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CAPÍTULO 2: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA DE TESES E

2.2 TEMAS PESQUISADOS

2.2.3 Utilização de recursos vídeo-tecnológicos na educação

No ano de 2005, Rosimar Ramos da Mota apresentou a dissertação O uso pedagógico das tecnologias de vídeo e televisão: análise do Programa TV Escola no município de Tubarão- SC, ao Programa de Pós-Graduação em Educação e Cultura da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), em Santa Catarina.

Esse trabalho discute as possibilidades oriundas dos atuais artefatos tecnológicos e suas implicações na educação. De acordo com a autora, essa pesquisa apontou para a necessidade de refletir sobre o uso pedagógico dos meios de comunicação, com ênfase no vídeo e na televisão. Para tanto, foram analisadas a implementação do Programa TV Escola no município de Tubarão (SC) - e sua contribuição para o uso pedagógico do vídeo e da televisão nas escolas públicas estaduais. A investigação centra seu olhar sobre a formação de professores, proposta pelo programa TV Escola, bem como nos limites e possibilidades da

efetivação dos objetivos propostos, a partir da realidade das escolas publicas estaduais do município de Tubarão. Foram confrontados os discursos dos órgãos oficiais responsáveis pelo Programa com o processo vivenciado nas escolas pelos professores e gestores de cinco escolas da rede pública estadual localizadas nesse município.

O Programa TV Escola se caracteriza como um conjunto de ações televisivas destinado à capacitação docente e ao acesso dos alunos às novas tecnologias de informação e comunicação. Transmitido para todo o País em circuito fechado de televisão, foi criado pelo Ministério da Educação para aperfeiçoamento e valorização dos professores da rede pública de ensino e para o enriquecimento do processo de ensino e de aprendizagem.

A pesquisa adota como procedimento metodológico a realização de entrevistas e a aplicação de questionários aos diretores e demais gestores de cinco escolas da rede pública estadual de ensino, localizadas no município de Tubarão, em Santa Catarina, com o objetivo de levantar informações sobre o funcionamento do Programa TV Escola nessas instituições.

Paralelamente foram analisados outros documentos, dentre eles relatórios do Projeto TV Escola (1996-2000), relatórios divulgados pela Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), sobre a realização do Programa TV Escola, materiais impressos divulgados pelo Programa TV Escola, boletins e fitas de vídeo do Programa “Um Salto para o Futuro”, exibido pelo Programa TV Escola. Como referencial teórico de sustentação da pesquisa, a autora fez uso de diversos autores, destacando-se: Belloni (1999, 2001); Bianchetti (2001, 2002); Citelli (1997, 2000); Ferrés (1996, 1999); e Freire (1978, 1982).

Para a autora, a pesquisa realizada no município de Tubarão (SC), de maneira geral, apontou que os recursos tecnológicos, quando integrados ao ensino, são utilizados basicamente como um recurso técnico, ou seja, ocorrem dificuldades de instaurar mediações inovadoras que qualifiquem o processo de ensino e aprendizagem. A competência do professor para utilizar pedagogicamente as tecnologias de vídeo e televisão necessitaria ser priorizada, seja por meio de formação inicial ou de uma política de formação continuada que se comprometa em preencher as lacunas da formação realizada pelo professor.

Também em 2005, Bruno Jorge de Sousa apresentou ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Católica de Goiás (UCG), em Goiás, a dissertação O cinema na escola: aspectos pedagógicos do texto cinematográfico.

delimitando seus aspectos ideológicos e pedagógicos, observados no processo de seleção de filmes e sua utilização na educação formal. O autor lança a pergunta: em que concepções pedagógicas e ideológicas o cinema está sendo inserido no processo educativo formal?

Para o autor, o trabalho serviu-se da concepção de que a experiência cinematográfica possui a potencialidade para educar o homem. A revisão da literatura oferece perspectivas para que se compreenda o cinema como um agente educativo por se tratar de uma produção cultural significada, portadora de um discurso posicionado frente à realidade (portanto ideológico), que se vale de estratégias de comunicação específicas para expor conteúdos. Assim, segundo o autor, a concepção de cinema como meio pedagógico e ideológico apoia-se no debate contemporâneo sobre as capacidades educativas dos meios de comunicação. Nesse debate são solicitados da escola ações que visem à formação de um estudante que seja capaz de ler, interpretar e analisar criticamente as mídias e as novas tecnologias da comunicação. Essa reflexão indica a necessidade de se conhecer como a escola tem utilizado o cinema em suas práticas educativas, o que se constitui no objetivo maior do presente trabalho.

Essa pesquisa, segundo o autor, é de natureza qualitativa e se deu em três etapas distintas. Inicialmente foi realizada uma pesquisa bibliográfica que consistiu na análise da escola enquanto local da realização da educação formal e do cinema como veículo de expressão de ideias e de possibilidades pedagógicas. A segunda etapa consistiu de uma pesquisa de campo que visou apreender em que condições pedagógicas os filmes têm sido utilizados na educação formal. A pesquisa de campo foi realizada em quatro escolas que oferecem ensino médio, na cidade de Goiânia (GO). O terceiro momento da pesquisa caracterizou-se pela análise das informações coletadas, à luz do referencial teórico utilizado. Como referencial teórico o autor utiliza: Belloni (2002; Eisenstein (1969, 1974, 2002a, 2002b); Martín-Barbero (2003, 2005); Giroux (1986, 1997); e Kunsch (1986).

O autor, ao concluir seu trabalho, argumenta que uma reflexão sobre cinema e educação necessita de uma aproximação dos dois campos de investigação em questão. Para ele, apenas dessa forma uma análise mais elucidativa sobre os processos educacionais a respeito desse meio de comunicação pode ser realizada. Afirma que o que justifica a presença do texto cinematográfico na escola é o seu uso com finalidades pedagógicas. Mesmo entendendo que algo de lúdico compõe a circunstância do uso do cinema no ambiente escolar, o princípio que deve nortear essa prática é a intenção de produção de saberes.

Questão também levantada pelo autor, ao concluir esse trabalho, é a que aponta para a necessidade de que o professor transcenda a condição de repetidor de técnicas. Reitera que o uso inadequado do cinema em atividades de ensino pode caracterizá-lo apenas como elemento de apoio a outras práticas pedagógicas e se desconsiderar sua condição de texto ideológico.

Em 2006, a dissertação Televisão em solo educativo: educando o olhar, foi apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em Natal (UFRN), por Sandro da Silva Cordeiro.

Segundo o autor, a dissertação apresenta uma reflexão acerca da televisão no cotidiano infantil. Aponta para a necessidade da incorporação da natureza dos meios de comunicação e informação nas propostas educativas de maneira a promover a aproximação das duas áreas na imbricação de suas respectivas epistemologias. Propõe o desenvolvimento da acuidade visual pelo corpo discente, salientando o papel do educador enquanto promotor desta indicação. Apresenta uma pesquisa de campo, realizada em escolas públicas e privadas de educação infantil de Natal (RN), buscando mostrar em que perspectiva os professores utilizam as linguagens nessa etapa da escolarização, priorizando os elementos televisuais.

A metodologia empregada, segundo o autor, aproxima-se, em alguns aspectos, da pesquisa etnográfica, uma vez que buscou descrever o ambiente no qual a exibição dos materiais audiovisuais eram exibidos, aliada à descrição comportamental dos professores envolvidos.

Como elemento de coleta de informações, foi feito o uso de entrevistas semiestruturadas abordando doze sujeitos de pesquisa, distribuídos entre professores e orientadores educacionais que atuam na educação infantil em seis instituições (públicas e privadas), localizadas em diferentes regiões da cidade de Natal (RN).

A pesquisa também se utilizou de uma análise documental, trazendo para discussão a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), com o objetivo de detectar junto aos mesmos a existência de preocupações com o emprego das tecnologias e das mídias na educação. Além desses documentos o autor procura referenciar seu trabalho com autores que discutem a influência da televisão em processos de ensino, destacando-se entre eles: Andrade (1996, 2003); Belloni (2001); Ferrés (1996); Freire (1996); Hall (1996, 2004); Martín-Barbero (1996, 2003); e Moran (1990, 2000).

O autor conclui que, por intermédio da pesquisa de campo realizada em escolas da cidade de Natal, ficou evidenciada a

precariedade na formação do educador no que tange à existência de conhecimentos acerca da linguagem das mídias. Para ele, isso é um fator preocupante, dada a importância atribuída às potencialidades apresentadas por esses recursos. Afirma igualmente ter percebido um desconhecimento dos educadores sobre o uso das novas tecnologias de informação e de comunicação, o que induz a uma concepção de que os mesmos encaram os aparatos tecnológicos como meros recursos pedagógicos, ou simplesmente como elementos que podem servir para o entretenimento e ocupação dos alunos em horários vagos.

No ano de 2008, Helenita Sommerhalder-Miike defendeu a dissertação Oficina de TV, uma prática educomunicativa: estudo de caso de uma criança abrigada, junto à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP), em São Paulo.

Para a autora, de um lado está a educomunicação, um campo novo, da interface entre a educação e a comunicação, definido como sendo um campo de intervenção social e de atuação profissional; de outro, crianças que vivem em abrigos, entidades comumente vistas como lugares de exclusão, para onde são levadas à espera de um incerto destino, cuja condição de vida, tanto anterior quanto atual, pode implicar prejuízos ao seu desenvolvimento.

Esse trabalho busca compreender as possibilidades de ganhos que a participação em uma oficina de TV pode trazer para crianças abrigadas, através de um estudo de caso com uma criança que vive em um abrigo, em uma cidade de porte médio do interior do estado de São Paulo. Procura identificar mudanças na condição de desenvolvimento dessa criança, expressas no seu contexto de vida, que poderiam ser consideradas possivelmente decorrentes de sua participação no projeto.

Segundo a autora, essa pesquisa constitui-se como um estudo de caso de caráter exploratório, desenvolvido na modalidade de uma pesquisa em ação ou intervenção-ação, tendo como referencial teórico- metodológico a rede de significações. A pesquisadora diz ter se utilizado de registros em arquivos, entrevistas, observação direta, observação participante e de artefatos físicos. Além disso, busca referenciar sua pesquisa utilizando autores como: Bourdieu (1997); Buckinghan (2002, 2003); Caldana (1991, 1998); Citelli (2002, 2003); Ferrés (1996); Freire (1977); Martín-Barbero (2003); Rosete-Ferreira (1984, 2004, 2005, 2006); e Soares (1990, 2000, 2001, 2002, 2006).

A autora informa ainda que foram realizadas varias oficinas onde se fez uso da estratégia, aprender fazendo. Nestas foi possível utilizar-se a câmera de vídeo como uma ferramenta de educação para a mídia.

ainda recente e pouco estudada, esta pesquisa tem caráter exploratório, sendo necessário contemplar a diversidade de dados a pesquisar, evitando-se dessa forma resultados insatisfatórios ou superficiais.

A autora considera que o desenvolvimento do projeto permitiu visualizar o uso da câmera de vídeo na educação para a mídia como um dispositivo de educação e de desenvolvimento, capaz de potencializar a experiência de vida das crianças ao quebrar a relação mítica com o objeto TV e auxiliar na percepção de recursos próprios, especialmente para crianças que ainda não dominam a leitura e a escrita.

2.2.3.1 Conclusões parciais

Não obstante a importância e o alcance da televisão como meio de comunicação de massa, o que se percebe, ao analisar as pesquisas que têm como foco sua inserção em processos educativos formais e não formais, é de que esse poderoso instrumento acaba não sendo utilizado observando-se todo o seu potencial comunicativo e educativo.

Neste trabalho, em que busco discutir o papel da mídia como formadora de consciência ambiental, a análise de pesquisas relacionadas a esse tema serve para alertar sobre a necessidade de se adotarem novas posturas pedagógicas quando da utilização de instrumentos de comunicação como a televisão.

Os resultados das pesquisas nos indicam que é preciso encará-los não apenas como aparatos tecnológicos, apropriados à divulgação e exposição de peças audiovisuais de caráter informativo, ou que sirvam apenas ao entretenimento, quando utilizados em processos de ensino, mas que seu uso possa estar envolvido por uma avaliação crítica dos conteúdos divulgados, e desta forma possam ser vistos como elementos que auxiliem na promoção de mudanças sociais e comportamentais significativas.