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4 PERCURSO METODOLÓGICO

4.6 COMO FOI REALIZADA A ANÁLISE DOS DADOS

Para realizar tal processo, nos orientamos pela questão norteadora da pesquisa e tivemos um cuidado nesse percurso, pois, segundo Fiorentini e Lorenzato (2012, p.133), “[...] as informações obtidas podem não estar adequadas às hipóteses ou expectativas iniciais. É nesse momento que o pesquisador precisa ser flexível, ajustando melhor a direção da pesquisa e sua questão investigativa”. Nesse sentido, estes autores definem que:

A fase da análise envolve, inicialmente, a organização das informações obtidas por meio do processo de observações etnográficas, entrevistas transcritas, questionários respondidos, notas de campo, fichas de informações obtidas a partir de documentos, entre outros meios. Sem essa organização ou separação do material em categorias ou unidades de significado, torna-se difícil o confronto de informações, a percepção de regularidades, padrões e relações pertinentes (FIORENTINI; LORENZATO, 2012, p.133).

Por isso, iniciamos a organização dos nossos dados por meio da escuta e transcrição dos áudios/vídeos produzidos nas rodas de conversas e nas aulas, a visualização das fotografias e anotações relevantes no diário de bordo, A finalidade foi identificar elementos que se relacionassem entre si e com nosso objeto de pesquisa, inplicando em uma categorização que “[...] significa um processo de classificação ou de organização de informações em categorias, isto é, em classes ou conjuntos que contenham alguns princípios que devem ser observados pelo pesquisador” (FIORENTINI; LORENZATO, 2012, p. 134). Segundo esses autores, entre tais princípios há um conceito fundamental que deve perpassar todas as categorias que, no caso desta pesquisa, é o uso das TD na educação Matemática e cada unidade estabelecida deve estar classificada em apenas uma categoria. Fiorentini e Lorenzato (2012, P.134-135) ainda defendem que existem três tipos de categorias:

(1) definidas a priori, quando o pesquisador vai a campo com categorias previamente estabelecidas, podendo ser ou não provenientes da literatura; (2) emergentes, quando são obtidas, mediante um processo interpretativo, diretamente do material de campo; (3) mistas, quando o pesquisador obtém as categorias a partir do confronto entre o que diz a literatura e o que encontra nos registro de campo.

Elaboramos um intrumento (Quadro 3) para organizar os dados produzidos para posteriormente categorizá-los. Ao transcrever literalmente a fala dos licenciandos, às vezes surgiram ruídos que dificultaram escutar e entender o que estavam falando. Diante desse movimento inicial de analisar um primeiro arquivo de áudio, percebemos o quanto é delicado e moroso esse processo, que foi preciso ser repetido muitas vezes.

Quadro 3 – Modelo de organização para transcrição dos áudios/vídeos

Fonte: Arquivo da pesquisadora, 2015

Portanto, ao terminarmos o processo de audição e transcrição, percebemos que tínhamos muitos dados para serem analisados, sendo que decidimos para realizar a análise subdividí-la em três fases, a saber:

FASE 1:

Foi uma leitura geral dos dados produzidos, que nos auxiliaram no processo de perceber distintas maneiras de como poderíamos organizar o nosso trabalho e construir categorias que tivessem uma efetiva representatividade para nossa pesquisa. Esta fase contribuiu também na reflexão para refletir sobre algumas concepções que possuíamos e que colaboraram para que

N. (Ordem) Data/tempo (data da gravação e sua posição temporal no arquivo) Unidade (Fala do licenciando) Categoria (foram adotadas Segundo Frota e Borges (2004)) 1 2015.10.16 16:42

Eu penso também, na questão da tecnologia, por exemplo, para ensinar a Matemática financeira, aí você vai ter querer depois que você fez todo o conceito, vamos para o computador agora usando o Excel, mas se o cara nunca usou o Excel na vida, vai ser muito difícil você dar uma aula de Matemática financeira no Excel, porque antes de tudo, você tem que ensinar o Excel, e aí o tempo que vai perder é muito grande, né. (Nilson) Incorporar tecnologias mudando a forma de fazer Matemática

pudéssemos realizar considerações a respeito de entendimentos dos licenciandos sobre o uso de tecnologias digitais na educação Matemática, no início da disciplina.

Realizamos algumas etapas de desenvolvimento da pesquisa desde a primeira aula com a turma de 2º período, na qual realizamos a atividade “Júri Simulado”, para que os licenciandos falassem sobre suas ideias e defendessem o uso ou o não uso de tecnologias na educação, até a descrição das etapas do módulo de Dispositivos Móveis, como as rodas de conversas, as tarefas/planejamentos realizadas e construídas, o uso de aplicativos para o ensino da Matemática, entre outros. Estes foram elementos constituintes do foco de nossa pesquisa. Esta fase inicial (constando na seção 5.1) nos orientou em relação a como conduzir este trabalho e na estruturação deste texto.

FASE 2:

Realizamos uma primeira categorização apoiada no texto: Perfis de entendimento sobre o uso de tecnologias na Educação Matemática de Frota e Borges (2004), que versa sobre as concepções de um grupo de professores, sujeitos dessa pesquisa, a respeito de uso de tecnologias na educação Matemática. Baseados nessas concepções, os autores criaram as categorias: Consumir tecnologias (uso de tecnologias como recursos didáticos); Integrar tecnologias (incorporar as tecnologias no processo educativo para a produção de conhecimento) e Matematizar tecnologias (explorar a Matemática que constitui uma tecnologia), que nós utilizamos para analisar alguns dados produzidos neste trabalho. Na seção 5.2.1 apresentamos cada categoria mais detalhadamente.

Inicialmente, adotamos em nossa análise as categorias construídas por Frota e Borges (2004), porém tínhamos consciência de que novas categorias emergentes surgiriam à medida que refinássemos a análise de dados. Paralelamente a isso, escrevemos uma comunicação

científica9 conjuntamente com nosso orientador e com a colega pesquisadora, a fim de submetê-la a um Congresso Nacional de Educação Matemática, e aproveitamos alguns elementos desse artigo para compor a seção 5.2. Esse momento nos proporcionou condições para interpretar e refletir sobre o referido processo de categorização.

FASE 3:

Após a qualificação da pesquisa, recebemos contribuições relevantes da banca e, em conversa com os orientadores, resolvemos enriquecer nosso texto com discussões sobre a Formação Inicial de Professores. Orientamos o processo no sentido de analisar como os licenciandos usaram TD na construção de atividades matemáticas, inseridos em uma disciplina de Informática na Educação Matemática. Porém, como ainda tínhamos algumas dúvidas, resolvemos aplicar um questionário (APÊNDICE C) a um grupo de oito licenciandos. Entendemos que devido ao tempo já passado e as demandas pessoais de cada um nessa época do ano, o mais interessante era selecionar alguns sujeitos da amostra inicial, que participaram e contribuíram com questões relevantes para o desenvolvimento desta pesquisa, para responder às nossas perguntas.

Pensamos então em um grupo com oito licenciandos e encaminhamos um e-mail explicando a finalização de nosso trabalho e solicitando a contribuição deles para responder ao questionário. Esclarecemos que essa ação não era obrigatória, mas que a concretização da mesma contribuiria tanto para mim, enquanto pesquisadora, quanto para o banco de dissertações do Educimat. Dos oito estudantes, quatro nos responderam solicitamente e os demais alegaram falta de tempo e envolvimento em outras tarefas pessoais que lhes eram mais importantes no momento. Agradecemos a todos e exploramos ao máximo as respostas obtidas, com a finalidade de juntá-las aos dados preexistentes e realizar nossa análise e discussão final. A ela, nós dispensamos a seção 5.3. (Fase 3), reunindo elementos que

9 JORDANE, Alex. RIBEIRO, Edwirgem. BADKE, Wanessa. Entendimentos de futuros professores de Matemática acerca das tecnologias digitais na educação Matemática. In: 12º ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, de 13 a 16 de julho de 2016, São Paulo - SP. Educação Matemática na Contemporaneidade: desafios e possibilidades. Anais eletrônicos... São Paulo: SBEM. Disponível em: http://sbempe.cpanel0179.hospedagemdesites.ws/enem2016/anais/pdf/6511_2768_ID.pdf. Acesso em: 29 de set. 2016.

perpassaram a formação inicial de professores, bem como a interação com tecnologias, na produção de atividades matemáticas.