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CAPÍTULO 2: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA DE TESES E

2.2 TEMAS PESQUISADOS

2.2.6 Ciência e tecnologia na mídia

Em 2005, a dissertação O ensino de CTS através de revistas de divulgação científica, foi defendida por Marcio José da Silva junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação Científica e Tecnológica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Santa Catarina.

De acordo com o autor, essa pesquisa teve por intuito construir um instrumento de análise capaz de facilitar a identificação de aspectos presentes num artigo de divulgação científica que sejam relevantes para uma educação CTS, no ensino médio.

A pesquisa, segundo seu autor, foi subsidiada por referenciais legais e teóricos. Na primeira parte, foram analisadas as determinações e recomendações constantes em documentos oficiais (CF, LDB, DCNEM, PCN’s) e, na segunda, foram articulados fundamentos teóricos de enfoque CTS e da divulgação científica, sendo consultados autores como: Acevedo (1969, 1998); Almeida (1984, 1993, 1998); Angotti (1991); Auler (1998, 2001, 2002); Bazzo (1998, 2001); Freire (1990, 1996); López (1996, 2004); e Solomon (1988, 1989, 1993).

Ao final de seu trabalho, o autor aponta para a necessidade da construção de um instrumento capaz de auxiliar a realização da análise de artigos presentes em revistas de divulgação científica para o ensino de CTS.

Esse instrumento de análise, segundo o autor, visa direcionar a leitura do artigo para que, independentemente de sua área de formação,

o professor possa identificar elementos a serem abordados durante o desenvolvimento da estratégia didática. O autor afirma, no entanto, que as diversas considerações apresentadas ao longo do trabalho revelam que apenas a identificação dos elementos contemplados no artigo não é suficiente para que se possa realizar esse desenvolvimento. Para ele, a utilização do instrumento de análise deve articular-se com a organização inicial da estratégia e com os diversos procedimentos a serem tomados durante o processo de ensino e aprendizagem.

Também em 2006, ao Programa de Pós-Graduação em Educação Científica e Tecnológica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Santa Catarina, Mariana Brasil Ramos apresentou a dissertação Discurso sobre ciência e tecnologia no Jornal Nacional.

Segundo a autora, compreendendo que a televisão tornou-se fonte importante de divulgação científica e tecnológica, partiu-se para a análise de discursos sobre ciência no telejornal de maior audiência no Brasil, o Jornal Nacional (JN), buscando-se verificar como este produz sentidos sobre ciência, através da análise das condições de produção dos discursos, vinculada a analise das reportagens.

A autora utiliza a análise do discurso como procedimento metodológico de sua pesquisa. No trabalho, investiga o fazer telejornalístico, através de leitura de artigos da área, conversas informais com profissionais do ramo, publicações sobre o próprio Jornal Nacional, sobre divulgação científica, entre outros textos que contribuíram para a constituição de um panorama de como esse telejornal produz seus discursos sobre ciência e tecnologia.

A autora buscou em autores como Azevedo (2001, 2003, 2004); Bazzo, Linsingene Pereira (2003); Belloni (2001); Bourdieu (1997); Bueno (1984); Freire (2000); e Orlandi (1995, 1997, 2001, 2003) o referencial teórico que pudesse fundamentar as análises empreendidas.

A pesquisa procurou selecionar temas sobre genética e biotecnologia, que foram gravadas durante dois meses de exposição do telejornal. A autora afirma que dessas análises emergem visões essencialmente utilitaristas da ciência e da tecnologia, vinculadas a um modelo linear de desenvolvimento. As decisões sobre biotecnologia aparecem como distantes do público em geral. Os conceitos científicos são explicados em função de sua utilidade imediata e essas explicações, muitas vezes, são construías de forma muito similar às escolares, porém sempre justificando a necessidade de aprovação e adesão pública das pesquisas tecnocientíficas.

polemização das notícias, a autora afirma também ter percebido que as reportagens acabam justificando as pesquisas científicas, quase nunca expondo explicações éticas e morais que possam levar o público a questionar um avanço desses estudos. Ao mesmo tempo foi possível verificar, segundo a autora, a ocultação dos jogos políticos e relações de poder, valendo-se de uma espetacularização da Ciência e da Tecnologia. A pesquisa aponta ainda para a escola como espaço de possível debate dos discursos midiáticos, com a intenção de problematizar as questões científicas e tecnológicas, ampliando assim as possibilidades discursivas, além das construídas pela mídia.

Ainda em 2006, ao Programa de Pós-Graduação da Pontifícia Universidade Católica (PUC), no Paraná, foi apresentada a dissertação Educação para a divulgação científica: o professor-pesquisador e a relação comunicação, ciência e sociedade, por Juliane Martins.

Essa pesquisa, segundo sua autora, procura investigar a visão do professor-pesquisador sobre a divulgação científica, como uma protagonista da relação ciência e sociedade.

A autora relaciona ainda alguns objetivos específicos de seu trabalho: analisar como o professor pesquisador entende a ciência no seu cotidiano universitário e o seu próprio fazer científico; pesquisar de que maneiras - dentre elas a divulgação científica - o professor pesquisador supera as ações de ensino e pesquisa, restritas à universidade e procura chegar a sociedade; além de investigar se o professor pesquisador reconhece os meios de comunicação como veículos a serem utilizados nesse processo.

Utilizando autores como Behrens (1996, 1999, 2000); Botomé (1996); Calvo Hernando (1982, 1990, 1997); Kunsch (1992); Lima (1992); Masetto (1998); Meadows (1999); e Santos (1989, 1997, 1999) a autora parte da compreensão de que o professor-pesquisador não deve ficar restrito à universidade. Para ela, sua responsabilidade diante da sociedade é a de levar à comunidade o conhecimento produzido nas instituições em que atuam. Nesse caso os meios de comunicação de massa podem servir de mediadores entre pesquisadores e público, por meio da divulgação científica, como uma maneira de aproximar ciência e público.

A autora afirma que, para investigar a visão do professor- pesquisador sobre a divulgação científica, traçou-se uma metodologia quantitativa, de caráter exploratório, e outra qualitativa, visando aprofundar os aspectos mais subjetivos da pesquisa. Para tanto, foram selecionados professores pesquisadores de programas de pós-graduação de duas universidades da cidade de Curitiba (PR).

Segundo a autora, a partir dessa investigação, reforça-se a necessidade de um maior entendimento mútuo entre ciência e mídia, para que ambos compreendam o funcionamento das duas instâncias e tanto os meios de comunicação invistam mais na divulgação de temas científicos quanto os pesquisadores na divulgação de seus conhecimentos à sociedade, utilizando-se dos meios de comunicação social.

No ano de 2007, o tema Divulgação científica e educomunicação foi objeto de dissertação apresentada por Amanda Souza de Miranda ao Programa de Pós-Graduação em Educação Científica e Tecnológica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Santa Catarina.

Segundo a autora, essa pesquisa busca demonstrar a existência de uma conexão entre três campos de conhecimento: a educomunicação, cujo objetivo é a formação de receptores críticos dos produtos midiáticos; a divulgação científica, especialmente aquela que é produzida pelos veículos de comunicação; e a alfabetização científica, ponto de partida das reflexões apresentadas no estudo. A pesquisa, de acordo com a autora, parte do princípio de que a alfabetização científica deve contemplar a vida dos estudantes fora da sala de aula, inclusive a forma como estes consomem os produtos midiáticos. Afirma que para que isso ocorra, é necessário que os professores estejam atentos ao jornalismo científico, que segundo ela, integra o cotidiano de jovens em formação. Salienta que uma das possibilidades dessa alfabetização científica pode ser direcionada por princípios da educomunicação.

Procurando contemplar todos esses campos, a autora propõe a elaboração de um jornal escolar que trabalhe textos de divulgação científica visando promover a alfabetização científica e midiática dos estudantes.

Para a autora, educar com um jornal de ciências, produzido na própria escola, elaborado pelos próprios estudantes, seria a oportunidade de lhes oferecer a possibilidade de compreenderem a mídia e a forma como ela trata a ciência. Seria também a forma de abrir o diálogo na escola e tornar os alunos protagonistas e produtores de informação.

Além do estudo empírico que se fundamenta na construção de um jornal escolar de ciências, como uma proposta educomunicativa, a autora se utiliza de um amplo referencial teórico com autores relacionados aos campos da educomunicação e CTS, destacando-se Auler (2005); Delizoicov (2001, 2005); Citelli (1994, 2002); Freire (2005); Ijuim (2000, 2001, 2002); Jacquinot (2006); Martín-Barbero

(1997, 2001); Massarani (1998, 2004); Orozco-Gómez (1997, 2001); e Soares (2000, 2005, 2006).

A autora conclui seu trabalho relatando as dificuldades em envolver um grande número de alunos na elaboração de um jornal escolar. Para ela, a prática educomunicativa, para ter êxito, depende da participação e do nível de envolvimento de seus atores, devendo se constituir em uma prioridade dentro da escola, tal como o ensino dos conteúdos acadêmicos.

Segundo a autora, a pesquisa empírica proposta por ela, a qual tinha por objetivo a criação de um jornal escolar para a discussão de temas de ciências, foi frustrada pela desistência dos alunos que a princípio, haviam se colocado disponíveis em executar tal tarefa.

2.2.6.1 Conclusões parciais

A discussão através da mídia de questões controversas, como podem ser considerados os problemas ambientais, têm suscitado inúmeros debates acadêmicos que apontam, invariavelmente, para a dificuldade em se expor questões da ciência de uma forma contextualizada e com uma visão crítica nos meios de comunicação de massa.

Entendendo que esse é um tema que se alinha ao objeto central de minha pesquisa, procurei relacioná-lo entre os trabalhos pesquisados, uma vez que, ao estudar os problemas relacionados por seus autores, os quais tratam das deficiências na divulgação da ciência em ambientes da mídia, poderei buscar respostas às dificuldades que esta também demonstra ao abordar as questões ambientais.