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Compreensão Psicodinâmica após a entrevista de Follow up.

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.4 D ADOS DA E NTREVISTA DE FOLLOW UP

3.4.4 Compreensão Psicodinâmica após a entrevista de Follow up.

Após seis meses do término da PBO, realizou-se a entrevista de follow up (de acompanhamento). Para César, Mendes e Carmo (2001) é essencial programar follow ups que permitam conhecer, a médio e longo prazo, os efeitos da intervenção para além dos momentos de sua realização. A idéia de realizar um follow up, distanciado no tempo da conclusão da Psicoterapia Breve Operacionalizada se deu, para que se fosse capaz de ler os diversos aspectos que poderiam ter se originado desta intervenção e a partir do relato da entrevista pode-se perceber que o paciente conseguiu aproveitar bem a PBO, e assim, encontrar soluções adequadas para situações-problema que desafiavam a adequação de suas respostas. César, Mendes e Carmo (2001) descrevem que “a existência que um follow up prolongado, nos permite re-olhar para o trabalho desenvolvido quando já existe uma distância que facilite sermos mais críticos”, assim se dá a justificativa para este re-olhar e o instrumento para essa mensuração foi a re-aplicação da entrevista clínica preventiva, a Escala Diagnóstica Adaptativa Operacionalizada (EDAO).

No caso apresentado, a partir do planejamento da PBO, através da resolução da situação-problema atual percebemos que a alteração da adaptação se deu principalmente por melhor adequação de respostas no setor Produtivo. Fabrício mostrou na entrevista de Follow

up que neste setor está satisfeito, e sem conflitos, que as relações no trabalho melhoraram.

Além disso, demonstrou que a empresa está fazendo investimentos nele como cursos e promoção de função, o que o faz sentir-se reconhecido, pois almejava muito esta nova situação. Consideramos que estas mudanças ocorreram em função da mudança de atitude de Fabrício no seu trabalho, com os colegas e superiores. Klein (1952) enfatiza que a relação com o mundo externo, e a necessidade de integração, consciência, capacidades intelectuais contribuem para o desenvolvimento firme das funções do ego.

Em relação ao setor Orgânico, Fabrício pareceu assumir o diagnóstico do DM, reconhecendo como sua a disfunção e não mais como uma punição ou provação divina. Dessa forma pode cuidar adequadamente do DM mantendo um bom controle de seu nível glicêmico. Quanto ao setor Afetivo-Relacional, embora não tenha mudado sua adequação, cabe ressaltar que houve uma melhora na qualidade das relações internas e externas.

Pode-se perceber que Fabrício, iniciou um movimento de integração marcado pela a ansiedade depressiva e os sentimentos de culpa. Com esta estruturação a ambivalência é experimentada em relação a um objeto completo e amado, e os impulsos destrutivos são

sentidos como um enorme perigo aos objetos amados, internos e externos. Assim, diante das tentativas do ego para controlar os objetos externos e internos, Klein (1952) coloca que quando a ansiedade depressiva tem ascendente, o controle de objetos e impulsos é usado pelo ego a fim de impedir a frustração. E assim ocorrem importantes avanços no desenvolvimento do ego, que o habilitam a criar defesas mais adequadas contra a ansiedade que resultam numa diminuição real de ansiedade. Fabrício pareceu estabelecer melhor seu ego, conseguindo dar conta de sua ansiedade, que parecia agora ser atribuída a aspectos da posição depressiva.

Analisando a evolução do paciente após a PBO observamos que ele apresentava o diagnóstico adaptativo operacionalizado: Adaptação Ineficaz Severa, mas dentro da correlação dos diferenciais dos fatores internos e fatores externos sua classificação foi em 4a (Figura 4). Isto significa que dentro do grupo ele apresenta a melhor posição que é de relativamente melhor e relativamente independente. Após seis meses do término da PBO ele apresentou o diagnóstico foi Adaptação Ineficaz Leve e dentro deste, sua classificação na correlação dos diferenciais dos fatores internos e fatores externos foi 2b (Figura 6). Isto significa que dentro desse grupo ele apresenta uma posição mediana que é de relativamente mediano e relativamente independente.

Figura 6. Correlação dos diferenciais dos fatores internos x x‟ (constitucionais) e fatores externos y y‟ (ambientais) do paciente Fabrício após a entrevista de Follow up.

A evolução da qualidade da adaptação pode ser observada considerando a resolução do conflito no trabalho (=submissão à autoridade) entendida como a situação-problema atual.

Esta melhora no setor Produtivo pode ser compreendida como uma repercussão do atendimento psicológico sobre, também, o setor Afetivo-Relacional. Da mesma forma no setor orgânico a melhora da capacidade de domínio sobre o DM teve a influência do setor afetivo-relacional Aqui fica claro a passagem do paciente da posição esquizoparanóide para a depressiva. Ele se mostra mais humano briga, chora se deprime e encontra soluções não idealizadas, mas realista para seus problemas e nas quais se sente fortalecido e gratificado (Klein, 1946).

Diante das tentativas do ego para controlar os objetos externos e internos, Klein (1952) coloca que quando a ansiedade depressiva tem ascendente, o controle de objetos e impulsos é usado pelo ego a fim de impedir a frustração. E assim ocorrem importantes avanços no desenvolvimento do ego, que o habilitam a criar defesas mais adequadas contra a ansiedade que resultam numa diminuição real de ansiedade, assim a criança pode compreender melhor o mundo externo. Quando existe uma introjeção de uma realidade externa mais tranqüilizadora, o mundo externo melhora.

Apesar desta evolução claro que seria recomendado ao paciente o início de uma psicoterapia para que ele pudesse fortalecer mais o ego de modo a superar sua situação- problema nuclear. Observou-se que a situação com o pai ainda não está de todo dirimida e a capacidade para assumir completamente suas responsabilidades, principalmente no setor Orgânico ainda não está firmemente estabelecida.

Cabe ainda, a discussão a respeito da evolução da adaptação do paciente do ponto de vista conceitual. Analisando os dados apresentados na Correlação dos diferenciais dos fatores internos e externos, conforme proposta de Simon (2000) temos na primeira avaliação no eixo das abscissas – fator constitucional e no eixo das ordenadas – fator ambiental respectivamente 4a (+1, -2) e na segunda avaliação no eixo das abscissas e das ordenadas respectivamente 2b (+1 e +1). Os dados mostram que a evolução ocorreu nos fatores externos correspondente ao eixo das ordenadas. Por outro lado a análise dos dados da vida do paciente, a realidade atual, mostra que a alteração dos fatores externos foi determinada pela ação dos fatores internos relacionais no setor Afetivo-Relacional.

A hipótese que apresentamos é de que as relações estabelecidas pelo paciente foram marcadas pela idealização e onipotência em função de um ambiente rejeitador (família) constituindo os fatores externos negativos e sendo introjetados passaram a fazer parte dos fatores internos constitucionais (Simon, 2000). O paciente estabelece um padrão de relacionamento com os objetos no mundo externo considerando-os como perseguidores. Quando estes objetos são bons no mundo externo o paciente parece não discriminar e os

transforma em idealizados. A ruptura da repetição, no caso de Fabrício parece ter sido possível pela ação de uma relação transferencial positiva, idealizada e persecutória, estabelecida com a terapeuta. Durante a PBO observa-se que o paciente falta às sessões o que atribuímos à tendência a perseguição e em outros momentos ele pode expressar seus mais íntimos sentimentos e experimentar o acolhimento da terapeuta. Nas sessões em que o paciente fala sobre toda a sua vida parece uma tentativa de elaborar invés de repetir suas relações. Caso isto tenha sido possível, pois não temos como afirmar que se estabeleceu firmemente um objeto bom, podemos conjecturar sobre a mudança de relações de objeto constitucionais. Neste caso pode-se supor que abrandou a rigidez nas relações de objetos externos que foram internalizados, permitindo a melhora da qualidade da adaptação do paciente. Esta conclusão baseia-se na proposta de Simon (2000) quando ele afirma que as relações que foram introjetadas são de ordem relacional e constitucional, mas tem a mesma função no mundo psíquico das de ordem pulsional, portanto estas primeiras podem ser modificadas.

Diante do exposto, podemos considerar que o objetivo da PBO foi alcançado, diante do que Simon (2000; 2005) propõe, a saber, a superação de soluções inadequadas para as situações-problema existentes; compreensão de alguns dinamismos que sustentam as soluções inadequadas. Assim, o que nos importou foi a mudança/alteração do comportamento pelos objetivos propostos no planejamento da PBO.

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