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Comparação entre os Dois Modelos (MH e MP)

No documento Sinonímia e textura (páginas 177-183)

CAPÍTULO 4 SINONÍMIA E TEXTURA: METODOLOGIA PARA ANÁLISE

4.5 MODELOS DE ANÁLISE

4.5.3 Comparação entre os Dois Modelos (MH e MP)

A comparação entre o Modelo de Hasan (MH) e o Modelo Proposto (MP) se faz necessária, a fim de observar as semelhanças e diferenças nos resultados obti- dos, como ainda validar a proposta apresentada neste estudo.

É interessante assinalar que, na análise de Hasan, a autora não utilizou um critério único para a apresentação dos verbos na demonstração das cadeias coesi- vas (Quadros 7 e 8). Na demonstração do primeiro texto (Quadro 7), a autora man- teve as conjugações verbais flexionadas, assim como no diagrama de interação (Fi- gura 1), enquanto, na demonstração das cadeias coesivas do segundo texto (Qua-

dro 8) e no diagrama da interação entre as cadeias (Figura 2), apresentou os verbos na forma infinitiva.

Na aplicação do MP, o critério estabelecido é o de que os verbos são flexio- nados conforme o texto, tanto na demonstração das cadeias coesivas, presentes na Ficha 1, quanto na apresentação dos itens periféricos, na Ficha 2. Quanto às Figuras 3 e 4, em forma de diagrama, os verbos também são flexionados conforme a apre- sentação das cadeias coesivas.

Tabela 6 - Resultados Gerais da Avaliação da Textura no Texto 1 (MH e MP)

TEXTURA (T) MH % MP %

1. Itens Relevantes em Cadeias de Identidades (IRCI) 33 49,25 35 68,63 2. Itens Relevantes em Cadeias de Similaridade (IRCS) 34 50,75 4 7,84

3. Itens Referentes (IRe) 0 0,0 12 23,53

(I) Total de Itens Relevantes (TIR) 67 100,00 51 100,00

1. Itens Relevantes (IR) 67 90,54 51 80,95

2. Itens Periféricos (IP) 7 9,46 12 19,05

(II) Total de Itens Lexicais (TIL = IR + IP) 74 100,00 63 100,00

1. Itens Centrais (IC) 43 64,18 35 68,63

2. Itens Não-Centrais (INC) 24 35,82 16 31,37 (I) Total de Itens Relevantes (TIR = IC + INC) 67 100,00 51 100,00 • GRAU DE TEXTURA (GT = IC/TIL) (%) - 58,11 - 55,56

Observando a Tabela 6, no MH, de um total de 67 ocorrências, os números dos itens relevantes em cadeias de identidade somam 49,25% (33 casos) e, em ca- deias de similaridade, 50,75% (34 casos); ocorrendo inversamente no MP, com 68,63% (35 casos) as cadeias de similaridade e somente 7,84%% (4 casos) as ca- deias de identidade. Isso se deve a posições diferentes no que se refere à identifica- ção das categorias coesivas nas cadeias de identidade e similaridade entre os dois modelos. Por exemplo, a sinonímia é tratada, no MP, também como correferencial, isto é, nesse mecanismo de coesão pode haver a mesma identidade de referentes

situacionais, enquanto essa expressão referencial pertence às cadeias de similari- dade no MH. Outro aspecto a ser considerado é que, no MP, o primeiro elo da ca- deia não é uma categorização, isto é, inicia o fio de continuidade, sendo designado por total de itens referentes, que somam 23,53% (12 casos), enquanto o MH não identifica esses referentes. Quanto à diferença dos itens totais relevantes, 67 (MH) e 51 (MP), deve-se à posição de tratar os itens lexicais como blocos de sentido no MP.

No que concerne aos itens periféricos, o MH apresenta somente 9,46% (7 casos); enquanto, no MP, constam 19,05% (12 casos). A relação das palavras ou expressões lexicais periféricas, no MH, não é apresentada; eles somente são exem- plificados com o item lexical “abraçou”, como item periférico, e o número resultante desse item. Notam-se, portanto, diferenças significativas quanto ao número total de itens lexicais presentes nos dois modelos.

Quanto ao tratamento dos itens centrais e não-centrais, observados pela Tabela 4 e também pela Figura 3, que retrata a interação entre as cadeias, perce- bem-se dados semelhantes, uma vez que ambos os modelos seguiram a mesma orientação sintática: relação agente-ação, relação ação-objeto, relação ação e ou agente-localização, entre outros. A diferença está na concepção de, no MP, orientar- se pela noção das categorias propostas, e a posição de tratar os itens lexicais como blocos de sentido. Assim, os itens centrais, os quais constituem índices significativos para o cálculo da harmonia coesiva, são de 64,18%, (43 casos) no MH, enquanto somam 68,63% (35 casos) no MP.

Finalmente, a Tabela 4 mostra alguns dados já apresentados e analisados, a fim de possibilitar a apresentação do cálculo da harmonia coesiva em ambos os mo- delos. Apesar de evidenciarem algumas diferenças, as porcentagens do grau de tex-

tura, com 58,11%, no MH, e 55,56%, no MP, demonstram pouca variação, compro- vando que esse texto é coerente, visto que apresenta mais de 50%, mínimo estabe- lecido nos dois modelos. Essa porcentagem também traduz o grau de textura do tex- to e ratifica a hipótese de que quanto mais alta a proporção de itens centrais, em relação aos itens não-centrais, mais coerente o texto. No entanto, vale ressaltar que o Texto 1 não apresenta elos de coesão possíveis de ocorrer em textos mais com- plexos e sofisticados, como é o caso de textos do corpus desta investigação, os quais apresentam outras categorias coesivas previstas no Modelo Proposto.

Os resultados das Fichas 1, 2 e da Figura 4, referentes ao Texto 2, são for- necidos pela tabela a seguir.

Tabela 7 - Resultados Gerais da Avaliação da Textura no Texto 2 (MH e MP)

TEXTURA (T) MH % MP %

1. Itens Relevantes em Cadeias de Identidades (IRCI) 12 48,00 22 62,86 2. Itens Relevantes em Cadeias de Similaridade (IRCS) 13 52,00 4 11,43

3. Itens Referentes (IRe) 0 0,0 9 25,71

(I) Total de Itens Relevantes (TIR) 25 100,00 35 100,00

1. Itens Relevantes (IR) 25 37,31 35 77,78

2. Itens Periféricos (IP) 42 62,69 10 22,22

(II) Total de Itens Lexicais (TIL = IR + IP) 67 100,00 45 100,00

1. Itens Centrais (IC) 20 80,00 20 57,14

2. Itens Não-Centrais (INC) 5 20,00 15 42,86 (I) Total de Itens Relevantes (TIR = IC + INC) 25 100,00 35 100,00 • GRAU DE TEXTURA (GT = IC/TIL) (%) - 29,85 - 44,44

Pela Tabela 7, no MH, constata-se que o número de itens em cadeias de i- dentidade é menor, somando 48,00% (12 casos), enquanto, no MP, representam 62,86% (22 casos). Essa diferença, já explicada na análise do Texto 1, ocorre pela concepção diferente de correferencialidade das categorias dos elos coesivos.

Quanto ao número total de itens periféricos, pode-se verificar que há uma di- ferença significativa nos resultados dos dois modelos, pois, no MH, o percentual é de 62,69% (42 casos) e, no MP, somente 22,22% (10 casos).

Quanto à interação entre as cadeias, segue-se o MH, que se guia pela orien- tação sintática, porém a alteração é feita pela concepção dos itens lexicais em blo- cos de sentido no MP; mesmo assim, os resultados tornam-se análogos, 20 ocorrên- cias nos dois modelos, pois o texto analisado, na maioria das vezes, guia-se por pa- lavras isoladas, formando poucas expressões em unidade de sentido. Esses índices demonstram diferenças quanto ao resultado dos itens não-centrais, que são de 20,00% (5 casos) no MH e 42,86% (15 casos) no MP. No entanto, esses dados de- monstram que muitos itens lexicais do texto analisado não interagem em cadeias coesivas, conforme comprovado pelos dois modelos.

No que concerne ao resultado do grau de textura, apresentado na Tabela 7, os índices diferem, pois no MH é de 29,85% e no MP é de 44,44%. Contudo, isso indica que a textura, verificada pelos dois modelos, tem índice pouco expressivo, comprovando que o texto examinado apresenta baixo grau de textura, uma vez que as porcentagens estão abaixo de 50%, medida válida de expressão da textura nos dois modelos.

A realização da análise desses textos e a comparação entre os dois modelos possibilitam confirmar que, no MP, os itens lexicais são considerados por unidade de sentido, enquanto, no MH, a análise é evidenciada por unidades de palavras em o- rações. O tratamento dos dados, neste trabalho, busca a relação dos elos e das ca- deias próprias de cada texto, visto que, segundo Halliday e Hasan (1976, p. 218), “é

da ocorrência de um item no contexto de itens lexicais relacionados que provém a coesão”, atribuindo, assim, ao conjunto, a qualidade de texto.

Nesse grupo de textos examinados, as principais afirmações de Hasan são comprovadas também no MP, no que diz respeito à textura. No entanto, nem todos os princípios de sustentação do MP podem ser confirmados, especialmente no que se refere à sinonímia, uma vez que os textos da autora quase não apresentam ter- mos sinônimos. Essa é uma demonstração de que os jovens falantes, ao enunciar, de improviso, um texto em língua inglesa, ainda não adquiriram um amplo vocabulá- rio e tampouco empregam todos os mecanismos substituíveis de que a língua dis- põe.

Desse modo, na análise de textos mais extensos e argumentativos, preten- de-se comprovar a incidência da expressão referencial sinonímica na produção es- crita e, ainda, observar a relação de proporcionalidade entre o número de ocorrên- cias por sinônimos e a sua relação com a textura. Quer-se destacar a relevância as- sumida na confirmação e determinação dos princípios aqui levantados. Com efeito, a superação da análise de frases isoladas, em discurso oral, parece ser um imperativo para que se surpreenda a inteira legitimidade e significação das questões lingüísti- cas mais complexas que contemplam textos mais longos e argumentativos.

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