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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.3 Dentes não irrompidos e parcialmente irrompidos

2.3.4 Possíveis alterações associadas a dentes não irrompidos e parcialmente

2.3.4.6 Cisto paradental

2.3.4.6.1

Patogênese

Craig (1976) afirmou que o cisto paradental tem uma origem inflamatória a partir dos restos epiteliais de Malassez ou do epitélio reduzido do órgão do esmalte. Ainda afirmou que o interesse nas projeções de esmalte que se estendem da junção amelocementária para a bifurcação radicular tem sido centrado em seu possível papel no desenvolvimento de bolsas periodontais e na patogênese dos cistos paradentais localizados por vestibular.

Segundo Shear e Altini (1983); Langlais; Langland; Nortjé (1995) o cisto paradental é de origem inflamatória e se origina dos restos epiteliais de Malassez ou do epitélio reduzido do órgão do esmalte. Esta última origem é preferida uma vez que os restos epiteliais de Malassez aparecem inativos nestas lesões.

Segundo Ackermann; Cohen; Altini (1987) parece existir 3 possíveis explicações para a formação desta lesão. A primeira diz que uma destruição no periodonto com consequente formação de uma bolsa profunda serve de estímulo para a proliferação do epitélio sulcular e desenvolvimento do cisto paradental. Uma segunda possibilidade é a proliferação dos restos epiteliais de Malassez como resultado de uma pericoronarite. A terceira e preferida por estes autores é a partir do epitélio reduzido do órgão do esmalte onde a formação do cisto ocorre como resultado de uma expansão unilateral do folículo pericoronário, secundária a uma destruição inflamatória do periodonto e do osso alveolar. Esta sugestão é apoiada pela observação radiográfica de um espaço folicular alargado distalmente às coroas de terceiros molares inferiores parcialmente não irrompidos, localização dos cistos, inserção dos cistos na junção cemento-esmalte e a continuidade entre o revestimento cístico e o epitélio reduzido do órgão do esmalte.

2.3.4.6.2

Características clínicas

Shear e Altini (1983) afirmaram que o cisto paradental representa 5% de todos os cistos odontogênicos. Ocorrem preferencialmente na 3ª década de vida, sendo que os homens são mais afetados. Os dentes envolvidos estão associados a um histórico de pericoronarite.

Shafer; Hine; Levy (1987) afirmaram que o cisto paradental geralmente se desenvolve lateralmente a um terceiro molar inferior e se estende da junção cemento-esmalte até a parte vestibular da bifurcação. O dente apresenta uma projeção de esmalte e pericoronarite.

O cisto paradental é um cisto odontogênico de origem inflamatória, que ocorre na vestibular, distal ou raramente na mesial de terceiros molares inferiores parcialmente irrompidos. Na maioria dos casos há um histórico associado de pericoronarite recorrente e ausência de doença periodontal generalizada (ACKERMANN; COHEN; ALTINI, 1987; REICHART; PHILIPSEN, 2000a).

Geralmente nos cistos paradentais envolvendo terceiros molares inferiores não irrompidos ou parcialmente irrompidos, há um ou mais episódios de pericoronarite. Halitose, dor, edema e trismo comumente ocorrem nestes casos. Quando envolve os terceiros molares, este tipo de cisto freqüentemente está localizado na porção distal ou distovestibular O terceiro molar geralmente está parcialmente irrompido e com as raízes completamente formadas (LANGLAIS; LANGLAND; NORTJÉ, 1995).

2.3.4.6.3

Características radiográficas

Craig (1976) encontrou de 1954 a 1974, 49 cistos paradentais associados a terceiros molares inferiores parcialmente irrompidos. Não houve predileção pelo lado direito ou esquerdo, mas 40 ocorreram em homens e 67% na terceira década de vida. Em todos os casos havia um histórico de pericoronarite. Em alguns casos, uma radiolucidez bem definida ocupava uma posição periapical, contudo, um exame mais criterioso revelou que o espaço do ligamento periodontal apical estava normal e que a lesão estava superposta à face radicular vestibular. Em outros, uma

radiolucidez bem definida foi observada distalmente a um terceiro molar inferior não irrompido, entretanto, algumas vezes, visualizou-se também uma superposição vestibular separada da imagem distal. Desta forma, ficou evidente que a partir do exame radiográfico, algumas das lesões clinicamente localizadas por mesial ou distal na verdade também possuem um componente vestibular. O autor ainda afirmou que radiograficamente o cisto paradental foi, no passado, incluído no diagnóstico diferencial de folículo pericoronário hiperplásico. Contudo, a identificação de áreas separadas do espaço folicular e a presença de um componente vestibular permitem o diagnóstico de cisto paradental através das radiografias.

O cisto paradental apresenta uma imagem radiolúcida, bem delimitada, localizada distalmente ao dente parcialmente irrompido e freqüentemente observa- se uma superposição por vestibular. A radiolucidez pode estender-se apicalmente, mas um espaço periodontal intacto fornece a evidência de que a lesão não se origina no ápice radicular (SHEAR; ALTINI, 1983).

Ackermann; Cohen; Altini (1987) afirmaram que a maioria destes cistos é descoberta após uma pericoronarite, quando radiografias de rotina são feitas antes da remoção cirúrgica dos terceiros molares. Radiograficamente, um espaço folicular normal pode ser observado distalmente às coroas dos terceiros molares inferiores não irrompidos ou parcialmente irrompidos. Não existe método de distinguir através das radiografias os espaços foliculares aumentados dos cistos paradentários. Os autores sugerem, que sejam aplicados os mesmos critérios para o cisto dentígero, ou seja, uma radiolucidez com mais de 4 mm.

O cisto paradental geralmente apresenta 1 ou 2 cm de diâmetro e radiograficamente aparece como uma radiolucidez bem definida, com uma borda

esclerótica fina que pode estar descontínua ou fracamente visível, localizada por vestibular ou distal do dente afetado. Esta variação ocorre devido à presença de intenso infiltrado inflamatório na parede do tecido conjuntivo do cisto junto à margem óssea (LANGLAIS; LANGLAND; NORTJÉ, 1995).

2.3.4.6.4

Características histopatológicas

Microscopicamente, o cisto paradental é revestido por epitélio pavimentoso estratificado hiperplásico não-queratinizado. Presença de infiltrado inflamatório no epitélio de revestimento e no tecido conjuntivo subjacente (CRAIG, 1976; SHEAR; ALTINI, 1983).

Histologicamente, o cisto paradental é indistinguível do cisto radicular. Sua origem ocorre a partir do epitélio reduzido do órgão do esmalte e a formação cística ocorre como resultado de uma expansão unilateral do folículo dental secundária à destruição inflamatória do osso e periodonto (ACKERMANN; COHEN; ALTINI, 1987).

2.3.4.6.5

Tratamento

Quando o terceiro molar for o dente em questão, o tratamento preconizado é a remoção do cisto juntamente com o dente (LANGLAIS; LANGLAND; NORTJÉ, 1995; ACKERMANN; COHEN; ALTINI, 1987).