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Ciclo das relações patógeno-hospedeiro

Atividade de Aprendizagem

3. Diferencie o sintoma do ataque no cafeeiro de cada praga estudada nesta aula 4 Pesquise e cite o método de controle mais utilizado para controle das

7.4 Ciclo das relações patógeno-hospedeiro

A partir do momento que vocês iniciaram o estudo da ocorrência das doenças, é importante entender o seu ciclo.

Toda vez que acontece um desenvolvimento de uma doença, ocorre alguns acontecimentos. Esses acontecimentos acontecem sucessivamente e de forma ordenada, ou seja, um seguido do outro e seguindo uma ordem. Podemos de- nominar essa sucessão de eventos de ciclo das relações patógeno-hospedeiro e é composto pelos seguintes eventos: reprodução, sobrevivência, disseminação, germinação, penetração e colonização.

A epidemia tem início quando aparece uma primeira lesão na planta, pro- vocada pelo contato entre o patógeno e o hospedeiro. Chamamos de ciclo primário das relações patógeno-hospedeiro todos os acontecimentos que estão envolvidos na produção desta primeira lesão.

Se existirem condições ambientais e do hospedeiro favoráveis, vários ciclos são produzidos após a primeira lesão. Esses ciclos fazem parte do ciclo secundário das relações patógeno-hospedeiro.

Vamos ver a Figura 7.4, que representa uma esquematização do ciclo das relações patógeno-hospedeiro, com seus respectivos acontecimentos.

Figura 7.4: Ciclo das relações patógeno-hospedeiro.

Fonte: Pozza (2004). Adaptado por Alessandro de Oliveira.

Inóculo É algo introduzido externamente. GERMINAÇÃO DISSEMINAÇÃO Ciclo Secundário Ciclo Primário SOBREVIVÊNCIA (Fonte de inóculo) PENETRAÇÃO COLONIZAÇÃO DOENÇA REPRODUÇÃO

Desse modo, na natureza, o início da doença acontece quando um inóculo externo gera uma série de lesões iniciais, que representam o ciclo primário; o conjunto de lesões subsequentes, ou seja, que são originadas a partir da 1ª lesão representa o ciclo secundário.

Vamos entender cada fase do ciclo das relações patógeno-hospedeiro?

7.4.1 Sobrevivência

O patógeno tem de ser produzido em algum local, para depois ser transpor- tado até a planta, onde deve ocorrer o contato que vai dar início à doença. Essa produção do inóculo inicial acontece em estruturas de sobrevivência, denominadas fonte de inóculo, que podem ser lesos de folhas velhas nas plantas, caso da ferrugem do cafeeiro.

7.4.2 Disseminação

O inóculo tem que ser levado do local onde foi produzido para a cultura sadia, dando início à infecção, esse processo denomina-se disseminação. O transporte ocorre mediante a atuação de alguns agentes externos, como a água, o ar, insetos e até o próprio homem.

Esse transporte pode ser realizado tanto para distâncias curtas, como de uma folha a outra na mesma planta; quanto para distâncias maiores, como duas plantas situadas a quilômetros de distância. No caso de fungos e bactérias, uma maior efi ciência é obtida em transporte através da água ou ar.

Já para vírus, os principais meios de disseminação são insetos e o homem.

7.4.3 Germinação e penetração

Os processos de germinação, penetração e início das relações entre patógeno e o hospedeiro é denominado de infecção. Alguns patógenos como fungos, precisam germinar, para então poder penetrar na planta; outros, como as bactérias se multiplicam antes; já vírus e nematoides penetram diretamente na planta. A entrada desses patógenos na planta ocorre por aberturas naturais da planta, como já vimos anteriormente: os estômatos e hidatódios. Também podem penetrar por ferimentos existentes na planta.

A infecção é considerada um momento crítico, pois é efetivamente o início da doença; além disso, o patógeno está, durante essa fase, muito susceptível às condições ambientais, podendo o ciclo ser interrompido quando as condições ambientais não se mostrarem satisfatórias.

7.4.4 Colonização

Quando ocorre o processo de colonização, signifi ca que o patógeno rompeu a resistência do hospedeiro. É como se ocorresse uma “infecção generalizada”, com o patógeno invadindo os tecidos do hospedeiro. Nesse momento, come- çam a ocorrer diversas alterações fi siológicas na planta. Esses sinais são visíveis exteriormente, ou seja, a planta já apresenta sintomas da doença.

7.4.5 Reprodução

A fase da reprodução pode ocorrer ao fi nal da fase de colonização e também em conjunto com ela. É a fase em que o patógeno se reproduz de tal forma que possa garantir um número de propágulos sufi cientes para garantir uma boa efi ciência na disseminação.

Após a reprodução, iniciam-se as relações do ciclo secundário, com novos locais sendo infectados, desde que o patógeno encontre condições favoráveis para o seu desenvolvimento.

Vamos ver um exemplo aplicado do ciclo, para você compreender melhor as relações patógeno-hospedeiro.

A ferrugem-do-cafeeiro é uma doença transmitida por um agente etiológico chamado Hamileia vastatrix, que sobrevive nas folhas, sofre disseminação princi- palmente pelo vento; sua germinação ocorre nas folhas e a penetração é realizada via estômatos, localizados na parte de baixo das folhas; a colonização é realizada por meio dos haustórios e, por fi m, a reprodução se dá por meio de uredosporos.

Propágulo

É o órgão de disseminação do patógeno.

Monte o ciclo das relações patógeno-hospedeiro para a ferrugem-do-cafeeiro, observando como ocorre cada uma das etapas.

Portanto, um ciclo é compreendido pelo tempo decorrido entre a disseminação e a reprodução. As doenças possuem números de ciclos variados ao longo do ano agrícola. Assim, uma doença monocíclica possui, no máximo, uma geração de patógenos durante o ano agrícola. Nesses casos, os patógenos possuem formas de sobrevivência muito efi cientes, para poder se manter de um ano para outro. Já doenças policíclicas são aquelas cujos patógenos completam mais de um ciclo durante o ano agrícola, com produção e várias gerações e grande número de lesões.

O essencial, tanto para doenças monocíclicas quanto para doenças policíclicas, é que se conheçam quais patógenos estão associados às principais doenças, no caso de vocês, o conhecimento dos patógenos associados às principais doenças do cafeeiro e o ciclo de cada uma das doenças. Para cada uma das doenças, existem fases do ciclo em que os patógenos estão mais vulneráveis e é durante essas fases que o manejo dessas doenças deve ser realizado.

Entretanto, existem alguns fatores capazes de dotar as plantas de resistência a alguns patógenos, ou seja, fatores que podem conferir às plantas a capacidade de impedir ou retardar a entrada ou ações do patógeno em seus tecidos. Esses mecanismos de resistência podem ser estruturais ou bioquímicos. Como exemplo de mecanismos de resistência estruturais, podemos citar caracterís- ticas da epiderme das plantas, como espessura e número de camadas, que difi cultam a penetração de patógenos. Outros mecanismos estão relacionados ao número, localização e período de abertura dos estômatos, que são vias de penetração de patógenos.

Mecanismos de resistência bioquímicos podem ser compostos fenóis, alcaloi- des, inibidores proteicos, entre outros.