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CAPÍTULO 2: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA DE TESES E

2.2 TEMAS PESQUISADOS

2.2.7 Educação nos meios de comunicação

Em 2007, encontra-se o trabalho de Marcos Luiz Cripa, denominado A cobertura da educação no Jornal Folha de São Paulo: uma análise comparativa dos anos 1973 e 2002, apresentado ao Programa de Pós-Graduação da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), em São Paulo.

comportamento adotado pelo jornal Folha de São Paulo sobre a cobertura do tema Educação, em dois períodos distintos. O primeiro período, 1973, corresponde à implantação de editoria específica para cobertura da área da educação, e o segundo período, 2002, quando matérias relacionadas a esse tema passaram a fazer parte de um caderno não específico, denominado “Cotidiano”, tal como ocorre ainda hoje.

O trabalho, de acordo com o autor, busca estabelecer um processo comparativo, levando em consideração a análise de conteúdo de sessenta e uma edições do jornal, sendo trinta e uma edições correspondentes ao ano de 1973 e outras trinta em 2002.

O autor especifica ainda que foram realizadas entrevistas (semiestruturadas), com jornalistas e direção de redação do jornal Folha de São Paulo, tendo por objetivo identificar a massa crítica dos envolvidos na produção de matérias sobre educação, além de procurar estabelecer uma análise do comportamento editorial do jornal nos diferentes momentos analisados.

Além disso, o estudo faz referências às áreas da Educação e da Educomunicação, sendo esta considerada um novo campo de intervenção social que agrega princípios da educação e da comunicação. O autor, procurando buscar referenciais teóricos que pudessem dar sustentação às pesquisas realizadas, além de discutir questões relacionadas à educomunicação incorporou à sua pesquisa autores como Abramo (1991, 1998, 2003); Baccega (2000, 2001); Beltrão (1986, 2003); Bourdieu (1997); Citelli (2002, 2006); Costa (2003, 2006); Freire (1979, 1997); Kaplún (1985) e Soares (2001).

O trabalho conclui que ao longo dos períodos pesquisados ocorreu uma diminuição da cobertura destinada à educação no jornal Folha de São Paulo. Segundo o autor, esse declínio é justificado pelos editores do jornal afirmando existir pouco interesse dos leitores por assuntos relacionados a essa área, dados esses indicados pelos frios números apresentados em gráficos que medem a audiência desse veículo de comunicação. Outro fator apontado como determinante para o decréscimo de publicações sobre o tema, segundo os editores, refere-se à crise econômica verificada no último período analisado, o que acarretou a diminuição de custos, redução de área física do jornal, diminuição de seu espaço editorial, além de mudanças na linha editorial, ocorrida entre os anos de 1990 e 2000.

O autor, ao finalizar seu trabalho, afirma que a cobertura feita pelo jornal Folha de São Paulo sobre a área da educação é menor, se comparada a outras áreas do próprio jornal. Entende que a atenção

dispensada por este importante veículo de comunicação à educação pode ser comparada à mesma atenção que esse tema desperta na população brasileira.

No ano de 2009 foi apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de São Paulo (USP), em São Paulo, a dissertação A centralidade da comunicação na socialização de jovens: um estudo sobre mediação escolar, de autoria de Rodrigo Pelegrini Ratier.

O trabalho investiga a relação de jovens estudantes com a comunicação na contemporaneidade. A hipótese é de que esses jovens estudantes, imersos no consumo dos meios de comunicação de massa e ao mesmo tempo possuidores de um discurso crítico em relação a eles, encontram na mídia em partilha com outras instituições socializadoras como a família, a escola e a religião, a função de formação de ideais, valores e modelos de conduta. A pesquisa busca ainda, segundo o autor, avaliar em que medida a mediação escolar é efetiva para que esses jovens estabeleçam com a mídia uma relação mais reflexiva.

O autor informa que, para examinar a hipótese apresentada no trabalho, concebeu e ministrou um programa de comunicação e educação “Comunicar para mudar o mundo”, ligado à ONG Repórter Brasil, durante o segundo semestre de 2007, para trinta e um alunos de uma escola pública do município de São Paulo, com duração de trinta e seis horas aula, dividido em doze encontros semanais. Nesse curso, concebido como instrumento para aproximação e compreensão do universo simbólico e cultural do grupo analisado, foram produzidos materiais quantitativos e qualitativos que embasam os resultados apresentados. Também por conta do curso foi possível investigar a influência da escola como mediadora da relação entre jovens e mídia. A esse respeito, a hipótese é de que a escola pode atuar como mediadora no sentido de formar jovens mais conhecedores, maduros, críticos, ativos, sociais, criativos em relação à comunicação.

Para dar sustentação teórica à pesquisa a autora se utilizou de autores que discutem temas relacionados à educação, à comunicação e à interface entre essas duas áreas - a educomunicação, destacando-se entre eles: Baccega (1998, 2000); Bourdieu (1979, 1998, 2003, 2007); Charlot (2000, 2001); Citelli (2004); Freire (1996, 1992, 2000); Martín-Babero (2001, 2003); Orozco-Gómez (1997, 1998); Setton (2004, 2005, 2007, 2008); e Soares (2001).

O autor, ao concluir seu trabalho, aponta como relevante a presença de um nível não desprezível de senso crítico e de capacidade questionadora nos jovens analisados. Indica o papel central que os meios

de comunicação exercem na formação de valores, ideias e modelos de conduta desses jovens. No entanto, essa centralidade não é exclusividade dos meios de comunicação. Segundo ele, estes articulam- se com outras instâncias como a família, a escola e a religião. O autor afirma, também, que cursos como esse que foi oferecido colaboram para ampliar as competências comunicativas dos alunos, tanto na dimensão da recepção, quanto na produção de produtos midiáticos.

2.2.7.1 Conclusões parciais

Em sua essência esses trabalhos buscam compreender como se processa em um ambiente de ensino formal - profissionalizante, a discussão de questões ambientais e como estas podem sofrer acréscimos qualitativos, quando trazidas ao debate pelos meios de comunicação.

Portanto, discutir a relação mídia e educação é ponto fundamental quando se busca compreender como esta pode influenciar os processos formais de ensino, formando novos valores, alterando hábitos e comportamentos.

Uma abordagem de trabalhos nessa área pode, a meu ver, auxiliar esta pesquisa no sentido de elucidar questões que permeiam a complexa relação que se desenvolve e que se amplia a todo momento, entre esses dois importantes campos de estudo.