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dos ramos e dos ramos e folhas

4.1 Pragas do sistema radicular

Como vai, aluno (a)!

Estamos prontos para discutirmos desta vez sobre o local de ataque de algumas das pragas do cafeeiro.

Denominamos pragas do sistema radicular as que atacam as raízes do cafeeiro.

4.1.1 Cigarras

As cigarras atacam os cafezais brasileiros há mais de um século. Vocês com certeza já escutaram o canto estridente delas, que ocorre sempre a partir de agosto. Mas o “canto” das cigarras é o menor dos problemas que este inseto pode promover. Os surtos de cigarras vêm sendo observados desde o início da década de 1970 e o inseto vem se disseminando. A importância das cigarras vem aumentando nos últimos anos, principalmente, devido à abertura de novas áreas de cerrado para o plantio de café.

As principais espécies de cigarras que atacam o café estão relacionadas a seguir:

a) Quesada gigas (OLIV., 1790);

b) Fidicinoides pronoe (WALKER, 1850); c) Clarineta fasciculata (GERMAR, 1830); d) Clarineta spoliata (WALKER, 1858); e) Clarineta matura (DISTANT, 1892).

Vamos verifi car algumas características que podem diferenciar uma espécie da outra: a) Quesada (Figura 4.1): é a maior das espécies, possuindo cerca de 60 mm

de comprimento; possui a cabeça e o tórax de coloração esverdeada e com desenhos assimétricos, ou seja, sem correspondência em tama- nho ou forma uns com os outros, de coloração preta. A ocorrência dos adultos inicia-se em setembro/outubro e são responsáveis pelos danos maiores ao cafeeiro.

Figura 4.1: Quesada giga.

b) Fidicinoides (Figura 4.2): apresenta cerca de 38 mm de comprimento, também possuem a cabeça e o tórax de coloração esverdeados, mas não apresentam desenhos assimétricos. A ocorrência dos adultos inicia-se a partir de dezembro.

Figura 4.2: Fidicinoides pronoe.

Fonte: Gallo et al. (2002).

c) Carineta (Figura 4.3): possui o tamanho menor, com aproximadamente 18 mm de comprimento. Apresenta uma coloração tendendo para o marrom. A ocorrência dos adultos é mais tardia, iniciando-se a partir de fevereiro.

Figura 4.3: Carineta fasciculata.

Somente os machos emitem sons; eles possuem órgãos emissores de sons para atrair as fêmeas para a cópula. Cada fêmea pode colocar até 500 ovos no interior da casca dos ramos dos cafeeiros.

A eclosão dos ovos ocorre em poucos dias, surgindo as ninfas, que são as formas jovens da cigarra. Essas ninfas penetram no solo, entre 20 a 50 cm e fi xam-se nas raízes do cafeeiro, para sugarem a seiva.

A duração desse período é longa, podendo chegar até dois anos. Ao fi m desse período, as ninfas abandonam as raízes e saem do solo, através de orifícios circulares. Ao saírem do solo fi xam-se no tronco das plantas por certo período de tempo, recebendo nessa fase o nome de ninfa imóvel.

Em seguida, ocorre um rompimento do tegumento na região dorsal do tórax, emergindo-se os adultos, que deixam a exúvia ou ecdise (Figura 4.4).

Exúvia ou Ecdise

É o exoesqueleto, ou seja, o esqueleto externo de alguns insetos, como as cigarras, deixados quando estes realizam uma muda.

Figura 4.4: Ataque de cigarras, vendo-se as ninfas em galerias junto às raízes (esq.) e restos da ecdise, do adulto, sobre o tronco do cafeeiro.

Fonte: Matiello, Garcia e Almeida (2006).

Como podemos então verifi car os prejuízos causados por ataques de cigarras no cafeeiro?

Vimos que as cigarras se alimentam da seiva do cafeeiro. A seiva nada mais é do que o alimento da planta. Portanto, as plantas de café apresentam uma clorose, ou seja, ausência da coloração verde nas folhas localizadas nas ex- tremidades dos ramos. Ocorre também uma queda prematura de fl ores e

frutos novos, associados a uma seca dos ramos. Os pés de café mostram-se esgotados, pois, além da sucção da seiva, as cigarras podem injetar algumas toxinas que podem causar a destruição de radicelas. As lavouras, quando o ataque de cigarras não for controlado, mostram-se menos produtivas e com uma vida útil bastante reduzida.

Há relatos de ataques de até 400 ninfas por cova de café. Imagine você essa quantidade de ninfas sugando uma cova de café por um período de até dois anos. De que modo podemos controlar as cigarras?

Vamos analisar algumas maneiras, mas é importante salientar que a escolha do método mais indicado vai depender do nível da infestação e das condições fi nanceiras e físicas para o controle.

Radicelas

São pequenas raízes que dão origem à raiz primária

Após o estudo das cigarras, você pode dizer em que fase do seu ciclo elas são prejudiciais ao cafeeiro?

Recepa

Uma poda do cafeeiro, considerada drástica, por cortar o pé a uma altura de aproximadamente 40 cm do solo, ocorrendo também diminuição de cerca de 80% do sistema radicular do cafeeiro.

a) Controle cultural

Algumas ações de controle cultural podem, preventivamente, diminuir a inci- dência de cigarras. Lavouras mais velhas e próximas a áreas de mata são mais atacadas por cigarras; lavouras defi cientes em nutrientes mostram-se mais susceptíveis ao ataque, por serem mais fracas, possuem poucas condições de suportar infestações mais intensas.

Como alternativa tem a realização de podas tipo recepa, que pode impedir novas posturas de ovos e também reduzir as reinfestações.

b) Controle biológico

Existem algumas espécies de fungos, principalmente o Metarhizium anisopliae que se alimenta de ninfas móveis de cigarras; alguns animais como pássaros e tatu também se alimentam de cigarras adultas e ninfas.

c) Controle químico

Sempre que falamos em controle químico é preciso antes averiguar se já foi atingido o nível de controle, por meio da amostragem no talhão de café.

Como devemos proceder a essa amostragem?

Bom, primeiramente, devemos constatar a presença de cigarras no talhão. Isso pode ser verifi cado através da observação de exúvias e buracos no chão, sob a copa dos cafeeiros.

Se for constatada a presença de cigarras, devemos abrir trincheiras em algumas covas aleatoriamente, em cada talhão.

Para fazer a trincheira, basta abrir um buraco no solo, de um dos lados da planta, até atingir a raiz principal. Durante o processo de abertura da trinchei- ra, contam-se as ninfas achadas e, multiplica-se o resultado por dois, pois a trincheira foi aberta apenas de um dos lados.

Se o resultado for igual ou superior a 35 ninfas vivas por cova, devemos realizar o controle químico. Portanto o nível de controle (N.C.) para cigarras é igual ou superior a 35 ninfas/cova.

Vamos observar a Tabela 4.1, que indica alguns dos produtos mais comuns utilizados para o controle das cigarras.

Qual o nível de controle das cigarras e como é realizada essa amostragem?

Tabela 4.1: Inseticidas e doses indicadas para o controle de cigarras do cafeeiro.

Ativo Comercial Doses/ha

Aldicarb Temik 150G 20-25 kg Dissulfoton Dysiston 10G 30-40 kg Solvirex GR 100 30-40 kg Tebufos Counter 50 G 60-80 kg Phore Granutox 50 G 60-80 kg Carbofuran Furadan 50 G 60-80 kg Diafuran 50 60-80 kg Furadan 350 SL 8-10 litros Imidacloprid Premier 0,7-0,8 kg i.a./ha Thiametoxan Actara 0,5-0,7 kg i.a./ha Fonte: Matiello, Garcia e Almeida (2006, p. 47).