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Ainda nessa perspectiva, é possível definir que estudos de casos são importantes ferramentas para a avaliação de um fenômeno. No que tange as aplicações como avaliação para este trabalho, é possível destacar a utilização de estudo de caso como estratégia para a exploração de situações nas quais os resultados dos fenômenos estudados não são apresentados de maneira simples ou clara (YIN, 2004).

na medida em que se trata de um contexto novo com ainda poucos registros bibliográficos.

O primeiro grupo entrevistado foi gestores do LAB.MG e da SUBGOVES por meio de entrevistas semiestruturadas (APÊNDICE A). O objetivo geral destas entrevistas foi descobrir a percepção dos entrevistados em relação à política elaborada, a Cidadania Ativa no serviço público e sobre metodologias inovadoras no serviço público. Segundo Gil (2002), entrevistas semiestruturadas são definidas como uma série de perguntas abertas que são feitas em uma ordem prévia, mas podem ser alteradas ao longo da entrevista com base na percepção do pesquisador e do entrevistado para a discussão sobre assuntos relevantes para a pesquisa.

Nesse sentido, a entrevista foi feita com cinco gestores públicos, sendo dois do LAB.MG e três da SUBGOVES, como bem determinado na Tabela 2 que também apresenta as funções desempenhadas e os cargos efetivos dos entrevistados. Além disso, faz-se necessário frisar que os gestores responsáveis pelo LAB.MG foram aqueles que conduziram a disciplina de Projeto Aplicado II ao XLII CSAP e orientaram os alunos na aplicação das metodologias. Os gestores da SUBGOVES foram responsáveis por aplicar ou não o cardápio de sugestões propostas durante a disciplina aos canais de atendimento.

Por último, é preciso frisar que as entrevistas obedeceram às previsões legais e éticas prevista na Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde que determina os critérios éticos em pesquisa com seres humanos. Logo, todos os entrevistados foram orientados e concordaram com os termos do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE B), o termo foi projetado com base no termo disponibilizado pelo Comité de ética em Pesquisa – COEP da Universidade Feral de Minas Gerais – UFMG9. A ordenação se dá em virtude da ordem cronológica que as entrevistas foram realizadas. Além disso, é preciso destacar que todas as entrevistas foram feitas de maneira virtual, a fim de proporcionar praticidade, por meio do sítio eletrônico especialista em reuniões virtuais Google Meet que disponibiliza este serviço de forma gratuita, por isso, sua escolha.

9 Disponível em: https://www.ufmg.br/bioetica/coep/

Tabela 2 – Lista de gestores entrevistados Identificação

do entrevistado

Função Cargo efetivo

Entrevistado 1 Coordenadora do LAB.MG EPPGG

Entrevistado 2 Coordenadora do LAB.MG EPPGG

Entrevistado 3 Diretor Área de Atendimento Eletrônico/ SUBGOVES

EPPGG

Entrevistado 4 Gestora Diretor Área de Atendimento Eletrônico/

SUBGOVES

EPPGG

Entrevistado 5 Gestora Diretor Área de Atendimento Eletrônico/

SUBGOVES

EPPGG

Fonte: elaboração própria, 2022.

Para a análise de dados qualitativos foi utilizada a metodologia de análise de conteúdo de Bardin. A técnica pode ser visualizada como um conjunto de ferramentas que buscam compreender o significado do “discurso” e do conteúdo deste. Em suma, é a busca por descrever padrões comportamentais a partir de metodologias científicas. Sua utilização fundamental se dá em trabalhos de natureza qualitativos em virtude de uma possível subjetividade presente. Logo, seu objetivo é dar rigor científico para a pesquisa. Dessa forma, seu caráter instrumental se dá pela necessidade de além do discurso, é a busca pelo significado que o discurso tem naquele dado contexto (BARDIN, 2016).

A análise de conteúdo é uma técnica de investigação que tem por finalidade a descrição objetiva, sistemática e qualitativa do conteúdo manifesto da comunicação (BARDIN, 2016, p. 27).

A partir disso é possível visualizar a sutileza nas técnicas de análise de conteúdo. Logo, é um método empírico que se fundamenta no contexto posto. Nesse sentido, entrevistas de qualquer natureza se mostram uma fonte para a aplicação deste método. Nesse sentido, Bardin (2016) define a necessidade de se começar a

utilização deste método pela sistematização dos dados em categorias a partir de critérios na busca da descrição do conteúdo da mensagem.

Nessa perspectiva, a partir da avaliação de conteúdo, a análise dos resultados qualitativos das entrevistas foi dividida nas seguintes categorias analíticas: o Projeto Aplicado II como política pública; o espaço da Cidadania Ativa dentro do Governo de Minas Gerais; o espaço das metodologias inovadoras no Governo de Minas Gerais.

O suporte da análise de conteúdo é feito a partir do software Atlas.ti. Silva Junior e Leão (2018) abordam como essa ferramenta é um recurso para a realização das técnicas propostas pela Análise de Conteúdo de Bardin. Nesse sentido, o Atlas.ti é um software alemão desenvolvido por Thomas Muhr com o intuito de analisar dados qualitativos de uma forma a sistematizá-los. Sua utilização é ampla e feita em todo o mundo em virtude da sua praticidade e da grande gama de técnicas que podem ser amparadas pelo sistema. É importante frisar que o programa não faz a análise sozinho, apenas organiza e sistematiza, cabendo ao pesquisador fazer toda a categorização e julgamento dos resultados.

Nessa perspectiva, a categorização e organização dos resultados é feita a partir da metodologia da Teoria Fundamentada10. O objetivo da Teoria Fundamentada é separar, classificar e sintetizar dados de origem qualitativa a fim de codificá-los.

Essa codificação é feita a partir da comparação analítica das relações entre as categorias atribuídas pelo pesquisador. A teoria foi desenvolvida pelos sociólogos Barney G. Glaser e Anselm L. Strauss na década de 60 a fim de criar uma estratégia para a sistematização de pesquisas qualitativas, que à época sofriam críticas sobre o rigor científico praticado (CHARMAZ, 2009). Em perspectiva, a Teoria Fundamentada, diferente de outras análises qualitativas, permite flexibilidade no método adotado pelo pesquisador, mas também garante que os passos seguidos na análise desenvolvida e na apresentação de resultados sejam apresentados de maneira clara. Além disso, o método busca uma reflexão profunda por parte do pesquisador sobre os conceitos trabalhados naquela análise.

Quais são os métodos da teoria fundamentada? Para simplificar, seus métodos baseiam-se em diretrizes sistemáticas, ainda que flexíveis, para coletar e analisar os dados visando à construção de teorias

“fundamentadas” nos próprios dados. Essas diretrizes fornecem um

10 Em inglês Grounded Theory.

conjunto de princípios gerais e dispositivos heurísticos, em vez de regras pré-formuladas (CHARMAZ, 2009, p. 15).

Logo, a Teoria Fundamentada se baseia na comparação de conceitos definidos pelo pesquisador. Nesse sentido, para este trabalho optou-se pela dinâmica de codificação linha a linha que consiste em atribuir um conceito para cada linha analisada e, por conseguinte, criar uma série de categorias teóricas. A flexibilidade da codificação linha a linha permite que o pesquisador redescubra constantemente suas categorias teóricas com base em novas descobertas (CHARMAZ, 2009).

A codificação linha a linha funciona particularmente bem com dados detalhados sobre problemas ou processos empíricos fundamentais, sejam esses dados compostos de entrevistas, observações, documentos ou etnografias e autobiografias (CHARMAZ, 2009, p. 77).

Para a sistematização dos resultados, o software Atlas.ti permite que o pesquisador atribua códigos para as categorias teóricas com base em conceitos extraídos da análise. Dessa forma, trechos com conceitos semelhantes recebem os mesmos códigos. Em seguida o pesquisador busca a relação entre esses de tal maneira que é criada uma rede. Essa rede é projetada de maneira gráfica no software.

Nesse sentido, a Figura 2 é um exemplo de rede e dos elementos gráficos de uma rede.

O retângulo representa um código, as setas representam a correlação entre os códigos, existem correlações distintas entre os códigos. Será utilizado neste trabalho as relações propostas pelo sistema, essas são: “é propriedade de”,

“contradiz”, “é parte de”, “é causa de”, “é um”, “é associado com” e “sem nome”. O número acima no código representado pela letra G é Magnitude do código, ou seja, a quantidade de vezes que o código foi identificado na análise dos documentos. O número abaixo representado pela letra D é a Densidade do código, ou seja, a quantidade de códigos interligados a ele nas redes analisadas. Por fim, as barras comparam a Magnitude, a barra acima, e a Densidade, a barra abaixo, daquele código em relação a todos os outros códigos. Quanto mais extensa a barra, maior é a propriedade daquele código em relação a mesma propriedade dos outros códigos.

Foi projetada uma rede para cada uma das quatro categorias analíticas propostas a partir da análise de conteúdo. Além disso, as redes foram organizadas

pelo layout de árvore feito de maneira automática pelo programa. Foi escolhido essa forma de organização a fim de facilitar a visualização das redes.

Figura 2 – Exemplo de Rede extraída do softaware ATLAS.TI

Fonte: Extraído do software Atlas.ti, 2022.

A partir da elaboração das redes, é possível definir a Força que um código atingiu. Para isso, foi multiplicado o valor da Magnitude e da Densidade de cada um dos códigos propostos. Nessa perspectiva, a variável Força determina a influência e relevância daquela categoria teórica na pesquisa qualitativa realizada. Para essa análise os dados foram extraídos do Atlas.ti e os cálculos e a tabulação feitos no software Microsoft Excel. Nesse sentido, no capítulo seguinte será exposto aqueles códigos que se mostraram mais relevantes durante a análise das entrevistas com gestores.