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A Coleção PPT – Português Para Todos (PNLDs 2005 e 2008) e a Coleção RAD – Projeto Radix (PNLD 2011)

SEÇÕES QUE COMPÕEM O LIVRO DIDÁTICO Gramática/

3.2.5. A Coleção PPT – Português Para Todos (PNLDs 2005 e 2008) e a Coleção RAD – Projeto Radix (PNLD 2011)

A Coleção PPT é publicada pela Editora Scipione e fez parte dos PNLDs de 2005 e 2008. No PNLD de 2011, essa coleção passou a se chamar Projeto

Radix – Raiz do conhecimento (RAD). A estrutura editorial dessas coleções

nos três PNLDs (2005, 2008 e 2011) não mudou e se manteve dividida em três unidades de quatro capítulos em formato de pequenos projetos que ora apresentam ora retomam os conteúdos estudados. Os autores também disponibilizam as coleções em duas versões: a do aluno e a do professor.

Ao final de cada um dos volumes direcionados aos professores, há o Manual do Professor. Nele estão contidas informações importantes para o trabalho com os conteúdos propostos e a perspectiva teórica na qual está ancorada a metodologia de trabalho da coleção. Os autores concebem a linguagem como “forma ou processo de interação” e que, por isso, “é instrumento fundamental na constituição das relações sociais” (TERRA e CAVALLETE, 2002, MP, p. 7). Tal concepção encontra respaldo na perspectiva

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dos PCN e é com base nela que os autores explicitam os pressupostos pedagógicos das coletâneas:

A característica dialógica da linguagem – propriedade que permite o diálogo em seu sentido mais amplo – constitui pressuposto teórico fundamental na concepção desta obra. E, ainda, por entender que a linguagem é um instrumento fundamental na constituição das relações sociais, diferentes situações de aprendizagem foram propostas a fim de desencadear ação e reflexão nos alunos, favorecendo seu desenvolvimento como ser social (TERRA E CAVALLETE, 2009, MP, p. 9).

Os autores sinalizam para o fato de que o trabalho desenvolvido nas coleções possibilita aos alunos o contato com uma vasta gama de gêneros “retirados de diferentes suportes e com as mais distintas finalidades” a fim de desenvolver neles o “potencial de construir e interpretar os discursos de acordo com as situações” a que são expostos (TERRA E CAVALLETE, 2002, MP, p. 8).

A propósito do trabalho com a produção de textos orais, os autores argumentam que produzimos mais textos na modalidade oral do que na modalidade escrita, “por isso o trabalho com esse tipo de linguagem deve ter, na escola, o mesmo privilégio que o trabalho com a escrita” (MP, p. 10). E acrescentam:

É importante frisar, no entanto, que as atividades com a oralidade não significam “corrigir” falas do aluno, mas devem ter como objetivo levá-lo a perceber que o uso dessa modalidade de linguagem varia em decorrência da situação concreta de uso, podendo ser mais ou menos formal em função do contexto e do interlocutor (TERRA & CAVALLETE, 2002, MP, p. 10).

Para os autores, é nos momentos em que os alunos registram por escrito as conclusões a que chegaram com as pesquisas feitas para o debate oral que os professores têm a oportunidade “de trabalhar com a transferência da linguagem oral para a escrita e vice-versa, identificando-se as peculiaridades de cada uma” (TERRA E CAVALLETE, 2002, MP, p.1º, destaque nosso).

Em relação à gramática, segundo os autores, “um baixo nível de domínio das variáveis linguísticas pode resultar em exclusão social” (2002, MP, p. 8), por isso, é necessário compreender os “mecanismos de funcionamento da língua e

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conhecer as convenções da norma culta” (MP, idem). Assim, a gramática serve para que os alunos consigam aprimorar sua capacidade de articular as ideias, de discutir e, com isso, ampliar suas possibilidades de expressão, considerando “as variáveis da língua, seu uso formal e informal, as diferenças entre a escrita e a fala e as especificidades da norma culta” (MP, p.20). Esse movimento, de acordo com os autores, não pode se dar com base em nomenclaturas e em conceitos abstratos, mas sim de modo reflexivo, fazendo com que os alunos sejam expostos a “diferentes tipos de textos”, favorecendo, assim, a reflexão sobre os fatos da língua (MP, p. 9). Para os autores, “o domínio da norma culta, que se espera que o aluno adquira ao longo de sua escolaridade, deve se refletir em suas produções textuais e em sua prática de leitor/ouvinte” (TERRA E CAVALETTE, 2002, MP, p. 20).

Conforme os próprios autores afirmam, a coleção desenvolve um trabalho com a oralidade com base no que propõem os PCN de Língua Portuguesa, sem privilegiar os gêneros escritos, porque

a atividade de produção de textos não se dá apenas na modalidade escrita (redigir uma carta, um bilhete, uma narração, etc.). O tempo todo produzimos textos na modalidade oral, por isso o trabalho com esse tipo de linguagem deve ter, na escola, o mesmo privilégio que o trabalho com a escrita. (MP, p. 10) Um ponto sublinhado por Terra e Cavalette (2002) como importante é aquele que leva o professor a considerar que o estudo da língua não se resume “à tarefa de determinar o certo ou o errado, mas de refletir sobre a adequação da linguagem em determinado contexto” para que o aluno seja capaz de interagir de forma adequada nas “diferentes situações comunicativas, levando sempre em conta o contexto e o interlocutor” (MP, p. 16).

Nessa coleção, verificamos que, na seção “Vocabulário”, os autores também optam por trabalhar com questões da diversidade e variação linguísticas, tais como os usos e as expressões regionais, além de abordar a “comparação entre uso formal e informal da língua” (TERRA e CAVALLETE, 2009, MP, p. 19).

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Para finalizar a descrição dessas coletâneas, apresentamos a seguir o quadro 7 que mostra o trabalho desenvolvido com os aspectos já ressaltados.

Quadro 7: Conteúdos sobre a relação oral/escrito, os níveis de registro e os usos da norma padrão

Anos de ensino (E.F.) Expressão escrita/ Estudo do vocabulário

Gramática no texto A linguagem dos textos Unidades Trabalha- das 6º Adequação

linguística – uso dos pronomes nós/a gente Relação oral/escrito Adequação linguística Marcas da oralidade na escrita Padrão informal e padrão formal da língua Níveis de linguagem Língua falada e língua escrita Da transcrição da fala à adequação da linguagem à modalidade escrita 1ª, 3ª 7º - Transformação da modalidade oral na modalidade escrita O texto teatral: do escrito ao falado 1ª 8º - - Transcrição de falas em entrevistas 3ª 9º - Níveis de linguagem Usos da norma - -

Fonte: Coleção PPT, PNLDs 2005 e 2008 e Coleção RAD PNLD 2011

A partir desse quadro, podemos depreender que alguns aspectos do trabalho com a diversidade e variação linguísticas, tais como as relações entre oralidade e escrita, os níveis de registro e os usos da norma culta foram abordados pelos autores com mais frequência no sexto ano e que, posteriormente, os conteúdos foram sendo abordados com menos ênfase até chegarmos ao último ano do ensino fundamental sem que tivesse havido uma progressão sistemática desses conteúdos ao longo dos quatro anos finais desse nível de ensino.

3.2.6. Algumas considerações sobre as Coleções didáticas em

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