• Nenhum resultado encontrado

Lei 9.605/1998 Lei Ambiental

4.1.2 No Estado de Sergipe

Conforme relata Machado (2005, p. 106), aos estados cabem a definição de parâmetros normativos e de políticas e estratégias de âmbito regional e suplementar. A figura 12 sintetiza o sistema jurídico ambiental vigente no Estado de Sergipe que será analisado nesta seção:

Figura 12: Sergipe: Sistema jurídico-ambiental de RSU. Constituição Estadual Lei 5.858/2006 LPEMA Lei 5.857/2006 LPEGIRS Res. 14/2005 – CEMA Lei 6.977/2010 LPES Lei 6.882/2010 LPEEA

Capítulo 4 – Resultados e Discussões 98 Nesse sentido, em Sergipe, a Constituição Estadual, embora em seu artigo 232 literalmente reproduza a maior parte do art. 225, da Constituição Federal, expressamente acrescenta importantes dispositivos protetivos ao meio ambiente, tal como o dever do Poder Público, na defesa do meio ambiente, de implantar uma política de resíduos sólidos, que embora de maneira tímida, como a aplicação restritiva do termo “reciclagem”, aponta para a necessidade de uma gestão sustentável de resíduos sólidos urbanos e industriais:

§1º, VII - implementar política setorial visando a coleta, transporte, tratamento e disposição final de resíduos sólidos, urbanos e industriais, com ênfase nos processos que envolvam sua reciclagem.

Em outros dispositivos, a Constituição do Estado de Sergipe trata de matérias direta ou indiretamente ligadas à gestão de RSU:

Quadro 10: Normas da Constituição Estadual de Sergipe sobre RSU

NORMA OBJETO

Art. 184, caput As indústrias instaladas ou a serem implantadas em território sergipano

obrigam-se a efetuar o tratamento dos resíduos poluentes, de conformidade com

a legislação específica.

Art. 232, caput Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Estado, ao Município e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Art. 232,§1º § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público, com o auxílio das entidades privadas:

Art. 232, §1º, VIII Estabelecer política tributária visando à efetivação do princípio poluidor-

pagador e ao estímulo ao desenvolvimento e implantação de tecnologias de controle e recuperação ambiental mais aperfeiçoadas, vedada a concessão de

financiamentos governamentais e incentivos fiscais às atividades que desrespeitem as normas e padrões de preservação do meio ambiente.

Art. 232, §1º, IX Estimular a pesquisa, o desenvolvimento e a utilização de fontes alternativas de energia não poluentes, bem como de tecnologias poupadoras de energia.

Art. 232, §1º, X Buscar a integração das universidades, centros de pesquisa e associações civis, em particular as organizações sindicais, nos esforços para garantir e aprimorar o controle da poluição, inclusive no ambiente de trabalho.

Art. 232, §1º, XII Garantir o amplo acesso dos interessados às informações sobre as fontes e causas da poluição e da degradação ambiental e, em particular, aos resultados de monitoragens e auditorias.

Art. 232, §1º, XIX Promover a conscientização pública para a preservação do meio ambiente.

Art. 232, §2º É obrigatória a inclusão no currículo de ensino de todos os níveis de noções de ecologia, destinadas à habilitação do educando à convivência racional com o meio ambiente e à preservação da natureza.

Art. 232, §7º Lei criará o Conselho Estadual do Meio Ambiente e disporá sobre sua composição, assegurando-se a participação da comunidade científica e associações civis.

Capítulo 4 – Resultados e Discussões 99 Art. 232, §8º Ficam proibidos a construção de usinas nucleares e depósito de lixo atômico no território estadual, bem como o transporte de cargas radioativas, exceto quando destinadas a fins terapêuticos, técnicos e científicos, obedecidas as especificações de segurança em vigor.

Art. 248, caput O Estado e os Municípios estabelecerão programas conjuntos, visando ao

tratamento de despejos urbanos e industriais e de resíduos sólidos, de proteção

e de utilização racional da água, assim como de combate às inundações, à sedimentação e à erosão.

Ainda, sobre a normatização da Constituição Estadual, é importante frisar a norma contida no artigo 11, que, seguindo permissão estabelecida pela Constituição Federal, autorizou a criação de conurbações, tais como as regiões metropolitanas, através de lei complementar estadual44.

A Lei Complementar Estadual 25/1995, com a redação dada pela LC 86/2003, criou a Região Metropolitana45 de Aracaju (RMA), composta pelos municípios de Aracaju, Nossa Senhora do Socorro, São Cristóvão e Barra dos Coqueiros46. Embora tenha sido regulamentada pelo Decreto Estadual 22.646/2003 e pela Lei Estadual 5.355/2004, tal criação, para ter eficácia, dependia de sua ratificação pelas câmaras de vereadores dos municípios da RMA, o que não ocorreu até esta data. Tal situação é explicitada no próximo capítulo, uma vez que se tornou um dos obstáculos para uma solução compartilhada de gestão na RMA.

Apesar disso, desde 1982, a Lei Estadual 2.371 criou a Grande Aracaju, para fins apenas de controle do parcelamento do solo urbano, sendo composta pelos municípios de Aracaju, Nossa Senhora do Socorro, São Cristóvão, Barra dos Coqueiros, Maruim, Santo Amaro das Brotas e Laranjeiras, e posteriormente agregados ainda os municípios de Itaporanga D' Ajuda e Riachuelo, por força da Lei Estadual 2.607/1986.

44 “Mediante Lei Complementar, o Estado poderá instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e

micro-regiões, constituídas por agrupamentos de Municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum”

45 “Agrupamento de municípios limítrofes que assuma destacada expressão nacional, em razões de elevada

densidade demográfica, significativa conurbação e de funções urbanas e regionais com alto grau de diversidade, especialização e integração sócio-econômica, exigindo planejamento integrado e ação conjunta permanente dos entes públicos nela atuantes”. (SILVA, 1995, p. 138).

46 “A Região Metropolitana de Aracaju será constituída pelo agrupamento dos Municípios de Aracaju, São

Cristóvão, Nossa Senhora do Socorro e Barra dos Coqueiros, tendo como sede o Município de Aracaju”. (LC 25/1995, art. 2º, caput).

O Município de Aracaju será a sede da Região Metropolitana, com a função de coordenar as ações administrativas do Planejamento Integrado e a captação dos recursos para os programas de interesse comum, relativas ao novo espaço territorial delimitado (LC 25/1995, art. 2º, §1º).

Capítulo 4 – Resultados e Discussões 100 Na legislação infraconstitucional estadual, foi estabelecida a Lei da Política Estadual do Meio Ambiente em Sergipe (LPEMA), através da Lei Estadual 5.858/2006. Destacam-se, em relação à gestão de RSU, as seguintes normas que trazem, dentre outras matérias, a definição, obrigatoriedade de licenciamento e sustentabilidade no gerenciamento de resíduos sólidos e a obrigatoriedade de criação da Política Estadual de Gestão Integrada de Resíduos sólidos:

Art. 94. Constitui resíduo sólido todo e qualquer material, substância ou objeto descartado, resultante de atividades humanas ou animais, ou decorrente de fenômenos naturais, que se apresente nos estados sólido e semi-sólido, incluindo-se os particulados.

Art. 95. A disposição final de resíduos poluentes, perigosos ou nocivos, sujeita-se à legislação e ao processo de licenciamento perante o órgão ambiental competente, e o seu processamento deve ser na forma e em condições que não constituam perigo imediato ou potencial para a saúde humana e o bem-estar público, nem causem prejuízos ao meio ambiente.

§ 1º. A legislação pertinente deve priorizar critérios que levem a evitar, minimizar, reutilizar, reciclar, tratar e dispor adequadamente os resíduos gerados.

§ 2º. O Poder Público deve prever, nas diversas regiões do Estado, locais e condições de destinação final dos resíduos referidos no "caput" deste artigo. Art. 96. Os resíduos produzidos, em todas as etapas de acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, tratamento e destinação final, são de responsabilidade do respectivo gerador.

§ 1º. A execução dos serviços de coleta, armazenamento, transporte, tratamento, e destinação final de resíduos, não isenta a responsabilidade do gerador pelos danos que vierem a ser provocados.

§ 2º. A responsabilidade do gerador cessa quando da entrega dos resíduos a quem deve utilizá-los, nas formas e condições exigidas, pela autoridade competente, na expedição das licenças correspondentes.

Art. 97. Os produtos resultantes das unidades de tratamento de gases, águas, efluentes líquidos e resíduos especiais deve ser caracterizados e classificados, sendo passíveis de projetos complementares que objetivem reaproveitamento, tratamento e destinação final.

Art. 98. A recuperação de áreas degradadas, pela ação da disposição de resíduos, é de inteira responsabilidade técnica e financeira da fonte geradora, ou, na impossibilidade de identificação desta, do ex-proprietário ou proprietário da área, responsável pela degradação.

Art. 99. Deve ser instituída por legislação específica, de iniciativa do Poder Executivo, a Política Estadual de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, estabelecendo normas disciplinares sobre gerenciamento, inclusive produção, manejo e destinação, de resíduos sólidos, no Estado de Sergipe. (grifo nosso).

A Lei 5.858/2006 ainda destaca as seguintes normas referentes ao controle social: a) obrigação do Estado de manter atualizado um sistema estadual de

informações e banco de dados ambientais públicos, com publicação de relatórios sobre a situação ambiental do Estado e divulgação de

Capítulo 4 – Resultados e Discussões 101 licenciamentos ambientais e realização de audiências públicas nestes (na forma da Lei) para que sejam acessíveis à população (arts. 3º, VII, IX, X; 4º, I, II, 6º, 7º, I; 22, V; 60; 62 e 65).

b) direito de opinião dos cidadãos nos projetos e atividades potencialmente poluentes e o dever de cooperar para a proteção do meio ambiente (princípio da solidariedade ambiental), devendo, dentre outras condutas, noticiar atividades degradadoras aos órgãos fiscalizadores, sendo diretriz da Política a formação de uma consciência pública voltada para a necessidade de melhoria e proteção da qualidade ambiental e (arts. 4º, V; 5º; 15 e 18, III).

A LPEMA destaca expressamente o dever do Poder Público de integrar as políticas de desenvolvimento com a proteção dos recursos ambientais, interiorizando, assim, a dimensão ambiental nas políticas, planos, programas, projetos e ações da administração pública. Destarte, ela incorpora literalmente o conceito de desenvolvimento sustentável do Relatório Bruntland e estabelece os princípios da racionalização do uso do solo; do planejamento e da fiscalização do uso dos recursos ambientais; da recuperação de áreas degradadas; do estímulo ao progresso tecnológico, orientado para a busca da sustentabilidade ambiental, além da adoção de incentivos econômicos para tanto, desde que as atividades, obras e serviços respectivos sejam submetidos ao procedimento de licenciamento ambiental (arts. 8º; 12, XIV; 13; 14, V; 18, V; 22, XIII; 23; 54, caput e 55).

Outro aspecto importante dessa Lei e compatível com a LPNRS é a diretriz estabelecida de atuação compartilhada entre o estado e os municípios para a garantia da qualidade ambiental, além dos consórcios e outros mecanismos associativos serem expressamente citados como instrumentos desta política ambiental (arts. 18, II, VI e 22, IX)

A bacia hidrográfica, por seu turno, ficou definida como unidade física mínima de planejamento, descartando-se, assim, planejamentos segmentados e cartesianos para atividades, obras ou serviços com potencialidade de impacto ambiental, evitando-se efeitos sinergéticos ou sistêmicos, pelo menos no âmbito da bacia, com degradação do meio ambiente (art. 18, VIII). Além disso, toda vez que houver necessidade de deslocamento da população, em função da implantação de um empreendimento com potencial impacto ambiental, somente será concedida licença de instalação (LI) depois que forem apresentadas soluções para esta transferência da população, tal como desapropriação e reassentamento, devendo esta obrigação estar condicionada na Licença Prévia (LP) (art. 56).

Capítulo 4 – Resultados e Discussões 102 Em sincronia com a LPNMA, a LPEMA criou o Sistema Estadual do Meio Ambiente (SISEMA), composto, além de outros órgãos, pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMARH), como órgão central; ADEMA, como órgão executor e o Conselho Estadual do Meio Ambiente (CEMA), órgão consultivo e deliberativo (art. 19).

Mais especificamente, em relação a resíduos sólidos, está em vigor no Estado de Sergipe a Lei Estadual 5.857/2006, tratando da Política Estadual de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (LPEGIRS), sendo criticável o nome escolhido, por confundir a política, que tem como finalidade estabelecer objetivos, metas e instrumentos em geral para o manejo de resíduos sólidos no Estado, com a gestão integrada, cujo objetivo é a administração específica por parte dos responsáveis pelos resíduos, com decisões estratégicas e visão sistêmica, para a busca de soluções para estes resíduos. A gestão é matéria de grande importância, mas contida na respectiva política, não se confundindo com esta, como se pode observar pelos objetivos estabelecidos em seu artigo 3º.

Embora tenha entrado em vigor quase cinco anos antes da LPNRS, a despeito de algumas críticas, a LPEGIRS é bastante atualizada, destacando-se:

a) sua compatibilidade com o sistema jurídico-ambiental (arts. 1º; 2º e 15); b) a necessidade da produção e consumos sustentáveis (arts. 5º, XIII e XIV;

13, I; 16, I; 78, IV e 82);

c) o incentivo à redução, reciclagem e reutilização de materiais (arts. 3º, I, III; 5º, XIV; 9º, III; 13, I; 54; 55; 75; 76; 77 e 82);

d) a adoção da gestão e do gerenciamento integrados de resíduos sólidos com a consequente proibição de vazadouros de lixo, a obrigatoriedade de licenciamento ambiental de aterros sanitários e imposição de penalidades aos infratores; (arts. 2º, VI; 3º, IV, 5º, II, V, VI; 9º, I; 10; 18; 20; 21; 24; 25; 28; 68; 72-74; 84-87 e 90);

e) o estabelecimento de instrumentos de incentivos econômicos, técnicos e busca de alternativas tecnológicas sustentáveis (arts. 2º, XI; 3º, VI, VIII; 5º, I, IV, VIII, XII; 9º, VII; 12; 23, III; 78-81);

f) a preocupação com os aspectos sociais, caracterizados pelos princípios do bem-estar coletivo e da justiça social, alcançando, de forma específica, por exemplo, tanto os catadores informais nas áreas de disposição como aqueles fragmentados pelo município (arts. 2º; 3º, III; 5º. XI; 9º, I e VIII); g) os mecanismos de controle social, tais como a gestão democrática; o

Capítulo 4 – Resultados e Discussões 103 locais de disposição; publicidade das informações constantes dos bancos de dados da Administração pública (arts. 2º, II; 5º, XV e 22);

h) o incentivo à gestão compartilhada (arts. 2º, I, V, IX; 5º, IX; 9º, IV e V; 13, II; 15 e 81).

De outro lado, embora não interfira com os parâmetros normativos estabelecidos pela LPNRS, como se vê mais à frente no item 4.4.1, a LPEGIRS adota classificação distinta de resíduos sólidos, (art. 7º), devendo, portanto, ser observados os conceitos consolidados pela norma de caráter nacional, pois além de estar dentro da competência da União, para editar normas gerais em matéria ambiental, consolida referencial teórico técnico predominante, evitando-se intermináveis discussões interpretativas para definição de alcance e sentido da norma.

A LPEGIRS proíbe, terminantemente, as seguintes atividades, dentre as quais se enquadram os aterros não licenciados da RMA:

I - o lançamento “in natura” a céu aberto, em corpos d’água de qualquer natureza, alagados, praias, mar, manguezais, áreas de várzea, terrenos baldios, cavidades subterrâneas, poços e cacimbas, mesmo que abandonadas, áreas de preservação permanente, áreas sujeitas a inundações, dunas e santuários ecológicos;

II - a instalação de aterro de qualquer natureza em área de preservação permanente, bem como a drenagem de líquidos percolados dos resíduos sólidos para corpos d’água superficiais, sem tratamento adequado;

[..]

V - o armazenamento de resíduos e ou matéria-prima reciclável em edificação inadequada, a juízo do órgão ambiental competente;

VI - a utilização para alimentação animal, em desacordo com a normatização específica dos órgãos federal, estadual e municipal competentes;

VII - o tratamento e disposição final de resíduos sólidos em áreas de segurança aeroportuária conforme definido na legislação pertinente;

VIII - a utilização de resíduos sólidos “in natura” como insumo agrícola;

IX - a disponibilização, para coleta pelo sistema público, de resíduo perigoso para o qual exista um sistema de retorno obrigatório instituído por lei;

X - a reutilização de embalagens de agrotóxicos pelo usuário, comerciante, distribuidor e cooperativas;

XI - o descarte de resíduos em locais impróprios e não autorizados para esse fim;

XII - a recepção de quaisquer resíduos provenientes de países estrangeiros, ainda que sob a denominação de material usado (art. 18, grifo nosso).

Foi reiterada pela norma a atribuição da ADEMA para aplicação das penalidades decorrentes da infração da mesma, registrando-se aqui mais um erro terminológico na referida Lei:

Capítulo 4 – Resultados e Discussões 104 Art. 93. As infrações decorrentes da aplicação desta Lei devem ser aplicadas pelo órgão ambiental do Estado, no caso, a Administração Estadual do Meio Ambiente – ADEMA, em consonância com o disposto, também nesta Lei, e nas demais normas dela decorrentes, sem prejuízo das demais penalidades previstas na legislação federal pertinente. [em verdade, a redação correta seria: “as penalidades decorrentes da aplicação desta Lei [...]. (grifo nosso).

O artigo 13, inciso I, da LPEGIRS estabelece a obrigação do estado de desenvolver um plano estadual regionalizado de resíduos sólidos, plano este que, segundo entrevista informal com representante da SEMARH, no início de 2011, estava em fase de implantação no Estado de Sergipe, dependendo do aval do Ministério das Cidades. Tal plano dividiu o estado em oito regiões, com a finalidade de estabelecer a gestão compartilhada, através de consórcios públicos em cada uma dessas regiões, embora, em alguns municípios destas regiões, em relação à disposição final, optou-se pela solução individualizada de disposição final.

O Plano Estadual de Resíduos Sólidos do Estado de Sergipe prioriza, para início das ações, a região do Baixo São Francisco Sergipano, composto, no referido plano, por 27 municípios, com população informada em 2007 de 174.510 habitantes. Neste plano, a região denominada “Grande Aracaju” não coincide com a definição legal homônima estabelecida pela Lei Estadual 2.371/1982, sendo composta por quinze municípios, com população de 831.084 habitantes (dados de 2007). Segundo esse plano, os quatro municípios que formam a RMA e os municípios de Laranjeiras, Maruim e Santo Amaro das Brotas utilizariam um único aterro compartilhado em Nossa Senhora do Socorro (SERGIPE, 2009, p. 93).

Ainda com relação à normatização estadual, é importante ressaltar a Resolução 14/2005 do Conselho Estadual de Controle do Meio Ambiente (CEMA), órgão integrante do SISNAMA e do SISEMA, com atribuição regulatória da Política Estadual de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (artigo 100 da Lei 5.857/2006). Nessa resolução, de 05 de outubro de 2005, foi reconhecida a situação de que todos os municípios sergipanos estavam utilizando vazadouros de lixo para disposição de seus resíduos sólidos e, em razão disso, foi estabelecido cronograma legal para implantação pelos municípios de aterro sanitário licenciado ou outro método de disposição adequado, no período de março de 2006 a julho de 2007. Esse cronograma, infelizmente, não foi cumprido por nenhum município do Estado47.

Capítulo 4 – Resultados e Discussões 105 Em 03/11/2010, coincidentemente, logo após a provocação do MPSE, através da Promotoria do Meio Ambiente de São Cristóvão, sobre as irregularidades nas concessões de serviços de abastecimento de água e esgoto no Estado, foi publicada a Lei Estadual 6.977, que dispõe sobre a Política Estadual de Saneamento (PES). Tal Lei traz tratamento extensivo dos temas água e esgoto, em detrimento dos aspectos circundantes ao conceito de “saneamento”48, como é o caso da gestão/gerenciamento de RSU. Todavia, não há grandes prejuízos normativos, pois esse assunto já fora objeto de extenso detalhamento normativo na LPEGIRS, já comentada.

Concluindo a análise do sistema jurídico-ambiental do Estado de Sergipe, referente à gestão de RSU, observa-se a vigência da Lei 6.882, de 08 de abril de 2010 que trata da Política Estadual de Educação Ambiental (LPEEA). Esta Lei especifica a aplicação, na seara estadual, da educação ambiental como ação preventiva para a busca da sustentabilidade da gestão de RSU, viabilizando “os processos de gestão ambiental com políticas multissetoriais, com ética e formação de cidadania, voltados para a inclusão social” (art. 2º), inter- relacionando-se, assim, com toda a normatização do sistema jurídico-ambiental referente a RSU.