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GESTÃO INTEGRADA DE RSU

3.3 COLETA DE DADOS

A coleta dos dados se deu através de levantamento de dados secundários, entrevistas com os atores envolvidos e visitas aos locais de disposição final de RSU e de tratamento.

3.3.1 Levantamento dos dados secundários

Foram levantadas as normas legais que disciplinam a gestão e gerenciamento de RSU no Brasil, tendo-se como paradigma a Constituição Federal e as normas legais vigentes em nível federal (em especial a LPNRS), que são comparadas com as normas do Estado de Sergipe e dos municípios da RMA, aferindo-se a sustentabilidade jurídica destas, caracterizada por sua constitucionalidade.

Os encaminhamentos técnicos, jurídicos e de controle social efetivados até o momento pelos diversos atores que têm atuado nesta questão foram levantados privilegiando-se os aspectos sobre a sustentabilidade da gestão e gerenciamento de RSU na RMA. Foram realizadas consultas a informações oficiais e documentos técnicos, constantes de instituições públicas e particulares envolvidas na questão, tais como os municípios da RMA (Aracaju, São Cristóvão, Nossa Senhora do Socorro e Barra dos Coqueiros); órgãos ambientais (Administração Estadual do Meio Ambiente – ADEMA e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA); Poder Judiciário Estadual (Comarcas situadas na RMA e Tribunal de Justiça do Estado) e Federal (1ª Vara da Justiça Federal – Seção de Sergipe); Ministério Público Estadual (Promotorias de Justiça do Meio Ambiente e Urbanismo da RMA) e Federal (Procuradoria da Republica em Sergipe – Curadoria do Meio Ambiente); empresas de coleta de lixo (Torre Empreendimentos);

Capítulo 3 - Metodologia 66 cooperativas de reciclagem (Cooperativa de Agentes Autônomos de Reciclagem - CARE); Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (INFRAERO); Vigilância Sanitária Estadual (DIVISA); Universidade Federal de Sergipe (UFS), dentre outras.

3.3.2 Visitas

As visitas aos locais de destinação de RSU da RMA foram realizadas com o fito de observação in loco da situação real da disposição de resíduos em comparação com os dados informados pelos municípios nas entrevistas efetivadas, com o modelo de disposição firmado no compromisso de ajustamento de conduta homologado junto à Justiça Federal e com a LPNRS.

Assim, foram visitados a CARE, todos os locais de disposição atual e alguns vazadouros desativados dos municípios da RMA: i) Aracaju: “Terra Dura”21; ii) Nossa Senhora do Socorro: Povoados Palestina (atual), Piabeta e Santa Inês; iii) São Cristóvão: Assentamento Terra nova no Povoado Chica; e, iv) Barra dos Coqueiros: Povoado Capuã e local próximo à praia do Jatobá. Nas visitas e entrevistas foram efetivados registros fotográficos e de vídeo e, nos aterros em funcionamento nos municípios de Nossa Senhora do Socorro e São Cristóvão, foram entrevistados, informalmente, catadores que estavam no local. Foram escolhidos tais locais por se tratarem do ponto crítico e mais visível da cadeia de gestão de RSU, caracterizada pela disposição final adotada.

3.3.3 Entrevistas

As entrevistas semi-estruturadas e livres foram realizadas com os atores envolvidos diretamente na fiscalização, gestão e no gerenciamento do sistema, abrangendo assim, os municípios e os órgãos de fiscalização, com o seguinte roteiro:

a) Municípios: no alto escalão decisório, foram entrevistados os prefeitos (Nossa Senhora do Socorro, São Cristóvão e Barra dos Coqueiros) e/ou secretários municipais (todos os municípios da RMA) e técnicos responsáveis pela gestão e gerenciamento de RSU no município. Nesse

21 Conforme se observa adiante, o local de disposição final de Aracaju, que, atualmente, é o mesmo do município

Capítulo 3 - Metodologia 67 sentido, em Aracaju, foram entrevistados o Diretor Operacional da EMSURB e o Secretário Municipal de Finanças. Em São Cristóvão, foi entrevistado apenas o Prefeito22. Nos demais municípios, além dos prefeitos, foram entrevistados: a) em Nossa Senhora do Socorro, o Secretário da Agricultura, Irrigação e Meio Ambiente e o Secretário de Planejamento e de Obras (mesma pessoa). b) Na Barra dos Coqueiros, a Secretária de Meio Ambiente, Agricultura, Abastecimento e Pesca e o ex- Secretário de Participação Popular.

b) Órgãos de Fiscalização: foram entrevistados todos os servidores que atuam com resíduos sólidos urbanos, observando-se que a ADEMA não conta com mais de cinco técnicos afetos a essa área, em toda sua história (todos foram entrevistados), e, no IBAMA, este quantitativo é menor ainda, pois é constituído por uma servidora, especialista em fauna, sendo neste órgão também entrevistado o seu superintendente atual.

c) Outros atores: além dos atores acima, foram entrevistados membros e técnicos do Ministério Público Estadual e Federal que atuaram com RSU na RMA; catadores (Aracaju, Nossa Senhora do Socorro e São Cristóvão); representantes em Sergipe do Movimento Nacional de Catadores de Recicláveis (MNCR); representantes de cooperativas de reciclagem (Aracaju) e de associações de moradores (São Cristóvão e Nossa Senhora do Socorro).

Para as entrevistas semi-estruturadas, foram elaborados dois roteiros, constantes do apêndice A, construídos com base na norma NBR 13.896, da Associação Brasileira de Normas técnicas (1997), a qual trata das regras para projetos, implantação e operação de aterros sanitários não perigosos; no ajustamento de conduta efetivado na Justiça Federal pelos municípios da RMA e, principalmente, no questionário de manejo de resíduos sólidos (MRS) do IBGE, utilizado para coleta de dados referentes à pesquisa nacional de saneamento básico de 2008 (PNSB2008).

3.4 FONTES

As visitas e entrevistas realizadas constituem os dados primários de pesquisa. Como dados secundários, além da revisão bibliográfica, com base na literatura técnica interdisciplinar abordada, foram utilizados os documentos técnicos produzidos direta ou indiretamente pelos órgãos acima especificados e a legislação levantada.

22 Somente foi entrevistado o Prefeito formalmente, mas, no dia da entrevista, ele apresentou os secretários e

servidores responsáveis pela gestão, que esclareceram dúvidas e forneceram cópias da última licitação sobre RSU.

Capítulo 3 - Metodologia 68 Os documentos técnicos utilizados, embora sejam públicos, redundaram em incomensurável esforço para sua coleta. Isso ocorreu porque: a) são fragmentados nas diversas entidades, impossibilitando uma visão sistêmica do problema; b) foram criados obstáculos ao acesso deles; c) houve perda e extravio de documentos em alguns órgãos; e d) as entidades não mantêm um arquivo ou base unificada com esses dados.

Tais documentos, em sua grande maioria, quando não obtidos em meio digital, foram digitalizados, possibilitando a criação de uma base de dados unificada sobre o assunto para futuras consultas, conforme apresentado sinteticamente no quadro 3 e, de forma detalhada, no apêndice B:

Quadro 3: Documentos técnicos sobre RSU da RMA

Órgão/Ente Qtde. de docs.

pesquisados DigitalizadasQtde. Fls. (1)

Administração Estadual do Meio Ambiente (ADEMA) 31 543

Aracaju 6 82

Aracaju/São Cristóvão 1 4

Câmara Municipal de Nossa Senhora do Socorro 1 3

Centro Nacional de Pesquisa para Conservação das Aves Silvestres (CEMAVE)

5 116

Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA)

2 13

Companhia de Saneamento de Sergipe (DESO) 2 53

Divisão de Vigilância Sanitária Estadual (DIVISA) 7 124

Empresa de Serviços Urbanos de Aracaju (EMSURB) 4 106

ESTRE AMBIENTAL S/A 1 0

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA)

4 63

Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP) 1 72

Justiça Estadual (JESE) 4 126

Justiça Federal – Secção Sergipe (JFSE) 5 3311

Moradores da Piabeta 1 27

Ministério Público do Estado de Sergipe (MPSE) 9 938

Ministério Público Federal (MPF) 6 685

MPSE/MPF 3 95

Nossa Senhora do Socorro 4 50

Secretaria Estadual de Infraestrutura (SEINFRA) 1 0

Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (SEMARH)

Capítulo 3 - Metodologia 69

Secretaria Estadual de Planejamento e da Ciência e Tecnologia (SEPLANTEC) e Secretaria Estadual de Recursos Hídricos (SRH)

1 14

Terra Viva 1 0

Torre Empreendimentos 5 353

Universidade Federal de Sergipe (UFS) 2 79

Totais 108 6857

Notas:

(1) Vários documentos técnicos utilizados não foram digitalizados ou porque já estavam em formato digital ou porque não foi possível sua digitalização.

A normatização técnica e jurídica levantada, caracterizada também como dados secundários, foi importante para a verificação das premissas jurídico-ambientais que norteiam o presente trabalho. Embora a normatização jurídica em vigor seja de conhecimento obrigatório da população, registre-se a dificuldade encontrada para seu levantamento nos municípios da RMA, com exceção de Nossa Senhora do Socorro, isso porque este município possui uma base completa de legislação municipal disponível para consultas na internet (http://php.socorrose.com.br/leisedecretos/index.php). Em relação à legislação estadual, o site da Assembléia legislativa foi de grande utilidade (http://www.al.se.gov.br), somente falhando na busca da Lei Estadual da Política de Educação Ambiental (LEPEA), levantada por outros meios. Quanto à legislação federal, está é acessível de forma pública, sendo o site da presidência da república um repositório oficial dos mais completos e confiáveis (http://www.presidencia.gov.br).