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2.4 A Organização e a Cultura Organizacional

2.6.2 Classificação das Inovações

Higgins (1995), sugere a seguinte classificação para a inovação:

Inovação do produto: resulta em novos produtos ou serviços ou em melhorias de produtos ou serviços existentes. A inovação em nível de produto pode ser assim subdividida:

o Kaizen, ou melhoria contínua;

o Leaping, ou produção de novos produtos a partir de produtos velhos; e o Big Bang, ou produção de um novo produto que corta, de forma radical,

com o passado

Inovação de processo: resulta em processos melhorados dentro da organização. Está centrada na melhoria da eficiência e da eficácia do processo produtivo; Inovação de marketing: resulta numa melhoria significativa em alguns dos elementos do marketing mix : produto, preço, promoção, distribuição e mercado. Pode basear-se na diferenciação (produto, promoção, distribuição e mercado) ou nos custos (preço);

Inovação de gestão/organização: resulta em melhorias significativas na gestão da organização. É fundamental para as empresas que quiserem acompanhar os desafios estratégicos. Baseia-se em alguns campos de ação como:

o Planejamento: alianças estratégicas, técnicas de previsão; o Organização: reengenharia, redes de empresas;

o Liderança: empowerment, management by walking around; o Controlling: activity based costing, executive information system.

Para Nadler e Tushman (1997), as inovações de produto e processo são classificadas em três tipos:

Incrementais são aquelas provenientes de pequenas alterações nos produtos e processos existentes, num esforço contínuo de aumento de produtividade, qualidade e competitividade;

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Sintéticas São aquelas que resultam em produtos e processos expressivamente novos, provenientes de uma combinação criativa dos conhecimentos existentes, da capacidade de produção, dos processos existentes e das estratégias de marketing; Descontínua São aquelas consideradas radicais. Acrescenta-se aqui o pensamento de Freeman (1990), que considera que esse tipo de inovação de produto resulta no lançamento de produtos e processos totalmente novos, exercendo um forte impacto em nível de mercado. De acordo com os autores acima, esse tipo de inovação representa um grande risco e incerteza, já que implica numa alteração total em termos de qualificação, processos e sistemas.

Nadler e Tushman (1997) destacam a Inovação tecnológica de processo, que é a adoção de métodos de produção tecnologicamente novos ou significativamente aperfeiçoados, incluindo métodos de distribuição (logística), que podem compreender mudanças de um equipamento ou na organização da produção ou ainda uma combinação de ambos e podem ser derivados do uso de conhecimento novo. Esses métodos podem ser introduzidos com o propósito de produzir ou distribuir produtos tecnologicamente novos ou aperfeiçoados, que não possam ser produzidos ou distribuídos pela utilização de métodos convencionais, ou ainda podem ser introduzidos para aumentar a eficiência da produção ou distribuição dos produtos existentes.

A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico -OECD, por meio do Manual de Oslo (2004), recomenda a seguinte conceituação das inovações: inovações tecnológicas e inovações não tecnológicas.

As inovações tecnológicas, ou Inovação Tecnológica de Produtos e Processos (TPP), compreendem as implantações de produtos e processos tecnologicamente novos e substanciais melhorias tecnológicas em produtos e processos. Uma inovação TPP é considerada implantada se tiver sido introduzida no mercado (inovação de produto) ou usada no processo de produção (inovação de processo). Ela envolve uma série de atividades científicas, tecnológicas, organizacionais, financeiras e comerciais. Uma empresa inovadora em TPP é uma empresa que tenha implantado produtos ou processos tecnologicamente novos ou com substancial melhoria tecnológica durante o período em análise. A exigência mínima é que o produto ou processo deve ser novo (ou substancialmente melhorado) para a empresa (não precisa ser novo no mundo). Estão incluídas inovações relacionadas com atividades primárias e secundárias, bem como inovações de processos em atividades similares.

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As inovações TPP podem ser discriminadas entre produtos e processos, e por grau de novidade da mudança introduzida em cada caso.

A Inovação Tecnológica de Produto pode assumir duas formas abrangentes: produtos tecnologicamente novos e produtos tecnologicamente aprimorados.

Um Produto Tecnologicamente Novo é um produto cujas características tecnológicas ou usos pretendidos diferem daqueles dos produtos produzidos anteriormente. Tais inovações podem envolver tecnologias radicalmente novas, podem basear-se na combinação de tecnologias existentes em novos usos, ou podem ser derivadas do uso de novo conhecimento.

Um Produto Tecnologicamente Aprimorado é um produto existente cujo desempenho tenha sido significativamente aprimorado ou elevado. Um produto simples pode ser aprimorado (em termos de melhor desempenho ou menor custo) por meio de componentes ou materiais de desempenho melhor, ou um produto complexo que consista em vários subsistemas técnicos integrados pode ser aprimorado por meio de modificações parciais em um dos subsistemas.

A Inovação de Processo Tecnológico é a adoção de métodos de produção novos ou significativamente melhorados, incluindo métodos de entrega dos produtos, que podem envolver mudanças no equipamento ou na organização da produção, ou ainda uma combinação dessas mudanças, e podem derivar do uso de novo conhecimento. Os métodos podem ter por objetivo produzir ou entregar produtos tecnologicamente novos ou aprimorados, que não possam ser produzidos ou entregues com os métodos convencionais de produção, ou pretender aumentar a produção ou eficiência na entrega de produtos existentes.

A inovação não tecnológica cobre todas as atividades de inovação que são excluídas da inovação tecnológica. Isto significa que inclui todas as atividades de inovação das empresas que não estejam relacionadas com a introdução de um bem ou serviço tecnologicamente novo ou substancialmente modificado, ou ao uso de um processo tecnologicamente novo ou substancialmente alterado.

Os principais tipos de inovação não tecnológica tendem a ser inovações puramente organizacionais e gerenciais. A mudança organizacional só é considerada mudança tecnológica quando há uma mudança mensurável nos resultados de uma empresa, seja em termos de produção ou de vendas. A mudança puramente organizacional não é incluída entre as mudanças tecnológicas.

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Cabe aqui mencionar a Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica (PINTEC), realizada pelo IBGE com o apoio da Financiadora de Estudos e Projetos FINEP e do Ministério da Ciência e Tecnologia MCT, que traz a seguinte justificativa:

Com vistas a atender à crescente e diversificada demanda por informações econômicas, o IBGE vem promovendo extenso programa de modernização de suas pesquisas de indústria, comércio e serviços. Na área da indústria, e contando com o apoio da FINEP e do MCT, o programa consolida a implantação da Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica PINTEC. Tendo por objetivo a construção de indicadores nacionais e regionais das atividades de inovação tecnológica nas empresas industriais brasileiras, compatíveis com as recomendações internacionais em termos conceituais e metodológicos. (PINTEC, 2004, p. 21).

A PINTEC segue a recomendação do Manual de Oslo para a classificação das inovações, que será utilizada como referência para este trabalho.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A pesquisa é desencadeada a partir do surgimento de um problema que requer uma análise. Conforme Gil (2002, p. 17) pode-se definir pesquisa como o procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos . Evidencia-se, assim, a importância da utilização de métodos, técnicas e outros procedimentos científicos no decorrer deste processo.

Um dos aspectos que caracteriza a pesquisa é a sua natureza que, nesta dissertação, é qualitativa. De acordo com Menezes e Silva (2003) este tipo de pesquisa considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, ou seja, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade, que nem sempre pode ser traduzida em números, havendo espaço para a interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados.

Na definição de Godoy (1995, p. 21) a pesquisa qualitativa ocupa um reconhecido lugar entre as várias possibilidades de se estudar os fenômenos que envolvem os seres humanos e suas intrincadas relações sociais . Ela pode ser caracterizada como tentativa de uma compreensão detalhada dos significados e características situacionais apresentadas pelos participantes.

No que se refere aos fins a serem alcançados, esta pesquisa se classifica como exploratória e descritiva. Este tipo de investigação, conforme Vergara (2004), tem uma natureza de sondagem, sendo que as hipóteses normalmente surgem não no início mas no decorrer do trabalho. A pesquisa descritiva, diz respeito às características de determinada população ou de determinado fenômeno. Pode também estabelecer correlações entre variáveis e definir sua natureza, servindo de base para explicar os fenômenos que descreve.

A pesquisa é também bibliográfica devido à consulta em materiais publicados sobre o tema. A pesquisa bibliográfica, de acordo com Borba (2003) pode ser realizada de forma independente ou como parte integrante de outra forma de pesquisa. Seu propósito principal consiste em oportunizar ao pesquisador, informações e conhecimento sobre contribuições científicas existentes referentes ao assunto pesquisado.

Esta dissertação também se caracteriza por apresentar um estudo de caso. De acordo com Yin (2001, p. 32):

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1) Um estudo de caso é uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro do seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos.

2) A investigação do estudo de caso enfrenta uma situação tecnicamente única em que haverá muito mais variáveis de interesse do que pontos de dados, e, como resultado baseia-se em várias fontes de evidência e beneficia-se do desenvolvimento prévio de proposições teóricas para conduzir a coleta e a análise de dados.

O grande valor do estudo de caso ou de vários casos, segundo Triviños (1997, p. 111) é fornecer o conhecimento aprofundado de uma realidade delimitada que os resultados atingidos podem permitir e formular hipóteses para o encaminhamento de outras pesquisas.

Os estudos de caso podem ser constituídos tanto de um único como de múltiplos casos, como ocorre nesta dissertação. Para Gil (2002, p. 139)

A utilização de múltiplos casos é a situação mais freqüente nas pesquisas sociais e apresenta vantagens e desvantagens. De modo geral, considera-se que a utilização de múltiplos casos proporciona evidências inseridas em diferentes contextos, concorrendo para a elaboração de uma pesquisa de melhor qualidade. Por outro lado, uma pesquisa com múltiplos casos requer mais tempo para coleta e análise dos dados, pois será necessário reaplicar as mesmas questões em todos os casos.

O instrumento utilizado para a coleta de dados foi um questionário (Anexo 1), aplicado às empresas com o propósito de verificar os 50 produtos adequados para a exportação, com análise de 100% do total desta amostragem.

A coleta dos dados também compreendeu uma investigação minuciosa, por meio de reuniões pessoais com o empresário responsável de cada empresa, durante e após a validação do projeto (aprovação final pela empresa), para que fosse possível atribuir credibilidade às informações apresentadas.

De acordo com Triviños (1997), a análise de dados é um processo que exige criatividade que demanda rigor intelectual, uma grande quantidade de dificuldades e um trabalho criterioso e muito cuidadoso, afinal as pessoas têm maneiras diferentes de direcionarem seu esforço intelectual e seu trabalho, não existindo apenas uma forma correta para organizar, analisar e interpretar resultados.

Diante disso, Gil (2002, p. 141) sugere que o pesquisador desenvolva logo no início da pesquisa um quadro de referência teórico com vista em evitar especulações no momento de análise.

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A apresentação dos resultados foi desenvolvida a partir da sistematização, análise e interpretação das informações fornecidas pelas empresas participantes da pesquisa, tendo como referência os produtos exportados ou que apresentam potencial de exportação.

Com base nas respostas da pesquisa sobre os impactos na exportação e na competitividade de MPMEs em função das inovações derivadas da implementação do PROGEX em SC (Anexo 1), chegou-se a valores tabulados por produto apresentados em forma de tabela.

É importante ressaltar que para esta análise e interpretação dos dados, foram considerados números relativos ao período do início do projeto com cada produto nas respectivas empresas até outubro de 2005, com a finalização do levantamento dos dados para este trabalho junto às empresas, da forma mais consistente possível.

A duração dos projetos corresponde a uma variação de 6 a 19 meses, com exceção para uma empresa de produtos eletromédicos de altíssima complexidade, que teve duração de 24 meses, sendo que o término dos projetos ocorreu de setembro de 2004 a maio de 2005, havendo o caso de um produto cujo término ocorreu em setembro de 2005.

Durante os 2 anos referentes ao primeiro convênio com a FINEP/MCT, para atuar com o PROGEX, houve período considerável de nucleação, ou seja, contratação de profissionais, capacitação e treinamento, análise e prospecção de mercado. Isto significa a tendência de redução de lead time nos projetos com o aumento do conhecimento na área.

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Quadro 3: Procedimentos metodológicos utilizados na pesquisa Fonte: Própria

O Quadro 3 descreve os procedimentos metodológicos adotados na pesquisa, que se caracterizou como qualitativa e teve caráter exploratório, com estudo de múltiplos casos. Apresenta ainda a amostra os instrumentos utilizados na coleta de dados, a entrevista estruturada e a pesquisa bibliográfica. Indica também que a análise e interpretação de dados deu-se de forma comparativa e descritiva.