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1.3 CAMINHOS METODOLÓGICOS

1.3.3 Coleta dos Dados

Um dos princípios fundamentais para o trabalho de coleta de dados na realização de estudos de caso é a utilização de várias fontes de evidências. De acordo com Yin (2005), as evidências de um estudo de caso podem vir de até seis fontes distintas: documentos, registros em arquivo, entrevistas, observação direta, observação participante e artefatos físicos. Para o autor, um bom estudo de caso será aquele que utilizar o maior número possível de fontes, pois isso dará maior confiabilidade às conclusões que se venha a chegar. Assim, nessa pesquisa, procurou-se diversificar as fontes, a fim de poder fazer considerações com maior solidez sobre o estudo.

Além de envolver a pesquisa bibliográfica sobre o tema investigado, a coleta do material para a realização do trabalho teve como fontes:

- Análise documental: segundo Yin, é provável que as informações documentais sejam relevantes a todos os tópicos do estudo de caso. Esse tipo de informação pode assumir muitas formas, nesse estudo, tratou-se de: documentos oficiais sobre o programa em estudo, disponíveis no site do MEC (Ministério da Educação); informações disponíveis no site do CAEF; relatórios sobre o desenvolvimento das atividades do CAEF; proposta pedagógica do Centro; entre outros.

- Observação direta: ao realizar uma visita ao local escolhido para estudo de caso, você está criando a oportunidade de fazer observações diretas. Essas observações servem como outra fonte de evidências em um estudo de caso. Conforme salienta Yin (2005), as observações podem variar de atividades formais a atividades informais de coleta de dados. De uma maneira mais informal, por exemplo, podem-se realizar observações diretas ao longo da visita de campo, incluindo aquelas ocasiões, durante as quais estão sendo coletadas outras evidências, foi o que aconteceu nesse estudo. Nos primeiros contatos com a equipe do Centro, fui convidada pela coordenadora, para estar presente na sede do CAEF, a fim de vivenciar (sentir) como era o dia-a-dia, como aconteciam as atividades. Compareci algumas vezes ao Centro para buscar informações documentais, conseguir contatos das pessoas que gostaria de entrevistar, participar de eventos, como reuniões com professores selecionados para participar das atividades do Centro. Nesses momentos, conversei com diferentes membros da equipe sobre o processo de implementação da REDE, o trabalho que realizavam e suas impressões, de maneira informal, realizei também algumas anotações a partir do que vi e ouvi, acreditando que essas pudessem contribuir para tornar mais ricas análises posteriores.

- Entrevistas com membros da equipe do CAEF: as entrevistas são importantes fontes de informação nos estudos de caso, aqui, as entrevistas constituíram-se no material de maior valor para a análise, pois proporcionaram momento privilegiado com os envolvidos no processo de execução das ações de formação e favoreceram o conhecimento da realidade investigada.

Há diferentes tipos de entrevistas, isto é, essas podem diferenciar-se em função de seus objetivos e maneiras de condução. Nesse estudo, tendo em vista a orientação paradigmática da pesquisa, a qual se insere numa perspectiva qualitativa, o modelo de entrevista utilizado foi o da entrevista compreensiva (ZAGO, 2003).

Conforme Zago (2003, p.295), uma das principais características da entrevista compreensiva é:

[...] permitir a construção da problemática de estudo durante o seu desenvolvimento e nas suas diferentes etapas. Em razão disso, a entrevista compreensiva não possui uma estrutura rígida, isto é, questões previamente definidas podem sofrer alterações, conforme o direcionamento que se quer dar às investigações”.

Assim, flexibilidade é uma das características desse tipo de entrevista, o que não significa que não se tenha um propósito e que esse não deva ficar claro. Daí a importância de termos um ponto de partida e garantirmos essa condição, mediante um roteiro de questões, a fim de que possamos organizar as informações obtidas, separando o que é central do que é periférico.

Em função de a gravação em áudio das entrevistas fornecer uma expressão mais acurada, foi solicitada aos sujeitos participante da pesquisa a permissão para gravar a conversa, cuja autorização para uso do material foi dada mediante assinatura do “Termo de Consentimento Livre-Esclarecido”15. Estas, depois, foram devolvidas aos entrevistados para conhecerem as suas concordâncias/discordâncias (LINCOLN e GUBA, 1985 apud ENGERS,1994). Cada entrevistado teve acesso ao material transcrito e pode fazer suas considerações a respeito, num processo de negociação entre pesquisador e sujeito de pesquisa, chegou-se aos textos finais.

Para a realização das entrevistas com os membros da equipe do CAEF, trabalhei com dois roteiros: um que elaborei especificamente para a coordenadora do Centro e outro para os demais professores formadores entrevistados16.

A primeira entrevista realizada foi com a coordenadora do CAEF, após a transcrição do áudio dessa conversa, realizou-se uma análise, a fim de verificar a necessidade de afinar algumas questões, tornar o roteiro um pouco mais aberto e com menos perguntas, para que o respondente tivesse maior liberdade, fornecendo, quem sabe, maiores informações ou dados novos. Conforme Zago (2003, p.307),

O trabalho de campo vai sendo submetido a uma análise constante. Tendo realizado as primeiras entrevistas, é importante dar um tempo, rever o material para afinar questões previamente definidas. [...] Podemos, assim, reavaliar a produção da entrevista, modificar certas formulações, verificar aspectos aos quais não damos suficiente atenção...

Em função disso, o roteiro de questões elaborado para os demais entrevistados ficou um pouco diferente, com um menor número de questionamentos.

15 O modelo do termo apresentado aos participantes da pesquisa está em anexo (ANEXO B). 16 Os roteiros utilizados nas entrevistas estão em anexo (ANEXO C).