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6 DISCUSSÃO

6.5 Distribuição de 33 dentes da amostra segundo a largura dos espaços

A compatibilidade da existência de radiografias panorâmicas e dos exames histopatológicos, no mesmo caso, ocorreu em 33 terceiros molares não irrompidos e parcialmente irrompidos. Alguns fatores contribuíram para o número de dentes da amostra radiográfica, como, por exemplo, dados incompletos nos prontuários dos pacientes, frascos contendo tecido pericoronário não identificado, defeitos no aparelho panorâmico e a greve dos professores e funcionários da Universidade Federal de Santa Catarina.

Dentre as várias radiografias existentes, a panorâmica foi utilizada nesta pesquisa pelos seguintes motivos: facilidade na execução da mesma pelo operador de raios X, comodidade para o paciente, visualização de todos os terceiros molares na mesma radiografia e principalmente, por permitir a padronização das radiografias. No entanto, a distorção linear é a grande desvantagem da radiografia panorâmica, variando conforme o tipo de equipamento utilizado.

A largura do espaço pericoronário de dentes não irrompidos ou parcialmente irrompidos visualizados na radiografia panorâmica é 0,5 mm maior do que os casos visualizados com radiografias periapicais (LARA, 1982; DAMANTE, 1987; LANGLAIS; LANGLAND; NORTJÉ, 1995; DAMANTE; FLEURY, 2001). Para Amêndola (1983), as radiografias panorâmicas ampliam a imagem em 30%.

Lara (1982) concluiu em seu estudo, que se faz necessário levar em consideração a distorção, quando da utilização de radiografias panorâmicas a fim de não confundir a imagem distorcida de um folículo pericoronário com um cisto dentígero. Relatou ainda que, a diferença entre folículos pericoronários e cistos dentígeros, a partir de radiografias só pode ser feito em termos de probabilidade, não com exatidão.

Vários fatores contribuem para a distorção das imagens obtidas em radiografias panorâmicas. São eles: movimento do filme, relação espacial entre o filme e o plano de corte, direção do feixe de raios X e o ecran intensificador. A densidade e o tamanho do objeto a ser radiografado, assim como, sua posição em relação ao plano de corte e ao feixe de raios X também são responsáveis pela distorção observada nas panorâmicas (CHOMENKO, 1985). As radiografias panorâmicas tendem a aumentar as estruturas, especialmente na dimensão horizontal; deste modo, folículos pericoronários e cistos dentígeros parecem maiores do que realmente são (MILLER; BEAN, 1994). Grandes magnificações estão associadas com as radiografias panorâmicas, que varia conforme o tipo de equipamento (LANGLAIS; LANGLAND; NORTJÉ, 1995).

Mopsik (1989) afirmou que nem sempre os levantamentos periapicais representam adequadamente as regiões de terceiros molares. Portanto, uma radiografia adicional se faz necessária para a visualização de alterações. O autor recomendou o uso de radiografias panorâmicas. Segundo Bey et al. (1997) a radiografia panorâmica é tida como o exame de escolha, necessário e suficiente para o diagnóstico de cisto dentígero.

Neste estudo, as mensurações radiográficas dos espaços pericoronários foram feitas sem considerar o fator de ampliação provocada pelo aparelho que variou de

9% a 23% (ver seção 4.2.2.2), a qual foi considerada como existente em todas as radiografias obtidas. Glosser e Campbell (1999) também não consideraram o fator de ampliação de 19% relatado pelo fabricante do equipamento radiográfico para a mensuração dos espaços pericoronários.

Neste estudo, apenas a maior largura do espaço pericoronário foi considerada (THOMA, 1964; LARA, 1982; BARROSO et al., 1985; DAMANTE, 1987). Amêndola (1983) considerou somente a maior largura, devido à forma elipsóide dos espaços pericoronários.

Pelo fato da largura do espaço pericoronário ser uma das principais variáveis deste estudo, a TAB. 2 foi elaborada para mostrar a distribuição dos dentes da amostra segundo esta variável. Pelos resultados observou-se que houve uma maior concentração dos casos na faixa, cujas medidas variaram entre 1,1 e 2,5 mm.

Pode-se afirmar com estes resultados, que são as mensurações dos espaços pericoronários dos terceiros molares não irrompidos ou parcialmente irrompidos mais comumente encontradas (LARA, 1982; AMÊNDOLA, 1983; BARROSO et al., 1985; DAMANTE, 1987; DAMANTE; FLEURY, 2001).

Se somente a largura do espaço pericoronário fosse considerada como parâmetro para o diagnóstico radiográfico, dos 33 casos desta pesquisa, 25 (76%) apresentaram uma medida de até 2,5 mm, representando, desta forma, folículos pericoronários (MOURSHED, 1964b; STAFNE; GIBILISCO, 1982; AMÊNDOLA, 1983; MAROO, 1991; LANGLAIS; LANGLAND; NORTJÉ, 1995; GLOSSER; CAMPBELL, 1999) (GRÁF. 3).

A largura do espaço pericoronário é o fator mais confiável na determinação da existência de um cisto dentígero (MOURSHED, 1964a). As condições associadas ao desenvolvimento do cisto dentígero podem ser classificadas com base nas

observações radiográficas, quando a radiolucidez pericoronária apresentar 2,5 mm ou mais de largura (MOURSHED, 1964b). O exame radiográfico tem poder de descartar o diagnóstico de cistos e tumores incipientes quando o espaço pericoronário tiver até 2,5 mm de largura (STANLEY et al., 1965).

Quando o espaço pericoronário atinge a espessura de 2,5 mm, ele é sugestivo de cisto dentígero, em 80% dos casos (STAFNE; GIBILISCO, 1982). O resultado de Lara (1982) não coincidiu com o acima exposto. Este autor encontrou cisto dentígero em 43,7% dos casos cujos espaços pericoronários mediram de 2,5 a 2,9 mm. As diferenças encontradas fazem pensar que nos casos em que a imagem radiográfica sugere a presença de um folículo pericoronário, o cisto dentígero é mais freqüente. Segundo Adelsperger et al. (2000), a literatura sugere que a radiolucidez pericoronária medindo até 2,5 mm de largura não é considerada patológica, mas a validade desta afirmação é limitada.

Barroso et al. (1985) afirmaram que até 2,5 mm de largura, o espaço pericoronário reflete, radiograficamente, com razoável precisão, a normalidade histológica dos tecidos pericoronários. À medida que ultrapassa 2,5 mm de largura, radiograficamente, o espaço pericoronário pode sugerir a existência de alterações histopatológicas dos tecidos pericoronários de dentes não irrompidos. O diagnóstico dos tecidos pericoronários não pode se basear somente na medida do espaço pericoronário nas radiografias, pois grandes dimensões podem não mostrar nenhuma alteração histopatológica, assim como, pequenas dimensões podem evidenciar patologias. Sob o ponto de vista clínico, o cirurgião-dentista não dispõe de maiores recursos para suspeitar das patologias incipientes e, a radiografia pode continuar a ser utilizada como um indicador de diagnóstico.

Não existe nenhum método para distinguir, por meio das radiografias, os espaços foliculares aumentados dos cistos paradentais. Devem ser aplicados os mesmos critérios do cisto dentígero para o cisto paradental (ACKERMANN; COHEN; ALTINI, 1987).

Os processos patológicos associados ao folículo pericoronário podem ser identificados precocemente, por meio de radiografias que mostram um alargamento do espaço pericoronário (MAROO, 1991; DALEY; WYSOCKI, 1995; DAMANTE; FLEURY, 2001).

O teste Qui-quadrado demonstrou que não houve associação entre os diagnósticos radiográficos baseados somente na largura dos espaços pericoronários com o gênero, a faixa etária dos pacientes e a arcada envolvida. Estes resultados podem ser explicados pela quantidade reduzida de radiografias panorâmicas disponíveis para análise.

6.6 Relação entre os diagnósticos dos observadores radiográficos