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7 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

7.2 PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DAS EMPRESAS

7.5.10.2 Composição da embalagem

Para Etzel, Walker e Staton (2001) um dos propósitos vitais da embalagem é a proteção do produto no seu caminho até o consumidor final. Com base nisto, a composição da embalagem também é um aspecto importante a ser considerado neste estudo, uma vez que estamos tratando de exportação de mercadorias, ou seja, transporte de mercadorias em longas distâncias com um grande manuseio da carga. Preocupação similar foi identificada no estudo realizado por Dias, Consoli e Neves (2005). A preocupação quanto à durabilidade da embalagem para suportar o transporte internacional foi observada pelas empresas analisadas nesta pesquisa, preocupação esta ratificada por Churchill e Peter (2000), por Leonidou (2004), por Dias, Consoli e Neves (2005) e por Ramos, Maya e Bornia (2005).

Foi identificado neste estudo que as empresas em geral preocupam-se mais com a embalagem destinada ao mercado externo do que com a embalagem destinada ao mercado interno, sendo que na maioria das vezes a embalagem de exportação sofre adaptações quanto à durabilidade. Posição similar foi identificada no estudo realizado por Dias, Consoli e Neves (2005), onde algumas das empresas analisadas tiveram suas embalagens reforçadas para resistir ao transporte internacional.

A empresa A conta com uma linha automática de embalagem, onde o produto é envolto com plástico stretch, isopor e acondicionado em uma caixa de papelão plastificada com o sistema termo-encolhível17 (Figura 10).

Figura 10 – Caixa de papelão da empresa A sendo plastificada

Fonte: O autor (2005)

A empresa G utiliza como embalagem padrão caixas de papelão. As caixas destinadas ao mercado externo são envolvidas com um plástico fino para proteger a mercadoria contra a umidade. Um cliente da empresa G passou por uma situação onde se comprovou a importância da utilização de uma embalagem de boa qualidade na exportação.

Um cliente que comprou de nós, ele deixou sete containers por 40 dias debaixo do sol do deserto [...] ele nos avisou que estava sem depósito porque [...] tinha comprado muita mercadoria e não tinha onde colocar as mercadorias e como as mercadorias tinham plástico ele deixou fora em 40 graus. [...] começou a vender, aí eu pensei, nossa vai começar a abrir, porque a cola sofre um processo, mas não abriu, deu tudo certo, porque o papelão com o plástico protegeu e como não tem umidade do ar lá ele não estufou, só ficou seco, deve ter aquecido [...] mas não teve problema. [...] de repente se não tivesse o plástico bom, um papel bom teria influenciado. Porque se rasga e o sol bate direto no papel ou no acabamento ele vai perder a cor [...] mas não aconteceu (gerente de exportação da empresa G).

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A empresa B também sentiu a necessidade de reforçar sua embalagem destinada à exportação. A empresa B utilizava o papelão simples, sendo que para atender ao mercado externo a empresa passou a trabalhar com papelão duplo. Isto se deu principalmente às longas distâncias e ao maior manuseio que os produtos estão expostos no processo de exportação. Pôde ser observada pelo pesquisador em visita à fábrica a diferença entre as duas embalagens (Figura 11). As empresas A e C igualmente à empresa B utilizam como embalagem padrão para a exportação a caixa de papelão pardo.

Figura 11 – Diferença de espessuras das caixas de papelão utilizadas como embalagens na empresa B

Fonte: O autor (2005)

No mercado interno, a empresa E utiliza a embalagem de plástico-bolha. Para entrar no mercado externo, a empresa E sentiu necessidade de adaptar, melhorando sua embalagem. “Tínhamos uma embalagem toda de plástico, agora estamos utilizando caixas de papelão com plástico termo-encolhível por fora”, menciona o gerente comercial do mercado externo da empresa E.

Com o processo de internacionalização a empresa E passou por uma melhoria significativa em sua embalagem, evoluindo não somente na embalagem do mercado externo como também na do mercado interno. A embalagem do mercado interno foi reforçada, e para o mercado externo foi adotada a caixa de papelão, usual na exportação do setor moveleiro.

A embalagem utilizada pela empresa D no mercado interno e na exportação é composta por plástico bolha, considerada bastante resistente, cantoneiras de plástico e o plástico termo-encolhível ao final.

Aqui no mercado interno foi descoberto que é melhor que as transportadoras vejam o que está sendo transportado, e se é papelão eles não sabem o que tem dentro e jogam a mercadoria. Foi feito uma pesquisa sobre isso [...]. Como tem o plástico bolha tu vês dentro e eles têm mais cuidado [...]. [...] fizeram um teste e é tão resistente quanto o papelão essa embalagem nossa, no caso do bolha, que é forte e bem grosso e mais o termo-encolhível e as cantoneiras de plástico (gerente de exportação da empresa D).

A demanda pelas embalagens de papelão surge na maioria dos clientes do mercado externo da empresa D.

Ainda não aderimos ao papelão para o mercado externo, nosso volume ainda é pequeno. [...] Por enquanto não estamos deixando de vender em virtude de não termos a embalagem de papelão, mas o ideal será futuramente a gente ter a embalagem de papelão. Já estamos fazendo alguns estudos, será um passo futuro a ser dado pela empresa (gerente de exportação da empresa D).

Na Europa, o fato da empresa não utilizar caixa de papelão na embalagem gera um “olhar meio de lado”, comenta o gerente de exportação da empresa D. “Mas como ele vai ter que entregar o móvel montado, não há necessidade de utilizar a caixa de papelão, desde que a mercadoria chegue bem ao seu destino, esta é a condição básica, ponto pacífico” (gerente de exportação da empresa D).

Quando há urgência no envio da assistência técnica para clientes no exterior, a empresa D envia a mercadoria via aérea. Neste caso, segundo relato do gerente de exportação da empresa, existe a necessidade de fazer uma embalagem especial, bem reforçada, uma vez que no transporte aéreo a mercadoria bate muito. Em virtude disto, a empresa adotou a política de fazer uma embalagem com madeira ou com uma chapa dura de três milímetros, para proteger bem a mercadoria. “O transporte aéreo é o pior. Via aérea não vai mais nada com embalagem normal”, afirma o gerente de exportação da empresa D.

Nos embarques consolidados, de acordo com o país, a empresa D também faz uma embalagem especial.

Embarques fora da América do Sul, colocamos um plástico extra, ou uma chapa duraplac de 3 mm para proteger a mercadoria, principalmente as peças menores e acessórios. O módulo já vai bem embalado não tem problema, o problema são os acessório, que não tem uma forma definida, que fica-se movendo, é de plástico ou de

um metal muito fino, neste caso temos que fazer alguma coisa especial (gerente de exportação da empresa D).

Como a empresa G iniciou suas atividades com o processo de exportação, quando iniciou suas vendas no mercado interno a embalagem não precisou ser alterada. “O bom é que a embalagem estava pronta, porque tu não precisa tirar qualidade, o processo de cuidado com qualidade também estava pronto. Então, são coisas boas que se tinha e que se usou e se ganhou um plus” (gerente de exportação da empresa G). A empresa G julga a embalagem muito importante no processo de exportação. A gerente de exportação menciona que a embalagem tem que ser resistente ao manuseio dentro e fora da empresa. “A gente tem que contar com pessoas que [...] não querem saber de ficar empilhando caixa como se fosse uma porcelana, ele vai jogar” (gerente de exportação da empresa G).

A utilização de papelão e plástico nas embalagens adotada no processo de exportação das empresas pesquisadas neste estudo colabora com a utilização de embalagens recicláveis para preservação do meio ambiente, corroborando com Churchill e Peter (2000).