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Comparação entre os Dois Modelos no Texto de Acadêmico

No documento Sinonímia e textura (páginas 194-199)

CAPÍTULO 4 SINONÍMIA E TEXTURA: METODOLOGIA PARA ANÁLISE

4.5 MODELOS DE ANÁLISE

4.5.6 Comparação entre os Dois Modelos no Texto de Acadêmico

similaridade, isto é, com distinção referencial.

Além disso, verifica-se que os itens sinonímicos que interagem em cadeias somam 50,00% (12 ocorrências), comparados a 50,00% (12 casos) dos itens sino- nímicos que não-interagem em cadeias. Quanto aos itens que interagem em cadei- as, que não são sinonímicos, prevalecem com 62,50% (20 casos), em relação aos itens sinonímicos que interagem em cadeias, com 37,50% (12 casos). Isso posto, conclui-se que dentre as categorias de relações semânticas (8 categorias por elos), a sinonímia evidencia seu papel como componente coesivo, uma vez que está pre- sente na interação entre as cadeias com 12 casos.

A Tabela 11 indica, ainda, o grau de sinonímia na textura (GST), permitindo verificar que é baixo, com 37,50%, evidenciado pelo seguinte cálculo: ISIC/IC. Esse resultado é inferior a 42%, medida válida de expressão do grau de sinonímia na tex- tura estipulada neste estudo.

4.5.6 Comparação entre os Dois Modelos no Texto de Acadêmico

Seguindo o propósito estabelecido no início desta seção, a tabela a seguir apresenta os dados levantados no Texto de Acadêmico Nº 01, conforme a análise pelo Modelo de Hasan (MH) e pelo Modelo Proposto (MP). Esses dados permitem fazer o cotejo entre os dois modelos.

Tabela 12 - Resultados Gerais da Avaliação da Textura (TA, Nº 01) (MH e MP)

TEXTURA (T) MH % MP %

1. Itens Relevantes em Cadeias de Identidades (IRCI) 47 59,49 37 55,22 2. Itens Relevantes em Cadeias de Similaridade (IRCS) 32 40,51 7 10,45

3. Itens Referentes (IRe) 0 0,0 23 34,33

(I) Total de Itens Relevantes (TIR) 79 100,00 67 100,00

1. Itens Relevantes (IR) 79 73,15 67 78,82

2. Itens Periféricos (IP) 29 26,85 18 21,18

(II) Total de Itens Lexicais (TIL = IR + IP) 108 100,00 85 100,00

1. Itens Centrais (IC) 35 44,30 32 47,76

2. Itens Não-Centrais (INC) 44 55,70 35 52,24 (I) Total de Itens Relevantes (TIR = IC + INC) 79 100,00 67 100,00 • GRAU DE TEXTURA (GT = IC/TIL) (%) - 32,41 - 37,65

Note-se, mais uma vez, que Hasan analisa os textos orais produzidos por crianças, na sua pesquisa, em mensagens individuais, enquanto, no MP, os textos são examinados por unidades de sentido, considerados itens lexicais. A autora não considera a negação, a voz passiva e a locução verbal e descarta o artigo indefinido, sendo que o artigo definido, o pronome e o advérbio são, para ela, mecanismos in- terpretados pela coesão. No MP, a negação, a voz passiva e a locução verbal são apresentadas na análise e fazem parte do bloco de sentido; além disso, o artigo de- finido e o artigo indefinido fazem parte das expressões lexicais, podendo introduzi- las.

Pela Tabela 12, constata-se que, nos dois modelos, os itens relevantes em cadeias de identidade são mais expressivos, com 59,49% (47 casos) no MH e 55,22% (37 casos) no MP, do que o índice dos itens relevantes em cadeias de simi- laridade, com 40,51% (32 casos) no MH e 10,45% (7 casos) no MP. É importante lembrar que a diferença entre os dois índices das cadeias de identidade, entre os dois modelos, é manifestada porque no MP aparecem três classificações: cadeias de

identidade, cadeias de similaridade e itens referentes. Essa categorização é realiza- da diferentemente do modelo de Hasan que prevê somente as duas primeiras, pela justificativa de que as cadeias formam elos e em todo elo há um referente lingüístico. Em conclusão, as duas pontas formam um elo que é constituído por dois itens lexi- cais: um antecedente, ou referente lingüístico, e um substituto.

Quanto ao total de itens relevantes e itens periféricos, presentes nessa ta- bela, pode-se verificar que os primeiros são em maior número em ambos os mode- los, com 73,15% (79 casos) no MH e 78,82% (67 casos) no MP; os itens periféricos também apresentam-se análogos à proporção de diferença, com 26,85% (29 casos) no MH e 21,18% (18 casos) no MP.

No que se refere à interação entre as cadeias, segue-se o MH, que se guia pela orientação sintática, porém a alteração é feita pela concepção dos itens lexicais em blocos de sentido no MP, mesmo assim os resultados tornam-se semelhantes. E, quanto ao resultado dessa interação, constante na Tabela 12, observa-se que os itens centrais somam 44,30% (35 casos) no MH, enquanto apresentam 47,76% (32 casos) no MP. Esses índices evidenciam diferenças quanto ao resultado dos itens não-centrais, que são de 55,70% (44 casos) no MH e 52,24% (35 casos) no MP. No entanto, esses dados demonstram que muitos itens lexicais do texto analisado não interagem em cadeias coesivas, o que é comprovado pelos dois modelos.

No que concerne ao resultado da harmonia coesiva, os índices foram pró- ximos, com o percentual de 32,41% no MH e 37,65% no MP. Isso indica que a har- monia coesiva, verificada pelos dois modelos, tem índice pouco expressivo, eviden- ciando que o texto examinado apresenta baixo grau de textura. Sendo assim, pelos dados apresentados, verifica-se que o texto não apresenta grau de textura acima de

50%, limite mínimo estabelecido. Além disso, a média estipulada pelos professores, no julgamento dos textos, foi também próxima aos resultados obtidos neste trabalho, com 3,4.

Esses dados confirmam a hipótese de Hasan (1989, p. 93): quanto mais baixa a proporção dos itens periféricos em relação aos itens relevantes, tanto mais coerente o texto. Da mesma forma, indicam que o texto com o maior número de o- corrências centrais em interações entre as cadeias, em relação às ocorrências não- centrais, tem o mais alto grau de textura, firmando mais uma vez o que disse Hasan.

Portanto, nesse grupo de textos, as principais afirmações de Hasan são comprovadas, tecendo-se algumas considerações: o modelo para avaliação do grau de textura de um texto apresentado por Hasan é adequado à comparação entre dife- rentes produções orais e escritas, de pequena extensão; o modelo aqui apresenta- do, modificado neste trabalho com o título Modelo Proposto, além de ser adequado à comparação entre textos, mostra, com clareza, como os mecanismos da produção escrita são avaliados e se acrescentam ao grau de sinonímia na textura e à contribu- ição da sinonímia na textura, contemplando textos mais longos, complexos e argu- mentativos.

Desse modo, o Modelo Proposto permite avaliar não só o grau de textura do texto, como também a contribuição da sinonímia para o estabelecimento dos elos coesivos na efetivação da textura. Porém, não se pode observar o desempenho da sinonímia, levando em consideração a textura do texto, com os três textos examina- dos, pois é um número reduzido que não fornece material suficiente para essa com- provação.

Pela análise efetuada até o momento, percebe-se a diferença entre os dois modelos. Assim, depois dessa aplicação, análise, comparação, discussão e valida- ção do MP, parte-se, então, para o capítulo 5 deste trabalho, em que se realiza a análise e discussão dos dados nos textos que fazem parte do corpus deste estudo, com base no Modelo Proposto criado para esta investigação.

No documento Sinonímia e textura (páginas 194-199)