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4.2 Fase Qualitativa: Entrevistas com gestores públicos

4.2.2 O PA II como política pública

Na Figura 3 é possível visualizar a estrutura de árvore criada a partir dos códigos relacionados ao tópico conceitual PA como política pública. Dentre os códigos percebidos na análise de todas as entrevistas foram atribuídos trinta e quatro códigos. Sendo dois deles em amarelo representando o PA II, como política pública, as Propostas sugeridas e quatro deles em vermelho representando as instituições e grupos elementares no projeto, LAB.MG, Escola de Governo, Aluno e SUBGOVES. Todos estes códigos na rede possuem Magnitude (G) igual a zero, ou seja, não foram extraídos diretamente da decodificação das entrevistas feita a partir da Teoria Fundamentada, mas se mostram necessários na análise da rede como elo entre os códigos. Além disso, este tópico conceitual se faz fundamental para uma compreensão aprofundada do estudo de caso trabalhado.

Figura 3 – Estrutura de árvore PA II como política pública

Elaboração própria, elaboração a partir do software ATLAS.TI, 2022.

É possível perceber como o código “PA II” ganha a maior relevância na cadeia projetada pelo software ATLAS.TI ficando no topo da rede. O código “PA II” se ramifica em dez códigos diretamente. Entre estes é necessário citar em primeiro lugar, pela praticidade na análise, aqueles que não possuem ramificações diretas (FIGURA 4). Estes são “Demandas reais”, “Desenho que atende as necessidades das instituições” e “Projeto pedagógico interdisciplinar”.

Figura 4 – Códigos que não se ramificam na estrutura PA II como política pública

Elaboração própria, elaboração a partir do software ATLAS.TI, 2022.

Em relação aos dois códigos “Demandas reais” e “Projeto pedagógico interdisciplinar”, esses demostram o caráter de metodologia ativa de ensino e aprendizagem que as disciplinas de Projeto Aplicado do CSAP possuem. Como ressaltado por Brandão e Tolentino (2022), metodologia ativa de ensino e aprendizagem buscam uma abordagem a partir de problemas reais com o intuito de, entre outros, preparar os alunos para a complexidade do mundo atual.

Nesse sentido, a interdisciplinaridade se mostra fundamental para solucionar os problemas postos na atualidade. Logo, para atender as demandas do mundo contemporâneo, deve existir um deslocamento do enfoque educacional no sentido de buscar uma educação inserida em um contexto mais abrangente (Paiva et. al., 2017).

O código “Desenho que atende as necessidades das instituições” é fundamental para a compreensão do estudo de caso, na medida que demostra o sucesso da política em conseguir atender as demandas das instituições envolvidas. Segundo o Entrevistado 2 “Nós casamos três necessidades de 3 atores”. Para o LAB.MG e para a SUBGOVES é a possibilidade de atender a fila de demandas que as instituições possuem. Já para o CSAP é a possibilidade de reformular a disciplina de Projeto Aplicado, na medida que o antigo formato não estava sendo satisfatório nos seus objetivos. Isso ocorria, por exemplo, porque no meio da disciplina os órgãos perdiam o interesse em atuar junto com o CSAP.

Consequentemente, os alunos se sentiam frustrados. Logo, o recorte proposto permite que o próprio LAB.MG atue como orientador dos alunos e nas demandas da própria instituição.

Em seguida, pode-se citar aqueles códigos que não possuem elos com os códigos em vermelho, mas se ramificam em outros códigos (FIGURA 5).

Esses são “Aplicação ponto a ponto” que se ramifica em “Extrapolar a barreira de aprendizagem dos alunos” e “Metodologias ativas de ensino” que se ramifica em “Alunos aprendendo na prática”.

Figura 5 – Códigos com ramificações, mas sem elo com os códigos analíticos da estrutura PA II como política pública

Elaboração própria, elaboração a partir do software ATLAS.TI, 2022.

Os códigos “Aplicação ponto a ponto”, “Extrapolar a barreira de aprendizagem dos alunos” e “Metodologias ativas de ensino”, também demostram os fundamentos das metodologias ativas de ensino e aprendizagem.

Além disso, esses códigos demostram um ponto de diferenciação do PA II em relação aos demais projetos aplicados.

Isso ocorre na medida que o PA II se utilizou das metodologias de Design Thinking e Experiência do Usuário. Dessa forma, permitindo que os alunos descubram o real problema a ser solucionado e desenhem estratégias de resolução para esses com ajuda dos cidadãos participantes da política. Nessa perspectiva, as metodologias ativas de ensino em conjunto com as metodologias de Design Thinking e Experiência do Usuário permitiram aos alunos uma experiência rica de aprendizagem na prática aplicando a teórica proposta. Soma-se a isso, a fundamentalidade do projeto aplicado para o CSAP tendo em vista o fato de ser um curso preparatório para uma carreira de especialistas em políticas públicas e gestão governamental.

A partir disso é possível fazer a análise seguindo os códigos em vermelho (FIGURA 6). O primeiro é o código “SUBGOVES” e o código “Alunos”

que se entrelaçam a partir do código analítico “Propostas sugeridas”.

Figura 6 – Ramificações a partir dos códigos analíticos “SUBGOVES” e

“Alunos” da estrutura PA II como política pública

Elaboração própria, elaboração a partir do software ATLAS.TI, 2022.

O primeiro código “SUBGOVES” possui três ramificações. Essas são

“Demandas infinitas”, “Agenda de transformação digital”, código que demostra bastante Força, e “Propostas sugeridas”. O código listado “Demandas infinitas”

demostra, como ressaltado pelos gestores, que as demandas por melhoria da qualidade dos serviços públicos são infinitas. Além do mais, em um contexto de cocriarão com o usuário que se busca a constante adaptação dos serviços para responder as demandas que surgem (PINTO, 2018).

[...]eles [SUBGOVES] têm demandas infinitas, toda hora tem um serviço novo que será lançado, um serviço que precisa melhorar, um serviço que está dando muita reclamação, um serviço que as pessoas não estão conseguindo concluir. (ENTREVISTADO 2).

O código agenda digital destaca um dos principais focos da atual gestão governamental do estado de Minas Gerais que é o de proporcionar a transformação digital para os serviços públicos com o foco no cidadão. Sendo assim, todo o Projeto Aplicado II se coloca em um âmbito de uma política pública muito maior. Abaixo os objetivos do Programa Minas Atende que é um dos carros chefes desta agenda governamental:

O Programa Estratégico Minas Atende tem como objetivo principal a transformação dos serviços públicos com foco no cidadão. O Programa tem como premissas a utilização de práticas inovadoras, soluções digitais e o estabelecimento de parceria com várias organizações para oferecer a melhor experiência para o cidadão quando ele utilizar o serviço público mineiro com o intuito de melhorar a sua satisfação. (MINAS GERAIS, 2022)

Já o código “Alunos” se ramifica em “Propostas sugeridas” e “Ampliação da perspectiva do aluno” e este se ramifica em “Mudança na percepção sobre o serviço público”. Essa sequência demostra um ganho extremamente interessante do PA II, a mudança de mentalidade dos alunos sobre a importância de acionar o cidadão sobre a melhoria de serviços. Logo, desta forma é possível afirmar que existe uma relação positiva direta entre o PA II do XLII CSAP a ampliação da Cidadania Ativa em Minas Gerais, na média em que se espera que

os próximos EPPGGs do estado compreendam a relevância de convidar o cidadão para participar ativamente do ciclo de políticas públicas.

Então, eu acho que uma das coisas mais legais é que temos certeza que os alunos estão aprendendo alguma coisa, alguma coisa eles estão absorvendo, alguma coisa nós estamos mudando ali na perspectiva e na forma com que eles enxergam a nossa atuação enquanto servidores públicos no governo.

(ENTREVISTADO 1).

Por fim, o código “Propostas sugeridas” possui quatro ramificações.

Essas são “Multisetorialidade na hora de tratar os problemas” que se ramifica em

“Dependência do órgão para aplicar a melhoria”, “Circunstância da pandemia”

que se ramifica em “Perfil de cidadão que não se atinge” e este por sua vez em

“Recorte socioeconômico”, “Execução a partir do esforço” que se ramifica em

“Sugestão podem ser aplicadas no futuro” e “Visão Gestor X Visão do Cidadão”.

Os códigos “Multisetorialidade na hora de tratar os problemas” e

“Dependência do órgão para aplicar a melhoria” abordam a limitação da aplicação das propostas sugeridas de que é algumas delas demandam uma atuação conjunta com outros órgãos para aplicação da proposta.

Nesta perspectiva, a Figura 7 apresenta o Cardápio de Ideias MG APP apresentadas pelos alunos do Projeto Aplicado do serviço de Renovação de CNH. Nesta é possível verificar a forma como gestores da SUBGOVES visualizaram as sugestões postas pelos alunos. Nesse sentido, é possível verificar o ponto observado anteriormente que, no exemplo apresentado, muitas sugestões competem ao Detran. Além disso, é possível visualizar que outras demandadas perpassam questões burocráticas.

Figura 7 – Cardápio de Ideias MG APP – Renovação de CNH

Fonte: Documento interno da SUBGOVES, 2021.

Além disso, outro ponto evidenciado na Figura 7 e abordado no código

“Execução a partir do esforço” é que algumas propostas demandam um esforço maior para serem executadas. Logo, faz mais sentido, como citado pelos gestores, executar primeiro aquelas que são mais simples de serem efetivadas.

Nesse sentido, aquelas propostas que não estão coloridas são as que demandam uma maior intervenção dos gestores e não serão aplicadas num primeiro momento. Ainda nesta perspectiva, o código “Visão Gestor X Visão do Cidadão” demostram que muitas propostas já haviam sido discutidas dentro da SUBGOVES e foram descartadas.

Não, nós não acatamos 100% do que é exposto. Porque algumas coisas até durante a apresentação a gente rebate a gente percebe que muitas coisas são pontos que nós já discutimos, coisas que nós já estamos tomando a decisão que é mais adequada no momento. (ENTREVISTADO 4).

Sugestões de melhorias apontadas Detalhamento Observações

Organizar tópicos em ordem afabética Sugestão para o menu principal

Criar um ícone de informações dentro de cada serviço sobre o processo, ações e dúvidas frequentes

Informações sobre o passo a passo geral do processo de renovação da CNH pelo aplicativo.

CLÍNICA MÉDICA E PSICOLÓGICA - O condutor não poderá escolher o local em que fará o exame, mas poderá escolher data e horário, conforme disponibilidade das clínicas. O Artigo 39 do Decreto 44546/2007 regulamenta a distribuição imparcial e aleatória das solicitações de exames, por meio de divisão equitativa.

O agendamento deverá ser feito por meio do número de telefone da clínica disponibilizado. O horário de funcionamento das clínicas é compatível com o atendimento do Detran-MG, sendo necessário que o condutor observe feriados e pontos facultativos antes de ligar.

Os valores para realização de Exame Médico e Exame Psicotécnico devem ser pagos na clínica, no dia agendado para o exame. Para saber as formas de pagamento disponíveis, entre em contato com a clínica.

*O exame psicotécnico é exigido apenas para quem exerce atividade remunerada com o veículo. Porém quando o psicólogo julgar necessária nova avaliação psicológica do condutor que não exerce atividade remunerada, o exame psicotécnico terá data de validade e no ato da renovação da CNH, deverá ser realizado.

INCLUIR LINK Inserir um botão de “concluir” após a finalização do processo

Agrupar serviços por tema ou campo de atendimento Atualmente os verviços do Detran são encontrados no menu "Veículos e Condutores", "Meus documentos" e "Agendamentos de Serviços"

Separar serviços voltados a veículos e condutores Atualmente os dois tipos de serviços estão concentrados numa mesma aba do mg app.

Inserir imagens indicando onde o usuário pode encontrar a

informação requerida Alguns outros serviços já apresentam essa funiconalidade Única informação exigida é a data da primeira habilitação Disponibilizar boleto Disponibilizar o boleto do DAE como documento (não só o código) na etapa de

pagamento

Apresentar menus em "quadradinhos" A apresentação dos serviços como “quadradinhos” (ícones e descrição do

serviço), e não como lista, torna a página inicial mais intuitiva. Alto esforço exigido. Alteração completa no layout do aplicativo Eliminar a opção de Renovação de CNH do menu

"Agendamentos de Serviços", pois apresenta erro

Por esse menu, as opções de agendamento são apenas para Montes Claros e Belo Horizonte.

Oferecer opção de acesso sem a necessidade da habilitação em mãos

O aplicativo do Ceará oferece essa possibilidade, com a opção "Perdi minha

habilitação" Compete ao Detran

Considerar o município de residência como referência nas sugestões da clínica

Alguns usuários não vivem mais no município onde foi retirada a CNH e o

aplicativo não apresenta outra localidade para renovação da CNH. Compete ao Detran

Remover a obrigatoriedade da data da 1ª habilitação Compete ao Detran

Disponibilizar mais opções de clínicas Compete ao Detran

Enviar e-mail de confirmação Enviar e-mail após finalização contendo informações relevantes sobre o processo para o usuário

Inserir funcionalidade para acompanhar o processo aberto de renovação

Inserir, dentro de “meus agendamentos”, a possibilidade de consultar um processo de renovação de CNH já aberto, possibilitando a conferência das informações relevantes (clínica e endereço, DAE etc)

Talvez o envio do e-mail solicione essa questão.

Acessibilidade Adicionar configurações de acessibilidade (aumentar o tamanho da letra, alto contraste, libras)

Outras informações de pagamento Informar, ao final, que a clínica só aceita pagamento à vista e em dinheiro Inserir link redirecionando para o site do detran Renovação de CNH

Os códigos “Circunstância da pandemia”, “Perfil de cidadão que não se atinge” e “Recorte socioeconômico” demostram uma grande limitação do PA II.

No ano de 2019 o mundo sofreu com as consequências da pandemia de COVID-19. Nesse sentido, algumas das consequências na sociedade foram o distanciamento social e o uso de ferramentas virtuais em várias áreas, por exemplo, na área da educação. Dessa forma, o PA II foi aplicado aos alunos de maneira remota e os alunos utilizaram cidadãos dos seus próprios grupos sociais para a aplicação das metodologias.

Consequentemente, houve um possível recorte. Por exemplo, socioeconômico. Isto pode interferir nas propostas sugeridas, na medida em que o grupo de cidadãos entrevistados não remete a realidade dos mineiros e, por isso, as propostas atendente somente a realidade de um pequeno grupo.

Espera-se investigar esta afirmação a partir dos dados coletados do questionário aplicado aos cidadãos, que os resultados serão apresentados no próximo tópico da monografia.

Os códigos analíticos em vermelho seguintes são “LAB.MG” e “Escola de Governo”. Além disso, é necessário abordar que o código “Avaliação geral positiva” é uma ramificação associada ao código “PA II” que também é propriedade de “LAB.MG” (FIGURA 8).

Figura 8 – Ramificações a partir do código analítico “LAB.MG” da estrutura PA II como política pública

Elaboração própria, elaboração a partir do software ATLAS.TI, 2022.

Em relação ao código “LAB.MG” este possui duas ramificações “Equipe limitada” e “LABs fomentando Design Thinking e UX”, código que possui Força relevante. O primeiro possui duas ramificações “CSAP como mão de obra para o LAB.MG” e “Fila de demandas”. Já o segundo se ramifica em “Design Thinking e UX conquistando espaço em MG” que tem como propriedade “Descobrindo o

“como fazer””, código que também possui Força substancial, e “Acionar o cidadão sobre o serviço”, código que também possui bastante Força.

O primeiro código “Equipe limitada” e suas ramificações “CSAP como mão de obra para o LAB.MG” e “Fila de demandas” demostra um ponto importante do PA II, o laboratório de inovação possui uma extensa fila de demandas e não consegue atuar em todas. Por isso, o PA II se mostra uma maneira eficiente de atender várias demandas na fila.

Então, foi esse casamento de fazer uma disciplina que engaje os alunos com o ganho de escala da equipe do LAB, já que ela é pequena. Se em um semestre a gente tem 30 pessoas trabalhando pelo LAB, nós ganhamos com isso, e se estamos resolvendo tirando 8 projetos da fila de projetos (...).

(ENTREVISTADO 2).

Já os códigos “LABs fomentando Design Thinking e UX”, “Design Thinking e UX conquistando espaço em MG”, “Descobrindo o “como fazer”” e

“Acionar o cidadão sobre o serviço” demostram a importância dos laboratórios de inovação em fomentar as metodologias inovadoras estudas e, por consequente, como espaços de contato entre o serviço público e os cidadãos.

Por último, o código analítico “Escola de governo” se ramifica em

“Mudança no Projeto Aplicado” (FIGURA 9). Este demostra a mudança relatada pelos gestores que houve em 2021 na Escola de Governo que passou a adotar o LAB.MG como responsável direto pelos Projetos Aplicados II. É possível verificar isso na nova ementa do Projeto Aplicado II de 2021 que passa a ser focado na inovação e na experiência do usuário:

Processo de conhecimento a partir da experiência prática, nos moldes da aprendizagem experiencial. Vivência orientada em programas e políticas públicas de estado, a partir da qual serão articulados conteúdo das diferentes disciplinas aprendidas até o 4º período, em chave transversal. Foco nas metodologias

ágeis de inovação em políticas públicas, considerando a experiência do usuário. (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2021, pag. 74, grifo do autor).

Figura 9 – Ramificações a partir do código analítico “Escola de Governo” da estrutura PA II como política pública

Elaboração própria, elaboração a partir do software ATLAS.TI, 2022.

A partir do que foi discutido, foi possível efetuar as seguintes conclusões do tópico conceitual analítico PA como política pública essenciais para a compressão dos objetivos deste trabalho:

⚫ O Projeto Aplicado II mostra-se uma experiência bem-sucedida de aprendizagem ativa;

⚫ Tendo em vista os objetivos do CSAP, o PA II demostra-se fundamental para o processo de qualificação dos futuros EPPGGs;

⚫ O formato do projeto consegue satisfazer as necessidades de todos os grupos/instituições envolvidas;

⚫ O Projeto Aplicado II se mostra uma pequena política no meio de uma agenda governamental extensa de transformação digital que tem como princípios a busca pela melhoria da qualidade dos serviços públicos estaduais ofertados aos mineiros.

⚫ O Projeto Aplicado II se mostra uma política com características principalmente do Gerencialismo público, objetivo final é a melhoria da qualidade dos serviços públicos. Porém, também apresenta características do PSO, relevância para o poder decisório do cidadão.

⚫ O projeto permite que alunos sejam qualificados em demandas reais do poder público e não em modelos metodológicos;

⚫ O PA II mostra-se uma maneira eficiente de atender as filas de demandas tanto do LAB.MG quanto da SUBGOVES;

⚫ Demandas por melhoria da qualidade de serviços são infinitas;

⚫ As propostas feitas pelos cidadãos não serão todas acatadas. Isso ocorre por dois motivos. O primeiro porque muitas propostas já foram analisadas pelos gestores da secretaria e já estavam na fila de demandas. O segundo motivo é que muitas demandas perpassam outras secretarias e não dependem somente da SUBGOVES para serem aplicadas;

⚫ Houve um recorte limitado de cidadãos entrevistados durante o PA II graças a pandemia que pode ter interferido nas propostas apresentadas;

⚫ Foi percebida uma mudança de mentalidade dos alunos sobre a importância de acionar o cidadão para a melhoria da qualidade dos serviços públicos. Logo,

⚫ Na perspectiva de CSAP e seus objetivos em Minas Gerais, o PA II se mostra uma política que se espera fomentar a Cidadania Ativa no estado, na medida que os futuros gestores formados pela Escola de Governo compreenderam a relevância de convidar o cidadão para participar ativamente do ciclo de políticas públicas.

4.2.2.1 Definindo o PA II como política pública

A partir do que foi exposto, é possível afirmar que o Projeto Aplicado II se caracteriza como uma política pública. Segundo Secchi (2013) políticas públicas são as diretrizes tomadas na busca de solucionar problemas entendidos como coletivos. Neste sentido, a concepção de problema público surge a partir do momento que a sociedade percebe que existe um quadro ideal diferente da realidade vivida, o problema público é a diferença entre esses. Ou seja, políticas públicas visam alcançar uma situação ideal dentro da coletividade.

Nessa perspectiva, o PA II se mostra uma política pública porque proporciona aos atores e instituições envolvidas, estas que fazem parte da administração pública do estado de Minas Gerais, alcançar uma situação ideal desejadas por elas. Pela perspectiva da Escola de Governo e dos alunos, existe a possibilidade de proporcionar aos futuros gestores uma formação prática suportada por um problema real que a demanda por mais qualidade nos serviços públicos. Pela perspectiva da LAB.MG e da SUBGOVES, é a possibilidade eficiente de atuar na lista de demandas que as instituições possuem. Por fim, para os cidadãos é a possibilidade de melhorar a qualidade dos serviços públicos prestados via canais de atendimento virtual.

Além disso, como este trabalho pretende investigar, é a possibilidade de proporcionar aos cidadãos uma participação ativa em políticas públicas. Nesse sentido, Benevides (1998) destaca a importância da participação do cidadão na esfera pública, entre outros motivos, para a melhoria do processo democrático. Em consonância com essas perspectivas, o PA II pode ser compreendido como uma política pública a partir da definição de Ronald Dworkin: “tipo de padrão que estabelece um objetivo a ser alcançado, em geral, uma melhoria em algum aspecto econômico, político ou social da comunidade”

(DWORKIN, 2002, p. 36).

Logo, fica claro que o Projeto Aplicado II pode ser compreendido como uma política pública. Seja pela perspectiva de se chegar em uma situação ideal para os atores e instituições públicas envolvidas ou pela possibilidade de melhorar aspectos sociais vistos como desejados.