizada a imposição de grau pelo representante do reitor a um dos formandos, que na sua frente representou os demais alunos.

De acordo com a PROGRAD, a imposição do grau deve ser realizada pelo Diretor do Centro Universitário, porém como esse cargo não existe mais no organograma na UFF, foi feita uma alteração de modo que o representante do Reitor teve essa incumbência. Na grande maioria das universidades essa imposição é realizada pelo Reitor ou representante como ocorreu nesta solenidade.

A cerimônia prosseguiu com a leitura nominal dos formandos e a entrega dos diplomas, o que está de acordo com o CFE nº 3.316/76, que diz: “primeiro colar grau, depois expedir o diploma”. Em seguida, a oradora assumiu a palavra e proferiu o discurso em nome da turma.

 Encerramento da Solenidade

O pronunciamento final foi realizado pelo representante do reitor, o Professor Carlos Alberto Lidízia Soares, que em seguida declarou a solenidade encerrada.

 Trajes

Apesar da norma de serviço da PROGRAD apenas recomendar a utilização de becas e não especificar os trajes adequados para cada membro que participa da solenidade – Reitor, Doutor, Professor, Formando – o protocolo da colação de grau determina a utilização de trajes13 adequados à formalidade desse tipo de solenidade.

Os formandos usam beca preta, com Jabeaux14, faixa na cintura, na cor correspondente à sua área do conhecimento e utilizam o chapéu acadêmico, também conhecido como barrete. Algumas universidades também consideram como capelo.

As vestes dos professores são compostas de beca preta, Jabeaux, torçal, borla pendente e o cinto na cor correspondente a sua área do conhecimento.

A cerimônia de Colação de Grau analisada apresentou alguns problemas com relação às vestes. Apesar de os formandos utilizarem vestes adequadas à ocasião, a cor da faixa utilizada não era correspondente à cor da área das ciências sociais aplicadas, no caso do Turismo.

A cor das áreas de conhecimento é determinada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPQ, e a cor das ciências sociais aplicadas é a vermelha, cor esta que não foi utilizada na referida cerimônia. Os formandos utilizaram faixa na cor azul que é correspondente ás ciências exatas e da natureza.

Os professores utilizaram beca preta com samarra/pelerine azul, todavia apenas os professores que têm doutorado podem utilizar a samarra/pelerine. No caso, apenas dois dos quatro professores poderiam utilizá-la.

O Chefe de Departamento, que representou o reitor, utilizou a samarra/pelerine na cor branca. Porém apenas o Reitor pode utilizar essa cor, sobretudo considerando que o Chefe de Departamento é mestre, não doutor. Segundo Reinoux:

13

Baseado em Meirelles (2011) 14

A cor branca representa o somatório de todas as áreas do Conhecimento Humano. É por esta razão que a samarra do Reitor, [...] bem como o capelo, são na cor branca, posto que há um pressuposto de que o Reitor "detém" a soma de todo Conhecimento Humano. É claro que isso é uma hipérbole, tendo conotação sígnica e de distinção do Reitor das demais autoridades universitárias. (1998, p.60)

 Considerações acerca da cerimônia

Pode-se observar que o roteiro da cerimônia de colação de grau dos alunos de Turismo da UFF não levou em consideração o roteiro apresentado pela ordem de serviço da PROGRAD. Porém, estava de acordo com o roteiro utilizado para analisar todas as etapas obrigatórias da cerimônia.

Como já foi exposto, as universidades adaptam os roteiros de acordo com suas necessidades e não há problema algum em fazer alterações desde que essas desrespeitem às regras protocolares da ocasião.

Todavia, no caso em questão, a UFF normatizou as cerimônias de Colação de Grau, elaborando um roteiro padrão, por meio da PROGRAD, porém sem a supervisão da Divisão de Relações Públicas que é a responsável pelo Cerimonial da UFF. E como não há mais a participação desse setor nas Colações de Grau, não há responsáveis da UFF pelo cerimonial no evento, logo a empresa contratada pode, ou não, seguir o protocolo sem que nenhuma autoridade da universidade a questione. No caso dessa Cerimônia o problema foi em relação aos trajes, e as bandeiras, pois o roteiro estava de acordo com o protocolo da ocasião, apesar de não estar de acordo com o roteiro da UFF.

As Cerimônias de Colação de Grau têm que caracterizar a sua universidade. Qualquer alteração que seja perceptível ao público, ou que esteja em desacordo com as regras protocolares, faz com o que o momento que deveria ser solene seja descaracterizado, e a cerimônia seja mais um evento sem importância. O sucesso das cerimônias depende do cuidado com os mínimos detalhes, do respeito às regras protocolares que regulamentam cada ocasião.

4.4 PROPOSTAS

Fica evidente neste trabalho que nenhuma das três cerimônias seguiu fielmente o protocolo da ocasião. Em certas ocasiões, pode-se fazer alterações que não prejudiquem o andamento da solenidade, porém não houve motivos plausíveis

para tal nessas cerimônias, com exceção do Pró-Reitor de Pesquisa Pós-Graduação e Inovação que, por ser cadeirante e o auditório não possuir acessibilidade sentou- se na ponta da mesa, já no início da cerimônia.

O autor deste trabalho defende uma reformulação de todos os documentos oficiais da Universidade que normatizam o Cerimonial, como a Norma de Serviço Nº 476/97 da UFF, o documento elaborado pelo antigo Setor Relações Públicas e Cerimonial, cujo nome é Das Normas do Cerimonial da Universidade Federal Fluminense e a Ordem de Serviço da PROGRAD. Todos estão desatualizados e não contemplam todas as etapas protocolares que deveriam. Todos eles têm um texto básico e não aprofundam o tema.

O autor defende a posição de que a Divisão de Relações Públicas deve ser responsável por orientar e supervisionar todas as Cerimônias Universitárias da UFF, além de oferecer o serviço de Mestre de Cerimônias.

Problemas de ordem protocolar são resolvidos, com normatizações, porém nessas normatizações não são incluídas todas as etapas e orientações que devem ser refletidas a respeito das cerimônias. Com isso, faz-se necessário a elaboração de um Manual de Eventos e Cerimonial da Universidade Federal Fluminense, que contemple todas as etapas de planejamento de um evento e dê ênfase à elaboração de Cerimônias, que são eventos muito importantes e recorrentes nas universidades.

Com a elaboração de um manual, aprovado pelo Reitor, todos os setores da UFF deverão seguir as orientações do manual, fazendo com que se minimize o não cumprimento do protocolo do evento.

A proposta do autor é a criação de um grupo sob a coordenação de representantes da Divisão de Relações Públicas com a Chefia de Gabinete do Reitor, por professores de Produção Cultural, Turismo e Servidores dos setores de eventos das Pró-Reitorias para, em conjunto e obedecendo as normas superiores, reverem os documentos existentes e elaborarem uma nova norma.

Após a elaboração do manual, é imprescindível que este seja publicado e divulgado a todos os setores da UFF.

É necessária a criação de cursos que ensinem a aplicação do manual aos servidores e professores, de Niterói e de outras unidades e campi no interior, pois há uma dificuldade da Divisão de Relações Públicas em atender aos campi e unidades do interior por conta da logística.

Com a elaboração do Manual e a reformulação das Normas de Serviço da UFF, a Divisão de Relações Públicas deve voltar a trabalhar em conjunto com a PROGRAD, nas solenidades de Colação de Grau e ser responsável pelas Cerimônias Oficiais da UFF.