• Nenhum resultado encontrado

Elaborar programas e estudos baseados nas condicionantes ambientais e sócio-culturais locais para a definição do destino final do lixo e do esgoto,

Lei 9.605/1998 Lei Ambiental

IV. Elaborar programas e estudos baseados nas condicionantes ambientais e sócio-culturais locais para a definição do destino final do lixo e do esgoto,

priorizando-se a coleta seletiva do lixo;

V. Implantar programas de educação ambiental, integrando ações governamentais e não-governamentais;

VI. Garantir a efetiva participação da população na defesa e preservação do meio ambiente e do patrimônio cultural;

Art. 78 - A Gestão e Execução da Política do Meio Ambiente e do Saneamento dar- se-á através da compatibilização de ações das diversas secretarias envolvidas. Parágrafo Único. A aprovação de programas e projetos será da competência do Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano e dos órgãos competentes da administração que tratem de questões ambientais. (grifo nosso).

Verifica-se nesses artigos que as dimensões do desenvolvimento sustentável, conjugadas com ações preventivas de educação ambiental e de controle social são inter- relacionadas com a Política de Saneamento Ambiental. No entanto, verifica-se um equívoco técnico no inciso IV, do artigo 77, pois são confundidas as fases da coleta que, embora seletiva, não deixa de ser coleta, com a destinação final, em que estão inseridos o tratamento de RSU e disposição final de rejeitos.

O Código Ambiental de Nossa Senhora do Socorro, concretizado pela Lei 703, de 08 de junho de 2007, ainda hoje em vigor, é um dos mais completos da RMA e detalha a proteção ao meio ambiente, com ênfase no desenvolvimento sustentável, sobre o qual a norma traz conceito bastante explicativo:

Desenvolvimento sustentável: é aquele que possibilita a gestão do desenvolvimento, da utilização e da proteção dos recursos naturais, segundo os padrões nacionais ou internacionais, em ritmo e nos limites que permitam à população presente assegurar seu bem-estar sócio-econômico e cultural, de forma a garantir a preservação desses recursos também para as futuras gerações; tem por meio a proteção e a recuperação da função de sustento vital do ar, da água, do solo e dos ecossistemas naturais e construídos, bem como atenuar e mitigar todo efeito prejudicial das atividades que afetem o meio ambiente. (Art. 1º, parágrafo único, III).

O Código Ambiental dispõe em seus artigos 52, 69, 120 e 126 a 135 sobre resíduos sólidos especificamente, destacando-se em relação a RSU:

Capítulo 4 – Resultados e Discussões 112 a) a proibição de lançamento de resíduos sólidos em terrenos públicos ou

privados (art. 126);

b) a coleta, transporte, tratamento e disposição final de resíduos52 a ser

implantada pelo município, observando-se a coleta seletiva, reciclagem, compostagem e outras formas de tratamento dos resíduos (art. 134), devem ser efetivados sem prejuízo ao meio ambiente, saúde e bem-estar público (art. 128), ficando proibidas a disposição “indiscriminada de lixo e entulho” no município e sua incineração a céu aberto (art. 129);

c) sobre a coleta seletiva especificamente, dispõe o artigo 135 do Código ambiental:

A Prefeitura Municipal, através do seu órgão ambiental, incentivará a implantação da coleta seletiva do lixo, em suas secretarias, instituições, templos religiosos, feiras livres, nas associações, nas escolas publicas e particular do município e na comunidade.

Parágrafo único – Coleta Seletiva é a separação em sacola ou vaso, por tipo de lixo, que será doado a catadores ou encaminhado a instituições que trabalham e/ou se beneficiam com a venda do material.

d) devem ser previstos dotação orçamentária para a SEMAIMA e recursos necessários para implementação da referida norma (art. 156), o que implica dotação de recursos para implantação no disposto no item “b” acima, ou seja, a correta gestão de RSU no município.

Para a construção e concretização da política municipal do meio ambiente e integração ao SISNAMA, o Código Ambiental estabelece o Sistema Municipal do Meio Ambiente (SIMMA) com a seguinte composição:

Art. 3º - São integrantes do Sistema Municipal de Meio Ambiente – SIMMA: I – Secretaria Municipal de Agricultura, Irrigação e Meio Ambiente - SEMAIMA: órgão de coordenação, controle e execução da política municipal de meio ambiente; II – Conselho Municipal de Desenvolvimento do Meio Ambiente - COMDEMA53 -

Órgão Colegiado de Natureza consultiva, normativa, deliberativa e fiscalizadora nas questões referentes à preservação, conservação, defesa e recuperação do meio ambiente no município;

III – Assessoria Jurídica Ambiental - Órgão de Apoio Jurídico; IV – Secretarias e autarquias afins do Município;

V – Órgãos e entidades públicas e privadas voltados para a conservação, a defesa, a melhoria, a recuperação e o controle do meio ambiente e para o uso adequado dos recursos ambientais, com os quais o Município tenha convênio e/ou termo de cooperação técnica, consoante o disposto neste Código.

52 Aqui, o gerenciamento de resíduos é classificado de forma completa de acordo com a literatura e a LPNRS

(coleta, transporte, tratamento e disposição), embora se refira a lixo e não a resíduos.

53 O Código Ambiental alterou a denominação de Conselho Municipal do Meio Ambiente, criado pela Lei

municipal 517/2001, para Conselho Municipal de Desenvolvimento do Meio Ambiente (COMDEMA), formado paritariamente com representantes do poder público e da sociedade civil (art. 9º do Código Ambiental municipal).

Capítulo 4 – Resultados e Discussões 113 Esta norma também estabelece as atribuições da Secretaria Municipal de Agricultura, Irrigação e Meio Ambiente (SEMAIMA), dentre as quais “acompanhar e fiscalizar a coleta e disposição final do lixo, produzido no município” (art. 5º, XXXVIII), devendo, para tanto, possuir uma “Divisão de Resíduos Sólidos, Licenciamento, Monitoramento e Fiscalização” (Art. 6º, I, “c”).

É importante frisar que a Lei Municipal 451/1998 já previa o sistema de coleta seletiva no município, programa que não foi efetivado até hoje, transcorridos mais de 12 anos da promulgação da norma que estabelece:

a) campanhas educativas para orientar a população como efetivar a seleção e o armazenamento dos resíduos a serem reciclados (art. 3º);

b) efetivação por parte do município da coleta seletiva periódica, do armazenamento, pesagem e venda para indústrias de reciclagem (arts. 4º e 6º);

c) criação de mecanismos de incentivo para a população (art. 5º);

d) destinação da renda obtida para projetos sociais e ambientais (art. 7º).

Já a Lei Municipal 680/2006 estabelece multa para pessoas físicas ou jurídicas que efetivarem disposição de resíduos em logradouros públicos, canais, terrenos baldios e vias pluviais.

Ressalte-se ainda no processo de eliminação dos vazadouros e em função de ações ajuizadas pelos Ministérios Públicos Estadual e Federal54 que o município editou a Lei Municipal 776, de abril de 2009, referendando assim, a assinatura de protocolo de intenções para a criação do consórcio metropolitano de gestão de resíduos sólidos, na forma da Lei 11.107/2005.

4.1.3.3 São Cristóvão

A Lei Orgânica do município de São Cristóvão data de abril de 1990 e inicia sua regulamentação ratificando a permissão constitucional de solução compartilhada com outros

Capítulo 4 – Resultados e Discussões 114 municípios55 e com o Estado para a organização, planejamento e execução de atividades públicas de interesse regional (art. 4).

Em seu artigo 10, IX, in fine, estabelece a responsabilidade do município para promover programas para a melhoria das condições de saneamento básico.

Sobre o controle social, é destinada integralmente a seção IV, do capítulo da Organização do Município para regulamentar tal tema (artigos 11 a 16).

No capítulo da ordem econômica e social, estabeleceram-se, na seção II, as diretrizes da política urbana e habitacional, composta, básica e desnecessariamente, de mera reprodução de normas da Constituição Federal, padrão adotado para toda a Lei Orgânica analisada. Cita- se ainda a criação do Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano no artigo 83, com composição paritária.

A seção da Lei Orgânica destinada ao meio ambiente adota o padrão acima já criticado de repetir dispositivos da Constituição Federal, tratando, assim, de matérias que não são da sua competência, tais como a proibição de localização de usinas nucleares no município, não dispondo especificamente sobre o tema em comento.

O artigo 25 das Disposições Transitórias proíbe expressamente a celebração de convênios com outros municípios que visem a colocação de “lixo” no território municipal. Tal norma, surgida como reação específica da situação gerada pelo vazadouro instalado na antiga “Terra Dura”, por meio de convênio entre os municípios de São Cristóvão e Aracaju, na realidade, gera um paradoxo, pois o município de São Cristóvão, como se verifica mais à frente, dispõe seu RSU em vazadouro e não tem recursos para, individualmente, sem uma solução compartilhada, resolver tal problema, ainda mais integrando a RMA.

A falta de técnica legislativa, desta vez, acaba por restringir o efeito pretendido do artigo 25 das Disposições Transitórias, vez que existem outras soluções compartilhadas além do convênio, tal como, v.g., os consórcios previstos na Lei 11.107/2005, que, inclusive, são elencados expressamente como instrumentos da LPNRS (Art. 8º, XIX, da Lei 12.305/2010) e têm prioridade para recebimentos de recursos da União para a busca de soluções na área de RSU (art. 45, da Lei 12.305/2010).

55 Vale notar que a referida norma é indevidamente restritiva ao apontar como soluções apenas o instrumento de

convênio e atécnica ao se referir ao termo associação sem preocupação com a significação técnica desta termo, o qual não se aplica ao caso (pessoa jurídica sem fins lucrativos, constituída da reunião de pessoas, de acordo com os artigos 53 e seguintes do Código Civil Brasileiro).

Capítulo 4 – Resultados e Discussões 115 Vale ressaltar que a busca pela solução compartilhada para gestão integrada de RSU na RMA não se trata apenas da disposição de “lixo” neste ou naquele território, mas de se implementarem todas as fases das geração de RSU e, no caso da responsabilidade municipal, em adotar as prioridade estabelecidas na LPNRS de redução, reutilização, reciclagem e disposição dos rejeitos em aterros sanitários licenciados ambientalmente. Além disso, o próprio Plano Diretor do município indica o consórcio intermunicipal como instrumento para solução compartilhada de implantação de aterro sanitário metropolitano (artigo 15, §2º, II, “d”).

O Plano Diretor do município é recente e foi estabelecido pela Lei 44/2009, de 21 de setembro de 2009, iniciando-se por estabelecer a sincronização de suas normas com o planejamento municipal e, consequentemente, com as leis orçamentárias (plano plurianual, diretrizes orçamentárias e orçamento anual) (art. 3º), como, já é estabelecido no Estatuto das Cidades.

O Plano Diretor, em seus objetivos, prioriza a criação de consórcios municipais como forma de fortalecimento e consolidação do município na RMA (artigo 7º, III), sendo que o saneamento básico e, consequentemente, a gestão de RSU, devem ser tratados no âmbito metropolitano (artigo 9º, III c/c artigo 15, §2º, II, “d”) e é política prioritária do município (art. 11, V).

Ainda é prevista, no prazo de dois anos da publicação do Plano Diretor, a elaboração da Agenda 21 local que deve dispor expressamente sobre resíduos sólidos (artigo 15, §2º, II) compreendendo-se: a) política municipal de limpeza urbana, coleta e disposição de resíduos; b) implantação da coleta seletiva de forma gradativa; c) eliminação da queima de resíduos e, d) articulação com os municípios da RMA para implantação de aterro sanitário através de consórcio intermunicipal (Isto é um paradoxo, já que o município proíbe qualquer possibilidade de disposição em seu território de RSU de outros municípios, o que significa aceitar a solução metropolitana, desde que o aterro não fique em seu território).

A melhoria da coleta e destinação de RSU56 é estabelecida como diretriz da política de desenvolvimento urbano (art. 29, VII, “c”). De outro lado, o Plano Diretor prevê também a criação do Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano Sustentável (CONDURBS) (artigo 145, 147 a 151) e o controle social (artigo 146).

Capítulo 4 – Resultados e Discussões 116 O CONDURBS é composto por 14 membros, com composição paritária, tendo funções consultiva, deliberativa e fiscalizatória da política de desenvolvimento urbano do município.

4.1.3.4 Barra dos Coqueiros

A Lei Orgânica do município de Barra dos Coqueiros também data de abril de 1990. Tal norma não trouxe nenhuma inovação em relação à já fixada competência constitucional do município para o saneamento ambiental.

No seu artigo 10, XVII, estabelece a competência do município para, dentre serviços de outras naturezas, limpar, coletar e industrializar o lixo, observando-se que “industrializar” refere-se à fase de tratamento do RSU.

Em seus artigos 87 e 110, §3º57, reproduz desnecessariamente vários dispositivos da Constituição Federal, estabelecendo expressamente a competência do município para o controle, formulação de políticas e ações de saneamento básico.

Bem mais recente é o Plano Diretor Sustentável Participativo (PDSP) do município, estabelecido, em 200658, por força de compromisso de ajustamento de conduta com o Ministério Público Estadual, em razão dos impactos urbanísticos previstos no EIA/RIMA da construção da ponte sobre o rio Sergipe, que liga os municípios de Aracaju e Barra dos Coqueiros. Tal norma é bastante detalhada no aspecto da gestão dos RSU.

No seu capítulo III, referente à saúde, o PDSP estabelece, no artigo 15, V, como ações preventivas, para a garantia da saúde da população, o controle dos resíduos sólidos, dentre outras ações.

No capítulo IV, trata sobre a infra-estrutura urbana e estabelece que os serviços urbanos de saneamento ambiental, dentro outros, devem ser implantados para atendimento dos objetivos de melhoria da qualidade de vida da população e do meio ambiente, com

57 “Compete ao Município a criação de um sistema de saneamento básico que atendo a demanda da população de

todas as localidades do município, o tratamento dos esgotos e o controle dos resíduos poluentes advindos da atividade fabril, hospitalar, domiciliar e industrial, dentre outros”.

Capítulo 4 – Resultados e Discussões 117 atendimento prioritário da população de baixa renda e da área rural, além de compatibilizar a oferta de serviços públicos com o crescimento populacional (art. 16).

Nesse mesmo capítulo IV, reservou-se uma seção especificamente para o saneamento ambiental, incluindo-se o “manejo de resíduos sólidos” e a “limpeza urbana” (art. 22) como atividades referentes ao saneamento, estabelecendo as seguintes diretrizes gerais para o saneamento:

I efetivar ações para a redução ou a eliminação dos riscos à saúde e preservação, proteção, recuperação ou conservação do meio ambiente;

II assegurar acesso da população às ações e serviços de saneamento, associados a programas de educação sanitária e em consonância com as normas de proteção ao meio ambiente e à saúde pública;

III estabelecer, independentemente ou mediante convênio com a administração pública municipal estadual ou federal, o planejamento e a efetivação de ações de saneamento ambiental, no sentido de garantir com eficiência o suprimento de água potável, o esgotamento sanitário, o manejo dos resíduos sólidos e o controle da drenagem das águas pluviais;

IV condicionar o adensamento e o assentamento populacional à prévia solução dos problemas de saneamento local;

V consultar e esclarecer a população a ser atendida com as obras de saneamento ambiental sobre seu planejamento, projeto, impactos sócio-ambientais, implantação das obras e manutenção e conservação. (art. 23, grifo nosso).

De forma mais específica, o PDSP dedicou totalmente a subseção IV à gestão e ao gerenciamento de resíduos sólidos, atribuindo ao órgão gestor de Infraestrutura a responsabilidade pela elaboração e implementação do Plano Municipal de Resíduos Sólidos (art. 33), destacando-se que o referido órgão e o plano citado não foram criados. Além disso, são estabelecidos poderes para celebração de consórcio intermunicipal para disposição final de resíduos sólidos, abrangendo os municípios da RMA e Santo Amaro das Brotas (art. 34). Sobre esses poderes, é importante observar a inconstitucionalidade do presente dispositivo e sua incongruência com a Lei 11.107/2005 (Consórcios Públicos), porque somente o representante do poder executivo pode se comprometer, através protocolo de intenções, para criação do consórcio, que deve ser ratificado pelo poder legislativo municipal, não podendo tal responsabilidade ser delegada para outro órgão. Outro aspecto a ser observado é que a solução compartilhada apresentada no PDSP é restritiva, pois abarca apenas a última fase do gerenciamento de RSU, ou seja, a da disposição de rejeitos.

Por sua vez, o artigo 32 estabelece as diretrizes específicas referentes à gestão e ao gerenciamento de RSU no município:

Capítulo 4 – Resultados e Discussões 118 I. assegurar à população, em toda a área urbanizada do Município, incluindo os núcleos urbanizados, serviço público eficiente de coleta, remoção, transporte e disposição final de lixo e resíduos sólidos;

II. prestar serviço eficiente de limpeza pública, com a coleta de lixo das ruas e logradouros públicos como praias, praças, parques, feiras livres e após eventos e festas populares, no sentido de manter a cidade limpa e evitar os alagamentos por ocasião de chuvas intensas;

III. articular e priorizar com a administração pública de outros municípios, estadual ou federal, o planejamento, projeto e financiamento de soluções técnicas para o destino final do lixo e dos resíduos sólidos;

IV. implantar procedimentos e normas para o recolhimento e a disposição final de entulhos e restos de materiais de construção;

V. desenvolver programas continuados e de longo alcance sobre educação