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Estratégias narrativas de legitimação do porfirismo: um olhar através dos Discursos do presidente ao Congresso Nacional

Mapa 1 Estados do México século

2. A construção da imagem de Porfirio Díaz como o herói nacional

2.1. O conceito de “povo” no oitocentos

É importante dissertarmos, mesmo que rapidamente, sobre a concepção de “povo” no oitocentos e, especificamente, no porfirismo. Como afirmou Luísa Rauter Pereira: “esteio do mundo moderno, o conceito de povo esteve no centro de suas grandes invenções políticas, a cidadania, a democracia e a nacionalidade, sendo, portanto, de uso abundante e plural, tanto na linguagem cotidiana, quanto nos meios científicos e intelectuais.” (PEREIRA, 2011, p. 01). Ao analisar o conceito na França e na Espanha do século XIX, Juan Francisco Fuentes explicou que, a partir das revoluções liberais, principalmente pós-Revolução Francesa, o povo ganhou protagonismo e se tornou um elemento importante do discurso político da época. Ele, sempre mencionado no singular, foi convertido em fonte de legitimidade das revoluções. Esta discussão também pode iluminar nosso enfoque, pois, nos discursos de Díaz, o povo ganhou destaque importante, adquirindo um status de agente político que deveria apoiar as ações presidenciais. Ao mesmo tempo em que ele obteve essa condição destacada, precisava ser guiado, conduzido e sempre reprimir seus sentimentos de impaciência. Para Eugenia Roldán Vera, a imprensa mexicana, à época, desenvolveu uma política de, por meio de uma ação pedagógica, tentar retirar o espírito turbulento e desobediente do povo, fazendo-o

e foi médico e pedagogo na Cidade do México durante parte de sua vida, trabalhando no Hospital Militar. A partir de 1892, atuou como deputado federal por muitos anos.

respeitar o governo e as leis (ROLDÁN VERA, 2007, pp. 286-287). Citamos outro trecho de Priscilliano M. Díaz González, presidente da Câmara dos Deputados em 1877, que elucida essa ideia:

(…) [Díaz] deseáis también la cooperación del pueblo: porque en un sistema democrático se debe gobernar con el pueblo y para el pueblo. Este os estima, ciudadano Presidente; tiene fe en vuestra conciencia honrada; yo espero que os secundará dándoos prestigio, obedeciendo las leyes y respetando á las autoridades.

Nuestro pueblo es moralizado y sensato; sólo se pone en peligro de desmoralizar-se y se desmoraliza de hecho, cuando los gobiernos son los primeros en desobedecer las leyes y en llevar la prostitución á los elementos del orden político y social.

La impaciencia por el bien, consecuencia natural de tantas desgracias y de tantos desengaños como ha sufrido el pueblo mexicano, se reprimirá, así lo espero, con los primeros actos de vuestra nueva administración y con el completo restablecimiento del orden constitucional.74

No trecho destacado, Díaz deveria desejar a cooperação do povo, governando com ele e para ele75. Para Díaz González, a população não era desmoralizada em sua essência, mas a conduta variava de acordo com os governos – novamente percebemos a ideia de passado caótico, que degenerou até mesmo a sociedade. Toda a população tinha fé na prudência do presidente e Díaz González esperava que o sentimento de impaciência fosse reprimido. O conceito “povo” foi importante para os polígrafos do século XIX, aparecendo em muitas das produções. A ideia de massa, multidão, a ser guiada e educada por grupos ou intelectuais, tinha destaque também em outras nações, tornando-se um fenômeno da época, proveniente do evolucionismo.

Ao analisar, por exemplo, o caso do Uruguai em 1900, principalmente a partir da obra Ariel, Antonio Mitre afirmou que José Rodó se aproximou de uma vertente aristocrática que refletia sobre a ampla participação do povo no governo e as consequências desse fenômeno76. A referida vertente na Europa tinha expoentes como Ernest Renan, Soren Kierkegaard, Friedrich Nietzsche, Gustave Le Bon e Ortega y Gasset. Havia o receio de uma barbarização da sociedade feita por uma massa anômica e, portanto, insistia-se na necessidade do povo ser educado. Rodó, mesmo defendendo o sistema democrático, tinha medo de que se desenvolvesse no país uma tirania das

74 Contestación del Lic. D. Priscilliano M. Díaz González, presidente de la Cámera de Diputados, 5 de Mayo de 1877, p. 21.

75 Lembrando que González Díaz foi o único presidente a afirmar que Díaz deveria governar com o povo e para o povo. Em todos os outros documentos essa capacidade de ação do povo na política não apareceu. 76 Lembrando que o Uruguai sofreu um movimento migratório entre 1860 e 1900.

multidões. Como saída a este dilema, propôs o desenvolvimento de uma aristocracia consentida. Para Mitre, “não há, pois, dúvida de que o que deveria interessar aos povos latino-americanos, preocupados com a preservação de sua soberania, é, precisamente, a expansão e fortalecimento do sistema democrático, evitando, isso sim, os ‘excessos’ que poderiam advir do rápido crescimento das massas urbanas e da frágil constituição das elites locais.” (MITRE, 2003, p. 114). Para pensarmos o caso mexicano, destacamos um trecho do discurso do presidente do congresso, D. Justino Fernández (1889), sobre a educação – um legado, como sabemos, do liberalismo e do positivismo:

Grande es el interés que en el adelanto y perfeccionamiento de la enseñanza habéis manifestado tener. Nada más natural en un Gobierno ilustrado y sinceramente demócrata, que procurar difundir á toda costa y con el más solícito empeño, la instrucción primaria en las masas de la población, sin perjuicio de atender á la secundaria y profesional. Entre las funciones del Estado moderno, cualquiera que sea la forma de su gobierno, es considerada como principal la de dar instrucción á todos sus habitantes especialmente á los que por estar en la primera época de la vida tienen más facilidad y mejores medios de adquirirla. La instrucción ha sido considerada siempre como un medio eficaz y poderoso de civilización y de moralidad, y también como el más valioso y fecundo legado que se puede dejar á las generaciones futuras.77 Afirmava-se que o povo mexicano deveria ser educado desde, e principalmente, as idades iniciais. Buscava-se difundir o ensino público, atitude de um governo que se pretendia ilustrado e democrático. A instrução era vista como um dos únicos meios para que os indivíduos adquirissem moralidade e civilização. Além disto, como será discutido no tópico 4, a educação indígena também foi uma medida importante para moralizar os grupos, civilizá-los e os submeter aos preceitos do Estado nacional. Acreditava-se que seu espírito turbulento desacelerava a marcha para o futuro e que era preciso inserí-los no projeto de nação. Qualquer dissenso que ameaçasse o presente e o futuro do México deveria ser rapidamente contido.

Por conseguinte, também podemos citar o caso argentino de meados do século XIX: Esteban Echeverría e sua preocupação com a formação da nação. O autor defendeu uma independência com tendências democráticas, entretanto, não nutriu grandes simpatias pelos setores populares. As massas eram vistas como insensatas e deveriam ser

77 Respuesta del Presidente del Congreso, Lic. D. Justino Fernández, abril de 1889, p. 288. Justino Fernández (1828-1911) também integrou o Congresso constituinte de 1856 e foi governador de Hidalgo durante a presidência de Lerdo. Liberal moderado, durante o porfirismo atuou como deputado federal, foi diretor da Escola Nacional de Jurisprudência e secretário de Justiça e Instrução Pública.

educadas por “grupos esclarecidos”. Como escreveu Bernardo Ricupero, ao analisar as obras do escritor como, por exemplo, El Matadero e Dogma socialista: “um dos principais erros dos unitarios teria sido precisamente o de estabelecer o sufrágio universal. Até porque ‘as massas só possuem instintos; são mais sensíveis que racionais; querem o bem, mas não sabem onde se encontra; desejam ser livres, mas não conhecem o caminho da liberdade.”’ [trecho retirado de Dogma socialista y otras páginas políticas]. Incapaz de identificar seus verdadeiros interesses, acreditava que a multidão seria facilmente conquistada pela demagogia de “inescrupulosos caudilhos”. Ou, mais precisamente, os semibárbaros setores populares teriam se convertido na principal base social do rosismo. (RICUPERO, 2007, p. 226). Echeverría também possuía influências europeias para suas ideias, principalmente de franceses como Victor Hugo, Felicité Lamennais, François Guizot, Adolphe Thiers e de italianos como Jean-Lois Lerminier, Pierre Leroux e Saint-Beuve78.

Voltando ao México, aos olhos do porfirismo, o México estava salvo. Muitos dos que apoiavam o governo, acreditavam que o povo estava passando por uma evolução social. A paz nacional fincara firmes raízes em solo pátrio e, para estar livre da violência e da incerteza que caracterizaram os governos anteriores, o povo deveria colaborar com as medidas políticas de Díaz. Como afirmou o presidente em 1887, “continúa libre y desembarazada la marcha de nuestras instituciones, a las que el pueblo mexicano demuestra cada día mayor apego, prestando al Gobierno su concurso eficaz para el sostenimiento de la Libertad y de la Reforma, que son ya la firme base de nuestro modo de ser político.”79.

O conceito de “povo” adquiriu um sentido liberal e significava um conjunto de mexicanos, principalmente pertencentes à elite. O povo deveria aprovar as ações de Díaz para o bem da nação. É importante perceber que a capacidade de movimentar o presente não estava no povo, mas no presidente. O herói era Díaz. É importante destacar que povo não era sinônimo de cidadão: segmentos sociais e étnicos, como o dos indígenas, ficaram

78 Para uma análise da obra El Matadero de E. Echeverría ver: FREITAS NETO, José Alves de. “A formação da nação e o vazio na narrativa argentina: ficção e civilização no século XIX”. In: Esboços, v. 15, n. 20, 2008, pp. 189-204. Sobre o assunto ver: MITRE, Antonio. O dilema do centauro: ensaios de teoria da história e pensamento latino-americano. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2003 e RICUPERO, Bernardo. As nações do romantismo argentino. In: MÄDER, Maria Elisa; PAMPLONA, Marco A.. “Revoluções de independências e nacionalismos nas Américas: região do Prata e do Chile”. Vol. 1. São Paulo: Paz e Terra, 2007.

79 El General Díaz en la apertura del primer período del segundo año de sesiones del 13º Congreso de la Unión, el 16 de septiembre de 1887, p. 237.

marginalizados de grande parte dessas políticas nacionais. Os índios da segunda metade do século XIX e início do XX sintetizavam o passado nesse presente que deveria ser isento de problemas. O que fazer com os vários grupos étnicos que se tornavam um entrave à aceleração do país rumo ao futuro? Sobre este item falaremos no último tópico. Também percebemos nos discursos dos presidentes do Congresso em 1888 e 1889, Alfredo Chavero e Pedro Rincón Gallardo, a afirmação de que o México não tinha conturbações: tudo caminhava bem rumo ao futuro idealizado. E o povo deveria aceitar as decisões políticas para manter a boa condição nacional. Citamos o trecho das duas fontes:

[Alfredo Chavero, 1888]: Sin duda han sido también elementos importantísimos para tan alto crédito, la paz de que han doce años gozamos, y la forma constitucional en que vivimos. Lo primero nos manifiesta que la paz es el más inapreciable de los bienes, y que por ella debemos hacer toda clase de sacrificios. Lo segundo nos presenta como un país organizado, como una entidad moral responsable y respetable; y debe aumentar en nosotros cada vez más el amor á nuestra Constitución, código sagrado que encierra todas las ideas de libertad y de reforma que constituyen la civilización moderna, bandera gloriosa bajo cuyos pliegues caben todos los mexicanos amantes de su patria.80 [Pedro Rincón Gallardo, 1889]: Y es que de día en día la paz pública, el orden y la tranquilidad aumentan la confianza, prestigian al Gobierno y afianzan más las instituciones que nos rigen, y el progreso se traduce en hechos tangibles, y la libertad en manifestaciones pacíficas de la actividad y el trabajo.81

A partir das citações acima, podemos reiterar a centralidade que a paz adquiriu nos discursos. Para sua manutenção, o povo deveria “fazer toda classe de sacrifícios”, colaborar e acreditar nas políticas governamentais. Além disto, o respeito aos elementos constitucionais também foi novamente destacado. Sob o manto da Constituição, o México se apresentava organizado, moralizado e respeitado. O governo promovia a importância de se estender os valores morais entre os indivíduos. A sociedade não poderia ser degenerada, isto travaria o desenvolvimento nacional e o processo de civilização82. O

80Respuesta del Presidente del Congreso, Lic. D. Alfredo Chavero, abril de 1888, p. 260. Chavero (1841- 1906) é conhecido por ter escrito o volume I, “Historia Antigua y de la Conquista”, de México a través de

los siglos, organizado por Vicente Riva Palacio. Liberal, após a República Restaurada dirigiu o periódico El Siglo XIX e, durante o Porfiriato, ocupou vários cargos como, por exemplo, oficial do Ministério de

Relações, governador do Distrito Federal e deputado pelo estado de Guerrero.

81 Respuesta del Presidente del Congreso, D. Pedro Rincón Gallardo, septiembre de1889, p. 302. Rincón Gallardo Rosso (1825-1909) atuou na carreira militar como general e, durante o porfirismo, foi deputado federal por Aguascalientes, Distrito Federal e Jalisco. Também foi senador por San Luís Potosí e terminou sua carreira como ministro plenipotenciário na Rússia e, posteriormente, na Alemanha.

82 Sobre o assunto ver: BRISEÑO SENOSIAIN, Lillian. “La moral en acción. Teoría y práctica durante el porfiriato”. In: Historia Mexicana, vol. LV, núm. 2, out.-dez. 2005, pp. 419 - 460.

oaxaqueño foi legitimado nos discursos e nas respostas dos presidentes do Congresso como o único governante capaz de promover tais mudanças. Joaquín D. Casasús afirmou em 1895: “Esa obra es vuestra; y si sobre vuestros hombros ha pesado y pesará la responsabilidad que impone la dirección de los destinos de un Pueblo, vuestra es la gloria que sin contradicción os ofrece el presente, y vuestra también la que, tras maduro examen, conceda el porvenir.”83. Para o presidente do Congresso, o general era o responsável por toda a obra por que passava o país. Ele guiava os destinos de um povo: todos os benefícios no presente foram conquistados por Díaz, assim como o porvir, sob sua presidência, seria glorioso. O general era a baliza do tempo. Para Riguzzi, “la cultura dominante y la hagiografía oficial relacionaba indisolublemente el progreso nacional con el presidente, padre y tutor, que adquiría así las connotaciones demiúrgicas de insustituible.” (RIGUZZI, 1988, p. 138).

3. O triunfo do Porfiriato: os progressos materiais

Vimos, no início, como a legitimidade do governo de Díaz foi construída. Uma lógica temporal específica que dimensionava os eventos caóticos do passado foi resgatada e, em comparação, mostrava um presente em ordem e pacífico. Através da Revolução de Tuxtepec se chegou à paz, fundamento para a modernização e o progresso do país. Depois, discutimos quem foi representado como o personagem histórico que realizou toda a transformação mexicana: Díaz, e não o povo, era interpretado como o herói nacional. Foi interpretado como o indivíduo que se empenhava em colocar o México nas vias do progresso. O povo deveria fundamentar e aceitar suas ações políticas, o que acarretaria na diminuição do nacional espírito turbulento. O terceiro eixo de análise desse capítulo discute o discurso de triunfo do Porfiriato: se toda a mudança nacional foi tão mencionada nos discursos presidenciais, ela precisava aparecer, ser mostrada e atestada ao Congresso. Era preciso mostrar os resultados conquistados, atestá-los ao mundo. Os bens materiais serviriam para validar as propostas e afirmações de Díaz. No sentido metafórico, elas deveriam gritar, bradar, o progresso adquirido. Como afirmamos na introdução,

83 Contestación del C. Presidente del Congreso, Lic. Joaquín D. Casasús, septiembre de 1895, p. 459. Casasús (1858-1916) foi economista, advogado e, durante o Porfiriato, atuou em muitas comissões científicas promovidas pelo governo. Também foi um personagem importante que se atentou para as instituições de Crédito no país. Esteve envolvido na questão do Chamizal como presidente da “Comisión de Arbitraje de El Chamizal”, problema fronteiriço entre México e Estados Unidos. Foi deputado e presidente do Congresso em 1902.

entendemos como “bens materiais” as construções porfiristas realizadas no México e que deveriam atestar o progresso nacional. A composição visual do país deveria transmitir como a nação se tornara culta, civilizada e digna de ser conhecida nestas condições. Como afirmou Arnaldo Moya (2007a), a modernidade política também passava pela arquitetura e pela composição visual.

Analisando os discursos de Porfirio Díaz, percebemos que um dos grandes objetivos do governo foi desenvolver os bens materiais no país: as penitenciárias, o Desagüe del Valle, o Palácio de Lecumberri, os milhares de quilômetros de estrada de ferro e do telégrafo deveriam atestar a modernização nacional. É perceptível a ênfase do presidente na necessidade de mostrar tais modernizações aos outros países, tanto do continente americano, quanto do europeu – las potencias civilizadas ou “amigas”, como Díaz recorrentemente as intitulou. A imagem de um país moderno e progressista deveria assemelhar-se a de outros países. O cenário visual deveria conectar o México com o mundo. Para o presidente, em seu último ano do primeiro mandato: “han continuado desarrollándose, en diferentes puntos de la República, las mejoras materiales, haciéndose sentir su influencia civilizadora en las diversas regiones en que se han establecido.”84.

Um dos pilares do governo foi o desenvolvimento dos bens materiais, uma vez que este se relacionava com o discurso da civilização, do progresso e da cultura. Quanto mais se desenvolvesse estas melhoras, o processo civilizatório chegaria às diversas regiões e o México, mais que depressa, seria impulsionado para o futuro. Os progressos nacionais eram tão importantes que faziam sentir, ou seja, produziam a sensação no plano material, do que era ser civilizado. O Desagüe del Valle e a construção de penitenciárias nas capitais e, principalmente, na Cidade do México, tornaram-se símbolos dessa sofisticação que o porfirismo almejou consolidar, já que se destacavam como obras de higiene social e segurança pública, importantes temas no oitocentos85. Falaremos mais

84 El General D. Porfirio Díaz, al abrir el Congreso el segundo período del primer año de sus sesiones, el primer de abril de 1880, p. 66 - grifo nosso.

85 Citamos um trecho do discurso de abril de 1887, que explica a importância do Desagüe e menciona a construção da penitenciária da capital: “La Junta Directiva del Desagüe, con la correspondiente autorización, ha sacado á remate esa obra, á fin de que con el capital necesario se logre terminarla en el menor tiempo posible. Entretanto los recursos con que por hoy se cuenta, se emplean de una manera provechosa, y los trabajos avanzan constantemente. Así lo acreditan los informes periódicos que rinde la Junta, por los cuales se ve que hay ya concluido un número considerable de lumbreras, que el túnel está ya muy adelantado, y se ha construido un ferrocarril que, uniéndose á las principales vías férreas, facilita mucho la conducción de materiales, e imprime actividad á los labores.

sobre higiene e segurança pública no Capítulo 2, quando explicarmos a ideia do triunfo porfirista. Embora tais assuntos fossem justificados com o objetivo de uma melhora comercial no interior do território (o que também é aspecto relevante), através deles podemos perceber a ideia oficial de nação moderna que se pretendia criar86. Como afirmou Carlos Saavedra, presidente do Congresso em 1909, o desenvolvimento nacional, seguido do reconhecimento internacional, era satisfatório e importante: a nação buscava firmar a ideia de ter se tornado um país culto e digno: “Es á no dudar satisfactorio que las relaciones de México con los gobiernos extranjeros aumenten y arraiguen; ello revela el reconocimiento universal de que México es un país culto y digno de la más elevada consideración.”87. É importante ressaltar que, por mais que o governo reiterasse sua soberania nacional, a preocupação com a aceitação internacional sempre foi latente. Esse fenômeno não foi exclusivo do México. Ao lembrarmos os trabalhos de David Armitage, principalmente em seu livro sobre a Declaração de Independência dos Estados Unidos, ele afirmou que havia uma interdependência entre os países no século XIX88. A todo momento as novas nações buscavam se destacar para fazer parte do cenário exterior, universal. A questão se referia a forma de se vincular com as potências: não deveria mais ser por subordinação, mas como países autônomos que, em conjunto, iriam compor o cenário mundial. Eles deveriam se situar lado a lado e não mais em uma estrutura de exploração. Por essa razão, configurou-se um quadro de interdependência. Mesmo com a independência dos países, eles não se pretendiam isolacionistas.

Ao analisarmos comparativamente os discursos, percebemos que o espaço ocupado nos documentos e a descrição sobre o desenvolvimento dos bens materiais cresceu consideravelmente. Porfirio Díaz passou a falar desde o aumento, em número de quilômetros, das estradas de ferro, rodovias, obras portuárias, até mesmo às questões de salubridade pública. Em pronunciamento do ano de 1896, afirmou: “El desagüe del Valle

La construcción de la Penitenciaria en esta capital progresa incesantemente, impulsándola el Gobierno por todos los medios de que pueda disponer.”. Em: El General Díaz al abrirse el segundo período del primer