• Nenhum resultado encontrado

Pragas de frutos e de grãos armazenados

desenvolvimento do ácaro-vermelho

Aula 6 Pragas de frutos e de grãos armazenados

Objetivos

Compreender como as pragas que atacam os frutos do cafeeiro, em todas as suas etapas de desenvolvimento e também durante o armazenamento, com especial atenção à broca-do-café, pela sua importância em termos econômico e espacial.

Conhecer as condições que favorecem a atuação de cada praga. Analisar a sintomatologia de cada praga para uma possível identifi - cação e posterior controle.

Entender cada método de controle para que seja possível sua apli- cação nas mais diversas condições.

6.1 Broca-do-café

Como vai, aluno (a)? Que tal iniciarmos mais uma aula?

Nesta iremos conhecer as principais pragas de frutos e de grãos armazenados. Iniciaremos pela principal, a broca-do-café.

A broca-do-café Hypothenemus hampei (FERRARI, 1867) possui sua origem na África e, desde o início do século XX, foi estudada como uma praga, sendo observada em toda a África Central, com rápida disseminação para a Ásia. Para vocês terem uma ideia da rápida disseminação e força dessa praga, entre os anos de 1917-1918, foi verifi cada na Ilha de Sumatra, onde infestou cerca de 90% dos frutos de café.

No Brasil, a primeira constatação da broca-do-café foi no início do ano de 1910, espalhando-se por cafezais da cidade de Campinas e municípios vizinhos, com os primeiros prejuízos apurados na safra de 1924. Da região de Campinas, ocorreu disseminação da broca-do-café para todas as regiões produtoras brasileiras.

Proliferação

É é reprodução, multiplicação

A broca-do-café é considerada uma praga com grande potencial de perdas na cultura cafeeira, pois o ataque aos frutos pode ocorrer em qualquer estádio de maturação, ou seja, pode atacar desde frutos verdes pequenos, chamados chumbinhos até frutos maduros, em ponto de colheita, denominados cerejas, ou até mesmo frutos secos.

Existem duas características que tornam a broca-do-café uma praga de grande importância para regiões produtoras de café: à semelhança do bicho-mineiro, a broca-do-café possui um comportamento monófago, ou seja, seu único hospe- deiro é o café, não atacando ouras espécies cultivadas. Além disso, essa praga possui um ciclo biológico bastante curto, com grande capacidade de proliferação. Então, se a broca ataca somente cafeeiros e se reproduz muito rapidamente, podemos concluir que, quando não ocorre um controle correto, ela se espalha com grande velocidade.

O adulto da broca-de-café é um besouro pequeno, de coloração preta brilhan- te, com corpo em formato cilíndrico. As fêmeas se diferenciam dos machos por apresentarem tamanho maior e por apresentarem asas normais, com ca- pacidade de voo. Os machos possuem asas rudimentares. Por isso, não voam e não deixam o fruto onde se originam.

Existe outro inseto, muito semelhante à broca-do-café, chamada de falsa broca-do-café. A diferença entre elas está em características anatômicas e também no fato da falsa broca se alimentar apenas da semente de frutos secos e também possuir diversos hospedeiros, como laranjeira, abacateiro e também se alimenta de plantas secas de milho.

A broca-do-café é uma espécie de inseto que sofre metamorfose completa, ou seja, apresenta no seu desenvolvimento as fases de ovo, larva, pupa e adulta. O ciclo evolutivo tem uma duração entre 27 a 30 dias para as condições brasileiras. A duração desse ciclo é muito infl uenciada pela temperatura. Desse modo, quanto mais elevada a temperatura, menor vai ser o número de dias necessário para que o ciclo se complete.

Outra questão interessante é a duração média da vida da fêmea, em torno de 156 dias, contra uma duração média da vida do macho em torno de 45 dias. Como consequência, uma fêmea pode produzir, em um ano agrícola, várias descendências consecutivas.

Até o acasalamento, a broca-do-café sobrevive nos frutos secos do café, ge- ralmente localizados no chão. Quando acontece o acasalamento, as fêmeas voam para o cafeeiro, buscando os frutos da nova safra, para poderem colocar seus ovos. Esse período é conhecido como “período de trânsito”, no qual fêmeas deixam o grão da safra anterior em busca de grãos novos e geralmente ocorre de novembro a janeiro. A postura acontece preferencialmente em frutos verdes, com sementes já formadas, mas a oviposição também é observada em outros estágios de desenvolvimento do café.

As fêmeas até perfuram frutos com as sementes ainda não formadas, mas não realizam a oviposição, pois as larvas não se desenvolvem em frutos com umidade excessiva, como é o caso. Esses frutos, após serem perfurados, são abandonados pelas fêmeas e, geralmente, murcham e caem.

Já nos frutos com as sementes formadas, a broca-do-café realiza um verdadeiro trabalho de engenharia. Inicialmente, perfuram o fruto na região da coroa, dando início à construção de uma galeria vertical. Essa galeria é aberta até atingir uma das sementes. Dentro dessas sementes, essa galeria é alargada e forma a “câmara de postura”, local onde a fêmea vai depositar seus ovos. Essa deposição de ovos na câmara de postura pode demorar até período próximo há dois meses para ser realizada, pois a fêmea aguarda um completo endurecimento das paredes da câmara de postura.

É necessário que façamos duas observações importantes. Primeiramente, a perfuração e a demora de algum tempo para oviposição acontece quando os frutos de café ainda estão se formando, ainda não estão totalmente consis- tentes. Na medida em que os frutos vão fi cando mais rijos, as fêmeas adultas perfuram esses frutos e, logo em seguida já fazem a oviposição. Geralmente, após o mês de janeiro, na maioria dos Estados produtores, a oviposição é mais rápida, devido ao estado adiantado de desenvolvimento do fruto. E o que podemos deduzir dessa informação?

Ora, se nos meses anteriores a janeiro, ou melhor, nos meses mais iniciais do desenvolvimento do fruto há um período de tempo maior entre a penetração da fêmea no fruto e a oviposição, nesse período há uma maior tranquilidade para que ocorra um monitoramento e controle da broca.

Outra informação a que devemos nos atentar é o fato de que em frutos verdes ou cerejas, as perfurações da broca são realizadas, geralmente, na região da

coroa. Já nos frutos secos ou cocos, quando acontece uma alta intensidade de infestação, as perfurações pela broca são realizadas em qualquer ponto do fruto. Esse fato ocorre porque os grãos secos apresentam uma superfície externa enrugada, fato que facilita a fi xação do inseto para a oviposição.

6.1.1 Danos causados pela broca-do-café

Até agora, vimos que as fêmeas da broca-do-café abrem galerias nos frutos e realizam a oviposição. Mas como esse fato vai afetar a produção do cafeeiro? Esses ovos se transformarão em larvas, que podem destruir parcial ou total- mente a semente. Esse fato vai determinar um rendimento menor no bene- fi ciamento do café, pois as sementes afetadas irão sofrer uma considerável perda de peso e quanto mais leves as sementes, maior vai ser o número de grãos necessários para a obtenção de peso do produto.

Além de diminuir o rendimento do café benefi ciado, os grãos brocados, ou já, grãos que sofreram ataque da broca, vão sofrer uma depreciação em sua qualidade, uma vez em que o número de grãos brocados em uma amostra é um dos critérios utilizados na classifi cação de café. E a ausência de grãos brocados é condição essencial para a exportação de café, pois nenhum país importador aceita qualquer porcentagem de café brocado em suas transações. Na Figura 6.1, observamos, à direita, frutos com perfuração causada pela broca, na região da coroa, em frutos de café. À esquerda, podemos observar um corte em um fruto, onde verifi camos a presença de larvas, pupa e adulto da broca-do-café.

Oviposição

É depositar ovos

Figura 6.1: Frutos com perfuração pela entrada da broca, na região da coroa (dir.) e corte onde se observa as larvas, pupas e o adulto da broca.

Outros danos ainda podem ser quantifi cados, como queda de frutos novos perfurados e impossibilidade de se produzir sementes de café, pois ocorre descarte de grãos brocados.

Quais são os danos causados pela broca-do-café?

6.1.2 Fatores que infl uem no