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Ciberativismo e informação política

No documento PORTCOM (páginas 165-178)

The disruptive power of social media: democracy and journalism permeated by

3. Ciberativismo e informação política

As mídias sociais têm impulsionado iniciativas ciberati- vistas relacionadas às temáticas políticas que são formatadas pela disseminação de informações e o engajamento de grupos com interesses em comum. O interesse de pessoas por cau- sas específicas, associado às possibilidades das mídias sociais, ocasiona implicações, boas e ruins, que são complexas demais para serem rotuladas ou explicadas superficialmente. Essas implicações estão afetando o modo como grupos se formam e cooperam. “Essas mudanças são profundas porque estão ampliando ou estendendo nossas habilidades sociais elemen- tares, e também nossas deficiências sociais características” (SHIRKY, 2012, p. 18). De um modo geral, esses aspectos podem trazer consequências importantes para o provimento de diferentes posições ideológicas no sistema político, para a qualidade das informações políticas e em uma última instân- cia para uma política de resultados. “É aqui que nosso talento inato para a ação grupal vem ao encontro de nossas novas ferramentas. Ferramentas que propiciam maneiras simples de criar grupos levam a grupos novos, muitos grupos novos, e não só mais grupos como mais tipos de grupos” (SHIRKY, 2012, p. 22). Conforme Araújo (2013), o ciberativismo é uma estratégia para formar coalizões temporais de pessoas que utilizam ferramentas de comunicação em rede. Essas redes geram uma massa crítica suficiente de informação e debate para que estas discussões transcendam o ambiente digital e cheguem às ruas, ou modifiquem de forma perceptível o com- portamento de um número amplo de cidadãos. O ciberativis- mo configura-se como um fenômeno social que pode ampliar a autonomia individual por meio de redes distribuídas, onde a efetividade das ações está interligada ao engajamento de in- divíduos desconhecidos.

Se os debates originados nos instrumentos do ambiente virtual podem gerar reflexos na sociedade, consequentemente poderão gerar implicações nas práticas jornalísticas. “Novas vias de mudança social, mediante a capacidade autônoma de comunicar-se e organizar-se, têm sido descobertas por uma nova geração de ativistas, para além do alcance dos métodos

O poder disruptivo das mídias sociais usuais de controle empresarial e político” (CASTELLS, 2013, p. 28). Um caso que apresenta alguns dos aspectos presentes nas formas autônomas de comunicação política, constituído por redes e por processos de compartilhamento de significado através da troca de informações, é a plataforma Meu Rio9 que

reúne mobilizações criadas na cidade do Rio de Janeiro. O objetivo do projeto é apresentar uma visão da cidade baseada em cinco características: aproximar a população dos processos de decisão; promover a democratização da relação entre os cidadãos e o poder público; permitir à população par- ticipar com voz ativa em tudo aquilo que impacta sua vida; promover a cultura política dos cidadãos; e incentivar que a população interfira no espaço público para promover o bem estar coletivo. O projeto Meu Rio10 teve início em outubro

de 2011 e foi idealizado pelo cientista político Miguel Lago e pela economista Alessandra Orofino. A plataforma, que é financiada por meio de doações, oferece possibilidades de en- gajamento através de ferramentas digitais e utiliza uma página no Facebook para disseminar informações políticas.

Figura 2: Reprodução da página do Meu Rio no Facebook

Fonte: Meu Rio (2015) 9. Acesso ao site da Rede Nossas

Cidades: https://goo.gl/nZXwa6. Acesso em: 20 de janeiro de 2018. 10. Mais informações em: https://goo.

gl/Ek3tDL. Acesso em: 20 de janeiro de 2018.

Ricardo José Torres

A mobilização dos cidadãos e a utilização das ferramentas oferecidas pelo Meu Rio já obteve inúmeros resultados signifi- cativos como, por exemplo, impedir cobranças indevidas por concessionárias de serviços públicos e evitar o fechamento de escolas. Todos os êxitos estão relacionados a formas de pres- são que, predominantemente, passam pela utilização das mí- dias sociais. Miguel (2014) ressalta que não é possível ignorar os impactos crescentes das novas tecnologias mesmo que esses sejam muito diferenciados de acordo com clivagens de geração e de classe, como também o evidente peso político, entretanto, enaltece que o jornalismo permanece sendo o grande alimen- tador de informações da sociedade. Dader (2014) sinaliza que o espaço social contemporâneo tem forjado novos movimentos sociais que, acima da diversidade de causas que reivindicam, compartilham o denominador comum de exigir o poder de co- municar e retrabalhar o conteúdo midiático que até então era administrado, não de maneira independente, pelos jornalistas.

Pelas razões já descritas de degradação ou debilidade do sis- tema jornalístico, esses movimentos reivindicam o direito a uma informação alternativa, ou melhor dizendo, romper as diferenças simbólicas entre as informações produzidas pelas grandes instituições jornalísticas e os pontos de vista opostos desses setores da crítica radical, até então margi-

nais na comunicação de massa.11 (DADER, 2014, p. 653).

A possibilidade de disseminação de temáticas a partir de canais de comunicação alternativos como, por exemplo, as mídias sociais, demonstra uma potencial ruptura no controle das informações políticas que, até então, estavam restritas a grupos de poder político e econômico. Várias iniciativas ex- perimentais que vão nessa direção estão ocorrendo no Brasil, a maioria destes experimentos visualiza o público como um fator preponderante para o processo de construção das infor- mações que envolvem temas políticos. Para esses canais de co- municação, o público não é apenas um consumidor engajado em informações (mercadoria), mas um ator engajado em pro- cessos e interesses comuns. Um dos casos que exemplifica essa abordagem a partir das ferramentas da internet é o canal de informações sobre segurança pública, justiça e direitos huma- nos “Ponte”. Conforme o grupo de jornalistas que idealizou o projeto, iniciado em junho de 2014, o objetivo é oferecer um jornalismo de qualidade sob o prisma dos direitos humanos.

11. No original: Por las razones ya descritas de degradación o debilidad del sistema periodístico, estos movimientos reclaman el derecho a una información alternativa, o mejor dicho, a romper las diferencias simbólicas entre la información producida por los grandes medios de la institución periodística y las descripciones y opiniones contrapuestas por esos sectores de crítica radical, hasta ahora marginales en la comunicación de masas.

O poder disruptivo das mídias sociais As iniciativas apresentadas pelo coletivo estão relaciona- das à pretensão de agendar o debate público por meio das técnicas do jornalismo investigativo, buscando levar o Estado e a sociedade à refletir sobre soluções para a desigualdade, a injustiça e a opressão. As ações do projeto estão alinhadas ao aproveitamento da internet, por meio de um site e de mídias sociais (Facebook, Twitter), para desempenhar a atividade jor- nalística através de um modelo de produção que tem como base um coletivo de profissionais.

Figura 3: Reprodução da página da Ponte no Facebook

Fonte: Ponte Jornalismo (2015)

Nesse caso podemos identificar uma forma de engajamen- to militante, relacionado a uma causa e a um tipo de papel so- cial, que busca aproximar-se do interesse público e, em última instância, engajar indivíduos em torno de um ideal. O projeto sem fins lucrativos pretende aliar a colaboração da sociedade aos conhecimentos de jornalistas experientes. Os idealizado- res acreditam que a imprensa precisa adotar uma nova abor- dagem sobre as temáticas que envolvem segurança pública e direitos humanos pautada pelo respeito às questões éticas e pelos princípios jornalísticos.

Os aspectos conexos ao engajamento militante estão, es- sencialmente, relacionados ao advocacy journalism, isto é, jor- nalismo em prol de uma causa. Conforme Waisbord (2009),

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as práticas que envolvem o jornalismo de causa são impul- sionadas por uma noção de que os meios de comunicação devem ser um instrumento de mudança social. Trata-se de uma estratégia jornalística baseada na mobilização, que visa afetar a definição de problemas públicos. As possibilidades do ambiente digital facilitaram o surgimento de diferentes pers- pectivas para o jornalismo, que incluem a defesa de causas que eram constantemente ignoradas pelos meios de comunicação tradicionais. As características atuais do advocacy journalism provocam o que Waisbord (2009) chama de otimismo mo- derado, pois o poder desenfreado de interesses comercias que permeiam as novas plataformas de comunicação podem estar fortalecendo ainda mais os detentores de poder.

Tendo em vista as inúmeras formas de engajamento que podem ser elencadas, atualmente se faz necessário delimitar as formas que mais se aproximam dos interesses deste estudo. Na sequência serão detalhadas algumas características de quatro categorias de engajamento identificadas no ambiente digital (engajamento com finalidade comercial; engajamento intera- tivo; engajamento militante; e engajamento cívico) que foram escolhidas com base em um estudo desenvolvido pelo J-Lab

– The Institute for Interactive Jornalism12, em 2012, focado em

como sites de notícias estão engajando as suas audiências.

Engajamento com finalidade comercial

Para analistas da indústria jornalística como Doctor (2015), atualmente o engajamento no ambiente digital é um fator preponderante para as empresas que vendem informa- ções. “O engajamento é o que separa dois tipos de mídia: aquela destinada a durar e a oferecer um provável valor aos seus leitores e anunciantes, e aquela que não terá esse futu- ro”13. De maneira geral, os empresários da comunicação e os

especialistas em marketing digital estão medindo o sucesso dos conteúdos do ambiente digital através das métricas14 re-

gistradas em suas publicações. Os meios jornalísticos tradi- cionais tratam o engajamento como algo mensurável com perspectivas de monetização e marketing. Alguns parâmetros apresentados associados ao marketing e às mercadorias, são utilizados por empresas jornalísticas para medir o sucesso das

12. Disponível em: https://goo.gl/ NPUD76. Acesso em: 20 de janeiro de 2018.

13. Entrevista de Ken Doctor ao jornal O Estado de S. Paulo do dia 20 de junho de 2015. Disponível em: https://goo.gl/vDRoRV. Acesso em: 20 de janeiro de 2018.

O poder disruptivo das mídias sociais publicações de conteúdos nas mídias sociais e a sua presença no ambiente digital, como pode ser observado nos dados apre- sentados em uma matéria divulgada pelo jornal O Estado de S. Paulo em 20 de junho de 2015.

Figura 4: Reprodução do site do jornal O Estado de S. Paulo

Fonte: O Estado de S. Paulo (2015)

Inserido no modelo de negócios das empresas jornalísti- cas, o engajamento originou uma nova função conexa às mí- dias sociais que foi denominada de editor de engajamento. As ações dessa nova atividade estão ligadas à identificação de tendências e histórias, e em algumas oportunidades ligadas à produção de conteúdo. Além disso, o editor de engajamento auxilia na administração e concepção de estratégias para o melhor aproveitamento das mídias sociais.

Para alguns jornalistas, como Buttry15, o surgimento dessa

atividade é algo que pode promover a evolução do segmento, pois o objetivo desta função é realizar um trabalho de cura- doria, conversa e envolvimento com a comunidade. Contudo, esse envolvimento parece predominantemente motivado por finalidades comerciais que envolvem a exploração das novas 14. As métricas são dados que

permitem a mensuração e quantificação de tendências e comportamentos, além de medir e avaliar o desempenho das publicações e o envolvimento gerado por elas.

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plataformas digitais com o objetivo de gerar lucros, na mesma lógica empregada no modelo de negócios que vinha orientan- do a indústria jornalística anteriormente.

Pode-se dizer que o engajamento com finalidade comercial atribui intenções específicas desenvolvidas nas mídias sociais, especialmente relacionadas a dinâmicas de produção de in- formações, com o intuito de venda. Como consequência, a relevância comercial dessas ferramentas de comunicação está aumentando e as práticas jornalísticas de veículos de comuni- cação tradicionais passaram a explorá-las.

Engajamento interativo

O engajamento interativo envolve ações do público por meio de comentários, compartilhamentos, curtidas e conver- sações. Todas essas características de interação estão essen- cialmente ligadas às mídias sociais. Esse potencial interativo está transformando o papel de plataformas digitais como o Facebook, por exemplo, no consumo e na distribuição de no- tícias. Um estudo realizado pelo Reuters Institute, da Univer- sidade de Oxford16, divulgado em maio de 2015, apontou que

o Facebook está se tornando cada vez mais importante no ato de encontrar, ler, assistir, compartilhar, ou comentar informa- ções jornalísticas.

O avanço progressivo da utilização de mídias sociais como o Facebook, o YouTube e o Twitter para o consumo de infor- mações revela as implicações sobre a hospedagem de conteú- dos e o poder que essas plataformas estão acumulando, espe- cialmente, em torno da falta de transparência na utilização dos algoritmos que vêm interferindo diretamente na relação dos usuários com as informações jornalísticas. Na perspectiva de Carpentier (2012), a participação é estruturalmente distin- ta da interação e do acesso. Conforme o pesquisador, o acesso e a interação são importantes condições que permitem a par- ticipação, mas não podem ser equiparados à ela. O conceito de acesso é baseado na presença, em formas distintas como, por exemplo, a presença em uma estrutura organizacional, em uma comunidade, ou a presença ao alcance operacional de tecnologias de produção de mídia. Interação é uma segunda condição que possibilita e enfatiza a relação sócio comunica-

15. Mais informações em: https://goo. gl/54bx2Y. Acesso em: 20 de janeiro de 2018.

16. Reuters institute digital news report 2015 – Tracking the future of news. Disponível em: https://goo. gl/2j7SGx. Acesso em: 20 de janeiro de 2018.

O poder disruptivo das mídias sociais tiva estabelecida com outros indivíduos ou objetos. Embora estas relações tenham uma dimensão de poder, esta dimensão não se traduz em um processo de tomada de decisão.

Um caso que busca transformar as formas de interação oferecidas pelo ambiente virtual em maneiras de participa- ção política efetiva é o projeto Votenaweb17 desenvolvido pela

empresa Webcitizen18. Trata-se de uma plataforma de engaja-

mento que apresenta de forma resumida os projetos de lei que estão em tramitação na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. No site os usuários podem acessar e votar se concor- dam ou discordam dos projetos de lei e temáticas apresenta- das. De acordo com os idealizadores, o objetivo do projeto é aumentar a politização da sociedade por meio de uma manei- ra fácil de acompanhar, votar e debater o trabalho dos políti- cos, criando um ambiente de interação entre os parlamentares e os cidadãos. O Votonaweb também conta com uma página no Facebook para disseminar informações sobre política.

Figura 5: Reprodução da página Votonaweb no Facebook

Fonte: Votonaweb (2015)

O site ainda disponibiliza a visualização dos mapas de vo- tação, a íntegra das propostas e a possibilidade de enviar men- 17. Mais informações em: https://goo.

gl/zdGjGn. Acesso em: 20 de janeiro de 2018. 18. Mais informações em:

https://goo.gl/YWQoUu. Acesso em: 20 de janeiro de 2018.

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sagens diretas aos parlamentares, que recebem os resultados das votações virtuais. Iniciativas como o Votonaweb preten- dem explorar as propriedades de engajamento interativo das plataformas digitais para inclusão dos cidadãos no debate po- lítico. O que parece ser mais importante nessa forma de enga- jamento está relacionado às motivações que levam as pessoas a usar e direcionar a sua atenção para essas formas de interação. Conforme já afirmamos, o engajamento interativo estimula a ação dos usuários para comentar, compartilhar e realizar conversações, sendo sua finalidade principal a interatividade (capacidade de envolvimento e propagação do conteúdo).

Engajamento cívico

As iniciativas ligadas ao engajamento cívico buscam cha- mar a atenção dos membros da sociedade para questões da co- munidade. Esses projetos compartilham o desejo de informar e engajar grupos sociais em questões que envolvem o processo político e a vida em sociedade. No ambiente digital diversos experimentos conexos ao engajamento cívico exploram as po- tencialidades das mídias sociais para disseminar informações políticas, compartilhar conteúdos e conectar pessoas.

Uma pesquisa divulgada pela John S. and James L. Kni-

ght Foundation19, em outubro de 2011, apresenta aspectos de

projetos de produção e distribuição de informações comuni- tárias. O estudo, basicamente, analisa o impacto de informa- ções cívicas e projetos de mídia alternativa e descreve que gru- pos com interesses em comum adotam medidas relacionadas à criação e compartilhamento de informações e notícias para sensibilização sobre as questões comunitárias. Nesse sentido, as plataformas de engajamento cívico buscam a conscientiza- ção e possibilitam ações concretas.

O papel central dos meios de comunicação social na so- ciedade atual tem permitido novas possibilidades e oportu- nidades para mobilizar e organizar ações cívicas. O potencial das mídias sociais para o engajamento cívico relaciona-se, particularmente, com as formas espontâneas e imprevisíveis em que as redes de solidariedade podem surgir. Através desta articulação, ligada à interação e participação, a disseminação de informações pode abarcar um sentido mais amplo do con-

19. Disponível em: https://goo.gl/ puvbz6. Acesso em: 20 de janeiro de 2018.

O poder disruptivo das mídias sociais ceito de política. “Mas, quem quer que use essas ferramentas, a ação política mudou quando um grupo de atores antes não coordenados pôde criar um protesto público que o governo não é capaz nem de impedir que aconteça nem de reprimir sem de- sencadear um registro público”. (SHIRKY, 2012, p. 146).

O aprimoramento das novas ferramentas sociais pode am- pliar a consciência compartilhada e a coordenação de grupos pode ser utilizada para fins políticos, pois a liberdade de agir em grupo é inerentemente política. Um caso que apresenta características do engajamento cívico, voltado aos dilemas so- ciais de uma comunidade, é o projeto Maré Vive20. Trata-se

de uma página do Facebook que se tornou um canal de mídia comunitária, feito de forma colaborativa, por moradores de diversas partes do Complexo da Maré no Rio de Janeiro. O projeto foi idealizado pelos próprios moradores, que colabo- ram voluntariamente com a criação do conteúdo da página.

Figura 6: Reprodução da página Maré Vive no Facebook

Fonte: Maré Vive (2015)

Conforme os idealizadores do Maré Vive, o objetivo da fer- ramenta de comunicação é tirar da invisibilidade abusos de poder ou violações que acontecem dentro da comunidade. A 20. Mais informações em: https://goo.

gl/QVgrqo. Acesso em: 20 de janeiro de 2018.

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página é uma entre dezenas de páginas gerenciadas por cida- dãos de comunidades que, em muitas ocasiões, são as únicas fontes de informações locais disponibilizadas em tempo real. O uso estratégico dessas possibilidades poderá legitimar ações políticas informais estruturadas pela circulação e compreensão de temas políticos com fins democráticos ou antidemocráticos. Estamos presenciando a emergência de movimentos distintos que envolvem variadas formas de ativismo político e militante. O engajamento cívico propõe a participação dos membros da audiência em questões que envolvem a comunidade. O principal objetivo é aproximar a população dos processos de decisão e permitir o acesso às informações que causem impac- tos em suas vidas. A sua finalidade principal está relacionada à comunidade: capacidade de participação e desenvolvimento, de conscientização voltada à cidadania.

Engajamento militante

O engajamento militante abrange o envolvimento em cau- sas comuns que podem levar os indivíduos a contribuir com conteúdo informativo, tempo (não necessariamente duradouro) e financiamento de ações. As possibilidades comunicativas das mídias sociais podem ser utilizadas como estratégias para orien- tar motivações relacionadas ao engajamento militante. Castells (2013) ratifica que as características dos processos de comuni- cação entre indivíduos engajados em movimentos sociais são determinantes para os aspectos organizacionais dos próprios movimentos. “Em nossa época, as redes digitais, multimodais, de comunicação horizontal, são os veículos mais rápidos e mais autônomos, interativos, reprogramáveis e amplificadores de toda a história” (CASTELLS, 2013, p. 23). Ainda conforme o autor, a conexão entre a comunicação livre proporcionada pelas mídias sociais e a ocupação do espaço urbano criou um híbrido espaço público de liberdade que se tornou uma das principais características das mobilizações sociais contemporâneas.

Um caso relacionado ao engajamento militante que en- volveu a exploração das mídias sociais está relacionado às ações da Mídia Ninja (Narrativas Independentes Jornalismo e Ação)21 durante as manifestações que ocorreram nas ruas do

Brasil, particularmente nos meses de junho e julho de 2013.

O poder disruptivo das mídias sociais

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