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3 Fundamentação e descrição do estudo

3.2 Tese e questão de investigação

Reavivando o que foi descrito na parte de explicação do contexto da e-participação (Secção 1.1), e em virtude de, por um lado as principais frameworks de caracterização da e-participação existentes (Secção 2.4) não estarem vocacionadas para as especificidades do poder local, e por outro existir um grande desconhecimento em Portugal relativamente à realidade da e-participação como fenómeno presente e impulsionador de uma maior participação dos cidadãos ao nível do poder local [APDSI, 2008], abre-se um vazio de investigação que importa colmatar.

O reconhecimento destas lacunas, aliado à pressão realizada ao nível da União Europeia para que os seus membros expandam os seus conhecimentos e avaliações nesta área [CE, 2009], materializam-se nas razões maiores que justificam a realização deste projecto de Mestrado. Não obstantes as razões referidas, acresce a crença do autor deste trabalho no potencial que esta nova utilização das TIC pode ter para o aumento da participação dos cidadãos no processo decisório, se existir a nível nacional, um agregamento das iniciativas e práticas existentes, de forma a que se proporcione um ambiente de conhecimento/discussão alargada nesta área, que se possa traduzir num desenvolvimento sustentado ao longo dos próximos anos.

Tendo em conta os pressupostos teóricos apresentados, e também a definição e todo o contexto associado a esta problemática da e-participação, neste trabalho defende-se a seguinte tese:

1. A problemática associada à caracterização e avaliação de iniciativas de e-participação tem estado bastante ligada a iniciativas de âmbito europeu (por norma patrocinadas pelo Demo.net), descorando-se em grande medida a caracterização dos inúmeros esforços que têm vindo a ser desenvolvidos ao nível do poder local.

2. As próprias frameworks de caracterização de iniciativas de e-participação criadas seguem essa linha, notando-se que estão formatadas para caracterizar iniciativas por norma bastante complexas.

3. Não obstante a pertinência dos estudos e relatórios que têm sido realizados a nível europeu, existe um potencial de crescimento enorme ao nível das iniciativas de

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e-participação no poder local. Isto está directamente associado a uma proximidade e a uma sensação de pertença que os assuntos em discussão despertam nos cidadãos, em virtude de se tratar maioritariamente de assuntos que influenciam directamente o seu dia-a-dia.

4. É importante que seja feita uma caracterização alargada ao nível da e-participação no poder local, que contemple três vectores fundamentais:

 Sistematize um conjunto de itens caracterizadores da realidade local da e-participação, oriundos de diferentes fontes, num Modelo de caracterização da e-participação a nível local, que permita que se proceda à caracterização de um contexto com muitas especificidades;

 Possibilite a aplicação do Modelo criado à realidade portuguesa, de forma a que se possa apresentar uma imagem fidedigna do caso nacional, e também comparar essa realidade com o que se passa a nível europeu;

 Apresente um conjunto de recomendações que procurem melhorar todo o processo de adopção e caracterização/avaliação de iniciativas de e-participação ao nível do poder local.

De modo a tentar demonstrar a tese anteriormente enunciada, procurou-se neste trabalho de dissertação de Mestrado dar resposta à seguinte questão de investigação:

Como se caracteriza a oferta de iniciativas de e-participação nas autarquias portuguesas?

Esta questão de investigação materializou-se então em sete grandes objectivos, que ao serem alcançados, permitiram responder à questão enunciada.

Objectivo 1 - Efectuar revisão de literatura

Este primeiro objectivo consistiu numa revisão de literatura orientada em torno de quatro pontos fundamentais:

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 Conceito de e-participação – Recolha e análise crítica e comparativa de um conjunto de definições divulgadas na área, com o intuito de identificar pontos de consenso sobre o significado associado a este termo que permitissem clarificar a forma como este é entendido neste trabalho;

 Estado da arte na área da e-participação – Compreensão do modo como tem evoluído e do que está actualmente a ser feito na área da e-participação;

 Frameworks de e-participação – Apresentação e análise crítica das principais frameworks avançadas na literatura, particularmente as dirigidas para a caracterização das iniciativas de e-participação;

 E-participação noutros países – Exposição de alguns estudos de caracterização da e-participação ao nível local realizados noutros países, por forma a estabelecer possíveis comparações com o levantamento efectuado neste projecto de investigação.

Objectivo 2 - Efectuar levantamento inicial das iniciativas de e-participação existentes em Portugal

Perceber, em traços gerais, o tipo de oferta de iniciativas de e-participação existente ao nível das autarquias portuguesas. Este constituiu um passo basilar pois influenciou directamente a prossecução de outros objectivos do projecto, nomeadamente a definição do Modelo de caracterização que esteve subjacente à criação do instrumento a utilizar para fazer a caracterização da realidade das iniciativas de e-participação.

Objectivo 3 - Definir Modelo para a caracterização de iniciativas de e-participação

Apresentar um primeiro esboço de um Modelo de caracterização de iniciativas de e-participação fortemente assente nas frameworks de caracterização encontradas na literatura e que foram apresentadas na Secção 2.4, comparando-as e articulando-as com outros estudos de e-participação focados ao nível local apresentados na Secção 2.5, por forma a produzir um Modelo tão compreensivo e adequado quanto possível, para ser aplicado no contexto em análise neste estudo, isto é, as autarquias portuguesas.

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Objectivo 4 – Desenhar e aplicar questionário às iniciativas identificadas

Desenhar questionário orientado em função do Modelo resultante do cumprimento do objectivo anterior, e aplicar o questionário criado às autarquias portuguesas, por forma a recolher informações que permitissem caracterizar a oferta actual em termos de iniciativas de e-participação por parte das autarquias.

Objectivo 5 - Caracterizar e tipificar o perfil das iniciativas de e-participação nas autarquias portuguesas

Efectuar o tratamento estatístico dos dados gerados pela aplicação dos questionários, por forma a apresentar um conjunto de valores que caracterizassem as iniciativas de e-participação nas autarquias portuguesas.

Objectivo 6 - Comparar a realidade das iniciativas de e-participação existente em Portugal com a de outros países da União Europeia

Comparar, dentro da medida do possível, as informações extraídas neste estudo, com os dados relativos à caracterização de iniciativas de e-participação ao nível local noutros países da União Europeia.

Objectivo 7 – Apresentar recomendações

Conjugar os resultados alcançados pela satisfação dos objectivos anteriores, avançando um conjunto de recomendações que possam contribuir para o incremento da implementação e promoção da área de e-participação nas autarquias portuguesas.

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