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6 DISCUSSÃO

6.7 Distribuição da amostra segundo os parâmetros histopatológicos

6.7.2 Concordância entre os diagnósticos dos observadores histopatológicos

Com o teste de Kappa utilizado para avaliar a concordância entre os observadores histopatológicos 1 e 2, observou-se a dificuldade do estabelecimento

do diagnóstico histopatológico dos tecidos pericoronários dos dentes da amostra quando da ausência da correlação com as radiografias (GRÁF. 10) (APÊNDICE G).

O exame histopatológico é insuficiente para um diagnóstico definitivo entre cisto dentígero e folículo pericoronário, mesmo baseando-se no tipo de epitélio de revestimento, pois o epitélio pavimentoso estratificado também pode ser encontrado em alguns folículos normais. A presença deste tipo de epitélio, por si só, não é diagnóstico de cisto dentígero, uma vez que uma metaplasia escamosa do epitélio reduzido do órgão do esmalte em torno de um dente não irrompido é normal com o aumento da idade do paciente (CONSOLARO, 1987; STANLEY et al., 1988; KIM; ELLIS, 1993; DALEY; WYSOCKI, 1995; DAMANTE; FLEURY, 2001).

O quadro histopatológico de um cisto dentígero pequeno, não permite um diagnóstico diferencial seguro com o folículo pericoronário de um dente não irrompido (CONSOLARO, 1987). Diagnósticos baseados apenas na aparência histopatológica podem ser inconclusivos (EISENBERG, 1993).

A presença de um epitélio pavimentoso estratificado envolvendo a coroa de um dente que não irrompeu não é considerado uma observação histopatológica normal (KNIGHTS, 1991).

As observações histopatológicas parecem ser o único meio confiável para separar o cisto dentígero do folículo pericoronário hiperplásico na ausência de alterações radiográficas. A ausência de um aumento radiográfico do espaço folicular não deve negar as observações histopatológicas (KNIGHTS, 1991).

O diagnóstico final entre folículo pericoronário e cisto dentígero sempre deve ser feito através do exame histopatológico do tecido pericoronário (MILLER; BEAN, 1994).

6.7.3 Concordância entre os diagnósticos dos observadores

histopatológicos 1 e 2 com a largura dos espaços pericoronários e com

os diagnósticos dos observadores radiográficos 1 e 2

Com o teste de Kappa utilizado para avaliar a concordância entre os observadores histopatológicos 1 e 2 com os observadores radiográficos 1 e 2 e com a largura dos espaços pericoronários, observou-se a dificuldade do estabelecimento do diagnóstico dos tecidos pericoronários de 33 dentes da amostra, quando da utilização de somente um tipo de exame. É indispensável a soma das características radiográficas com as características histopatológicas dos tecidos pericoronários para o estabelecimento do diagnóstico (GRÁF. 11).

Uma semiologia precisa é muito importante para detectar a tendência à transformação cística dos folículos pericoronários dos dentes não irrompidos. Esta semiologia é basicamente radiográfica, e a precisão diagnóstica necessita da correlação entre a radiologia e a histopatologia (BARROSO et al., 1985).

Sciubba (1991) afirmou que os livros texto de patologia continuam a ser padrões para o estabelecimento de critérios, salientam a importância da correlação radiográfica, bem como, da correlação histopatológica na avaliação de patologias dos terceiros molares.

Exame clínico, radiográfico e histopatológico são essenciais para o diagnóstico preciso de uma patologia óssea (EISENBERG, 1993).

Fleury et al. (1994); Bey et al. (1997) afirmaram que o diagnóstico de cisto dentígero não é difícil. É o resultado de um raciocínio clínico, associando características clínicas, radiográficas e histopatológicas.

O diagnóstico de cisto dentígero não deve ser feito somente em evidências radiográficas, mas também deve basear-se no exame macroscópico e histopatológico do tecido pericoronário e do dente afetado porque outras lesões, tais como: ameloblastoma unicístico e ceratocisto odontogênico também podem apresentar as mesmas características radiográficas (BENN; ALTINI, 1996; MANGANARO, 1998).

Neste estudo foram utilizadas as colorações de hematoxilina-eosina e tricrômico de Mallory. As duas técnicas de coloração foram utilizadas para facilitar o diagnóstico histopatológico, uma vez que, o tricrômico de Mallory evidencia o tecido conjuntivo fibroso e a proliferação epitelial, complementando os achados na coloração HE. Neste estudo, a associação das duas técnicas de coloração auxiliou no estabelecimento do diagnóstico histopatológico.

Métodos histopatológicos especiais, como, por exemplo, imunohistoquímicos ou histomorfométricos também poderiam auxiliar na confirmação do diagnóstico (GLOSSER; CAMPBELL, 1999). Adelsperger et al. (2000) apoiados nas observações de uma maior atividade celular, evidenciada pela presença de um marcador de antígeno nuclear de células em proliferação (PCNA), na maioria dos tecidos foliculares saudáveis, defendem que a metaplasia representa uma patologia precoce.

Não existem parâmetros radiográficos e histopatológicos que permitam diferenciar folículos pericoronários de cistos dentígeros pequenos. O diagnóstico diferencial somente será possível quando for detectada cavitação e fluído durante a intervenção cirúrgica (DAMANTE, 1987).

Identificar uma cavidade cística no momento da cirurgia pode ser a única forma confiável de chegar a um diagnóstico definitivo quando as características

radiográficas e histopatológicas são insuficientes para distinguir um cisto dentígero pequeno de um folículo pericoronário grande (DALEY; WYSOCKI, 1995).

O clínico, o cirurgião, ou ambos, devem observar a presença ou ausência de cavitação óssea e o conteúdo cístico, no trans-operatório, para diferenciar o folículo pericoronário do cisto dentígero ou paradental. O material deve ser examinado histopatologicamente e o patologista ao interpretar dados clínicos, cirúrgicos e radiográficos confirmará ou não o diagnóstico. Somente o patologista é capaz de descartar a existência de ceratocistos odontogênicos, ameloblastomas incipientes ou outras lesões associadas a folículos pericoronários (DAMANTE; FLEURY, 2001).

A distinção clinicopatológica entre um cisto dentígero incipiente e um folículo pericoronário espessado representa, usualmente, uma tarefa bastante difícil. Os autores divergem quanto à possibilidade do diagnóstico definitivo. Para alguns, as informações radiográficas e histopatológicas não são conclusivas o suficiente para fechar o diagnóstico definitivo. Desta forma, o critério principal para emissão do diagnóstico é a presença de uma cavitação patológica observada no trans- operatório. Entretanto, estudos mais recentes, enfatizam que a alteração metaplásica de um epitélio reduzido do órgão do esmalte para um epitélio pavimentoso estratificado seria a marca inicial da degeneração de um folículo pericoronário para um cisto dentígero. O exame histopatológico pode sugerir a distinção entre um folículo pericoronário espessado e um cisto dentígero incipiente, mas é a soma das informações clínicas e cirúrgicas que nortearão a emissão do diagnóstico definitivo (MIGUEL et al., 2002).