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Compreensão histórica da Educomunicação e de suas áreas de intervenção (vertentes)

EDUCOMUN I CATI VOS

PROCESSOS EDUCATI VOS

1.1.2 Compreensão histórica da Educomunicação e de suas áreas de intervenção (vertentes)

A história da Educomunicação ainda está para ser contada. Sua origem pode ter começado em algum momento indistinto, por iniciativa de um educador em busca de maiores recursos expressivos64, ou de um comunicador (antes mesmo de cunhado o termo) que tenha assumido responsabilidades pedagógicas.

Na verdade, o que importa é reconhecer que ela já se evidenciava no início do século XX, tendo perpassado as discussões em torno da Indústria Cultural suscitadas pela Escola de Frankfurt e ganho especial atenção com o estabelecimento de uma cultura audiovisual, particularmente pelo viés da análise crítica das mensagens dos meios (SOARES: 1999a, 20) .

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Podemos dizer que nossa tese preocupa-se mais com a segunda do que com a primeira dessas tarefas. 62

Vide a seção 1.2, ainda neste capítulo. 63

Entendendo esta tese como contribuição à linha de pesquisa e ao núcleo acadêmico que a acolhe. 64

Nessa linha, chegaríamos retroativamente, talvez, às formas teatrais das Moralidades, Autos e Mistérios da Alta Idade Média.

Ainda é SOARES quem nos relata como

…paralelamente às preocupações com o fenômeno produção/recepção de bens simbólicos, iniciaram-se, especialmente a partir dos anos 70, práticas pedagógicas em torno do binômio Educação/Tecnologias da Informação. Tais iniciativas não chegaram, ao menos na América Latina, a sensibilizar o sistema educativo, em seu conjunto, ao menos até o início dos anos 90, quando pela pressão do marketing e pelo barateamento dos equipamentos, o computador chegou, definitivamente aos centros urbanos e às salas de aula. (op. cit., 22).

Esse momento de transição importante marca também nosso primeiro contato com a tecnologia65, iniciando um longo ciclo de assimilação intelectual pautado, sucessivamente, por fases de desconfiança, admiração ingênua, dependência psicológica e assimilação crítico-reflexiva (na qual, pensamos, nos encontrar agora, emitindo tais juízos). Encerrando o resgate histórico menos que sucinto aqui apresentado, somos obrigados a reconhecer que nosso objeto de estudo quedaria extremamente reduzido sem a explosão das redes mundiais (leia-se: Internet), as quais recolocaram, por assim se dizer, a tecnologia digital dentro de uma linha epistemológica estruturada pelo viés da mediação.

Quanto à Educomunicação, podemos dizer que uma fase decisiva em sua história tem como divisor de águas justamente a pesquisa temática realizada com financiamento da FAPESP, entre 1997 e 1999, pela equipe de pesquisadores do NCE-ECA/USP e do DEPCOM/UNIFACS66, sob a coordenação do professor Ismar de Oliveira Soares (ver anexo XX). As conclusões mais eloqüentes alcançadas pelo relatório dão conta de que “a inter-relação entre a Comunicação Social e a Educação ganhou densidade própria e se afigura como um campo de intervenção social específico” (op. cit.,19)67.

A pesquisa baseou-se na coleta de dados por meio de questionários e entrevistas em profundidade, contando ainda com informações levantadas nos simpósios e congressos promovidos pelo NCE no biênio 1997-199868. O universo da pesquisa foi composto por

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Vide relatos constantes na Introdução desta tese. 66

Departamento de Comunicação Social da Universidade das Faculdades Salvador, Bahia. 67

Por sua importância enquanto marco referencial da Educomunicação, a pesquisa em questão será mencionada com bastante freqüência neste e nos próximos capítulos. Por essa razão, nos referiremos a ela como “a pesquisa perfil do NCE”.

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Apontamos o I Congresso Internacional em Comunicação e Educação e o I Primeiro Encontro

Mundial de Comunicação e Educação — ambos promovidos pelo NCE/USP em co-patrocínio com o World Council of Media Education (WCME) — e dois workshops também organizados pelo NCE com a

uma amostragem de quase duas centenas de especialistas do Brasil e de outros oito países latino-americanos, além da Espanha (ALVES: 2007, 22-23). Os dados sistematizados passaram por um processo de tabulação e interpretação que resultou num apanhado de doze tópicos que consistem no cerne do relatório final desse trabalho.

A importância desse relatório e das conclusões obtidas com base nele ainda é objeto de avaliação em sua abrangência e mérito, principalmente por obra dos pesquisadores ligados ao NCE69. Por ora, admitimos que a maior parte das informações sobre a Educomunicação apresentadas nesta tese alimenta-se do material citado, que serve também como base para as reflexões conceituais e epistemológicas aqui desenvolvidas.

O conjunto dos “pontos de vista convergentes sobre a relação Comunicação/Educação” (op.cit., 26), as hipóteses levantadas na pesquisa perfil, bem como os modos de ação detectados (identificados com as áreas de intervenção educomunicativas, serão sintetizados nos quadros de referência 6, 7 e 8. Os trechos entre aspas (“”) nos quadros são transcrições ipsis literis do relatório final da mesma.

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Além das pesquisas referidas em nosso texto (e as demais que relacionamos na seção de referências

bibliográficas), consideramos interessantes para complementação do tema desta tese os seguintes trabalhos:

SOARES, Maria Salete Prado. Processos comunicacionais em espaços educativos: estudo de caso sobre

linguagens não escolares ativando ecossistemas comunicativos no projeto Retratos do Butantã, mestrado,

ECA/USP, 2004; ZEFERINO, Genésio. Educomunicação e sua Metodologia: Um estudo a partir de práticas

de ONGs no Brasil, doutorado, ECA/USP, 2004; CARMO, Rita de Cássia Alves. Web cidadã: o mundo virtual como multiplicador de cidadania, monografia, ECA/USP, 2003; FREITAS, Helenice D'Assunção de. Educomunicação Aliada às práticas do Ensino a Distância, monografia, ECA/USP, 2003; ALVES, Patrícia

Horta. Educomunicação: A experiência do Núcleo de Comunicação e Educação - ECA/USP. Mestrado, ECA- USP, 2002; BARI, Valeria Aparecida. Por uma epistemologia do campo da educomunicação: A inter-relação

comunicação e educação pesquisada nos textos geradores do I congresso internacional sobre comunicação e educação, mestrado, ECA/USP, 2002; QUAIOTTI, Claudia Vanessa Sartori Telles de Souza. Gestão da Mediação Tecnológica: a busca de uma teoria para otimizar as relações comunicacionais no Colégio Sidarta, monografia, ECA/USP, 2002; QUADROS, Paulo da Silva. Cibernética Pedagógica na era das redes: ótica da educação digital na contemporaneidade, mestrado, ECA/USP, 2001 e ALVES, Hiliana Reis

de Arruda. Ampliación de los procesos comunicativos en la enseñanza a distancia: análisis de tres modelos

de tutoria, doutorado, Universidade Autonoma de Barcelona, 2000. Uma relação mais completa pode ser

PONTO SÍ N TESE

1 Presença de um “ discurso fut urist a” , que se refere a “ t ransform ações” e