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Momento 1 Análise exploratória aos sites das autarquias

3 Fundamentação e descrição do estudo

3.3 Estratégia de investigação

3.3.1 Momento 1 Análise exploratória aos sites das autarquias

Nesta secção, será feita numa primeira fase a explicação dos principais passos efectuados aquando da realização da análise exploratória aos sites das autarquias, a que se segue a explanação dos resultados a que se chegou nesta fase.

3.3.1.1Concepção da análise exploratória

A realização da análise exploratória aos sites das autarquias, de forma a fazer uma primeira identificação e caracterização das iniciativas existentes a nível nacional implicou o acesso aos sites de todas as autarquias portuguesas, bem como a outros sites que pudessem trazer informações complementares de relevo para o estudo (por ex: o site da Associação Nacional de Municípios Portugueses). O espaço temporal em que foi realizada esta análise estendeu-se entre os dias 22 de Novembro e 14 de Dezembro de 2010.

O modo como este processo foi conduzido, pode ser resumido nos seguintes passos: Passo 1 - Acesso ao site da Associação Nacional de Municípios Portugueses (http://www.anmp.pt/), para obter a lista de distritos, municípios, e dados relativos a cada município.

Passo 2 - Pesquisa no site oficial do orçamento participativo em Portugal (http://www.op- portugal.org/), pelos municípios que têm esse tipo de iniciativa registada.

Passo 3 - Pesquisa no Portal do Cidadão (http://www.portaldocidadao.pt) pelos municípios aderentes à iniciativa "A minha rua". A iniciativa "A minha rua" é uma das mais divulgadas na área em Portugal, e permite que cada cidadão possa participar ocorrências na sua rua (por ex: objectos abandonados, construções destruídas, …) que pretenda ver resolvidas.

Passo 4 - Acesso ao site de cada uma das autarquias portuguesas, procurando identificar canais de e-participação que assumissem os mais diversos níveis de maturidade, nomeadamente:

 Disponibilização de informação na forma de documentos financeiros (prestação de contas, orçamento e planos de investimento) ou de informações acerca do funcionamento de iniciativas de participação;

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 Possibilidade de envio de sugestões a partir de formulários simples criados para o efeito;

 Existência de mecanismos de sondagem aos munícipes relativamente às políticas a adoptar ou à recolha de ideias para eventos específicos;

 Existência de espaços abertos à opinião dos cidadãos (orçamentos participativos, plataformas de participação e sugestões de melhoria para problemas nas várias localidades, fóruns de discussão, aproveitamento da web 2.0 de forma integrada, ...). Passo 5 - Elaboração de um ficheiro com a sistematização dos dados acima indicados para cada município.

3.3.1.2Resultados alcançados

Através da consulta dos sites acima referidos, foi possível constatar o baixo nível geral das iniciativas de e-participação existentes em Portugal, ficando desde logo patente a necessidade de construção de um instrumento de caracterização da e-participação que pudesse ser aplicado a um contexto ainda pouco maturado, em contraste com as frameworks de caracterização de iniciativas de e-participação encontradas na literatura e já descritas na Secção 2.4, que versam sobretudo iniciativas de grande porte criadas ou patrocinadas no âmbito de programas da União Europeia. A realidade evidenciada ao nível local apontava assim para a necessidade de caracterizar um conjunto mais alargado de itens que compusessem um contexto de estimulação da participação do cidadão (como por ex: a disponibilização de documentos electrónicos, a existência de canais para interacção com a autarquia, presença nas redes socias…), e não apenas a caracterização das iniciativas de e-participação em si.

Paralelamente ao referido acima, foi também elaborada uma lista das principais iniciativas encontradas na análise dos sites, que se entendeu poderem ser englobadas no contexto da e-participação, tendo as mesmas sido agrupadas em oito grandes tipos que serão especificados de seguida:

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Tipo 1 - Orçamento Participativo

Iniciativas que permitem aos cidadãos propor um conjunto de investimentos a implementar no município até um determinado valor previamente definido pela autarquia. De um conjunto final de propostas aceites, é pedido ao cidadão que escolha a que pretende ver implementada. Na maioria dos casos as votações populares são acatadas, mas nem sempre está instituída essa obrigatoriedade, podendo a autarquia ter poder de veto e olhar para o resultado do orçamento participativo como um acto meramente consultivo. Ao nível do seu suporte electrónico, existem muitos casos diferenciados, desde sites criados de raiz que suportam todas as etapas do processo (desde o envio das propostas até à votação final), até casos que apenas disponibilizam um email específico ou um pequeno formulário para a submissão de propostas.

Tipo 2 - Agendas Estratégicas/Planos Estratégicos/Agenda 21

Embora possam apresentar designações um pouco diferentes, consoante se trate de projectos de cariz regional, nacional ou até europeu, este tipo de iniciativa tem em comum a definição de uma agenda por parte da autarquia em colaboração com os seus munícipes ou outros actores da sociedade (por ex: empresas, instituições de ensino, …), que visa a sustentabilidade do concelho no futuro. Por norma são realizadas várias reuniões para discussão da agenda a implementar, sendo dada aos cidadãos a possibilidade de enviar sugestões através de email ou do site da iniciativa. Não raras vezes são também utilizados fóruns de discussão online para debater os assuntos associados à iniciativa e, num menor número de casos, existem mesmo sites criados de raiz que cobrem todo o processo desde o envio de sugestões, discussão online, e publicação das agendas definidas.

Tipo 3 - Sondagens

Iniciativas que visam "medir o pulso" dos munícipes relativamente a decisões camarárias que possam vir a ocorrer ou que tenham já sido tomadas e interesse à autarquia perceber o grau de satisfação dos munícipes relativamente a elas. São vistas como uma mera recolha de opinião, e a sua implementação está por norma associada à utilização de Quick Pools no site da autarquia, nem sempre sendo pedido registo aos utilizadores.

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Tipo 4 - Consultas

Embora possam ter algumas semelhanças com as sondagens, neste caso o intuito é consultar os cidadãos antes de decisões importantes a serem tomadas pela autarquia, e que por norma afectam directamente os cidadãos. Embora os seus resultados não sejam vinculativos, os resultados são geralmente levados em consideração pela autarquia. Ao nível da disponibilização, os Quick Pools no site da autarquia são também uma alternativa utilizada, sendo contudo frequentemente utilizado um misto de técnicas, com esta consulta a ser feita por via tradicional (com votação na própria autarquia) e por via electrónica (em site disponibilizado para o efeito).

Tipo 5 - Fóruns de discussão

Espaços electrónicos disponibilizados pela autarquia para o debate de ideias acerca dos assuntos e das tomadas de decisão autárquicas. A maior incisão em assuntos directamente relacionados com a tomada de decisão política nem sempre é responsabilidade da autarquia, estando os próprios munícipes habilitados a criarem tópicos de discussão alusivos aos temas que mais tenham interesse em debater.

Tipo 6 - Processos de revisão do PDM

Processos de revisão do Plano Director Municipal levados a cabo pela autarquia e que apresentam sempre um período de discussão pública para apresentação de sugestões por parte dos munícipes. A sua concepção varia grandemente, existindo casos de autarquias que possuem sites de apoio em que disponibilizam toda a informação relativa ao processo e onde é, inclusivamente, possível que os cidadãos submetam as suas sugestões, votem nas várias propostas e fiquem a conhecer os resultados finais, e existem ainda outros onde não é disponibilizado mais do que um email genérico para o envio de sugestões.

Tipo 7 - Chats

Neste caso trata-se do aproveitamento das ferramentas de chating para fomentar a participação dos cidadãos nas tomadas de decisão das autarquias, possibilitando que os mesmos entrem em

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contacto com um elemento capacitado, ou até com o próprio presidente, de forma a que o possa questionar e apresentar as suas ideias. Não raras vezes, a interacção cidadão-cidadão é também possível neste espaços.

Tipo 8 - Blogs

Os Blogs são nuns casos utilizados directamente como meio para a autarquia disponibilizar informações aos cidadãos e pedir opiniões acerca dos mais variados assuntos (podendo aqui ser entendidos como uma iniciativa), e noutros casos são utilizados como um espaço de apoio a iniciativas lançadas noutro âmbito (como por ex: os Orçamentos Participativos ou as Agendas Estratégicas).

3.3.2 Momento 2 - Modelo de caracterização da e-participação ao nível