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4.1 CICLO 1/GRUPO 1 – EQUIPE DE PRODUÇÃO: CONHECIMENTO SOBRE O

4.2.6 Coleta de dados e reflexões sobre a construção de uma imagem

Durante este ciclo, tivemos um ‘amplo’ debate aproveitando a criação de uma imagem para representar a metodologia de EaD utilizada no Cead/Ifes e as transformações dessa imagem provocadas pelo debate com o grupo.

A Figura 47 apresenta a imagem inicial já existente. Foi solicitada durante o período da pesquisa a alteração dessa imagem para incluir novos atores da EaD: o designer instrucional14, o pedagogo e o revisor de texto, que fazem parte da estrutura do Cead/Ifes.

Figura 47 – Imagem inicial sobre a metodologia da EaD do Cead/Ifes

Fonte: Cead/Ifes (2012).

A Figura 48 foi uma primeira tentativa de atender a nova demanda, ao ser apresentada ao Grupo muitas questões foram suscitadas e serão descritas a seguir.

Figura 48 - Imagem proposta sobre a metodologia da EaD do Cead/Ifes

Fonte: Cead/Ifes (2012).

Para alguns membros do grupo a Figura 48 era esteticamente melhor do que a anterior. Entretanto, surgiram no grupo algumas reflexões/sugestões, agrupadas por meio de uma análise de conteúdo:

− Deveria ser mais destacado o nome dos atores envolvidos na EaD.

− Alguns afirmavam que a imagem descontraída do aluno poderia insinuar que ser aluno de EaD é algo fácil, enquanto para outros, era importante passar a imagem de um aluno motivado e feliz. "Achei o aluno muito despojado, parece que ele tá muito tranquilo. As pessoas já têm preconceito com a EaD, acham que é mais fácil. A imagem utilizada para tutor me remete mais ao aluno" (ALICE, 19/10/2012, informação verbal).

− A imagem do coordenador de polo, como um homem mais velho e sério, também foi questionada, pois a maioria destes coordenadores é do gênero feminino e de idade diversificada, além de ser querida pelos alunos, pois são os profissionais com quem os alunos têm mais contato presencial.

− A equipe que representa o Cead/Ifes foi questionada por não trabalharem ‘fisicamente’ junta, constantemente, somente quando existem reuniões presenciais. O revisor de texto, por exemplo, normalmente opta por trabalhar em um ambiente silencioso e sem a presença de outras pessoas.

− O polo de apoio presencial também foi questionado, pois são construções que possuem salas de tutoria, com mesa e cadeiras para discussões, e não apenas laboratórios de informática. A Figura daria a impressão de que os alunos vão ao polo apenas para usar o computador, o que não é verdade.

A discussão continuou sobre o ponto de vista de aspectos mais técnicos, sobre a disposição do aluno que deveria estar virado para o centro, enfatizando sua pertença ao grupo. E também sobre o uso de fichas para representar os diferentes membros da equipe, pois as fichas remetem a algo bem individual.

Foi apresentada ao grupo uma discussão sobre o tema de Clark e Mayer (2011), sobre a melhor forma de representação da imagem para quem possui todas as capacidades sensoriais, por meio da união entre a imagem e a escrita. Segundo Clark e Mayer (2011, p. 56):

Com base na teoria cognitiva e evidências de pesquisa, recomendamos que cursos e-

learning incluam palavras e gráficos em vez de somente palavras. Por palavras, queremos dizer o texto impresso (isto é, palavras impressas na tela que as pessoas leem) ou texto falado (isto é, palavras apresentadas como discurso que as pessoas escutam por meio de fones de ouvido ou alto-falantes). Por gráficos queremos dizer ilustrações estáticas, tais como desenhos, tabelas, gráficos, mapas ou fotos e gráficos dinâmicos, como animação ou vídeo. Nós usamos o termo de apresentação multimídia para se referir a qualquer apresentação que contém ambos, palavras e gráficos. Por exemplo, se você recebe uma mensagem de instrução que é

apresentado em apenas palavras [...] recomendamos que você converta em uma apresentação multimídia composto de palavras e imagens, e vice-versa.

Clark e Mayer (2011) propõem algumas definições para tipos de gráficos, apresentados no Quadro 18.

QUADRO 18 - Tipos de gráficos

Tipo de Gráfico Efeito Visual

Decorativo Estético e/ou para humor. Exemplo: imagem de boas-vindas.

Representacional Ilustrar a aparência de um objeto. Exemplo: fotografia de um equipamento. Organizacional Mostrar relações qualitativas entre o conteúdo. Exemplo: mapa conceitual,

diagramas.

Relacional Resumir relações quantitativas. Exemplo: gráficos.

Transformacional Apresentar mudanças no tempo e/ou no espaço. Exemplo: erupção vulcânica. Interpretativo Apresentar fenômenos intangíveis (não observável) e concretos. Exemplo:

desenho de uma molécula. Fonte: Clark e Mayer (2011, p. 58).

O quadro apresentado nos suscita novamente alguns questionamentos sobre qual profissional deve ter como função verificar o conteúdo e identificar o tipo de imagem mais adequado? Quem conhece o conteúdo é o professor, mas quem conhece as possibilidades de uso da imagem são os designers gráficos. O designer educacional deve fazer essa mediação, no intuito de chegarmos à melhor solução.

Ao final da discussão sobre a imagem solicitada e a imagem recebida, o grupo considerou que aquele tipo de imagem deveria ser desmembrado em duas imagens para uma melhor compreensão, pois se tratava da equipe envolvida na execução de um curso e a outra no planejamento dos recursos educacionais. As novas imagens são apresentadas no formato de infográficos, estes são compostos pela união entre a imagem e a escrita.

Nas Figuras 49 e 50, podemos perceber o crescimento do grupo e a importância do trabalho colaborativo. Temos imagens muito mais didáticas, apesar da preocupação estética e uma mescla de imagem/texto algo desejável na área de Educação para auxiliar na leitura da imagem.

Agora eu entendo como funciona a EaD do Cead/Ifes, pois eu não entendia a estrutura na qual eu estou inserida. Só pela leitura da imagem, está muito melhor, agora está mais explicado, quem vai para onde. A imagem está funcional e como imagem, sou artista sempre irei olhar a imagem para compreensão é a minha área, eu sempre irei olhar isso. A gente não consegue fazer isso com quem manda os formulários para a gente criar as mídias - Gisele, 26/10/2012, informação verbal.

Figura 49 - Versão final da imagem - metodologia da EaD após as discussões no grupo

Figura 50 - Versão final da imagem - Metodologia da EaD - Elaboração de disciplinas após as discussões no grupo

Após várias discussões e de posse do resultado obtido com as novas imagens ficou claro ao grupo que além das informações para a criação das imagens, os objetivos educacionais devem ser descritos em detalhes para que a equipe de produção possa ter uma melhor percepção da imagem a ser criada.

A leitura de uma imagem pode ser realizada por diferentes óticas, daí à importância do debate em torno da criação das mídias, e não simplesmente, acreditarmos que por si só ela já oferecerá todas as informações em que nos propomos.

O trabalho do profissional designer educacional é complexo, pois envolve diferentes áreas de conhecimento. A nossa perspectiva é de um trabalho colaborativo e não de processos mecanizados sem o permanente diálogo dos atores envolvidos.

Na construção dos recursos educacionais enfatizamos as seguintes questões-chave: o contexto da aprendizagem, o conhecimento sobre os tipos de conteúdos, as estratégias de ensino, o processo de criação/uso das mídias e das Tecnologias de Informação e Comunicação.

O designer educacional não precisa conhecer amplamente o conteúdo, mas precisa dialogar com o professor no intuito de conseguir classificá-lo e juntos poderem definir as diferentes estratégias de ensino e as mídias mais adequadas para determinado tipo de conteúdo, por isso a nossa proposta em se criar a taxonomia de uso das mídias, não como algo rígido e que deve ser seguido em sua essência, mas sim como um norteador para facilitar o designer educacional na escolha da mídia apropriada, junto ao professor. Outros aspectos merecem atenção no Design Educacional à: colaboração, usabilidade, expansibilidade, acessibilidade e reutilização.

Como resultado de todas as discussões nesse ciclo e a necessidade de ações referentes ao Design Educacional inspirado no UDL, dado à inclusão de alunos com deficiência na pesquisa, foi construído um quadro baseado nas redes UDL: conteúdo, estratégica e afetiva, possibilitando maneiras de uso das diversas mídias de acordo com as características dos conteúdos desenvolvidos, respeito aos diferentes estilos de aprendizagem e a pensar alternativas para os alunos com deficiência.

Os Quadros 19, 20 e 21 foram criados para fins didático, pois sabemos que as redes se conectam e a separação só existe para auxiliar no entendimento.

QUADRO 19 - Rede de Conhecimento

Tipo de

Conteúdo Possibilidades de Uso Classificação do Conteúdo* Tipo de Mídia Atenção ao UDL

Factuais Narrar fatos do cotidiano.

Apresentar objetos. Destacar ideias principais.

Apresentar conteúdos que exigem memorização. Concreto. Concreto e abstrato. Concreto e abstrato/linear e não-linear Áudio Imagens Animação

Ter a opção de texto.

Ter a opção de texto, recurso tátil e audiodescrição. Ter a opção de texto e audiodescrição.

Conceituais Discutir em formato de Rádio. Aprender línguas. Expor conteúdos. Apresentar modelos e esquemas. Demonstrar conteúdos complexos.

Resumir excesso de leitura. Apresentar conceitos mais complexos de compreensão. Representar conceitos abstratos.

Narrar histórias e fatos. Explicar fórmulas e símbolos.

Concreto. Concreto e linear. Concreto e abstrato. Concreto e abstrato/linear e não-linear Concreto e abstrato/linear e não-linear Áudio Vídeo Imagens Videoaula (RNP) Animação

Ter a opção de texto e tradução em Libras.

Ter a opção de texto e audiodescrição.

Ter a opção de texto, tátil e audiodescrição. Ter a opção do texto em braile para acompanhar. Ter a opção de texto e audiodescrição.

Procedimentais Descrever um procedimento. Explicar o funcionamento de algum equipamento. Criar um tutorial sobre determinado software ou procedimento. Explicar o funcionamento de algum equipamento. Concreto. Concreto e linear. Concreto e abstrato/linear e não-linear Áudio Vídeo Videoaula (RNP)

Ter a opção de texto. Ter a opção de texto e audiodescrição. Ter a opção de texto e audiodescrição.

Ter a opção do texto em braile para acompanhar Atitudinais Apresentar uma cena do

cotidiano ou fictícia para discussão.

Debater sobre documentários, jornais, entrevistas, palestras.

Propor uma reflexão.

Concreto e linear.

Concreto e abstrato.

Vídeo

Imagens

Ter a opção de texto e audiodescrição

Ter a opção de texto, tátil e audiodescrição.

* O termo concreto é só para explicar uma das possibilidades, mas dependendo do contexto e a forma de uso ele poderá ser abstrato.

QUADRO 20 - Rede Estratégica

Estratégia de Ensino Possibilidades de Uso Tipo de Mídia Atenção ao UDL

Discussão individual

e/ou grupo Usar para explicar um enunciado. Usar para tirar dúvida de um conteúdo e/ou assunto. Tirar dúvidas em momento síncrono. Áudio WebConferência

Dar a opção de texto.

Dar a opção de texto e tradutor de Libras.

Pesquisa de Campo Gravar entrevistas,

situações, eventos. Vídeo Dar a opção de texto e audiodescrição

Mesa Redonda Discutir sobre determinados assuntos de maneira síncrona.

WebConferência Dar a opção de texto e tradutor de Libras.

Seminários Apresentar trabalhos em

grupos e/ou individuais. WebConferência Dar a opção de texto e tradutor de Libras.

Palestras Apresentar palestras. Videoaula (RNP) Ter a opção do texto em braile para acompanhar Jogos Possibilitar o uso de

jogo para avaliar os conhecimentos.

Animação Ser acessível.

Simulação Possibilitar a simulação de uso de equipamentos e/ou situações.

Animação Ser acessível.

Resolução de

Problemas Criar situações a partir de uma questão investigativa

Todas Dar a opção de texto e

audiodescrição.

Fonte: A autora (2012).

QUADRO 21 - Rede Afetiva

Afetividade Tipo de Mídia Possibilidades de Uso Atenção ao UDL

Professor-

conteúdo Todos Uso de linguagem dialogada e motivadora. Ter múltiplas mídias. a opção de Professor- aluno Áudio Vídeo WebConferência Imagens Animação

Estabelecer um contato permanente sobre o andamento da disciplina, no intuito de minimizar as inseguranças e as ansiedades.

Apresentar aos alunos e os objetivos do curso/disciplina.

Apresentar aos alunos e os objetivos do curso/disciplina.

Caracterizar o emissor ou receptor. Promover humor e descontrações.

Despertar motivação para determinado assunto.

Ter a opção de texto.

Ter a opção de texto e audiodescrição

Dar a opção de texto e tradutor de Libras. Ter a opção de texto, tátil e audiodescrição. Ter a opção de texto e audiodescrição. Aluno-

aluno WebConferência Incentivar a criação de grupos de estudo. Dar a opção de texto e tradutor de Libras. Fonte: A autora (2012).

Todas as redes se entrecruzam, mas a atenção a Rede Afetiva se dá a todo o momento na educação, seja pela linguagem utilizada com os alunos e/ou nas leituras e atividades propostas. Um Design Educacional deve preocupar-se com a atenção à motivação e ao envolvimento dos alunos nas atividades propostas, por ser essenciais. Possibilitar o avanço e/ou novos desafios aos alunos com maior facilidade também devem ser considerados.

A abordagem pedagógica e os modelos da EaD influenciam diretamente no planejamento do Design Educacional. Clark e Mayer (2011) propõem três arquiteturas para cursos de educação a distância (Quadro 22). De acordo com a arquitetura muda-se a forma de visualização do conteúdo, o grau de interatividade e quando devem ser utilizadas.

QUADRO 22 - Arquiteturas para cursos de EaD

Arquitetura Visualizar Interatividade Uso

Receptiva Aquisição da Informação

Baixa Informar objetivos de ensino como um novo contrato de orientação.

Diretiva Reforço na resposta Média Realizar metas de ensino tais como a habilidade em um software.

Descoberta

Dirigida Construção de conhecimento Alta Realizar metas de ensino, por exemplo, na resolução de problemas. Fonte: Clark e Mayer (2011, p. 30).

4.2.7 Avaliação do Plano de Intervenção

Nesse ciclo podemos avaliar a importância entre as tecnologias, à pedagogia e os conteúdos. A possibilidade de uso educacional das mídias suscitou muitos debates importantes e um novo saber foi construído ao grupo, que começou a pensar nas mídias educacionais sob uma ótica diferente da área de publicidade e das artes. A urgência de um trabalho colaborativo entre o designer instrucional, a equipe de produção, o pedagogo e o professor para que realmente possamos fazer uso efetivo das diferentes mídias.

Aumentar o exemplo de mídias [referindo-se a capacitação de professores] e suas aplicações é algo fundamental para o professor visualizar as possibilidades e de que forma as mídias possam ser úteis - Sandra – convidada, 14/12/12, informação verbal.

O debate sobre a figura de Metodologia da EaD e o resultado gerado mostrou o quanto podemos evoluir a partir de um trabalho colaborativo.

O objetivo do Grupo 1 ser inserido na pesquisa foi para contribuir na análise sobre o Design Educacional do Cead/Ifes e nos deparamos com problemas relacionados ao processo de comunicação e da efetiva capacitação entre os envolvidos.

Apesar das discussões no Grupo 1 não serem baseadas em aspectos técnicos relacionados a etapa de desenvolvimento e de implementação no modelo ADDIE, ao final dos encontros uma das metas que surgiu no grupo foi de estudar o HTML 5 em substituição ao Flash, pois permite visualizar vídeos em diferentes formatos sem a necessidade de plugins diversos, geolocalização, suporte a acessibilidade, dentre outros recursos e conhecer melhor os padrões de criação de Objetos de Aprendizagem (OA), pois esses não são utilizados no Cead/Ifes.