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Comparing e-Citizenship development in Spanish and European Cities (2006)

2 E-Participação

2.5 Principais estudos de caracterização de e-participação ao nível local

2.5.2 Comparing e-Citizenship development in Spanish and European Cities (2006)

Este trabalho de Esteves e Garot [Esteves e Garot, 2006], serviu para reportar as conclusões resultantes de um estudo exploratório, cujo intuito era investigar o nível de desenvolvimento da e-cidadania em Espanha, bem como noutras cidades europeias. Baseados numa extensa revisão da literatura, os autores identificaram quatro grandes tipos de ferramentas de e-democracia (e-fóruns, chats, surveys e blogs), aos quais juntaram ainda os documentos electrónicos e o email, por forma a elaborarem uma lista que pudesse ser representativa dos vários níveis da e-democracia: e-informação, e-participação e e-consulta. O cruzamento defendido pelos autores, entre as ferramentas identificadas e os níveis pode ser visto na Figura 12.

Figura 12 - Principais ferramentas de e-democracia (Retirado de: [Esteves e Garot, 2006])

No que se refere à recolha de dados, esta foi efectuada em 91 cidades espanholas com o estatuto de capitais de província ou com um número de habitantes superior a 75000, e ainda em algumas capitais europeias em que a língua pudesse ser entendida pelos autores (nomeadamente espanhol, português, inglês e francês). Esta recolha decorreu entre 3 de Dezembro de 2005 e 12 de Janeiro de 2006. A avaliação centrou-se nos sites institucionais e nos serviços prestados electronicamente por essas cidades. Foram avaliadas diferentes ferramentas de tecnologias de informação oferecidas em cada site (por ex: e-fóruns, chats, surveys, …), bem como quais os tópicos discutidos com recurso a essas ferramentas. Daqui resultou a medição do nível de desenvolvimento de e-cidadania de cada cidade, utilizando-se para o efeito um indicador que foi designado como e-Cval (soma de todas as ferramentas

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electrónicas na área da e-cidadania disponibilizadas por cada cidade). Os resultados obtidos estão evidenciados nas Figuras 13 e 14.

Figura 13 - Visão geral da e-Cidadania em cidades espanholas (Retirado de: [Esteves e Garot, 2006])

A nível geral, Espanha mostrou estar ainda num patamar de e-cidadania bastante baixo, como se comprova facilmente pela diminuta percentagem de ferramentas de e-participação e de e-consulta disponibilizadas, em comparação com as de e-informação, que são claramente as mais fáceis de disponibilizar, mas são também aquelas que dão menos responsabilidade e poder ao cidadão.

Figura 14 - Top 10 das cidades espanholas (Retirado de: [Esteves e Garot, 2006])

Já no que concerne ao "Top 10" das cidades espanholas apresentado no estudo, os resultados sugerem que estas desenvolveram esforços para a criação de ferramentas baseadas na Internet principalmente nas áreas da e-informação e de e-consulta, mas que ao invés seria necessária uma melhoria significativa quanto às ferramentas de e-Participação, isto por forma a promover uma maior participação dos cidadãos nos assuntos públicos.

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Figura 15 - Análise de algumas capitais europeias (Retirado de: [Esteves e Garot, 2006])

A comparação dos resultados espanhóis, tomando como referência a sua capital, com outras capitais europeias (incluindo Lisboa) fez sobressair alguns aspectos relevantes.No geral, as evidências mostraram que o desenvolvimento da e-democracia nas capitais europeias estava ainda num estágio prematuro. Em consonância com os resultados já obtidos na análise às cidades espanholas, a e-informação mostrou estar já bastante bem desenvolvida, ao passo que a e-participação e a e-consulta evidenciaram estar ainda numa fase muito precoce. Estes dados atestam de certa forma aquilo que havia sido já concluído no estudo referente aos governos locais de Inglaterra e País de Gales [Kearns et al., 2002] quatro anos antes, deixando patente uma evolução bastante morosa. Outra indicação importante foi o facto de grandes metrópoles como Londres e Paris terem já materializada e publicitada uma estratégia de democracia local, mas ainda com poucas bases em ferramentas electrónicas (especialmente ferramentas baseadas na internet).

Estas indicações levam a que seja concluído no estudo que existem diferenças significativas entre as cidades avaliadas quanto ao nível de e-cidadania que cada uma comporta. É ainda sublinhado que esta e-cidadania estava ainda num estágio muito incipiente, com uma quantidade de casos apreciável de sites institucionais que mencionavam ferramentas baseadas na internet disponíveis nesta área, mas que na realidade não estavam a funcionar, ou casos em que para aceder a estas ferramentas era necessário navegar por mais de cinco níveis a partir da página inicial do site.

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Ao contrário do estudo anterior, este trabalho de Esteves e Garot está já mais focado na e-participação e nas ferramentas que lhe podem dar suporte, tendo havido ainda a preocupação de inserir a avaliação que foi feita dentro de um contexto mais lato, utilizando-se para isso a análise de outras capitais europeias para comparação com os resultados obtidos a nível nacional. Um desses casos foi como referido anteriormente a capital portuguesa, que aparece neste estudo como um caso ainda bastante atrasado ao nível da e-cidadania, estando listada no último lugar das capitais europeias em análise (ver Figura 15) e sem obter uma única referencia de boas práticas na área. Este é um ponto de partida interessante, e que merecerá alguns comentários mais adiante quando estes dados forem comparados com os agora obtidos. Importa porém salientar que a abordagem metodológica de recolha de dados foi apenas assente no acesso aos sites disponibilizados pelas cidades analisadas, o que pode ser muito redutor. Outro aspecto a reter é o facto de este estudo apresentar um conjunto muito restrito de itens de análise (apenas alguns tipos de ferramentas) que de forma alguma permitem obter um retrato aproximado da realidade. Para mais, a escolha apenas de cidades espanholas já de grande dimensão, e a escolha de capitais europeias a incluir no estudo tomando por base exclusivamente as línguas dominadas pelos autores, parecem também ser processos de selecção bastante questionáveis. De qualquer forma, este projecto trouxe um conjunto de novas práticas na análise da e-participação ao nível local, o que o torna um estudo de referência para qualquer projecto de caracterização da área.

2.5.3 Measuring the diffusion of eParticipation: A survey on Italian local