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5 ANÁLISE DO PROCESSO

5.3 FASE 3 – ELEMENTOS QUE PERPASSARAM O PROCESSO EDUCATIVO

5.3.1 Um olhar sobre o uso de tecnologias móveis na formação inicial de professores de

Ao realizar experiências pedagógicas com uso de tecnologias digitais em sala de aula do ensino superior, procuramos inserir tais ferramentas na rotina desses futuros professores. Observamos que surgiram algumas limitações nesse uso, como a subutilização das mesmas, ou seja, as atividades matemáticas construídas poderiam ter sido realizadas sem o uso delas (CIBOTTO, 2015). Diante disso, optamos por também observar nesse processo quais elementos surgiriam nessa sala de aula, quando os licenciandos se apropriaram do uso de TD na construção das referidas atividades.

Após observar a de subutilização de tecnologias, refletimos sobre outras estratégias e atividades que precisam ser desenvolvidas tanto com licenciandos quanto com estudantes de ensino fundamental, pretendendo oferecer a esses sujeitos a oportunidade de usar tecnologias como elementos essenciais em uma atividade Matemática. Este é um desafio que precisa ser vencido não só por nós, mas também por todo professor que fizer uso dessas TD no processo educativo em qualquer modalidade de ensino.

Esses futuros professores de Matemática se envolveram em todas as atividades propostas pela pesquisa, e essa efetiva participação tornou as aulas interessantes e com discussões que

consideramos importantes para estudantes que se encontram nos períodos iniciais de um curso de licenciatura em Matemática. Quando o licenciando Marcelo diz:

Concordo com a opinião de todos os colegas. E acrescento ainda uma ideia, talvez um pouco utópica: será que um dia a educação Matemática faria uso das tecnologias para minimizar o ensino dos procedimentos e melhorar os ensinos dos conceitos e do raciocínio? Simplificando meu pensamento: gastamos um tempo enorme ensinando os alunos a fazer "contas", quando existem máquinas que fazem isso muito bem, enquanto isso, desprezamos o desenvolvimento do raciocínio e tomada de decisão por parte dos alunos. Obviamente compreendo a importância de ensinarmos esse conhecimento procedimental, mas até que ponto... tendo em vista uma tecnologia tão avançada e que se desenvolve a cada dia mais (LICENCIANDO MARCELO, FÓRUM EM 22/10/2015).

O referido licenciando está demonstrando uma preocupação com o momento atual vivenciado nas salas de aula, no que tange ao ensino de Matemática mediado pelas TD. Reflete também sobre quando elas deixarão de ser utilizadas somente como recursos tecnológicos e assumirão um papel protagonista e integrador no processo educativo, conseguindo realmente potencializar o processo ensino e aprendizagem. Ao promover essa integração, serão trabalhados conhecimentos específicos (matemáticos), pedagógicos (de como ensinar), tecnológicos (tablet, computador, smartphone), assim como conhecimentos cognitivos, sociais, culturais, entre outros. E esse fato poderá promover a construção desses conhecimentos tanto para o professor quanto para seus aprendizes.

A priori, nossa ideia foi proporcionar a esses licenciandos manusearem TD experimentando esses dispositivos e aplicativos para que, baseados nas próprias experiências, construíssem planejamentos de tarefas que os envolvessem. Todavia, observamos outros elementos que surgiram nesse processo e organizamos esses dados nas seguintes categorias:

(1) apropriação de tablet: como um recurso didático, bem como a experimentação do dispositivo na resolução de uma atividade Matemática

Esta categoria nos remeteu à ideia de que alguns licenciandos visualizaram a TD (tablet) realmente como um recurso didático, uma vez que esse conceito foi abordado nessa análise (Fase 2), sob a perspectiva de Consumir Tecnologias (FROTA; BORGES, 2004). Todavia, ao verbalizar essa ideia, a licencianda Eduarda defendeu que:

Foi uma experiência enriquecedora, porque me permitiu conhecer o tablet como um recurso didático e dinâmico para ensinar Matemática. Por outra parte, não foi difícil me acostumar a ele, pois seu mecanismo de uso (touchscreen) é similar ao celular. O difícil foi pensar uma atividade que eu possa usá-lo, pois como aluna, até esse momento, não tive oportunidade de poder estudar esta tecnologia na sala de aula [da licenciatura]. É um recurso moderno. Pensar em atividades usando a tecnologia foi um desafio (LICENCIANDA EDUARDA, QUESTIONÁRIO 29/08/16, grifo nosso).

Ao realizar sua experiência com tecnologias, a licencianda iniciou um processo de reflexão sobre o próprio processo formativo e apontou dificuldades e facilidades encontradas. Contudo, ao pensar no uso de TD para propiciar novas formas de ensinar e aprender Matemática, Eduarda retomou as ideias que envolvem a concepção de Integrar Tecnologias (FROTA; BORGES, 2004). As experiências com tablets em sala de aula fomentaram tais reflexões e, para Freitas (2016, p. 19):

Tais possibilidades se ampliam a partir do momento em que novas tecnologias são inseridas em nosso cotidiano, principalmente aquelas que se incorporam em nossa rotina e se naturalizam, como é o caso de smartphones e tablets, levando-nos a repensar novas ações em nossas rotinas escolares.

Nesse processo de planejar uma atividade Matemática, Eduarda ressaltou o seu desafio. Talvez o fato de que estava cursando o 2º período tenha influenciado nessa questão, pois até esse momento, o planejamento de atividades matemáticas coadunado ao uso de tablets não era uma prática habitual da licencianda, pela própria estrutura do curso de Matemática. Bairral (2012a, p. 34) disse que “reconhecemos que o aprendizado matemático se desenvolve mediante discurso e interação” (BAIRRAL, 2007). Esses dois campos sustentam-se mutuamente em uma dinâmica que preconiza reflexão crítica constante sobre os diferentes modos de pensar uma determinada atividade Matemática. Nesse sentido, o desafio citado por Eduarda é totalmente compreensível, devido às suas experiências, vivenciadas até o momento.

A licencianda Karen apontou que:

Foi uma maneira diferente, um pouco difícil de construir [as atividades], porém fará com que as aulas sejam “divertidas” para os alunos e que eles construam seu próprio conhecimento (LICENCIANDA KAREN, QUESTIONÁRIO 29/08/16, grifo nosso).

Apontou assim, uma dificuldade pessoal em construir as atividades, contudo, acredita que tal uso poderá favorecer novos conhecimentos para educandos. Por isso, a proposta para esses

licenciandos foi planejar uma atividade matemática, pois intencionávamos que tivessem a possibilidade de refletir sobre uma situação de sala de aula que talvez alguns ainda não haviam vivenciado. Todavia, segundo Cibotto (2015), essa oportunidade de usar tecnologias em sala de aula na formação inicial é uma das maneiras do licenciando conseguir visionar um trabalho futuro com TD em sala de aula da escola básica.

A relação entre futuros professores e o tablet promoveu um movimento no qual, segundo Freitas (2016, p.19), “as respostas rápidas à interferência humana tornam a relação com a máquina mais atraente e dão uma sensação de que se domina o ambiente e o espaço de interação”. Karen ainda ressaltou que:

Dependendo de outros fatores, como o nível de acesso à internet, o aluno terá facilidade de manusear o tablet, porém é necessário um tipo de instrução prévia, pois nem todos têm a mesma capacidade e conhecimentos tecnológicos para entender o funcionamento do aparelho (LICENCIANDA KAREN, QUESTIONÁRIO 29/08/16).

A interação com o dispositivo é o que vai ou não proporcionar novos conhecimentos. Dependendo de como o professor mediar esse processo, essa interação poderá assumir um cárater de incorporação de tecnologias ao processo educativo, com a possibilidade de tornar- se uma realidade à medida que for possível que professores e educandos acessem cada vez mais e utilizem tablets como recurso didático para pensar a Matemática em suas rotinas escolares e, consecutivamente, na construção e realização de atividades e tarefas.

Nesta pesquisa, observarmos ainda duas vertentes da utilização de tecnologias como recursos didáticos na sala de aula da licenciatura. Primeira, o uso do dispostivo tablet sob a perspectiva do professor que planeja uma atividade para que seus estudantes possam resolvê-la. Nela, os licenciandos mostraram uma familiaridade, ou seja, conseguiram planejar tais atividades Matemática com o uso de TD, mesmo que o uso não fosse essencial. Na fala da licencianda Tania conseguimos perceber esse fato.

Como neste período foi o que estávamos aprendendo a fazer plano de aula, foi algo normal, já tentava fazer planejamento incluído atividades diferenciadas, como o uso de tablet e computadores (LICENCIANDA TANIA, QUESTIONÁRIO 29/08/16).

Vale destacar que a inserção de tecnologias digitais em práticas escolares já está sendo realizada há tempos na educação e, conforme a fala de Tania pode não ser exatamente uma

ação inovadora para todos os licenciandos. Contudo, essa atividade Matemática com uso de TD pode ter sido vivenciada pela primeira vez por alguns desses futuros professores, ou seja, tiveram oportunidade de aprender com a própria prática, em sala de aula na formação inicial (CARNEIRO, 2008). Tania ainda complementa sua fala sobre planejar atividades para estudantes de ensino fundamental, dizendo que:

Acho facilidade [os alunos usarem o tablet em sala de aula]. Visto que todos já estão acostumados com o uso da tecnologia e aprendem normalmente rápido a manuseá- lo. Nunca apliquei no PIBID atividade com o uso de tablet, este comentário foi sem experiência, somente no que eu acho (LICENCIANDA TANIA, QUESTIONÁRIO 29/08/16, grifo nosso).

Apesar de participar do Pibid, a licencianda atenta para o fato de que, mesmo tentando planejar atividades com uso de tecnologias digitais, ainda não consegue realizar tal ação na escola básica. Assim, o tablet pode ainda não ser acessível a professores e estudantes em salas de aulas de escolas públicas ou até privadas, o que dificulta a possibilidade de utilizá-lo em uma atividade matemática. Consequentemente, a fala de Camila: “aqui na sala de aula não se vê muito disso [o uso de tablet]”, corrobora nossa ideia, ou seja, até no curso superior essa tecnologia também é utilizada de forma incipiente (CIBOTTO, 2015).

A outra vertente observada por nós foi exatamente o uso de tablets pelos licenciandos na resolução de atividades matemáticas, isto é, quando estavam realizando atividades em uma aula de geometria, por exemplo. Nessa aula, foi proposta pela professora regente a resolução de tarefas Matemáticas utilizando o app do Geogebra. Ao desempenharem o papel de estudantes de um curso de Matemática, a postura desses licenciandos foi diferente, pois nesse cenário concederam a si mesmos o direito de errar, de trocar o tablet pelo computador para resolver a tarefa, de sentir dificuldade para manipular o dispositivo móvel etc. (CARNEIRO, 2008).

Nesse sentido, retomamos a fala supracitada da Tania que aponta facilidade de uso de tablets pelos estudantes da escola básica, ressaltando que sua fala não foi baseada na experiência e sim na suposição. Então, talvez sua experimentação com o tablet para resolver tarefas com o Geogebra possa ter propiciado um novo pensar sobre sua ideia anterior. A seguir a resposta quando questionada sobre esse fato.

Ao resolver posteriomente tarefas com o Geogebra na minha aula de Geometria, proposta pela professora, eu repensei a questão anterior. Se não foi fácil para mim que estou estudando Matemática para dar aula usar o tablet, fiquei imaginando que minha suposição sobre a facilidade de alunos de ensino fundamental usarem [o tablet]. Acho que estava equivocada. Essa experimentação (atividade) me fez repensar nas minhas ideias anteriores. Por isso, acho que para planejar uma atividade de Matemática, tenho que tentar resolvê-la com o olhar de aluno, assim conseguirei saber se a atividade é boa ou não (LICENCIANDA TANIA, QUESTIONÁRIO 29/08/16, grifo nosso).

Esta licenciada demonstrou um aprendizado após sua experiência com uso de TD, ou seja, a fez refletir sobre sua prática vivenciada em sala de aula, enquanto estudante. Esse fato mostra o que Bairral (2012a, p. 94) chama de “reflexão crítica sobre o seu aprendizado tendo a tecnologia informática como mediadora”. Ainda sobre o uso do app Geogebra no tablet na formação inicial de Professores, em uma de suas pesquisas, Bairral (2015, p. 83) aponta que:

[…] os licenciandos disseram preferir o Geogebra convencional não apenas pelas limitações do software no tablet, mas por este novo ambiente ser um recurso potencialmente mais desafiador uma vez que possibilita a emergência de conceitos ou propriedade não conhecidas por eles. Esse tipo de reflexão é mais importante de ser promovida na formação inicial de professores.

Para o autor, esse movimento de pensar sobre a própria prática propicia ao licenciando uma capacidade de avaliar seus conhecimentos matemáticos para o uso de TD. Observamos esse fato também em nosso trabalho nas palavras da licencianda Camila:

Eu tive mais dificuldade para usar [o Geogebra no] tablet por causa do mouse, mas foi muito bom, a ferramenta foi muito intuitiva (LICENCIANDA CAMILA, QUESTIONÁRIO 29/08/16).

No envolvimento dela nas tarefas com o app Geogebra no tablet na referida aula de geometria, mesmo demonstrando alguma dificuldade na manipulação, também demonstrou reconhecer alguns elementos novos nesse processo, como o toque, os comandos, ausência do mouse etc. Quando Camila citou a questão de o dispositivo ser uma ferramenta intuitiva, confirmou que o tablet era um recurso novo, que ela deveria descobrir como utilizar sozinha. Nesse caso, houve a construção de um conhecimento (talvez pudéssemos dizer um conhecimento para usar melhor o tablet) não descrito em livros, mas que ela intuitivamente deveria descobrir e utilizar para resolver o exercício de geometria, e esse fato sugere uma construção de conhecimentos (movimentos, toques, comandos) pela licencianda.

A licencianda Eduarda complementou:

Eu tive dificuldade na manipulação do programa usando tablet. E foi a causa do desconhecimento de alguns comandos e ferramentas no tablet, pois não eram as mesmas no computador. Tanto assim que refiz e finalizei as atividades no computador (LICENCIANDA EDUARDA, QUESTIONÁRIO 29/08/16).

Eduarda também encontrou dificuldade em manipular o app no tablet, porém esta licencianda foi buscar outra estratégia para resolver suas atividades. Mesmo ao optar pelo uso do computador, demonstrou refletir sobre a situação e encontrou uma solução. Nesse sentido, também entendemos que houve uma construção de conhecimentos, nesse caso, autonomia e obtenção de nova forma para resolver suas atividades. Nesse processo, observamos como essas licenciandas interagiram com o dipositivo móvel e suas descobertas de novas posturas perante tal tecnologia (BAIRRAL, 2015).

Ressaltamos, ainda, o depoimento de Karen:

Foi excelente realizar atividades no tablet durante a aula [de geometria]. Usar tecnologias além de lápis e papel proporcionou uma evolução do aprendizado, foi possível realizar movimentos e construções que não conseguiria usando apenas esses materiais (LICENCIANDA KAREN, QUESTIONÁRIO 29/08/16).

Ao realizar atividades com o app Geogebra no tablet, que envolveram conceitos de geometria, Karen demonstrou grande satisfação e apontou que as construções e movimentos como arrastar e soltar, clicar na tela, deslizar os dedos lhe proporcionou múltiplas e simultâneas interações. Além disso, promoveram aprendizados distintos, que somente com papel e lápis talvez não seria possível alcançar. Dessa forma, essas atividades com tecnologias propiciaram a ela exercitar sua argumentação e também sua justificativa para utilizá-los, ocasionando mudanças em seu processo cognitivo, bem como um novo olhar sobre a Matemática (BAIRRAL, 2015).

Nesta categoria, o uso de tablet como recurso didático ainda tem um potencial a ser explorado. Vale dizer que devemos ter sensibilidade para não torná-lo uma ferramenta que somente automatizará as tarefas, conforme o conceito de Consumir Tecnologias descrito por Frota e Borges (2004), mas que, ao utilizá-lo, possamos realmente pensar novas formas de

ensinar Matemática, a partir da integração dessas TD às nossas práticas educativas na escola básica para favorecer, assim, a produção de novos conhecimentos.

(2) otimização de tempo: devido ao uso de tecnologias em sala de aula

As TD promovem discussões sobre as mudanças nos ambientes de aprendizagem que transitam entre os laboratórios de informática e a mobilidade proporcionada pelos dispositivos móveis e internet sem fio que pode ser acessada, de modo a expandir ou mudar a noção do que entendemos por sala de aula (BORBA; SILVA; GADANIDIS, 2014). Vale destacar que, como o próprio nome diz, as tecnologias digitais móveis podem ser utilizadas em todos os lugares, a qualquer hora e de muitas formas, podendo romper com a estaticidade desse espaço físico. A referida estaticidade pode ser desafio para alguns professores e estudantes, portanto, novas formas de ensinar e aprender juntos serão inevitáveis dentro e fora das salas de aula (MORAN, 2013).

Para Moran (2013), o uso de TDM em sala de aula precisa ser bem planejado para que esses sujeitos também não se distraiam perante esses recursos. Para isso, foi preciso visualizar a sala de aula sob uma nova perspectiva, o que significou criar condições e atividades que propiciassem aos licenciandos construir conhecimentos baseados na interação com essas tecnologias. Em relação a essa categoria, Karen apontou nesse momento que:

Devido à mobilidade que ele [o tablet] proporciona e quando se refere aos aplicativos que muitas vezes só existem em determinados sistemas, como o android. Bem como as atividades de raciocínio lógico, como o Broken calculator. Utilizar essas tecnologias, deixou que a gente aproveitasse melhor o tempo em sala de aula. Evitando o deslocamento até o laboratório [de informática] ou outros imprevistos (LICENCIANDA KAREN, QUESTIONÁRIO 29/08/16, grifo nosso).

Ao propormos essa construção de planejamentos de atividades matemáticas, intencionamos romper com a prática de execução de exercícios, sugerindo novas criações tanto de propostas como de resoluções para elas. Esse fato nos apontou que ainda estamos no início de uma longa caminhada rumo ao uso de tecnologias digitais na educação Matemática, nas escolas básicas. Contudo, alguns desses licenciandos demonstraram que quanto mais tiverem oportunidade de discutir, errar, corrigir e socializar experiências como essas, com seus pares e

professores em sala de aula do ensino superior, se sentirão mais à vontade para tentar usar tecnologias em suas futuras práticas pedagógicas (MUSSOLINI, 2004).

Quando foram questionadas se o uso tablet em sala de aula foi diferente do que o uso do computador no laboratório de informática, Eduarda apontou que:

Sim. O uso do tablet em sala de aula permite reduzir o tempo em organizar os alunos para poder começar uma atividade, a diferença do laboratório com os computadores. O uso do tablet em sala de aula é favorável no espaço. Ou seja, pode se usar em qualquer lugar independentemente se a sala é pequena ou não (LICENCIANDA EDUARDA, QUESTIONÁRIO 29/08/16).

Camila disse que:

Sim, acho que a diferença é na praticidade e na locomoção; com um tablet conseguimos fazer as mesmas atividades que em um computador (LICENCIANDA CAMILA, QUESTIONÁRIO 29/08/16).

E para Karen:

Sim, pois para acessar o laboratório é necessário deslocar toda a turma. O tablet proporciona mobilidade e economia de tempo (LICENCIANDA KAREN, QUESTIONÁRIO 29/08/16).

Bairral (2015, p. 83-84) afirma que “a sala de aula com o uso de tablets pode se tornar um ambiente colaborativo que propõe ao futuro educador um papel mais autônomo na construção de seu conhecimento”. Em suas respostas, Camila, Karen e Eduarda corroboram ideias de que o ambiente da sala de aula, quando mediatizado por tecnologias móveis, tende a contribuir de forma positiva no processo de ensino e aprendizagem tanto para professores quantos para estudantes. Assim, essa mobilidade e a otimização de tempo em detrimento da realização das tarefas favorecem a atuação do professor, possibilitando que ele possa dispensar mais atenção aos estudantes e mediar diferentes tarefas.

Ao contrário das licenciandas anteriores, Tania apontou que:

A diferença é somente no ambiente. Acredito que o ambiente de laboratório seja mais atraente/interessante (LICENCIANDA TANIA, QUESTIONÁRIO 29/08/16).

Nesse momento, esta licencianda refletiu sobre o ambiente em si, não se atentando às questões como: deslocamento de estudantes pelo espaço escolar, a falta de um técnico/monitor gerando impossibilidade de usar o laboratório de informática, máquinas inutilizáveis e insuficientes para todos os estudantes, contrapondo as ideias que foram refletidas sobre essas questões e apontadas nas falas de Camila, Karen e Eduarda.

Para Tania, o laboratório com seus computadores ainda é um local mais interessante. Talvez essa visão decorra da estaticidade da sala de aula. Ao estar na sala de aula, mesmo com dispositivos móveis, em sua fala, Tania demonstrou que isso significou não ter mudado de lugar. Ressaltamos, ainda, a necessidade de uma nova postura, tanto do professor quanto dos estudantes ao usarem TD na sala de aula. Segundo Moran (2013, p.71), elas “trazem desafios fascinantes, ampliando as possibilidades e os problemas, num mundo cada vez mais complexo e interconectado, que sinaliza mudanças muito profundas na forma de ensinar e aprender, formal e informalmente […]”.

Ao serem questionadas se o uso do tablet em sala de aula influenciou na construção das atividades matemáticas, Camila respondeu que:

Sim, pois quando se usa uma ferramenta nova pode tornar a experiência em sala de aula mais interessante (LICENCIANDA CAMILA, QUESTIONÁRIO 29/08/16).

Para Camila, a tecnologia (tablet) lhe despertou interesse e estímulo para utilizá-la, e isso pode favorecer seu envolvimento em variadas tarefas e novas formas de explorar e descobrir produções de conhecimentos matemáticos (BAIRRAL, 2015).

Eduarda apontou que:

Sim, por exemplo, em pensar o tempo que se dedicaria para realizar uma atividade. O tempo destinado á organização da sala de aula se veria diminuída, pois somente