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Classificação quanto à técnica de fabrico 9

1.1.2 Formas de classificação das cerâmicas dentárias 8

1.1.2.2 Classificação quanto à técnica de fabrico 9

A classificação quanto à técnica de fabrico não é consensual e tem-se transformado com a introdução de novas tecnologias (Giordano e McLaren, 2010; Shenoy et al., 2010; Volpato et al., 2010; Raghavan, 2012; Anusavice

et al., 2013). Hoje as cerâmicas devem ser divididas em quatro grupos: a

cerâmica colocada pelo método tradicional de estratificação, as cerâmicas prensadas, as cerâmicas por CAD/CAM e as cerâmicas por eletrodeposição. O grupo das cerâmicas colocadas pelo método tradicional pode ainda ser dividido em dois subgrupos quanto ao método de fabrico: convencional ou por infiltração. Dentro do método convencional estão incluídas as típicas cerâmicas de recobrimento totalmente vítreas ou com uma pequena percentagem de componente cristalina. Normalmente, a apresentação destas é em pó e a mistura é feita com líquido próprio de modelagem fornecido pelo fabricante. São construídas pelo técnico de prótese dentária com o auxílio de pincel ou espátula. Posteriormente, a cerâmica vai a um forno de queima de cerâmica que através de um ciclo a vácuo a sinteriza retirando a maior parte da porosidade incorporada durante a construção. As cerâmicas por infiltração estão no grupo das cerâmicas colocadas pelo método tradicional porque, também recorrendo ao pincel ou a espátula, a infraestrutura é construída num torquel refractário recorrendo a uma dispersão de pó de cerâmica de spinel, alumina ou zircónia. A infiltração é realizada através da imersão da estrutura, numa fase de pré-sinterização, numa solução vítrea. Após a infiltração do vidro a infraestrutura volta ao forno de cerâmica para uma última sinterização. Todas as cerâmicas colocadas pelo método tradicional apresentam dois grandes inconvenientes. Primeiro, dependem muito das potencialidades artísticas do técnico de prótese dentária e, por outro, lado demoram muito na sua construção como nas várias sinterizações necessárias (Li, Chow e Matinlinna, 2014). Esta técnica também é menos passível de ser reproduzida e normalmente incorpora mais porosidades do que as outras técnicas de fabrico. No entanto, tem a vantagem de apresentar uma estética superior, tentando mimetizar o melhor possível todas as características óticas de um dente natural, com as suas diferentes cores e translucidez (Ishibe, Raigrodski e Flinn et al., 2012; Preis, Letsch, Handel et al., 2013 e Miyazaki, Nakamura e Matsumura et al., 2013).

No grupo das cerâmicas prensadas, também designadas por injetadas está um grupo de cerâmicas que estão disponíveis no mercado em forma de

lingotes de materiais diferentes, apresentando-se em diversas cores. Neste método é utilizada a técnica da cera perdida, muito conhecida dos técnicos de prótese dentária, por ser também utilizada nas fundições para estruturas metálicas. Assim, após enceramento da peça, esta é incluída em cilindro próprio e posteriormente é feita a eliminação da cera. Após o lingote ter sido colocado no forno de cerâmica apropriado para injeção, o anel é colocado no forno de cerâmica e o lingote passa por uma fase plástica sendo injetado para o cilindro. Após o arrefecimento do conjunto, o revestimento é retirado e a estrutura é então terminada. Com este sistema é possível fazer restaurações monolíticas, apenas neste material, que posteriormente são pintadas, ou infraestruturas para posterior colocação de cerâmicas de recobrimento pelo método tradicional de colocação com pincel ou espátula. As cerâmicas prensadas têm propriedades mecânicas que, consoante o material, tem indicação para inlays, onlays, facetas e coroas ou para pontes até 3 elementos (Raigrodski, 2004).

As vantagens destes sistemas são, por um lado, o técnico de prótese estar habituado à técnica de enceramento e inclusão, a utilização de uma cerâmica mais densa e isenta de porosidades, uma maior resistência à flexão com menor probabilidade de chipping. Como inconvenientes temos a limitação dos trabalhos a pontes de três elementos, a necessidade de equipamento próprio e a estética mais pobre das restaurações monolíticas apenas pintadas (Denry e Holloway, 2010). Estas restaurações monolíticas têm sido largamente usadas para restaurações de dentes posteriores onde a estética é menos exigente, reduzindo o tempo de fabrico. Para o bloco anterior e em casos de maior exigência estética a técnica de estratificação de cerâmica consegue padrões estéticos mais elevados mimetizando melhor o dente natural (Zhang, Lee, Srikanth et al., (2013).

No grupo das cerâmicas por CAD/CAM está uma vasta gama de cerâmicas (cerâmicas feldspáticas, reforçadas com leucite ou dissilicato de lítio, infiltradas com alumina ou zircónia e as policristalinas de alumina ou zircónia), que quanto ao fabrico, são todas fresadas por um equipamento

específico (CAM) utilizando tanto o método subtrativo como o método aditivo (Li et al., 2014). Neste grande espectro de cerâmicas é possível realizar todo o tipo de restaurações, dependendo apenas do material cerâmico selecionado.

A principal desvantagem desta técnica de fabrico resulta do elevado investimento inicial no equipamento e a necessidade de uma aprendizagem na utilização do programa informático usado para digitalizar e desenhar as infraestruturas. A grande vantagem é a diversidade de opções de materiais a serem usados na elaboração das próteses, a diversidade de restaurações passíveis de serem realizadas bem como a padronização da fresagem e a densidade do material (Beuer, Schweiger e Edelhoff, 2010 e Miyazaki, 2013). A electrodeposição consiste na deposição de partículas em suspensão de cerâmica mas este ainda é um método pouco desenvolvido mas que poderá vir a crescer nos próximos anos (Vilar, 2014 e Kumar, 2014).

Esta tecnologia de deposição de partículas de cerâmica num torquel através de trocas elétricas tem como grande vantagem o não desperdício de material e a padronização dos procedimentos. Por outro lado, apresenta atualmente indicações limitadas, podendo ser usado apenas para estruturas unitárias estando esta técnica ainda a dar os primeiros passos o que representa uma desvantagem a ter em consideração (Heinmann, 2010).