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5 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO

5.2 SETOR MOVELEIRO NO BRASIL E NO RIO GRANDE DO SUL

O setor moveleiro é caracterizado pela predominância de pequenas e médias empresas atuantes em um mercado muito segmentado e ainda é intensivo em mão-de-obra, apresentando baixo valor adicionado (por unidade de mão-de-obra) em comparação a outros setores (GORINI, 2006). Segundo ABIMOVEL (2006), a indústria brasileira de móveis é formada por aproximadamente 16.104 empresas, responsáveis por uma geração em torno de 206.352 empregos. No ano passado, a indústria brasileira de móveis estava distribuída da seguinte maneira (ABIMOVEL, 2005):

− Micro empresas (até 9 empregados)... 10.830

− Pequenas empresas (10 a 49 empregados)... 3.573

− Médias (50 a 99 empregados)... 957

− Grandes (mais de 100 empregados)... 752

Os móveis residenciais, segundo ABIMOVEL (2006), representam 60% da produção total do setor, os móveis de escritório representam 25% e os móveis institucionais, escolares, médico-hospitalares, móveis para restaurantes, hotéis e similares representam 15%.

Os investimentos em reflorestamento e na construção civil geram um reflexo positivo para o setor, em especial na geração de empregos. Além disto, o Brasil desfruta de uma importante fonte de competitividade representada pela sua área florestal e baixo custo da sua madeira proveniente de áreas de reflorestamento. Na tabela 2 podemos visualisar a cobertura florestal do Brasil comparativamente com a América do Sul e o mundo.

Tabela 2 – Cobertura florestal em relação ao território Território (1000 ha) Reservas Florestais – 2000 (1000 ha) Cobertura Florestal (%) Brasil 845.651 543.905 64 % América do Sul 1.754.741 885.618 50 % Mundo 13.063.900 3.869.455 30 %

Fonte: Adaptado da ABIMOVEL (2005).

Os investimentos que estão sendo feitos pelas empresas produtoras de aglomerado, de MDF (medium-density fiberboard), de ferragens e acessórios, de revestimentos, tintas e vernizes, bem como os investimentos das próprias indústrias moveleiras permitem afirmar que o índice de crescimento anual do setor de placas de madeira será ampliado nesta década (GORINI, 2006).

As indústrias moveleiras estão localizadas, em sua maioria, na região centro-sul do país constituindo em alguns estados, pólos moveleiros (Tabela 3), a exemplo de Bento Gonçalves no Rio Grande do Sul; São Bento do Sul em Santa Catarina; Arapongas no Paraná; Mirassol, Votuporanga e São Paulo no Estado de São Paulo; Ubá em Minas Gerais; e Linhares no Espírito Santo.

Tabela 3 – Pólos Moveleiros

Pólo Moveleiro Estado Empresas Empregados Principais Mercados

Ubá MG 310 3.150 MG,SP,RJ,BA e exportação

Bom Despacho MG 117 2.000 MG

Linhares e Colatina ES 130 3.000 SP,ES,BA e exportação Arapongas PR 145 5.500 Todos os estados e exportação Votuporanga SP 85 7.400 Todos os estados

Mirassol SP 210 8.500 PR,SC,SP e exportação

Tupã SP 54 700 SP

São Bento do Sul SC 210 8.500 PR,SC,SP e exportação Bento Gonçalves RS 370 10.500 Todos os estados e exportação Lagoa Vermelha RS 60 1.800 RS,SP,PR,SC e exportação Fonte: ABIMOVEL, 2005.

O município de Bento Gonçalves, considerado o maior pólo moveleiro do Rio Grande do Sul e um dos mais fortes no Brasil, representa, segundo a AFECOM (Associação dos Fabricantes de Estofados e Móveis Complementares), 8% da produção nacional de móveis, 40% da produção estadual e 54% da produção municipal, sendo um setor que opera com

tecnologia de última geração e utiliza os mais modernos e qualificados sistemas empresariais e organizacionais do mundo.

A abertura da economia brasileira e a globalização das atividades econômicas, atreladas ao desenvolvimento do setor moveleiro levam as empresas moveleiras a posicionar- se internacionalmente em alguns dos seus segmentos.

Muitas transformações positivas estão atreladas a este desenvolvimento. Entre eles Gorini (2006) destaca o recrudescimento do mercado interno a partir do declínio do imposto inflacionário e a incorporação de muitos consumidores até então excluídos do mercado global.

O salto tecnológico da indústria moveleira ocorrido na década de 90 deu-se por meio do forte investimento na renovação do parque de máquinas, sendo que a grande parte dos equipamentos foram importados da Itália e da Alemanha (GORINI, 2006). Desde então, o volume das exportações de móveis vem crescendo.

“As exportações brasileiras são pouco diversificadas quanto aos mercados de destino, sendo que nove países absorvem hoje 84% do total das exportações do país” (SCHNEIDER, 2002, p. 65). Segundo dados da ABIMÓVEL (2006), no destino das exportações brasileira de móveis no ano de 2005, os Estados Unidos possui uma maior concentração de volume representando 39,44%, seguido da França com 9,71% e Reino Unido com 7,57%.

De acordo com a tabela 4, no período de 1996 a 2005 as exportações brasileiras de móveis sofreram um crescimento bastante expressivo, de US$ 351 milhões em 1996 para US$ 990 milhões em 2005. O volume exportado pelo setor moveleiro brasileiro em 2005 representou um aumento próximo a três vezes o volume exportado em 1996. Já o percentual de participação das exportações gaúchas nas exportações brasileiras de móveis mantém-se estáveis, em torno de 25% a 30% no mesmo período.

Tabela 4 – Exportações do Setor Moveleiro Brasileiro (milhões de US$)

Ano 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Exportação Brasileira 351 390 361 407 514 509 561 703 940 990 Exportação Rio Grande do Sul 88 93 103 120 160 153 147 184 276 270 % Exportação R.S. / Brasil 25% 24% 28% 29% 31% 30% 26% 26% 29% 27%

Dos US$ 118,3 bilhões de exportações brasileiras realizadas no ano de 2005, a representatividade do setor moveleiro foi inferior a 1%. Representatividade considerada aparentemente baixa; entretanto, com o aumento expressivo das exportações nos últimos anos a indústria brasileira desenvolveu muito a sua capacidade de produção, e trabalhou significativamente na qualidade dos seus produtos. Além disto, o setor moveleiro tem sido objeto de diversas iniciativas por parte do governo visando o desenvolvimento das exportações. O BNDES atuante como agente financiador de longo prazo viabiliza muitos projetos oriundos do setor moveleiro. Segundo ABIMÓVEL (2006), tecnologias avançadas, matérias primas sofisticadas e apuro na qualidade dos produtos têm pautado a produção da indústria brasileira de móveis.

Considerando a tabelas 4 e a tabela 5, o Rio Grande do Sul diminuiu sua participação no volume total das exportações do setor moveleiro, de 29% em 2004 para 27% em 2005. Entretanto, a indústria gaúcha de móveis ainda se mantém como segundo maior exportador de móveis no país ficando atrás somente de Santa Catarina.

Tabela 5 – Principais Estados Exportadores do Setor Moveleiro – 2004/2005 (valores em US$)

Estado 2004 % 2005 %

SANTA CATARINA 426.989.118 45 433.338.634 43,8 RIO GRANDE DO SUL 276.519.636 29 270.442.545 27,3

PARANA 91.934.085 9,7 91.731.990 9,3 SAO PAULO 67.725.273 7,2 87.427.269 8,8 BAHIA 45.323.017 4,8 68.256.572 6,9 MINAS GERAIS 7.646.512 0,8 11.190.400 1,1 MARANHAO 4.320.240 0,3 3.987.663 0,4 ESPIRITO SANTO 5.880.214 0,6 6.425.973 0,7 PARA 3.907.518 0,4 3.308.094 0,3

MATO GROSSO DO SUL 1.808.573 0,2 1.442.428 0,2

RIO DE JANEIRO 2.732.748 0,3 2.527.747 0,3

PERNAMBUCO 734.667 0,07 1.044.608 0,1

OUTROS 5.052.874 1,63 9.300.286 0,8

TOTAL 940.574.475 100,0% 990.424.209 100,00%

Fonte: ABIMÓVEL (2005); ABIMÓVEL (2006).

O maior objetivo para o setor é que se torne um player significativo no comércio internacional de móveis (GORINI, 2006). Desafios deverão ser vencidos para que o objetivo seja alcançado. O fortalecimento de toda a cadeia industrial, que vai desde a produção da madeira serrada e produtos sólidos de madeira até a fabricação do produto final, é fator

essencial para o incremento da competitividade do setor. Gorini (2006) destaca algumas das deficiências encontradas no setor: a grande verticalização da produção industrial de móveis originária da estrutura tributária brasileira "em cascata"; a carência de fornecedores especializados em partes e componentes de móveis; a incipiente normatização técnica; a elevada informalidade; e os baixos investimentos em design e pesquisa de mercado.